segunda-feira, 12 de maio de 2003

Ontem, chorei muito, como há muito tempo eu não fazia.
Chorei por terem me feito lembrar do quanto me sentia minúscula quando eu era criança.
Tudo porque tive a infeliz idéia de pedir dinheiro para o meu pai para eu poder fazer um curso na faculdade. São R$ 20,00, sem adicionais... apenas um pagamento de R$ 20,00 para fazer um curso maravilhoso, com o qual sempre sonhei. Ele disse não. Enfaticamente não. "Não tenho dinheiro. Faz ano que vem". Mas eu nem sei se ano que vem vou poder fazer, não sei vai ter curso, se vou ter tempo ou se vou estar viva...
Eu tenho certeza que ele tinha dinheiro. Ele não quis me dar porque ele não concorda que eu queira fazer Pediatria. (Como se ele tivesse alguma influência na minha decisão... hahaha)
Ele fez com que eu me sentisse uma mendiga, implorando por um pedaço de pão, assim como eu sempre me sentia quando ainda era inocente e pedia dinheiro para ele. Desde muito nova aprendi que não devia pedir nada a ele porque... (ah, deixa pra lá). Só que, agora, com minha mãe doente (ela que cuidava da parte financeira e ela que me dava dinheiro sempre), não tenho outra escolha. Ou eu rodo bolsinha na calçada para conseguir uns trocados ou eu peço pra ele...
Voltando a história do curso... Ele disse que não ia me dar o dinheiro, fiquei chateada e fui pra sala onde estavam minha mãe e minha avó. Contei pra elas e, na hora, minha mãe disse que ela ia pagar o curso para mim, que eu não precisava me preocupar. Só que pra ela arrumar dinheiro, teria que pedir para meu pai e aí... Bom, não adiantou. Fiquei pensando que se eu ficasse essa semana e a próxima sem almoçar (só comendo pão, de casa), eu conseguiria grana suficiente. Pensei em tudo. Mas, não foi necessário o sacrifício. Minha avó, novamente para me salvar, me deu o dinheirinho, tirado da minúscula aposentadoria dela. Certifiquei-me que não faria tanta falta e aceitei. Ela disse: "família é família... tudo é de todo mundo".
- Ai, vozinha, como eu queria que todo mundo pensasse assim...



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