terça-feira, 27 de maio de 2003

Decidido: vou dar aulas particulares.
Só não sei onde vou arrumar os alunos mas se alguém souber de interessados em aulas de Química, Biologia ou Física (Básicas - no máximo, para vestibular), por favor peça para me enviar um e-mail.



domingo, 25 de maio de 2003


"Entregar-se de corpo e alma; lutar por um mundo melhor, um pequeno jardim, ou uma condição social justa; ter brincado e gargalhado com entusiasmo e cantado com fervor; saber que alguém suspira mais aliviado porque você está vivo; isso é ter vencido." Ralph Waldo Emerson, poeta, EUA, 1803-1882
Conclusão da conversa de 5 estudantes de Medicina à caminho do Bandejão (40 min de caminhada só para almoçar), numa semana conturbada:
Quem escolhe fazer Medicina, ainda mais nessa faculdade, só pode ser louco, ou deve ser muito burro. Não é possível que alguém, num estado normal de sanidade mental aceite uma vida como esta, na qual comer é luxo, dormir mais que 5 horas (seguidas ou não) é raridade, sair com antigos amigos é milagre... Tem que estudar no mínimo 6 anos para ganhar um diploma (todos os seus amigos normais já tem uma carreira e já conseguem escrever mais de 5 linhas num currículo e vc, nada), sendo que os 2 últimos anos são piores do que numa escravidão - pelo menos os escravos podiam dormir - sai da faculdade tendo que prestar uma prova (de Residência) bem pior do que vestibular para passar em média 4 anos trabalhando muito - continua sem poder dormir e come quando dá, se dá, mas pelo menos recebe algum dinheirinho -, acaba a Residência, depois de tanto estudar e trabalhar, e as pessoas te vêem como um jovenzinho sem experiência e você tem que lutar ainda mais para começarem a acreditar que você sabe, pelo menos um pouco, do que está falando. Quando consegue convencer alguns que você é um bom profissional, que entende um pouco de Medicina, bom, aí o pouco de sossego que ainda lhe restava acaba totalmente porque passam a te ligar, requisitar sua presença em vários lugares ao mesmo tempo, nos mais variados horários (a madrugada é o momento preferido para te telefonarem), você nunca mais sente cheiro de comida e cama... você já não sabe o que é - só conhece maca e olhe lá...
O pior (ou melhor) de tudo é saber que esses loucos, ou burros, adoram o que fazem (na maior parte do tempo) e não trocariam essa vida maluca por nada no mundo. Conseguem ser muito felizes assim.


quarta-feira, 21 de maio de 2003

O CÚMULO DA CONTRADIÇÃO
O CÚMULO DA FALTA DE RESPEITO
O CÚMULO DO ABSURDO
É O CÚMULO...


A futilidade mercenária em todos os outdoors da cidade (e provalvelmente do país), nua e calçando uma SAPATIHA DE BALLET CLÁSSICO.
E tem coragem de dar entrevista dizendo: "as fotos ficaram lindas, super artísticas, nada vulgar", como se as pessoas que "admiram" a revista fossem críticos de arte que ficam reparando na luz, na posição da câmera, no cenário; como se o banheiro não fosse o lugar de maior "audiência" dessas fotos...
A pessoa querer vender seu corpo, OK, problema dela e da família. Mas, vir desrespeitar uma arte centenária, que possui toda uma filosofia que pouco tem a ver com sensualidade e absolutamente nada a ver com futilidade, como é o Ballet Clássico... É demais para mim.

segunda-feira, 19 de maio de 2003

Acho que dei uma impressão errada ao escrever o post sobre "a primeira impressão não é a que fica". Eu não estava falando da faculdade e sim das pessoas em geral (principalmente aquelas que conheci lá). Por exemplo: aquela menina que comentei (com quem me decepcionei) e a professora de Bioquímica - comentei aqui no blog que eu não tinha gostado dela (na semana de recepção), que achava que ela era louca porque disse que íamos discutir um caso clínico na primeira aula, mas na verdade passei a adorá-la e, agora que ela foi afastada, sinto uma saudade imensa.
Quanto à faculdade, não me decepcionei não (viu, Julinha). Tem algumas coisas que você só descobre quando entra e nem imaginava. Decepção até ocorre com algumas coisas que não funcionam tão bem mas, no geral, é tudo muito bom (muito melhor do que em qualquer outra faculadade).
E, respondendo ao índio que deixou o comentário: não, eu não me arrependi, nem por um segundo, por ter escolhido a Pinheiros. Muito pelo contrário, tenho cada vez mais certeza de que escolhi a faculdade certa para mim. A Paulista também é muito boa (tenho amigos que estudam lá) mas também tem muitos problemas (mais do que a USP) mas eles escondem melhor. Tem coisas de errado que acontecem na Paulista, que a gente fica sabendo aqui mas que meus amigos que estudam aí nem sonham que está acontecendo. Por enquanto vc ainda é calouro... tudo é festa, mas daqui a pouco você vai descobrir a sujeira em baixo do tapete. Assim como eu também estarei descobrindo mais sujeira por aqui, embaixo do meu tapete. Acho que nós dois estamos em ótimas faculdades mas que têm seus problemas. Se quisermos, seremos ótimos médicos. A diferença é que eu tenho possibilidade de ter uma formação mais rica (porque posso fazer cursos na ECA, FEA, São Francisco, Poli...) e tenho aqui o maior complexo hospitalar da América Latina... (vc acha que eu ia perder a oportunidade de falar?).

sexta-feira, 16 de maio de 2003

Nao consigo colocar acentos nesse teclado, o que me deixa no minimo incomodada.
Prometo que assim que puder arrumo os posts.
Praga de aluno pega, principalmente dos alunos de Medicina do primeiro ano da minha faculdade (o que me inclui, claro - so nao sei se isso eh bom ou ruim). Ja estao dizendo que temos algum pacto com o diabo ou coisa parecida porque nao eh possivel.
Nosso professor de Bio Mol sofreu um acidente de carro, ficou nao sei quantos dias na UTI e nunca mais tivemos noticias dele.
Nossa professora de Bioquimica (que eu adoro de verdade), ficou doente e teve que ser afastada.
Nossa professora de Bio Cel tambem esta doente (e esta com o filho doente) e as vezes nao pode dar aula.
Outra professora de Bio Cel eh a esposa do professor que sofreu acidente. Ela nunca mais foi vista na Faculdade.

Bom, essas sao as "noticias" que eu fiquei sabendo... vai saber se tem mais. Espero, sinceramente, que nao!

A PRIMEIRA IMPRESSAO NAO EH A QUE FICA.

Pode parecer bobeira mas durante boa parte da minha vida ficava me perguntando se a primeira impressao era realmente a que ficava marcada. Ao entrar na Faculdade confirmo, sem a menor sombra de duvida que NAO. A primeira impressao pode ser mudada sem muito esforco (para melhor ou para pior).

quarta-feira, 14 de maio de 2003

(Aproveitando que o sistema de comentários está fora do ar)
Ai, ai, ai...
O Palmeiras, meu time do coração (se é que ainda podemos chamá-lo de time), está a caminho da terceira divisão do Campeonato Brasileiro... que tristeza.
O sistema de comentários está fora do ar novamente e não sei por quanto tempo... Sorry.

(Obrigada por avisar Atlas - ah, ainda estou esperando seu e-mail)

segunda-feira, 12 de maio de 2003

Ontem, chorei muito, como há muito tempo eu não fazia.
Chorei por terem me feito lembrar do quanto me sentia minúscula quando eu era criança.
Tudo porque tive a infeliz idéia de pedir dinheiro para o meu pai para eu poder fazer um curso na faculdade. São R$ 20,00, sem adicionais... apenas um pagamento de R$ 20,00 para fazer um curso maravilhoso, com o qual sempre sonhei. Ele disse não. Enfaticamente não. "Não tenho dinheiro. Faz ano que vem". Mas eu nem sei se ano que vem vou poder fazer, não sei vai ter curso, se vou ter tempo ou se vou estar viva...
Eu tenho certeza que ele tinha dinheiro. Ele não quis me dar porque ele não concorda que eu queira fazer Pediatria. (Como se ele tivesse alguma influência na minha decisão... hahaha)
Ele fez com que eu me sentisse uma mendiga, implorando por um pedaço de pão, assim como eu sempre me sentia quando ainda era inocente e pedia dinheiro para ele. Desde muito nova aprendi que não devia pedir nada a ele porque... (ah, deixa pra lá). Só que, agora, com minha mãe doente (ela que cuidava da parte financeira e ela que me dava dinheiro sempre), não tenho outra escolha. Ou eu rodo bolsinha na calçada para conseguir uns trocados ou eu peço pra ele...
Voltando a história do curso... Ele disse que não ia me dar o dinheiro, fiquei chateada e fui pra sala onde estavam minha mãe e minha avó. Contei pra elas e, na hora, minha mãe disse que ela ia pagar o curso para mim, que eu não precisava me preocupar. Só que pra ela arrumar dinheiro, teria que pedir para meu pai e aí... Bom, não adiantou. Fiquei pensando que se eu ficasse essa semana e a próxima sem almoçar (só comendo pão, de casa), eu conseguiria grana suficiente. Pensei em tudo. Mas, não foi necessário o sacrifício. Minha avó, novamente para me salvar, me deu o dinheirinho, tirado da minúscula aposentadoria dela. Certifiquei-me que não faria tanta falta e aceitei. Ela disse: "família é família... tudo é de todo mundo".
- Ai, vozinha, como eu queria que todo mundo pensasse assim...



domingo, 11 de maio de 2003

Post especial para responder os recadinhos:

Juliana, pode escrever para me "encher" sempre que vc quiser. Eu adoro.

Julia, obrigada pelo "você não vê como é querida?". Pra falar a verdade não vejo não mas você está quase me convencendo. Ah, queria te dizer que quando falo aquelas coisas do cursinho pra você é porque quero que você passe mas sem ficar maluca. Força menina!

Milene, mais uma vez, obrigada pela força (a que você já me deu, a que está me dando e a que ainda me dará). Você sabe o quanto preciso de você e o quanto já te devo, não é?! Espero que nunca perceba o quanto eu sou chata e queira se livrar de mim...

Marilia, que bom que lê meu blog. Dei uma olhada no seu também e achei bem legal.

Otavio, adorei a oferta. Preciso sim de alguém que chute os meus livros para bem longe. Só tem um probleminha: os calouros costumam não gostar de quem faz esse tipo de coisa... então talvez você receba algumas ameaças de morte. Vai encarar? (Vê se pode: eu falo como se eu nem fosse mais uma caloura...)

Atlas, você manda recados, sem nem me contar quem você é, sem sequer deixar uma pista, me deixa aqui curiosa e ainda quer que eu publique dados de minha localização para todos os malucos do Objetivo me perseguirem. Sorry but I can't. Que tal se você me mandasse um e-mail me falando de que unidade você é e, pelo menos, seu nome? Eu também tô curiosa. Ah, garanto que eu não sou nenhuma maníaca que vai te procurar, te escrever, descobrir seu telefone e te ligar de madrugada para te aterrorizar.

Beijos a todos.
Que triste!
Logo que entrei na Faculdade, a Milene me falou para aproveitar bastante as primeiras semanas porque depois eu iria ficar me perguntando como fui capaz de andar com algumas das pessoas da minha sala que "parecem tão legais". Eu achei que ela estava exagerando um pouco e que não necessariamente aquilo iria acontecer comigo... Ledo engano. Apenas 3 meses se passaram e já estou eu aqui, me perguntando como pude ser tão idiota de achar legal uma pessoa como aquela garota "sou a melhor e vocês são meus escravos" da minha sala. O pior é que só eu e uma outra menina percebemos.
Ah, mas essa semana não resisti. Depois de uma tremenda sacanagem que ela fez comigo e com meu grupo fui até lá e falei tudo que pensava. Eu sei que sinceridade demais pode trazer problemas mas não agüento, não sei ser falsa como ela. Disse que ela não tinha caráter, que seu sentimento de competição era tão grande que pisava em quem quer que fosse só pra manter sua imagem de "a melhor", que, aliás, ela não é em nenhum aspecto.
A tal ficou me olhando, tentando se explicar com as desculpas mais furadas que já ouvi. É incrível como ela não entende o que é trabalho em grupo, companheirismo, respeito pelo próximo. Ela só vê o lado dela, o umbigo dela e ainda acha que está certíssima enquanto os outros só querem prejidicá-la. (Fofoca: ela também estudava no Etapa e contam muitos que a sala em que ela estava a odiava e ela teve que fugir de lá para conseguir terminar o ano).

Fico me perguntando como farei para suportá-la durante seis anos de faculdade, ainda mais estando ela nos meus grupos a maioria das vezes.

terça-feira, 6 de maio de 2003

Ontem, tive uma vontade absurda de escrever um poema (algo inédito para mim)... foi aí que descobri que sou toatlmente incapaz de unir as palavras de forma harmoniosa. Não consegui passar do primeiro verso, que, aliás, nem estava bom.
Que pena. Agora, a vontade já se foi e eu nem me lembro mais de onde ela tinha vindo...
Numa atividade de aula, tive que conversar com uma paciente internada no Hospital. O objetivo era eu descobrir porque ela estava lá, a história da doença, o que ela sabia sobre o tratamento e suas expectativas. Adorei a idéia e lá fui eu.
Que desastre! Entrei no quarto toda atrapalhada, não prestei atenção quando a paciente disse o nome dela (o mais importante) e, o pior, fui logo perguntando da cirurgia (que eu nem sabia se ela iria fazer ou já tinha feito). A paciente e sua mãe ficaram assustadíssimas e eu mais ainda com a reação delas. Foi horrível. Depois, eu até consegui contornar a situação, conversamos melhor mas eu já estava super nervosa e não consegui cumprir os objetivos necessários.
Enfim, a cada dia me convenço que o que mais vou ter que treinar e aprender direito na faculdade é a interagir com as pessoas. O problema é que até eu aprender a não assustar as pessoas e não ficar tão nervosa na frente delas, muitas já terão sido afetadas. Que triste.

Adorei os recados do tagboard. Valeu gente!
E continuem escrevendo.

domingo, 4 de maio de 2003

Resolvi fazer um teste: coloquei um tagboard aí na coluna da esquerda e quero ver por quanto tempo ele vai ficar vazio...
Por favor, escrevam - mesmo que seja pra me xingar.
Acho que estou com alguma doença (psiquiátrica) séria. Não é possível que seja normal uma pessoa ter tanta compulsão por estudar.
Advinhem o que fiquei fazendo o feriado todo??? Estudando Bio Mol. A Calomed lá, estourando em Ribeirão, e eu aqui, estudando feito uma maluca com medo de tirar zero na prova (que é daqui a duas semanas) e ficar de DP.
As pessoas me perguntam se não tenho vida social, se não saio com meus amigos... e eu não sei o que responder. Eu não sei se estudo por falta de companhia para sair ou se não tenho companhia porque fico querendo estudar. E o pior é que nem aprendo tanto assim. Por exemplo, perdi dias estudando para aquela porcaria de prova de Anato e fui mal pra caramba, já para prova de Bioquímica nem estudei tanto e fui super bem.
Eu não quero virar uma nerd, uma bitolada que só faz estudar (se é que já não virei).
Semana passada fui almoçar com um menino da minha sala e estávamos conversando sobre o pessoal da nossa turma. Eu sequer sabia quem eram metade das pessoas de quem ele falou. Trágico! Parecia que eu nem era daquela turma. Ele começou a perguntar se eu tinha ido na festa tal, no Happy Hour do dia tal, no churrasco não sei onde, no cinema, na pizzada... PQP!! - eu não fui em nada depois que passou a semana de recepção de calouros. Não fiz mais nada de legal.
Sinceramente, não sei o que está acontecendo comigo. Não sei se ainda não me adaptei à facul e estou com medo exagerado das DPs ou se estou com algum outro problema psíquico ainda não "descoberto".
Por favor, me ajudem, me tirem desse mar de livros, antes que eu me afogue de vez e vire uma "B(Cr)etina nariz no teto", que vive em seu mundinho de pesquisadora, incapaz de olhar para as pessoas e interagir com elas. Não quero ficar estudando tanto mas não consigo evitar.

Bem que um rapaz gentil, inteligente, legal podia me convidar pra sair, né?... Sonho meu.


Inversão de papéis

Eu: - Mãe? Tá precisando de alguma coisa?
Ela: - Tô.
- De quê?
- De você.
- O que quer que eu faça?
- Nada... só quero que fique aqui perto de mim.

Senti que alguma coisa estava esquisita nesse diálogo. Há poucos anos os papéis eram totalmente invertidos...


“Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, face à pressão dos tempos e ao que se perdeu – ‘uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos’”. (Contracapa do livro “Ensaio sobre Cegueira” de José Saramago)
Não consigo descrever o que senti ao ler este livro. Nunca pensei que um monte de folhas pudesse causar em mim tantos sentimentos diferentes e contraditórios em tão curto espaço de tempo. Vi-me indo da repulsa ao esplendor em poucas páginas.
Fantástico!!