quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Paz?
O que é ter paz?

Algum dia acho que já tive isso, mas agora... é tão difícil.

Vejo minhas amigas sofrendo, passando por coisas tão ou mais difíceis do que as que passei. E não posso fazer nada. Não consigo sequer estar ao lado delas.

Me sinto tão mal com isso. Eu sei o quanto é essencial ter alguém a seu lado nesses momentos... mas eu não consigo. Eu tento, faço o que posso, quando posso, mas é tão pouco.

Ontem vi o filme "Mente Brilhant". Esquizofrenia. Me lembrou tanto a mãe da minha amiga... Não consigo nem imaginar o quanto ela e a família sofreu com todas aquelas crises, com todas as alucinações, as tentativas de suicídio e de homicídio, as fugas, os grito... Quanta dor... Dor que acabou em mais dor. Uma das tentativas, com uma ajudinha de negligência médica, deu certo. Ela se foi e nós ficamos aqui, sofrendo.

Nossa! Me lembro tanto daquele dia em que as acompanhei até o Psiquiatra. Em determinado momento, aquela senhora se virou e simplesmente me abraçou. Ela mal me conhecia. Fazia uns 5 anos que ela não me via, mas ela sentiu carinho em mim. Carinho e proteção. E me quis por perto. E me deu a mão.
Nunca vou esquecer...

Nunca vou esquecer o quanto chorei na missa de 7º dia. O quanto me senti sozinha, fraca, impotente. Eu lá chorando no meio de um monte de desconhecidos e todos morrendo de pena de mim. Até que minha amiga veio e me abraçou. E nós ficamos lá, chorando por um tempão. Ali, só nós sabíamos o que era aquela dor de perder a pessoa que mais amamos na vida. E prometemos que não íamos mais ficar tanto tempo sem nos ver.
Desde aquele dia, alguns meses atrás, não nos vimos mais...


Agora, fico vendo minha vó. Eu sou uma pessoa tão má. Ela está mal. Veio dizer que não passou bem à noite, teve falta de ar, dor no peito. E eu simplesmente disse: vá ao médico, ué! Eu nem falei direito com ela, nem perguntei nada. Minha irmã veio e disse: a vó tá morrendo. E eu dei de ombros.
Sei que ela não tá morrendo. Sei que ela sofre pra caramba e tudo que ela queria é que a vida dela acabasse. Mas não tenho paciência com ela. Não tenho mais forças para cuidar, dar remédio, dar banho, ficar ouvindo "tô com dor aqui, tô com dor ali". Desculpe, Deus. Sei que estou sendo má, negligente. Mas eu não consigo.

Eu quero paz! Eu preciso de tempo para me recuperar. Mas, na minha vida, tempo sem tragédia é algo que não existe... Será que vou sofrer assim para sempre?
Como posso querer ser médica se não consigo sequer cuidar da minha vó e dos meus amigos???

sábado, 10 de dezembro de 2005

Hoje faz 2 anos...
Engraçado como a gente tenta fingir que não se importa, diz que não é uma data importante, que não faz diferença o dia que aconteceu. Aí o dia vai passando, a dor vai tomando conta de você, você faz coisas (como alugar comédias) para passar o tempo mais rápido, diz para todo mundo que está de TPM, não fala para ninguém a verdade (nem para você mesma)... e, de repente, no meio do dia, no meio de uma prova, sem nenhum fator desencadeante lógico, as lágrimas tomam conta de você, seu corpo enfraquece e você percebe que você não é nada, que você não é ninguém..

Como dói! Nossa! Ninguém tem noção do que é essa dor... O precipício tem fim? Definitivamente não!

E não contei para ele. Fiquei mal, ele percebeu, perguntou e eu não contei. Ele me deixou só e foi para uma festa de um amigo dele. Nem sequer ligou depois. Eu não contei... Quem sabe amanhã...

Tenho vontade de não ver ninguém, de ficar num quarto escuro comendo chocolate e batata frita e ouvindo música. Ao mesmo tempo quero alguém do meu lado o tempo todo. Alguém que não diga nada, que não faça nada. Apenas me abrace e me ajude a dormir. E me tire desse quarto escuro em que estou agora.

E tenho mais responsabilidades...
Ontem a prof. da minha irmã me ligou dizendo que a coitadinha estava mal, que estava deprimida, chorando o tempo todo há umas duas semanas. A profa. me pediu para fazer alguma coisa, disse que estava muito preocupada.

Fazer? Fazer o que se eu também sou apenas uma menina? Uma menina com o mesmo problema... devido a mesma coisa... Daqui a pouco passa. Depois em fevereiro volta de novo, depois em maio, depois em agosto, depois em setembro (o pior para mim), depois em dezembro de novo... e será assim para sempre...

sábado, 3 de dezembro de 2005

Recebi por e-mail:

"Onde andará o meu doutor?

Hoje acordei sentindo uma dorzinha...
Aquela dor sem explicação e uma palpitação.
Resolvi procurar um doutor... Fui divagando pelo caminho...
Lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco
E que pra mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...
O meu doutor que curava a minha dor!
Não apenas a do meu corpo, mas da minha alma...
E que me transmitia paz e calma!
Chegando à recepção do consultório,
Fui atendida com uma pergunta:
"Qual é o seu plano?"
O meu plano?
Ah! O meu plano é viver mais feliz!
É de dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
E preencher esse vazio
Que sinto agora!

Mas a pergunta teria que ser outra:
O "meu plano de saúde"...
Apresentei o documento do dito cujo.
Já meio suado, tanto quanto o meu bolso... E aguardei.
Quando fui chamada,
Corri apressada...
Ia ser atendida pelo doutor,
Aquele que cura qualquer tipo de dor!
Entrei e olhei... Me surpreendi...
Rosto trancado, triste e cansado...
"Será que estava adoentado?
É!...Quem sabe, talvez gripado!"
Não tinha um semblante alegre,
Certamente devido à febre...
Dei um sorriso meio de lado
E um bom dia!
Olhei o ambiente bem decorado
Sobre a mesa, à sua frente, um computador
E no seu semblante a sua dor...
O que fizeram com o doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente:
"O que é que a senhora sente?"
Como eu gostaria de saber o que ele estava sentindo...
Parecia mais doente
Do que eu, a paciente...
"Eu? Ah! Sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação."
E esperei ver sua reação.
Vai me examinar, escutar a minha voz
E auscultar meu coração.
Para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
"Peça autorização desses exames para conseguir a realização..."
Quando li, quase morri...
"Tomografia computorizada", "ressonância magnética" e "cintilografia!"
Ai, meu Deus, que agonia!!!
Eu só conhecia uma tal "abreugrafia"...
Só sabia o que era ressonar (dormir),
De "magnético", eu conhecia o olhar...
E "cintilar", só o das estrelas!
Estaria eu à beira da morte? De ir para o céu?
Iria morre assim, ao léu?

Naquele instante, timidamente, pensei em falar:
"Não teria o senhor uma amostra grátis, um calor humano
Para aquecer esse meu frio?
O que fazer com essa sensação de vazio?
Me observe, doutor.
O tal "pai da medicina", o grego Hipócrates, acreditava que
"A arte da medicina está em observar."
Olhe pra mim...
É bem verdade que o juramento está ultrapassado!
O médico não é um sacerdote...
Tem família e todos o problemas inerentes ao ser humano...
Mas, por favor, me olhe! Ouça a minha história!
Preciso que o senhor me escute e ausculte!
Me examine! Estou sentindo falta de dizer até "aquele 33"!
Não me abandone assim outra vez!
Procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
Alimente a minha mente e o meu coração...
Me dê ao menos uma explicação!
O senhor não se informou se ando descalça... Ando sim!
Gosto de pisar na areia e seguir em frente,
Deixando as minhas pegadas
Pela estrada da vida.
Estarei errada?
Ou estarei com o verme do amarelão?
Haverá umas gotinhas de solução?
Será que existe vacina contra o tédio?
Ou não terá remédio?
Que falta o senhor me faz, meu antigo doutor...
Cadê o Scott,
Aquele da emulsão?
Que tinha um gosto horrível,
Mas me deixava forte,
Que nem Sansão!
E o elixir? Paregórico ou categórico?
E o chazinho de cidreira,
Que me deixava a sorrir, sem tonteira?
Será que pensei asneira?
Ah! Meu querido e adoentado doutor!
Sinto saudades...
Dos seu ouvidos para me escutar...
De suas mãos para me examinar...
Do seu olhar compreensivo e amigo...
Do seu pensar...
Do seu sorriso que aliviava a minha dor...
Que me dava forças para lutar contra a doença...
Que estimulava a minha saúde e a minha crença...
Sairei daqui para um ataúde?
Preciso viver e ter saúde!
Oh! Meu Deus: Cuide do meu médico e de mim,
Caso contrário chegaremos ao fim...
Porque da consulta só restou uma requisição
Registrada em um computador
E o olhar vago do doutor!
Precisamos urgente dos nossos médicos amigos...
A medicina agoniza...
Ouço até os seu gemidos...
Por favor:
Tragam de volta o meu doutor!
Estamos todos doentes e sentindo dor!
E peço: Para o ser humano, uma receita de "calor"
E para a medicina,
Uma prescrição de "amor!"
Onde andará o meu doutor?"

terça-feira, 8 de novembro de 2005

"Vc tem valores muito fortes, muito mais corretos do que a maioria das pessoas. Às vezes vc vem falar alguma coisa pra mim e eu sei que vc está certa. E eu fico pensando: 'poxa, as coisas precisam ser sempre tão certinhas?' Eu te admiro por você ser assim. É coisa de princípio."

Passei por alguns momentos complicados agora pouco. Estou me sentindo horrivelmente mal.
Me sinto uma extraterrestre nesse mundo onde roubar não é algo grave; onde as pessoas se acham o máximo e ficam brigando para ver quem é o Deus mais poderoso, que receberá a oportunidade de salvar uma cidade do interior do Rio Grande do Norte dos terríveis médicos mal preparados da região.

Primeiro, tivemos uma séria discussão (umas 30 pessoas), na qual eu defendia a posição de que roubar é algo grave (crime previsto em lei), passível de punição severa. Perdi na votação. Mais da metade das pessoas presentes considera que roubar 7kg de carne não é nada, não precisa de punição, não é a mesma coisa que roubar dinheiro. O estranho é que apesar de considerarem isso, defendem que o assunto seja abafado, completamente escondido do resto das pessoas. Se não há desvio de conduta, se não há nenhum problema moral, porque não se pode falar a respeito com outras pessoas?

Depois tive uma discussão chata com uma menina que acha que não há problemas em ser objeto de manipulação política, que egoisticamente acha que viajar para uma cidade pobre do interior do Brasil, ficar lá 15 dias diagnosticando milhares de doenças em pessoas que nunca vão receber tratamento, é ajudar muito, é fazer um papel fantástico, é uma oportunidade de conhecer melhor a situação em que os menos afortunados vivem e, dessa forma, se tornar uma pessoa melhor, se tornar um médico melhor... O pior é que esse pensamento é compartilhado por cerca de outras 300 pessoas que estão prestando uma prova para certificar sua condescendência a esse projeto mal estruturado, que traz muito mais prejuízos (à população, que ilusoriamente acha que agora será melhor tratada, que precisará correr de cidade em cidade em busca de atendimento médico porque o médico de São Paulo disse que ela era hipertensa, que isso é uma doença grave, que ela precisa se tratar; aos alunos que viajam e voltam se achando mais deuses do que já achavam, porque afinal eles foram lá e salvaram uma população carente, porque agora que eles passaram 15 dias atendendo naquela cidade, eles sabem o que é ser "carente", o que é viver numa cidade do interior do nordeste sem estrutura, sem água, em condições precárias).

Eu só posso ser uma extraterrestre, não é possível...
Onde foi que enraizei esses valores de maneira tão forte? Onde foi que aprendi a ser eu mesma, a acreditar no meu 6º sentido, a não fazer algo só porque os outros acham legal, sem parar para pensar o que EU acho, sem procurar mais informações a respeito???
Será que foi com meus pais, que conseguiram me EDUCAR de verdade e não apenas passar a mão na minha cabeça, me dar presentes e me deixar com a empregada? Será que foi na minha casa, onde nunca se fez distinção de raça ou nível social, onde todos comiam juntos na mesa, independente de serem empregados ou amigos? Será que foi no meu colégio de periferia onde a preocupação com a Cidadania era muito maior do que com o maldito vestibular, que faz com que as professores ensinem muita Física e Química e esqueçam de passar valores essenciais?

Aliás, um aparte sobre a história de todos sentarem na mesa juntos. Desde que me conheço por gente, as empregadas sempre comeram na mesa com a minha família, nunca percebi que isso não era "usual" até que, ano passado, levei meu namorado para almoçar na casa do meu pai. Como de costume, a Liu, que cuida da casa hoje, serviu a comida e depois se sentou e almoçou com a gente. Depois, ele veio falar comigo: "Nossa, que legal! Eu nunca tinha pensado nisso... achei algo muito legal da sua família." Eu não entendi nada até que ele explicou que nunca tinha pensado que a empregada poderia sentar na mesa e comer com a família. O engraçado é que eu nunca tinha pensado que a empregada poderia comer em outro lugar ou outro horário que não fosse com a gente.

Acho que estou me sentindo melhor agora. Acho que hoje fiz algumas inimizades hoje... Mas, tudo bem, se é pra preservar meus valores, se é para fazer do jeito que EU acho certo, prefiro viver nessa minha ?arrogância?, criar inimizades que me vêem assim, arrogante, durona, chata, encrenqueira, detalhista, certinha demais...

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Você sabe o que é estar desamparado?
Sabe mesmo?

Eu sei! Infelizmente, eu sei.
Fiquei doente ontem, com febre, morrendo de dor de cabeça e estava desamparada. Completamente sozinha, tive que aguentar a dor, ter ela como minha companheira. Eu não estava completamente desamparada porque tinha o consolo (?) de ligar milhares de vezes para o celular do meu namorado e ouvir sua caixa postal... Ele me ligou quase 1h da manhã, um pouco depois que eu tinha conseguido pegar no sono com a maldita dor de cabeça e várias dores no corpo. Mas, tudo bem.

Só que não é esse o meu principal exemplo de desamparo. O que senti não foi nada. Mas o que vi...
Cheguei na casa do meu pai agora a pouco (umas 19h). Minha irmã estava toda enrolada nas cobertas, dormindo. Perguntei para meu irmão se ela estava doente. Ele disse que não. Depois, ele pensou melhor e disse que achava que sim, que ela não estava se sentindo muito bem.
Jantei.
Entrei no quarto, sem fazer barulho, olhei para ela. Ela estava acordada. Disse que eu poderia acender a luz.
Começamos a conversar e descobri o que estava havendo: a coitadinha estava passando mal há dois dias, não conseguia levantar da cama, não tinha comido absolutamente nada desde o dia anterior à tarde. E simplesmente NINGUÉM de casa percebeu ou deu atenção. Meu pai estava lá na sala assistindo tv e sequer percebeu que a filha dele estava quieta demais há dois dias.
Medi sua temperatura. Estava com febre altíssima. Trouxe uma banana e água. Dei remédio. Fiz ela levantar para comer.

Que droga! Claro que ela nào tem nada grave. Parece uma infecção simples. Mas, sinto que o que eu temia realmente é verdade. Se ela morresse, ali, no quarto dela, na casa onde moram outras 3 pessoas de sua família, eles iam demorar pelo menos um dia para perceber. Isso se fosse dia de semana. Se fosse fim de semana iam demorar uns dois dias.

Desde que minha mãe morreu, sempre que fico doente tenho que me virar. E quando passo muito muito mal, tenho a clara impressão de que se eu morrer minha família vai demorar pelo menos um mês para perceber.

Grave. Triste.

domingo, 2 de outubro de 2005

Estava no orkut.
Encontrei uma comunidade chamada "Morro de saudades da minha mãe".
Comecei a ler depoimentos de pessoas que perderam suas mães...
Incrível como as histórias são parecidas: a gente passa anos brigando com nossas mães (eu até saí de casa porque não conseguia conviver com ela) e quando ela se vai, percebemos o quanto fomos idiotas, o quanto ela era especial apesar de seus defeitos.
Passam-se anos e dor a continua. Grande.
Pessoas que perderam suas mães há 10, 15 anos e dizem que continuam tendo aqueles ataques de choro incontroláveis e tão doídos, que continuam lembrando dela todos os dias.
É incrível como lembramos dela todos os dias. Hoje mesmo eu estava no ônibus e fiquei pensando o quanto minha mãe adoraria conhecer meu namorado. Fiquei imaginando eles saindo juntos para dançar... Ela adorava dançar! Fiquei imaginando ela fazendo um daqueles almoços deliciosos para convidar os pais dele para se conhecerem e passarem o dia todo falando das besteiras que eu e ele fizemos quando éramos crianças.

Hoje é aniversário do meu pai.
Depois que ela se foi, nenhum aniversário foi comemorado aqui em casa mais. O máximo que fazemos é dar um abraço de parabéns para o aniversariante e pedir para a Liu fazer uma comida que ele goste. Não tem mais bolo, não tem mais presentes, não tem mais velas... Como eu odiava quando minha mãe colocava uma vela em cima de um bolo no dia do meu aniversário e mandava todo mundo cantar parabéns... Agora, tudo que eu mais queria no meu aniversário era ouvir a voz dela falando "tem que cantar parabéns e assoprar a vela, senão não come o bolo".

Às vezes, nos piores momentos, fico me lembrando dos últimos dias (que, na época relatei no blog http://minhaversao.blogspot.com/). Daquele domingo quando o telefone tocou chamando pelo responsável... daquela terrível segunda-feira de UTI e sofrimento... da manhã de terça, quando, às 6h30 da manhã eu estava saindo de casa para fazer prova final de Anato Digestório e o telefone tocou. Era meu irmão. Ele não teve coragem de dizer... apenas disse que era melhor eu não ir para faculdade. Eu fiquei um tempão perguntando desesperadamente o que tinha acontecido - eu precisava que ele me dissesse com todas as letras para eu acreditar. Ele, depois de um tempo de silêncio apenas disse "você já sabe... não sabe?". E eu caí em prantos.

Hoje olho para as estrelas e imagino que os olhos dela são uma daquelas mais brilhantes. E sinto que ela está por perto, me protegendo, me dando bronca, me incentivando...

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

É incrível como a incidência de depressão entre estudantes de Medicina é alta!
Quanto mais e melhor conheço gente, mais vejo o quanto são deprimidos. Em qualquer faculdade, de qualquer lugar do país...

O que mais me intriga é o quanto as pessoas escondem isso, fingem, tentam passar sozinhas por períodos difíceis. É tão grave, é tão disseminado... é tão TRISTE!
"Os cigarros são os pregos do caixão".

domingo, 21 de agosto de 2005

Faz um tempão que eu não escrevo aqui... sei lá. Às vezes tenho uma vontade imensa de escrever, passo dias produzindo algo, depois passa a vontade e fico um tempo assim.

Hoje me deu aquela vontade imensa de escrever.
Estava em casa sem fazer nada de útil, com preguiça de ler os textos que eu trouxe da facul e resolvi navegar na net. Me lembrei que eu costumava ler o blog da Rosana Hermann (http://queridoleitor.zip.net) todos os dias há anos e fazia tempo que eu não lia. Abri, li, abri blogs recomendados (inclusive do Dr. Isaac Efraim http://ansiedade.zip.net, psiquiatra, marido da Rosana e também alguém que eu costumava ler há anos). Foi lendo a Rosana que voltou minha vontade de escrever. Ela escreve sobre tudo, desabafa, conta sobre a vida dela, escreve besteiras, posts mais densos, sempre com muito humor e inteligência. Acho muito legal.

Bom, então, aí vai meu post "vomitado", com perdão da palavra, não elaborado, apenas saído de mim.

Estou naquela fase estranha novamente. Período próximo ao aniversário de mamãe, ao meu aniversário e ao aniversário de casamento dos meus pais (52, 23 e 27). Andei deprimida, com alterções de sono, confusa...
Continuando na oscilação, quinta-feira foi um dia muito bom.
Na sexta, tive um dia muito bom também. À noite, fiquei arrumando minha estante nova. Linda! Me deu um trabalho e me rendeu um escândalo (eu precisava usar a furadeira mas não queria fazer isso sozinha, aí fiquei fazendo drama até meu amigo vir me ajudar). No fim deu tudo muito certo, ela ficou linda e firme.
Hoje de manhã, arrumei as coisas, ocupei a estante, podendo finalmente aliviar meu armário entupido. Umas 13h peguei o ônibus para ir para casa. O primeiro foi tranquilo. O segundo, estava lotadaço. Tive que ficar espremida na porta e tinha um cara nojento roçando o braço dele na minha barriga. Que ódio! Não pude fazer muita coisa (mal dava para me mexer) além de espremer o cara de trás para me desvencilhar do tarado.
Parei no shopping para comprar um tênis (o outro, único, já tem três rombos - aguardo o dia em que só vai sobrar a sola e o cadarço). Só que eu estava sem dinheiro. Eu tinha certeza que haveria um caixa eletrônico no shopping. Sonho meu. Encontrei o tênis que eu queria mas não pude comprá-lo. Burrice minha porque meu cartão do banco tem redeshop só que eu não sei usar e não confio.
Para compensar a caminhada, fui almoçar no Burger King (minha primeira vez). Não gostei muito. O sanduíche é bem melhor que o do Mc (o molho e a carne, principalmente). Mas a batata (que eu amo), vem bem menos e o Guaraná é ruim (não tem suco, que eu prefiro). Pedi para o cara do caixa me deixar experimentar a cebola empanada. Não gostei muito também. Eu comeria, mas não pagaria por elas, muito menos trocaria minhas deliciosas batatas fritas.
O terceiro ônibus que peguei, uma lotação na verdade, foi péssimo também. Assim que entrei, havia apenas um lugar vago, ao lado de um senhor que esparramou suas sacolas na poltrona. Pedi licença, ele tirou as sacolas e eu sentei. O idiota, também tarado, começou a passar a mão na minha coxa (como se estivesse coçando a coxa dele). Nossa! Fiquei com tanta raiva! Peguei minha mochila e taquei em cima do braço dele. Minha pasta de plástico, que estava dentro da mala rasgada, o arranhou. Ele tirou a mão e eu deixei a mala lá. Passados alguns minutos, ele tentou colocar a mão de novo. Forcei a mala para baixo para furá-lo e me afastei ainda mais. Que ódio! Passei a viagem inteira caindo do banco, mais para fora do que para dentro. Sem muita opção.
Enfim, cheguei em casa cansada e morrendo de dor de cabeça. Deitei. Dormi um pouco. Acordei já a noite. A dor de cabeça tinha piorado. Comi. Tomei remédio (eu odeio tomar remédio, mas a situação não me permitia escolher). E sentei aqui no micro.


Acho que pela primeira vez estou animada para meu aniversário. Acho que vou chamar o pessoal para ir ao Hopi Hari. Quero ficar longe da rotina, me divertir, receber atenção. O melhor é que posso me dar ao luxo de não esperar por muita gente.
Acho que vai ser bem legal!

domingo, 26 de junho de 2005

Engraçado como às vezes tenho um sexto sentido para as coisas... Não sei se é bem um sexto sentido mas é como se algo ou alguém dentro de mim me mandasse fazer algumas coisas que não fazem o menor sentido, e que, sem eu saber, vão me fazer muuuuito bem.

Há uma semana eu estava com uma música na cabeça que eu sabia que era de um filme mas eu não sabia qual e não conseguia esquecê-la. Há uns três dias eu me lembrei que era do filme "A história de nós dois" e, a partir daí, a todo momento, passei a ouvir a música com cenas do filme passando na minha cabeça. Loucura total!!! Alguma coisa dentro de mim me dizia para assisti-lo. Lutei contra isso o máximo que pude...

Hoje, depois de almoçar, passei na locadoura e aluguei o DVD. Nossa!!! Senti um prazer tão grande em satisfazer um desejo sem sentido e não faço idéia por que.

Apesar das milhares de provas da semana que vem, larguei todos os livros e fiquei vendo o filme, depois revendo as cenas (DVD é ótimo!), ouvindo e reouvindo a música. Me trouxe coisas maravilhosamente boas, apesar de só me confundir mais quanto a algumas coisas da vida e decisões cruciais...

Aí vai a música para vcs:

Get Lost
(Eric Clapton)

I'm sorry.
Why should I say I'm sorry?
If I hurt you,
You know you've hurt me too.

But you get lost inside your tears,
And there is nothing I can do,
'Cause I get lost inside my fear
That I am nothing without you.

You're angry.
Why shouldn't you be angry?
With what we've been through,
Well I get angry too.

Chorus

'Cause I am nothing without you.

Why should we have taken so long
To be looking inside of our mind?
Everything we tried went wrong.
Are we worried 'bout what we might find?

I'm sorry,
But can I say I'm sorry?
If I hurt you,
You know it hurts me too.

And you get lost inside your tears,
And there is nothing we can do,
'Cause I get lost inside my fear
That I am nothing without you.

'Cause I am nothing without you.
And I am nothing without you.
'Cause I am nothing without you.
'Cause I am nothing without you.

domingo, 15 de maio de 2005

Li esse texto e resolvi publicá-lo. Mas eu estava num outro momento, num clima de romance... agora, já não sei se faz tanto sentido. Mesmo assim, é um texto que gostei (apesar de certo exagero), principalmente pela sinceridade.
Então, está aí para vocês também o lerem. Foi escrito por Jefferson Ramos no site Estudo Mestre na parte Masculina do "universo feminino".

"-Porque amo as garotas!? Há milhares de motivos, como por exemplo: sou homem e esse com certeza é o motivo básico, sou heterossexual, graças a Deus, e tenho bom gosto (risos).

Às vezes paro para pensar como elas são demais. Garotos cobram coisas delas que eles próprios nunca conseguiriam fazer, como estar sempre bem vestida, unhas feitas, pés sempre lindinhos com os dedos retinhos e sem calos, não ter pêlos onde não deve, estar sempre bem perfumada, bem penteada, andar com "aquele" jeitinho que só elas conseguem (...), aqueles olhares que superam qualquer cantada masculina, enfim, tudo que elas nos fazem crer que só elas mesmo conseguem fazer. Não as invejo por conseguir isto, e sim as admiro, como amo pés bonitos (risos).

Além da parte de aparência, geralmente o cara espera da mulher uma boa cabeça também. Mas o que seria uma boa cabeça de mulher!? Aí, depende de cada um. Para uns seria uma garota inteligente, legal, sincera, companheira e etc. Outros só querem uma garota fácil para se autocompletar, pois um cara desses não deve ser grande coisa.

Cara, como é confortante aquele "que foi amor?", quando você fica quietinho na sua, pensando na vida ou realmente com algum problema. No caso de haver mesmo um problema, geralmente o cara, com seu "escudo anti-intimidade" fala que não é nada, mas há quem se abra com elas e acaba ficando até melhor, mais calmo, menos preocupado. Dizem que não existe amizade entre homens e mulheres, mas um cara ter uma garota para lhe dar conselhos é muito bom, chega a ser perigoso para as garotas, pois um dia algum desses garotos que têm amigas acabaram por descobrir o segredo que essas criaturas escondem por trás de seus batons, cintos, brincos e salto altos. É tão legal conversar com aquelas garotas que acham tudo fofo e lindo, pois um homem ser chamado de fofo, por mais machista que seja, sempre é legal, é um bom elogio, eu gosto (risos). Mas aquelas que não gostam de coisas fofas também são demais, pois às vezes você se sente tão à vontade de conversar com uma garota dessas que esquece toda essa bobagem de diferença de sexo.

Algumas garotas gostam de atenção, outras não tanto, mas cá entre nós, como é bom uma garota lhe mimando às vezes, eu me sinto o rei do mundo. Adoro aquele tipo de garota que consegue fazer a "proeza" de ligar para o cara que está beijando, namorando, ou seja, lá o que for, mas não aquelas ligações do tipo: "onde cê tá?!", não, seriam aquelas: "oi amor, liguei só pra você lembrar de mim, te adoro, tá?", poxa vida, ser lembrado é muito bom. Agora a melhor garota de todas, ou pelo menos aquela que demonstra não querer dar uma de difícil, é aquela que liga depois da ficada, tipo aquela confirmada: "você foi demais ontem", sabe?! Então.

Se me perguntasse uma diferença entre homem e mulher diria: estilo. Alguém consegue explicar como algumas garotas parecem estar andando nas nuvens!? Eu piro vendo isto, muito lindo. E beijando?! Há aquelas que lhe dão a sensação de estar beijando um espelho (as imóveis), mas já há as que parecem saber onde queremos ser tocados na hora do beijo, onde quer que seja que elas toquem, arrepia. Sem falar que não a briga na hora de virar a cabeça para o outro lado, vai tudo em perfeita harmonia.

As garotas que são simplesmente amigas nossas também são demais, afinal é muito difícil um homem confiar em outro homem, mas há algumas amigas nossas que contam toda sua vida sem medo algum de que nós, garotos, espalhemos isto por aí. Tudo bem que fofoca é uma coisa feminina, não dizendo que garotos também não fofoquem, mas mulheres sabem muito bem guardar segredo quando querem. Uma das únicas coisas que não concordo nas garotas é que a maioria delas ainda acha que nós garotos que devemos chegar nelas (não vou nem discutir essa parte).

O que eu queria saber sobre as garotas?! Bom, muitas coisas. O que elas fazem juntas no banheiro?! O que elas conversam quando dormem uma na casa da outra?! O que a garota que está me beijando pensa nesse momento?! O que fazem quando sentem tesão e não estão com ninguém?! O que acham realmente de mim?! Enfim, milhares de dúvidas, aliás a maior de todas é: por que são tão misteriosas?! Não é?!

Não preciso entender completamente uma garota, isto é muita ambição de sabedoria, deixe elas com seus segredos, só quero enfim viver bem com elas."

terça-feira, 12 de abril de 2005

Nossa!
Quanta coisa têm acontecido esses dias...
De bom e de ruim!
Muita muita muita coisa para uma meninha assim assim... Hoje senti como se eu fosse entrar em colapso. Beirei ele. Foi quase. Mas, aí, uma pessoa me impressinou enormemente. Eu não confiava nada nada no bom senso dela. E ela demonstrou uma sensibilidade incrível, um jeito ótimo de lidar com a situação (uma das que tanto estava me estressando). Foi ótimo!
Não consegui sair do meu "burn out". Eu realmente tenho muita coisa para fazer e realmente não consigo fazer. Tentei mas não dá. Travou o sistema. Tem que reiniciar.
Mas as coisas estão voltando aos eixo aos poucos e, se tudo correr bem, conseguirei voltar.

terça-feira, 5 de abril de 2005

Eu estava jantando com um amigo (os dois em absouluto silêncio) quando começou a tocar uma música:

"Procuro um amor que seja bom pra mim.
Vou procurar, eu vou até o fim.
E eu vou tratá-la bem, pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos.

Eu procuro um amor, uma razão para viver.
E as feridas dessa vida eu quero esquecer.
Pode ser que eu gagueje, sem saber o q falar.
Mas eu disfarço e não saio sem ela de lá."

                                     Segredos - Frejat

- Der, por que as pessoas procuram um amor?
- Porque elas acham que assim vão ser felizes para sempre.
- Ah... mas, Der, por que as pessoas querem namorar? Por que elas namoram?
- Uh? É estranho vc perguntar isso... Vc não namora?
- Namoro... mas não sei por que as pessoas namoram.
- Bem, elas namoram para ter alguém do lado, porque elas têm medo de ficar sozinhas...
- ... ainda não me conveceu. Ainda não entendi porque as pessoas namoram.
- Pra que ficar pensando nisso??? As pessoas namoram para se sentirem bem, ué?! Curte a vida!!
- ...
- Assim: as pessoas namoram para se sentirem seguras, para ter a segurança de que quando elas precisarem, quando elas quiserem, elas vão ter alguém ao lado dela, alguém para ajudá-las.

quarta-feira, 30 de março de 2005

Estou muito animada!

Passei meses dizendo que queria mudar minha vida, que queria aproveitar melhor o tempo... e parece que agora, aos poucos, estou começando a colocar algumas coisas em prática.
Hoje fui a meu primeiro treino de Atletismo e foi maravilhoso. Sofri um bocado. Óbvio! Afinal, são anos de sedentarismo nas costas. Mas logo depois que me recuperei senti um bem estar enorme, uma dor pelo corpo ótima (sem ironia). Fantástico! Até senti vontade de me alimentar melhor, comer salada, diminuir as frituras.

Estou pensando em ir ao treino de natação à noite mas as pessoas dizem que eu não vou aguentar pois esses são justamente os esportes com treinos mais puxados na Atlética. Decidi que se minha perna parar de tremer até as 16h e eu conseguir estudar metade da matéria para a prova de amanhã (da Liga de Diabetes), vou ao treino. Senão, fico estudando.

Essa é outra coisa que quero muito fazer: mais uma Liga. Atualmente só estou fazendo Liga de Pediatria (atendendo bebês de até 2 anos) e eu sinto falta de atender adultos no ambulatório, sinto que ainda tenho muuuuito a aprender tentando antes de começarem a querer me "treinar" para ser médica. Eu queria encontrar meu jeito de lidar com o paciente antes de quererem me ensinar um monte de coisas e quererem enfiar na minha cabeça que "tem que perguntar isso isso e isso, depois você pede para o paciente sentar ali, faz o exame tal, deita ele faz assim assim e assim". Quem disse que esse é o melhor jeito para qualquer médico e qualquer paciente???

domingo, 27 de março de 2005

Incrível!
Posts diários novamente! Nada como o ócio para me fazer divagar sobre coisas da vida e tornar consciente sentimentos não muito bem aceitos.

Incrível!
Quando escrevo alguma coisa porque quero que alguém leia, não lê.
Quando escrevo sabendo que determinada pessoa não vai ler (pelo menos antes de eu conversar com ela), ela lê e... aiaiaiai

Incrível!
Como o tempo passa.
Como as coisas passam.
Como as pessoas mudam e nosso sentimento em relação a elas também.
Como a vida segue seu rumo apesar de todas as suas adversidades e como passamos a valorizar certas coisas que antes desprezávamos.

Às vezes me pego pensando como tudo que vivi com a doença e a morte da mamãe mudou a maneira como eu enxergo a vida, as pessoas, como valorizo a presença delas a meu lado.
Depois de tudo que aconteceu, pude reconhecer o que é ter um problema de verdade (coisa que muita gente acha que tem por desconhecer o que é). Às vezes, me sinto feliz por ter como "problema" o trabalho que tinha que fazer e deu errado, ou a briga que tive com minha irmã ou a chateação por ter falhado em algo importante ou o excesso de cobrança e de coisas a fazer.
Algumas vezes sou mal compreendida. As pessoas acham que eu exijo muita atenção porque eu sou carente e um pouco egoísta. Mas, na verdade, acho que inconscientemente pesa bastante para mim saber que o momento é fugaz, que posso estar ao lado de alguém hoje e não estar amanhã.
Com tudo que passei durante minha vida, fui aprendendo que algumas oportunidades são únicas e não devemos disperdisá-las quando se trata de pessoas.


Incrível!
Como é fácil quebrar as promessas que fazemos para nós mesmos...

quinta-feira, 17 de março de 2005

Finalmente resolvi fazer alguma outra disciplina com outro curso da Universidade (afinal, estou numa UNIVERSIDADE, com oportunidades homéricas de estudar o que eu quiser e fico, como a maioria, restrita às aulas, muitas vezes péssimas, da Medicina).
Estou fazendo Psicologia do Ajustamento com a Fonoaudiologia. Foi a melhor decisão que eu podia ter tomado na minha vida!
Impressionante como as pessoas são diferentes, interessantes, mais "humanas"... Cheguei lá super tímida, com aquele sentimento de "sou odiada por fazer medicina, e agora?".
As alunas, me trataram super bem, ficaram curiosas para saber quem eu era, de onde eu vinha e, aparentemente, felizes por ter alguém "nova" na turma (bem diferente dos estudantes de medicina que, quando surge alguém desconhecido na sala, simplesmente o ignoram no começo e depois começam a reclamar que o "estranho" está roubando lugares na sala, que está tumultuando a aula...).
A professora é esquisita. Bem despojada e desbocada, estava vestida como hippie, falava palavrão, falava de seu sentimento em relação ao curso, a psicologia, parava no meio da aula para conversar com colegas de trabalho que passavam na porta... doidinha. Bem diferente dos professores "robôs" da medicina, que são intocáveis, se vestem impecavelmente, falam de modo formal, não suam, não sentem, não tem defeitos nem fraquezas, não tem amigos (apenas rivais), não fazem nada que pareça minimamente humano...
Durante minhas simplistas comparações no decorrer da aula, conclui que a medicina é a ciência do fingimento, do parecer perfeito, do esconder dificuldades e frustrações, do manter a distância e o anonimato. Do não ser humano.

E isso se reflete na relação médico-paciente. A maioria dos médicos, na frente dos pacientes, faz de tudo para parecer perfeito, aquele que tudo sabe, que não tem defeitos, que faz questão de manter a distância, porque, afinal de contas, ele está num nível superior, ele é profissional, ele é médico, ele não é humano.
Para mim, está mais do que provado que a relação professor-aluno, o exemplo que os professores representam dentro e fora da sala de aula, se reflete posteriormente na relação médico-paciente desse aluno. Sendo os atuais cursos de medicina ministrados por "não-humanos", os médicos formados, em sua maioria, se tornam "não-humanos" também.

Mas, voltando ao curso. Logo de cara, me impressionei com o fato de eu não ter me questionado sobre o que era essa disciplina. Simplesmente vi que ela era na Psico, que meu horário batia e fui fazer. Eu dizia para as pessoas: ?Vou fazer Psicologia do Ajustamento?. E elas diziam: ?Ah... e o que que isso quer dizer? É curso de que exatamente?? e eu respondia qualquer coisa que me vinha na cabeça na hora e nem pensava direito a respeito.
A primeira coisa que a professora perguntou ao iniciar a aula foi justamente isso: significado de Psicologia, significado de Ajustamento e o que seria um curso de Psicologia do Ajustamento. Ela nos fez discutir e refletir a respeito.
Foi aí que percebi o quanto eu caí de pára-quedas na aula, sem fazer idéia do que era. Eu simplesmente queria fazer um curso diferente, parti do princípio de que tudo tem um lado bom e fui. Se as qualidades do que eu encontrasse pesassem mais do que o lado ruim, eu ficava (assim como se baseiam todas as decisões de nossa vida). Foi a melhor escolha que eu poderia ter feito nesse momento.
Estou numa fase de muitas mudanças e profundos questionamentos do que eu realmente quero, do que eu valorizo, uma busca pelos meus valores pré-medicina (pré tentativa de me convencerem que deixar de ser humano é o melhor se eu quiser ser médica).

Ajustamento. Percebi que por vezes (cada vez com mais freqüência) tenho me anulado para me "ajustar". Me sinto diferente da maioria das pessoas que me rodeiam na medicina. Me sinto um ET. E, por vezes, me surpreendo agindo de forma que eu não agiria se não tivesse sobre determinadas "pressões", simplesmente para me sentir incluída, para me sentir mais parecida.
Eu, por vezes, realmente me sinto pressionada (não só em sala de aula mas na convivência com meus colegas também) a deixar de ser humana para me tornar profissional, para me tornar uma "engenheira do corpo".

"Deixar de ser humano para ser médico...? Como assim???
Ué, você não vai ser médico? Então, você tem que se manter emocionalmente afastado do seu paciente. Você não pode sentir dor, nem frustração, nem alegria, nem prazer... nada. Você tem que estar sempre impecável, físico e moralmente (pelo menos na aparência). Você não pode suar, porque seu paciente vai achar que você não toma banho (afinal, ele é burro e não entende que você está trabalhando há horas naquela salinha quente, atendendo milhares de pessoas por minuto). Ou seja, você tira de você tudo que é humano, tudo que te aproxima do seu paciente, ?sobe? para um outro patamar quase divino e, assim, sua consulta será perfeita e você poderá cobrar centenas de reais por ela. Você não vai sofrer, vai tratar seu paciente sem interagir com ele (não criando vínculos) e ainda vai encher o bolso... Não é perfeito?"

Ajustamento. Isso é uma tentativa (que muitas vezes dá certo, infelizmente) de ajustar, moldar as pessoas sem considerar o que elas são, numa concepção pensada por alguém em algum momento da vida e que se tornou uma verdade absoluta, que se tornou ?a maneira adequada?.

É assim que eu acho que o curso de medicina está hoje...

segunda-feira, 7 de março de 2005

Engraçado como a vida tem altos e baixos...
Será que só minha vida é tão instável ou a de todo mundo é assim?
Um dia está tudo muito bem, tudo às mil maravilhas. No dia seguinte já está tudo um inferno...

Não que eu esteja reclamando da minha vida nesse momento (não estou num momento de inferno), mas estou me questionando com toda essa instabilidade.
Nesse momento, estou vivendo sim alguns problemas: um grave familiar; outro meia-boca no Centro Acadêmico (estou com um pé fora de lá - estou decepcionada com a gestão atual e totalmente desacreditada que pode dar certo); estou de TPM (mas com esperanças que em breve resolverei esse problema).
Meu namoro, depois de momentos conturbados e muitos questionamentos, está muito bem.
Estou, para variar, sobrecarregada com as responsabilidades que assumi na faculdade (estudo, reuniões, reforma curricular, graduação...), mas estou mudando minha postura e com boas perspectivas de começar a treinar esportes (talvez atletismo, soft e, quem sabe, rugby), fazer natação no SESC, ler livros diferentes, fazer dança...

Sei lá. Coisas boas e coisas ruins estão acontecendo e equilibrando meu momento atual. Mas sei que não por muito tempo.
Daqui a pouco estarei radiante com alguma coisa maravilhosa que acontecer. Logo depois estarei tristérrima com outra e assim a vida segue.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Fui atropelada por um caminhão chamado desilusão.

Acontece às vezes para eu me lembrar que nada na vida será sempre azul...
Acontece para que eu volte a mim, me reencontre.
Para que eu aprenda.
Para que eu nunca me esqueça que a solidão não é um castigo.
Que é uma realidade.
Não necessariamente ruim.
Apenas uma realidade.

A vida é assim.
Não sei se a vida de todo mundo
mas a minha é...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Passei o fim do ano passado e o início desse ano voltada para preparar os eventos para receber os calouros.
Trabalhei pra caramba, fui a milhares de reuniões, conversei com todo tipo de gente (diretores e chefes, secretárias que se acham chefes, professores, faxineiros, médicos, jornalistas, designers, arquitetos... pessoas agradáveis e outras desagradáveis), arrumei móveis, escrevi textos, mandei fazer camisetas, organizei pastas com brindes, pedi patrocínios e verbas, corri atrás de mesas, orientei os calouros do ano passado quanto ao trabalho desse ano... enfim, fiz de tudo um pouco, me tornei a referência para tudo relacionado à recepção.

Ontem, dia da matrícula dos calouros, primeiro dia em que as coisas acontecem, aconteceu o inesperado: peguei uma GECA, fiquei o dia todo com uma dor de cabeça horrível, tive febre, diarréia, não podia comer... ou seja, não aproveitei nada, não ajudei no apadrinhamento, muito menos na barraca do Centro Acadêmico que vendia camisetas e distribuía pastas.
Não tive a menor vontade de participar da bagunça, da festa, de conhecer os calouros (tive vontade de dar uma passada na atlética, onde acontecia a cervejada, mas acabei não indo). Só fiquei reclamando o dia todo, toda molenga e manhosa.

Que droga! Por que as coisas são assim?
Estou com um sentimento de que não tem mais graça receber os calouros e fazer tanta festa (já fiz isso ano passado), mas não sei se essa sensação é pela doença e pelo cansaço ou se é um sentimento real (que, aliás, o pessoal da minha turma já teve e por isso não se envolveu em quase nada esse ano).

Não sei o que é real e o que não é. Só sei que nessa coisa toda, nessa trabalheira desgraçada (que vai se estender até a semana de recepção - de 28/02 a 04/03), percebi que não quero cargo de liderança, coloquei em dúvida o trabalho no e do Centro Acadêmico e estou cansada, muuuito cansada.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Pensei em tantos textos bons para escrever aqui no blog, mas com toda a agitação da semana, volta às aulas, trabalho no CA... acabei não tendo tempo. E agora que posso, já esqueci tudo que queria escrever.

A única coisa que ainda lembro é que queria tecer um comentário a respeito do Projeto Rondon e uns textos do assunto que andei pesquisando... mas... deixa pra lá. Agora já passou a agitação do momento e não sinto mais o apreço.

Estou me sentindo vazia...