quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Certo ou Errado?

Estou com a sensação de que tudo deu errado hoje. Isso não é verdade, mas mesmo sabendo, a sensação permanece.

Cheguei atrasada no hospital. Vi poucos paciente, depois tive aula com um velhinho muito engraçado - figura da faculdade. Ele se lembrava de que há alguns anos atrás ele tratou da minha acne... mas não se lembrava de que me deu R$50,00 na época em que eu passava fome e pesava 40kg (ele ficou sabendo que minha situação estava difícil e me deu dinheiro... eu não queria aceitar de jeito algum, mas não teve jeito...)
Saí da aula "fugida" às 11h15. Realmente precisava ir embora porque tinha zilhões de coisas para fazer. Mas poderia ter sido uma colega melhor dizendo "Precisamos ir embora, professor." ao invés de "Eu preciso ir, professor". Saí e deixei meus colegas lá, sedentos por liberdade (mas, também, se eles fossem um pouquinho mais espertos tinham saído 15 minutos antes, quando o professor se tocou que já tinha excedido seu horário).
Fui correndo para casa, onde encontrei minha nova empregada para lhe explicar o funcionamento das coisas, os possíveis problemas que ela pode ter lá. Saí, já atrasada, sem almoçar e fui correndo para faculdade.
Tinha uma palestra dos Médicos Sem Fronteiras. Não tinha certeza se era hoje mesmo e, ao entrar na faculdade, não vi nenhum cartaz, nenhuma informação. Achei que poderia estar enganada quanto à data e, como tudo na faculdade sempre atrasa, resolvi ir à sala da minha madrinha antes, para resolver um probleminha. Deveria ser rápida, mas...
Demorei 1h30min lá.
Óbvio que quando cheguei ao teatro, a palestra já tinha acabado. Fiquei tão tão tão chateada. Não conseguia aceitar que perdi essa palestra. Queria tanto ver...
E acho que, por essa perda inaceitável, fiquei com a sensação de que deu tudo errado hoje. A coisa que mais seria legal nesse meu dia, eu perdi e, portanto, o dia deu errado.

A parte ainda não contada é que demorei tanto na sala da minha madrinha porque ela não estava bem... Fui lá para resolver um problema meu e acabei ouvindo os problemas dela... e o choro... Várias coisas com ela não estão bem...
E eu me envolvo de uma maneira... A vida que ela leva é uma das possibilidades de vida que se apresentam para mim: solteira aos 40 e tantos anos, nunca casou, não teve filhos, mas tem uma carreira profissional brilhante. E é uma pessoa do bem.
E quando a vejo triste, pela solidão, por amores do passado que a maltrataram, por amores no presente que a tratam como uma velha sem valor... Fico mal.
A boa notícia é que ela está pensando em adotar uma criança. Desde que a conheci, sempre achei que ela deveria adotar um filho. Mas ela me dizia que não, que não aceitava ter um filho sem pai.
E hoje, ela está repensando esse assunto. Não acho que para formar uma família a gente necessite de uma pai. Não acho mesmo. (É só ver meu caso que, teoricamente, sempre tive pai, mas nunca tive um pai)

Enfim, perdi minha palestra por uma boa causa. Por amor. Gostaria de não ter perdido. Gostaria de ter podido conversar com a madrinha em outra hora, depois da palestra, quem sabe. Mas... nada acontece por acaso.

Às vezes penso que se eu ficar solteira vou participar de (ou quem sabe criar) um projeto como o do Médicos Sem Fronteiras... Nada acontece por acaso!

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