domingo, 30 de novembro de 2008

Dia mundial de luta contra AIDS - 01 de dezembro


Clube dos "enta"


Campanha do Ministério da Saúde para esse Dia Mundial de Luta Contra AIDS.
Apesar da forma não estar muito adequada, o conteúdo é de grande valia e importância. E a idéia é muito boa!

Leia mais:

- Sociedade Brasileira de Infectologia:
"A escolha desse público seu deu, principalmente, porque a incidência de aids praticamente dobrou nessa população nos últimos dez anos (de 7,5% em 96 para 15,7% em 2006)."

- Notícias relacionadas aos eventos - por cidade

- Estudo: "Sobrevida de pacientes com aids dobra em 12 anos"

Males que vem para bem

Para "superar" a falta de privacidade e a consequente irritação que ela me trouxe especialmente hoje, fiquei por aqui, fugindo do mundo real, aproveitando o mundo virtual. E não é que encontrei algo bastante interessante: o blog de José Saramago.
Não tinha noção de quantas celebridades possuíam blgos. Ultimamente, com mais tempo livre, tenho navegado bastante por curiosidades da internet, tenho descoberto muitos sites interessantes e muita informação útil.
Eu tinha a crença de que esses blogs de pessoas famosas eram tudo enganação, criados por pessoas de má fé que não tinham nada melhor pra fazer da vida. Mas não. Reconheço Saramago em seus posts, assim como reconheço diversas personalidades em blogs que tenho encontrado por aí.

O blog do Saramago, em especial, nesse momento está me rendendo horas de deleite.

TPM

Se tem uma coisa que me irrita verdadeiramente é quando quero ficar sozinha e tem determinado ser humano que não se toca e fica no meu pé.
PQP!!!
Isso realmente me tira do sério. Por que não posso ter meu momento de paz e tranquilidade? Por que não posso aproveitar meu fim de domingo sossegada no meu canto, programando minha semana com calma, sozinha, sem ninguém me enchendo a paciência (que hoje, como já deu pra perceber, eu não estou com muita)?
Acho que a melhor sensação da minha vida vai ser quando conseguir alugar um quartinho só para mim. Pode ser um caindo aos pedaços, mas desde que seja meu, me tirará 500kg de angústia que carrego.

Mas tudo bem. O que não dá pra mudar a gente aceita e espera o tempo para ajudar a superar.

E até que o balanço do dia foi bom. Apesar de continuar sem internet em casa, estou sobrevivendo bem. Fui a um ótimo passeio pela Paulista hoje, comprei um livro, um acessório para meu computador, não comprei sorvete (porque fiquei com preguiça de andar até lá) e voltei para casa feliz e contente.
(Sem comentar que minha felicidade durou míseros 30 minutos, mas tá valendo.)

Passando essa TPM (que esse mês veio para quebrar tudo!), volto a escrever.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dias densos, sentimentos intensos

A TPM sempre altera minha vida, meu humor, minhas relações pessoais. Mas dessa vez, não sei... tem alguma coisa diferente.
Ela traduziu e amplificou meus mais profundos sentimentos.

Ontem foi um dia intenso (se pudesse tinha postado diversas vezes, mas não deu... então, aí vai um resumo, em tópicos, como gosto):

1) Quase assassinada por um olhar
Era aniversário de uma menina do grupo com o qual trabalho. O problema é que ultimamente não suporto sequer olhar para cara dessa pessoa. Minha insatisfação com ela já vem há algum tempo e tem se acumulado dentro de mim - com todas as grosserias dela a mim e a todos em nossa volta, com toda a energia negativa que ela distribui gratuitamente pelo mundo.
Enfim, mais uma vez confirmei que um dos meus maiores defeitos é não conseguir ser falsa. Eu simplesmente não conseguia me imaginar indo desejar "felicidades" àquela pessoa, pior ainda, tendo que abraçá-la. Sei que isso chega a ser falta de educação, mas não fui, não fiz, não desejei, não abracei. Como qualquer outro dia normal, ignorei-a terminantemente, dirigindo-me a ela apenas quando era estritamente necessário. E ela quase me assassinou com seu olhar. Ela tinha certeza que eu não ia deixar de dar parabéns. Mas não consegui e sofri as consequências...
Nessa sociedade em que a gente vive, quem não consegue disfarçar, superar as diferenças para viver/trabalhar em paz com o outro, não consegue viver bem. Tenho plena consciência disso. Mas simplesmente não consigo, nem sequer por educação, ser falsa assim.
Pior ainda, aquele grupo tem me desgastado muito. Estou descontente com vários deles. Com a maioria consigo superar, ser educada, mas não passa disso. Não consigo mais interagir muito, jogar conversa fora, sair para almoçar ou jantar... Meu corpo pede por afastamento. Minha mente se afasta constantemente sem o menor controle.
E vivo cada vez mais isolada.

2) Mais uma vez...
Saiu minha nota em Clínica Geral. É a área da Medicina que eu menos gosto, que faço pior, com a qual tenho o pior raciocínio.
Minhas notas nas provas teóricas ficaram na média. Nem das melhores, nem das piores - melhor do que eu esperava.
Mas o que me impressionou mesmo foram as notas de conceito dos ambulatórios. Essas notas são dadas pelos médicos que nos orietam nesses lugares, que nos observaram durante os 3 meses e avaliaram nosso desempenho como médicos. Eu simplesmente tirei as melhores notas entre todos os grupos (no meio de 45 ótimos alunos, ótimos médicos, eu simplesmente fui uma das melhores).
Mais uma vez confirmo aquilo que sei, mas que nunca acreditei inteiramente: que sou uma boa médica, que tenho cuidado, empatia, trato bem meus paciente e tenho conhecimento razoável dos conceitos mais importantes. Tenho uma memória péssima, o que muitas vezes me impede de discutir casos aprofundadamente, saber medicações corretas para situações específicas (o que me faz sentir burra e incapaz). Mas toda essa teoria posso resgatar nos livros, a qualquer momento. Posso aprender.
Agora, a habilidade de tratar bem as pessoas, não sei se isso dá pra aprender. E isso, a faculdade diz que tenho melhor do que a média.

3) Por outro lado...
Em oposição ao item anterior, tive uma sensação muito ruim ontem.
Estava lendo o blog da Rosana e comecei a repensar como tenho tratado meus pacientes, o quanto de empatia, de dar importância para as angústias e medos e dar suporte, eu perdi nesses anos de faculdade. Não perdi completamente, mas perdi muitíssimo...
Meu maior medo se concretizou: me tornei insensível sem perceber.
Ultimamente, percebi que tenho atendido os pacientes demonstrando cansaço, pressa, atropelando o sentimento das pessoas, desconsiderando queixas que EU não acho importantes (como se alguém além do paciente pudesse julgar isso), simplesmente sendo técnica em Medicina.
Tudo que eu tanto criticava nos médicos, na relação médico-paciente dos piores, passei a fazer como se fosse natural.
Quando me caiu essa ficha ontem, meu corpo gelou. Percebi que parte da minha alma estava morrendo.
Claro que considerando a nota de Clínica (tradução da observação dos meus professores quanto a meu desempenho "sentimental" também), a manutenção dessas preocupações e o fato de eu conseguir acordar desse pesadelo "lendo os sentimentos" da Rosana no blog, significam que nem tudo está perdido...

E nem tudo está perdido mesmo! Mandei um e-mail para ela (uma das pessoas que mais admiro) desabafando minhas impressões, contando essas sensações e medos e oferecendo ajuda. Para minha surpresa, ela respondeu: "Você é uma pessoa incrível, vai ser uma médica maravilhosa e sensível", além de outras frases de apoio e suporte.
E hoje, depois que atendi uma paciente, ela veio se despedir e disse: "você é muito simpática, gostei muito de você. Espero que continue sempre assim". Há tempos eu não recebia elogio de um paciente. Há muito tempo eu não me preocupava em conversar de verdade com aquela pessoa, a dedicar aqueles meus minutos aquele ser único com quem deveria interagir e não apenas preencher papéis e medicar.
Sei que ainda não tinha me perdido totalmente, mas já tinha perdido boa parte da minha parte boa. E acho que estou me resgatando, me recuperando, reaquecendo meu coração, aos poucos, de novo.

Estranho é que quanto mais penso e sinto meus paciente, mais tenho vontade de me afastar do meu grupo, das pessoas com quem convivo no hospital; mais tenho vontade de admitir que eles são meros colegas de trabalho...
Vale a pergunta: será que são eles que (diretamente ou não) suprimem meus sentimentos bons e reforçam meu trabalho frio e tecnicista?


4)Resgate do eu
Para fechar a noite de ontem fui a uma reunião peculiar. Durante o dia, tinha ido visitar minha madrinha e ela me intimou a participar de uma reunião de professores da faculdade de Medicina que ela ia apresentar.
Fui. E, dear God, como encaixou bem no meu dia. Passei minha quarta-feira inteira angustiada com essas questões das minhas relações com pacientes e colegas, questionando meu eu, procurando quem era... e, de repente, tudo fez sentido de novo.
Na apresentação e posteriormente na discussão do assunto foram levantados diversos pontos sobre a faculdade, as angústias dos alunos, as dificuldades que eles enfretam, a maneira como amadurecem. Recordamos momentos importantes desses últimos anos, avaliamos as relações.
Nada acontece por acaso mesmo!
Eu tinha que estar nesse lugar.
E, para minha surpresa, outra mudança que notei em mim (essa muito boa!) foi a postura. Conversei com os professores de igual para igual, sem medos, sem insegurança; não me angustiei em nenhum momento, não tremi, até interrompi quando foi necessário. Postura madura e segura.
Aprendi e reaprendi muito ontem.
Me resgatei mais um pouquinho.
E percebi que o que vale a pena na vida são esses momentos especiais. É esse tipo de relação: eu com a madrinha, com a secretária do programa (que no fim me abraçou e disse: "que coisa, né? a gente vê essa pivetada entrando aqui e logo saindo médicos" com um carinho impressionante, intenso), com pessoas que valorizam as boas relações, que são médicos de verdade e não apenas doutores em doenças...
Uma das melhores noites que passei nesse prédio.

5) Triste?
Semana passada, fui surpreendida por algumas pessoas me perguntando por que eu sou tão triste.
Pessoas diferentes, que não se conhecem, em locais diferentes (uma delas foi um paciente). E ontem minha irmã (que não conhece nenhuma daquelas pessoas) fez o mesmo comentário.
Hoje, conversando com um amigo, perguntei:
- Você acha que sou triste? Quer dizer, tenho a aparência de uma pessoa triste
- Hum... às vezes...
- É que ultimamente as pessoas tem me perguntado muito por que sou triste...
- Ué, responde que é porque você ainda é uma estudante, pobre, mora num lugar onde tem que dividir seu quarto com uma estranha,...
- Não tenho namorado, minha mãe morreu... É acho que tenho motivos suficientes para ser uma pessoa triste. Por que não posso, né?
E caímos na gargalhada.

Não acho realmente que eu seja triste. Acho que é mais minha timidez que passa essa impressão. Sou quieta, sou concentrada, meio anti-social, mas não sou triste sempre.
Acho que tenho mais momentos de irritação do que de tristeza, aliás...

6) Para fechar:
Hoje sou melhor do que era ontem.
Estou mais calma, mais feliz, mais amável (com quem merece), um pouco mais educada (com quem consigo ser), menos auto-centrada (meu umbigo não é a coisa mais importante do mundo - definitivamente!), mais segura.
Continuo medrosa, anti-social, estourada.
Atendo melhor meus paciente, olho nos olhos, explico com paciência, ouço sem atropelamentos.
Espero não me perder em mim mesma de novo.
Sei que ano que vem vai ser difícil e com certeza vou ter momentos de impaciência e de volta a esse estado de tecnicista egocêntrica.
A única coisa que desejo, é poder perceber quando isso estiver acontecendo. Enquanto eu conseguir perceber, enquanto sentimentos me "tocarem", sempre vou poder acordar desses pesadelos, me resgatar.

domingo, 23 de novembro de 2008

Frustração

Esse é meu maior sentimento do momento: Frustração.

Sabe quando você é adolescente, vê seus pais fazendo burrada com você ou seus irmãos e você diz: "quando eu tiver filhos, nunca vou fazer isso com eles, vou ser completamente diferente dos meus pais".
E aí, os anos passam... e a gente repete o mesmo comportamento dos nossos pais, que tanto criticávamos.

Por que será que fazemos igual? Por que cometemos os mesmos erros, sabendo que são erros?
Não que eu já seja mãe... longe disso. Mas, desde que minha mãe morreu, tento cuidar melhor da minha irmã, estar mais perto, dar suporte.

Hoje ela está prestando vestibular. Pela quarta vez. 3 anos de cursinho. Passei o feriado e fim de semana com ela. E o que eu fiz? Quase nem falei com a coitada...

Já passei por isso. Fiz 3 anos de cursinho, vivi toda essa pressão. Com a diferença que eu queria Medicina (e ela Jornalismo), eu me matava de estudar, vivia para isso (e ela, sempre que estou em casa, estuda muito pouco - fica mais com o namorado), eu tinha passado para segunda fase no ano anterior (ela não chegou nem perto da nota de corte), eu tinha minha mãe aqui por perto para me encher o saco (e ela tem meu pai).
De qualquer forma, sei o quanto é ruim, sei o nervoso que dá nos dias que antecedem a prova.
Quando fiz, queria que minha mãe tivesse me levado para fazer prova, que ela me dejesasse boa prova, que ela ficasse do meu lado - e ela só sabia dizer que eu precisava me concentrar, que dessa vez eu tinha que passar etc etc etc. Só pressão e nada de carinho.

Agora, na vez da minha irmã, quando era para dar apoio e carinho, fiquei distante, não sabia o que fazer com ela, como ajudar. Quando eu me aproximava, ela me dava patada, se eu ficava quieta no meu canto, ela vinha com rabinho entre as pernas puxando assunto (mas aí eu já estava brava pela patada e a ignorava).
Fui com ela de ônibus até o local de prova (não desci do ônibus para acompanhá-la porque ela estava com o namorado), quando ela desceu, fez aquela cara de "torce por mim, me dá um abraço". E eu apenas disse: "Merda pra você" (uma expressão que bailarinas usam antes de entrar no palco para dizer que vai dar tudo certo).
Não dei carinho nem apoio. Simplesmente me irritei com ela o fim de semana inteiro e deixei-a de lado.

Frustrante saber que não consigo ser melhor que minha mãe. Pior ainda, saber que sou muito parecida...

E cadê meu pai?
Sei lá!
Falou tchau no sábado de manhã e sumiu. Ouvi dizer que ele foi para o Guarujá num churrasco de amigos...
E nem sequer ligou para minha irmã....

Oi nas nuvens

Passando pela Av. Rubem Berta hoje cedo fui surpreendida com algumas nuvens (de fumaça?) escrito "Oi".

Primeiro vi uma nuvem esquisita, em forma de circunferência, depois apareceu um traço do lado e, em seguida, um pingo sobre o traço.

Não vi avião, não vi nada voando por perto, mas novas nuvens de "Oi" se formavam ali, sobre minha cabeça, misteriosamente.

Bizarro!!!
Será que eu estava alucinando?
Será uma nova tecnologia para publicidade da empresa de telefonia?
Será que Deus estava tentando se comunicar conosco?

Isolada

Passei o feriado e fim de semana isolada no meio do mato, sem internet, com apenas uma televisãozinha convencional.
Comendo brigadeiro de panela, pastel caseiro e tomando coca-cola (não porque eu goste muito mas porque meu pai é viciado e é a única bebida não-alcoólica que ele compra).

Foi bom. Mas triste. Me senti meio vazia, com um buraco. Apesar de ter passado a maior parte da minha vida (até aqui) no século passado, não saberia mais viver sem internet.
Me alimento dela, respiro e ela. Sem ela me sinto muito pouco. E isso é muito triste.

Mas não preciso me lamentar, dado que já voltei à civilização e tenho a internet de volta para me atualizar no mundo.

Falando em atualização, hoje é dia de vestibular da Fuves. Boa sorte para quem está prestando! Muita sorte para minha irmã!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mundo mudou

Não posso deixar essa passar:

Escrevendo o post anterior me lembrei desse vídeo com a Ana Paula Padrão que assisti há um tempo:



A letra original da música "E o mundo não se acabou" fala:
Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...


No tempo em que ela foi escrita (1938), Assis Valente considerava que "dançar um samba em traje de maiô" era algo do que deveria se arrepender/envergonhar.

No Grammy, a Sandy propositalmente cantou:
Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
Saí pelada na televisão
E o tal do mundo
Não se acabou...


É... o mundo não se acabou. Ainda.
O mundo mudou. E tem mudado cada vez com maior rapidez.
Só espero que esse processo em algum momento se desacelere.
Porque se continuar assim, logo nada mais nos chocará.
E o mundo vai se acabar.

"E o mundo não se acabou"


(Grammy Latino: Paula Toller e Sandy Lima - 13/11/08)


Há alguns meses atrás tive aula com um professor velhinho e muito respeitado na faculdade. Como qualquer pessoa de sua idade, ele tem suas filosofias de vida e muita experiência.
Uma das coisas que ele nos falou -durante mais de uma hora- foi o quanto as pessoas vivem como imortais. Com todo seu discurso, ele quis nos dizer que o mundo seria muito melhor se as pessoas vivessem cientes de sua finitude, cientes de que tudo poderia acabar amanhã.
Ele contou alguns casos de pacientes dele que, após receber notícia de doença grave, fatal, passaram a viver muito melhor, viajaram, aproveitaram a vida como nunca tinham feito.
No dia, senti certa estranheza, não consegui digerir bem aquelas informações. Simplesmente não conseguia concordar com ele, apesar de respeitá-lo. E não conseguia traduzir em palavras o que eu estava sentindo.
Até que ontem, assistindo ao Grammy ouvi essa música e simplesmente fez sentido:

"E o mundo não se acabou"
(Assis Valente - "licença poética" p/ Paula Toller e Sandy)

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

(R)

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
Saí pelada na televisão
E o tal do mundo
Não se acabou...

(R)

Chamei um gajo cara
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...

Agora eu soube
Que o gajo esse cara anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E, vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...
(R)


Pois é. Simples assim. O viver como imortais é uma proteção. Instinto de sobrevivência.
Se vivêssemos como mortais, não pouparíamos dinheiro, não trabalharíamos direito, faríamos besteiras mil, colocaríamos nossas vidas em risco com maior frequência...
Claro que isso teria seu lado bom: seríamos mais felizes (p/ felicidade imediata), perdoaríamos mais.
Mas, colocando na balança, não acho que valha a pena. Acho que isso traria mais mal p/ o mundo do que bem.

Sei que posso morrer amanhã, mas não considero isso uma realidade possível. Continuo pensando e programando meu futuro.
Se um dia tiver o diagnóstico de uma doença fatal, aí reconsidero.

As pessoas mudam

Há poucas semanas estava conversando com minha irmã e ela estava dizendo que não acreditava que as pessoas pudessem mudar. Ela acredita que as pessoas usam máscaras diferentes em diferentes tempos, dependendo das necessidades, mas que elas não mudam na sua essência.
Não concordei, mas também não sabia argumentar com alguém com uma opinião tão dura.

Até que essa semana percebi duas mudanças significativas em mim.

1) Estava na aula de Bioética quando minha colega contou um episódio que ela considerou anti-ético e estava indignada. Ela contou que no ambulatório a médica assistente foi extremamente grossa com a filha de uma paciente e as duas discutiram. Minha colega achou um absurdo o que aconteceu, a atitude da assistente, a cena lamentável.
E eu na hora só conseguia pensar "a médica estava num dia ruim e acabou descarregando num momento em que foi pressionada".
Há poucos meses atrás eu achava simplesmente injustificável um médico ser grosso com um paciente. Quando eu presenciava qualquer cena parecida com a que minha colega contou, eu saía da sala, protestava, reclamava com o chefe...
E agora eu simplesmente aceito como algo normal. Perdoável.
Médico é gente como qualquer outra pessoa. Tem dias bons e ruins e ninguém é obrigado a levar desaforo para casa. Aquela médica exagerou, não devia ter falado daquele jeito com a moça. Sem dúvida. Mas entendo que foi uma dificuldade na comunicação. A médica que não estava num de seus melhores dias, interpretou um comentário que a moça fez como um desaforo e respondeu àquilo.
Acontece com todo mundo.

Não sei se essa minha mudança é boa ou ruim. Mas com certeza ela é muito significativa. De certa forma envolve moral, limite entre o que é ético e o que é anti-ético. Me tornei extremamente mais tolerante.
E um pouco mais corporativista...

2) A segunda mudança que notei foi agora pouco enquanto tomava banho (meu momento de reflexões e devaneios livres).
Estava lembrando da última festa da faculdade em que fui. Fiquei um bom tempo dançando com meus amigos e, entre eles, estava meu ex com a atual namorada.
Enquanto nos divertíamos, notei que a tal menina ficava me olhando com rabo de olho, reparando no meu jeito, nos meus movimentos... E hoje, lembrando disso, saiu a seguinte cadeia de pensamentos:
"Por que será que aquela menina estava olhanda pra mim daquele jeito? Ela não está namorando, feliz, se divertindo com MEUS amigos? Que que ela queria comigo?
Será que ela estava nos comparando? Será que ela estava insegura?
Ah... é claro que estava. Ela é feia e nariguda e eu bonita com narizinho perfeito. Ela é gorda e eu magra. Ela está no 1º ano e eu no 5º, quase acabando a faculdade. Ela é uma pirralha e eu uma mulher madura.
(O melhor!) Ela não sabe dançar, nem sequer "mexer as cadeiras" e eu fui bailarina clássica, aprendo a dançar só de olhar, sambo como ninguém e até que me viro bem numa balada... (detalhe que meu ex, atual dela, AMA dança, faz aulas há anos e é um dos melhores dançarinos da academia dele).
Meu Deus!!!
Quando caiu minha ficha do que tinha acabado de pensar, meu queixo caiu.
Há poucos anos eu era uma menininha sem nenhuma auto-estima, que me achava a pessoa mais feia, chata e derrotada do mundo. Procurava incessantemente uma característicazinha boa em mim que se destacasse minimamente e tinha dificuldade de encontrar.
E agora assim, do nada, me pego com a auto-estima na estratosfera. Me achando a última bolacha do pacote.

É... devo ter melhorado de verdade!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Absurdo!!!

Jovem foi baleado dentro das Casas Bahia por um segurança maldito que portava uma arma.

Publico aqui o relato das educadoras da Organização Social Casa do Zezinho (retirado do Blog do Tas)

Nota de repúdio e indignação

A Casa do Zezinho está de luto. A ONG Casa do Zezinho mostra seu profundo repúdio e indignação. Um dos seus filhos queridos, o jovem Alberto Milfont Jr, (23), foi barbaramente assassinado dentro das Casas Bahia na Estrada de Itapecerica por um segurança terceirizado, que trabalha nessa instituição, na segunda feira por volta das 16 horas. O segurança, em sua defesa, alega que agiu assim porque simplesmente o jovem estava mal vestido.

O jovem Alberto, mal vestido, morre com a nota fiscal, com comprovante de compra nas mãos.

Enquanto aguardava dentro da loja, “roupa de trabalhador”, sua esposa Darilene (22) voltava do caixa aonde fora pagar a prestação da compra de um colchão. Foi abordado pelo assassino, terno preto. Depois de um bate boca ligeiro o segurança saca da arma e atira à queima roupa. O jovem tomba sem vida.

Suas últimas palavras: Sou cliente, não sou ladrão!”. A partir daí se calou. Calou da mesma forma como estamos calados, sufocados há 400 anos. Que grande equívoco este país!

Mal vestido, roupa de trabalho, é um sinal verde para o braço armado da sociedade, o assassino pago para atirar. Alberto deixa esposa e um filho de 5 meses. Alberto deixa morta a remota esperança de milhares de jovens brasileiros. Estudar pra que? Trabalhar pra que? Ser honesto pra que? Brasileiros alfabetizados, respondam honestamente essa pergunta!

O menino brincalhão, comprido e de pernas finas entrou para a Casa do Zezinho aos 10 anos. Sua turma do Parque Santo Antônio já estava todinha ali. Vai ser muito legal, ali vamos nos divertir para valer. O jovem deixa excelentes recordações em toda nossa comunidade, onde permaneceu como um membro muito querido até 2003.
Estava de casamento marcado com a jovem Darilene, com quem tinha um filho de apenas 5 meses.

Suspeita e pobreza sempre juntas na nossa história.

Nenhum (a) jovem “mal vestido” (leia-se moreno, pardo) da periferia ousa sequer pisar num shopping de grife da cidade sem levantar as mais alarmantes suspeitas. Nenhuma placa, nenhum sinal explcita essa indesejabilidade, como faziam com os negros os norte-americanos. Diferentemente dos americanos, aqui o jovem da periferia já traz gravada na carne, na alma, essa interjeição.

Nenhuma revolta, nenhuma vingança organizada. Nada que a sociedade deva se preocupar. Apenas o destempero de um segurança idiotizado, uma peça para reposição. No Cemitério São Luiz o murmúrio surdo da mãe e da jovem esposa.

Dentes cravados, os jovens cabisbaixos que acompanham o enterro trazem o sangue nos olhos. – O mano Alberto subiu!

Com muita raiva seguimos com eles, solidários, para tentar preservar essa auto estima
tão covardemente destruída desde o seu nascimento nas favelas.

A vitória da morte exercida com eficiência certeira desde sempre no país pelo braço armado contratado pela sociedade dominante e pelos seus comparsas que dominam toda a estrutura de poder do estado.

Pras Casas Bahia deixamos como lembrança o carnê saldado com a honra e a dignidade de um jovem trabalhador.

Adeus mano Alberto!

domingo, 9 de novembro de 2008

2009

A cidade se prepara para o Natal.
Os shoppings estão meio decorados.
Os prédios da Paulista estão meio enfeitados.
A árvore do Ibirapuera está meio montada.
E tudo ainda está realmente pela metade hoje.

E eu, aqui, já começo a fazer minhas promessas de Ano Novo. Mas ainda só meio feitas.
O 6º ano se despediu sexta-feira, o que quer dizer que meu 6º ano já está prestes a começar. E, como é um ano decisivo, preciso assumir a vida adulta, postura de médica, responsabilidade dos atendimento, tomar condutas sozinha e ainda estudar para prova de Residência.
"Quando a água bate na bunda..."

Já tô sentindo molhado...

sábado, 8 de novembro de 2008

A irresponsabilidade de um Conselho Regional

Notícia do site do Cremesp:
     Exame do Cremesp: reprovados 61% dos estudantes de sexto ano que realizaram as provas
     O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou no dia 5 de novembro os resultados da quarta edição do Exame do Cremesp, que avalia o desempenho dos estudantes do sexto ano de medicina.
     O índice de reprovação praticamente dobrou desde o primeiro exame, passando de 31% em 2005 para 61% em 2008, um crescimento de 97% em quatro anos.
     O Exame indica a piora da qualidade no ensino médico no Estado de São Paulo.


     O Cremesp também divulgou o resultado por área de conhecimento e detalhes sobre o desempenho/ participação de cada faculdade.


Aí, leigos como o Datena, passam a dizer que os filhinhos de papai que estudam em faculdades públicas, gastando dinheiro público, são um bando de vagabundos, não estudam, se formam péssimos médicos. E as vítimas são os pacientes que estão nas mãos desses charlatões, não é? (Quem me contou sobre essa linda observação desse senhor que se considera jornalista, foi a faxineira que trabalha lá em casa e adoooora o programa dele)

Faculdade boa mesmo é a Uninove que teve 100% de aprovação nesse exame!!!

É no mínimo uma irresponsabilidade publicar uma notícia como essa. Que o ensino médico é ruim em várias faculdades, isso é incontestável. Mas dizer que esse exame reflete a qualidade de formação dos médicos, é um absurdo. A prova tinha diversas questões mal elaboradas, muitas pessoas foram fazer a prova como forma de protesto porque não concordam com esse tipo de avaliação (não concordo com esse tipo de protesto, mas não dá pra desconsiderar que boa parte dos estudantes de determinadas faculdades fizeram a prova com o intuito de ir mal mesmo, para demonstrar a fragilidade desse sistema de avaliação).

Dizer que apenas 50% dos estudantes que se formam na USP, Santa Casa e Unifesp estão aptos a exercer a profissão, é pedir para fecharmos todas as faculdades do país. Se os melhores médicos formados são tão ruins, vamos parar de formar médicos, reestruturar todo o ensino e recomeçar.

As pessoas responsáveis por esse exame estão usando de má fé para conseguir o que querem (instituir um exame de habilitação para exercer a profissão - tipo exame da OAB) de forma extremamente irresponsável e que podem ter consequências graves imprevisíveis.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Será que o mundo mudou?
Será que ele está prester a mudar?
Ou será que é só mais uma falsa esperança?

Independente da verdade que se apresentará em breve, hoje foi um dia muito feliz para o mundo!


Leia mais na Folha


Só uma observação

Reparei que faz certo tempo que não conto nada sobre meus pacientes.

Por quê?

Simplesmente porque na Derma não tenho pacientes meus. Não nos deixam atender ninguém, fazer nada. As consultas que assistimos são rapidíssimas e nunca conhecemos a história dos pacientes.

Lá eles dizem: história só atrapalha. Olha a lesão, faça perguntas específicas relacionadas a sua hipótese e só. Nada de deixar paciente contar história.

Não nasci pra fazer esse tipo de Medicina...

Vida saudável?

Receita para ter uma vida saudável:
- não coma frituras - aumenta colesterol, leva a entupimento das artérias, podendo levar a infarto
- não coma açúcar refinado, evite chocolates, sorvetes - leva a diversas alterações metabólicas, inclusive resistência a insulina, podendo evoluir a Diabetes tipo 2
- não exagere no sal, ele interfere na pressão arterial e no funcionamento renal
- mantenha peso adequado - obesidade determina diversos problemas metabólicos, arteriais, respiratórios
- não tome banho muito quente - altera a pele, "derrete o colágeno" e leva a envelhecimento precoce
- não tome sol - prejudica a pele, podendo levar a câncer
- durma quantidade adequada de horas. Nem muito, nem pouco
- não consuma bebidas alcoólicas, pois além de aumentar o risco de traumas e DST, pode levar a alterações hepáticas

Entre nós estudantes de Medicina, costumamos brincar que para ter uma vida saudável (além de tratar boa parte das doenças) é só retirar da sua vida tudo que é bom e dá prazer. Tudo que você gostar de comer e beber, simplesmente, nunca mais passe perto, nunca consuma nada que tiver gosto bom!

A pergunta que fica é: como alguém pode viver com tantas privações? Como alguém pode ser feliz sem esses melhores prazeres da vida?
A pessoa pode até ficar doente, desenvolver câncer com tanta infelicidade.

Apesar de ser obrigada a orientar os pacientes desas coisas, simplesmente não consigo aderir. Como doces e gordura sim, tomo banho quente, não faço exercício físico.
Tudo bem que adoro salada, tenho limite muito baixo para quantidade de doce (raramente excedo o aceitável de consumo diário porque tenho enxaqueca relacionada a açúcar), meus banhos (hiperquentes) são rápidos (porque não acho justo com o ambiente gastar água e energia assim).

Mas, totalmente consciente, não quero uma vida saudável. Quero uma vida feliz e balanceada (saudável + não saudável).


Observação importantíssima: na escolha de vida não saudável não está incluído o cigarro. Cigarro não é uma escolha pessoal, envolve risco de vida de diversas pessoas. Escolher fumar é escolher prejudicar a saúde de sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho. Não é uma escolha pessoal mesmo! Fumando, com certeza você está matando alguém (algum dos seus conhecidos vai ser mais susceptível). Um inocente que não tem culpa do seu vício e que vai sofrer e te fazer sofrer no futuro.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Agenda

Agenda social da semana:
    Quinta - festa alternativa
    Sexta - Festa do CA de despedida dos formandos - a mais esperada do ano
    Sábado - churras o dia todo

Não se parece em nada com os fins de semana que ando tendo, trancada em casa, na frente do computador. E acho que vai ser no mínimo cansativo, já que sexta trabalho o dia todo e sábado de manhã, teoricamente, teria que ir atender pacientes também.
Poderia muito bem deixar a festa de quinta para semana que vem. Mas, fiquei pensando: se posso dar 2 plantões em noites seguidas, por que não posso ir pra balada 2 noites seguidas? Posso me cansar para trabalhar de graça, mas não posso me cansar para me divertir?
Haha
Hoje foram decididas as grades horárias do ano que vem. 6º ano. Último ano.
Daqui a 12 meses, terei um carimbo, poderei ser processada, terei que tocar PS sozinha, serei totalmente responsável por meus pacientes e... ganharei dinheiro para trabalhar.
É... agora é caminho sem volta.

Mas meu anjo da guarda me ajudou. A grade que escolheram para mim é muito boa e totalmente oposta as pessoas de quem quero ficar longe.
Deu tudo muito certo!
Felicitações aos infindáveis plantões que virão.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Por que me apaixonei pela enfermeira

       Saí com minha madrina ontem para assistira à peça Toc Toc. Ela, psicóloga de formação, gasta alguns minutos de nossos programas sociais, interpretando minhas "profundas questões".
       Contei para ela a história da minha enfermeira. Disse que tinha me apaixonado por uma mulher, que achava isso esquisito.
       Ela respondeu:
       - Você sempre vai estar apaixonada por uma mulher: sua mãe.
       Fiquei pensando "que que ela tá falando? que que isso tem a ver?". E aí ela me explicou que realmente essa minha paixão traduzia admiração, ser cuidada por uma pessoa boa, que dá colo e bronca. Uma mulher que de certa forma exerce autoridade sobre mim, além de oferecer carinho e atenção.

       E não é que é isso mesmo. Minha paixão por ela não tem, de forma nenhuma, conotação sexual. É simplesmente admiração, carinho, um certo medo de fazer/falar besteiras...

       Gostei!

sábado, 1 de novembro de 2008

Banalidades para superar as agruras

Fiquei realmente mexida com tudo que aconteceu hoje.
Desamparada.
Sozinha.

Recusei qualquer companhia que me ofereceram.
Recusei ajuda a dois amigos que me pediram: um está com o pai internado no hospital (será que ele também se vai logo?); o outro está prestes a terminar um namoro de 5 anos.
Desculpem, mas simplesmente não tinha energia para nada, nem ninguém.

E, como estou sozinha (agora, nesse momento, gostaria de estar acompanhada - não preciso conversar, não preciso dar risada, não preciso comer, não preciso de nada... só queria um colinho confortável onde pudesse me aconchegar e esperar passar), vou aproveitar o aconchego do meu bloguinho para escrever banalidades... e esperar passar.

Banalidade nº 1:
Semana passada voltei a acessar meu MSN - que estava esquecido há meses.
Tenho algum problema com comunicação - não é possível. Quase todos os contatos da minha lista estão bloqueados. E não sei por que. Fui bloqueando aos poucos em algum dia em que não queria conversar com tal pessoa, outro dia bloqueava outro e, de repente, estavam quase todos bloqueados.
Problemática.
Acho que simplesmente não gosto de conversar mesmo.
Mas agora desbloqueei vários. Vamos ver por quanto tempo...


Banalidade nº 2:
Sinto uma saudade enorme da época em que meu blog tinha 30-40 visitas por dia, recebia diversos comentários, fazia muitos amigos virtuais e era acompanhada por muitos não virtuais também.
Tudo acabou quando os posts que eu publicava começaram a virar polêmica e me prejudicar e quando meus amigos também começaram a ser perseguidos por pessoas sem noção e decidiram encerrar seus blogs. Acabou nossa "liberdade de expressão".
Tudo foi se perdendo no tempo.
Só eu me mantive forte aqui. E fechada (só "reabri" meu blog para sites de buscas esse mês).
Essa semana, fui conversar com uma amiga. Nos conhecemos na net, através dos blogs e depois nos tornamos amigas reais. Hoje, estamos na mesma panela, trabalhamos juntíssimas. Uma linda história.
Perguntei pra ela se não tinha saudades dos blogs, sugeri que ela voltasse a escrever.
Ela me disse: "Sinto muita saudade sim. Sabe, quando escrevia no meu blog era como se conversasse com um amigo, desabafava, me sentia mais leve depois. Era tão bom... e as pessoas comentavam, interagiam, me faziam sentir especial. Parei por causa daquelas pessoas idiotas que começaram a deixar comentários me xingando, me enchiam o saco... Cansei de lutar".
Que droga, né?! Pessoas desocupadas, idiotas, más, conseguiram acabar com algo tão bonito, tão especial. Uma pena mesmo.
O mal venceu mais uma vez.
Por que será que a gente dá tanto mais valor para as coisas ruins, né?! Nós recebíamos o triplo de comentários bons. Mas os ruins mexiam muito mais com a gente. Nos tirava do sério. E nos tirou do mundo virtual.
Só me resta lamentar.
E lembrar.


Banalidade nº 4:
Estava conversando com um amigo esses dias. Ele namora há um tempão, está feliz e tal.
Mas no relacionamento anterior dele, ele foi traído. A então namorada ficou com o cara mais cafa do colégio. E até hoje ele não entende por que as meninas gostam de cafas.
A conversa era sobre isso. Não sei como começou mas ele estava falando mal das mulheres, dizendo que nós éramos burras porque nos envolvíamos e, pior, nos apaixonávamos por caras que não valiam nada e que nunca nos dariam valor, enquanto caras bonzinhos/certinhos por aí só se ferram.
Tentei explicar-lhe o seguinte:
A questão não é que nos apaixonamos por cafajestes. Não é por ele ser cafajeste ou fazer sucesso entre as mulheres que nos sentimos atraídas.
É simplesmente porque eles são charmosos e usam esse charme para nos agradar. Quando um cafa está tentando consquistar uma mulher ele é gentil, agradável, nos mima, fala baixinho no nosso ouvido, liga para dizer algo fofo, nos abraça com carinho tentando demonstrar que se importam.
Nos apaixonamos por esse personagem que eles criam e que, não por acaso, é o "homem dos nossos sonhos". Por eles não terem nada a perder (afinal, se não conseguirem essa, tentam a próxima), eles arriscam, eles se sentem seguros em seguir sua intuição do que vai nos agradar e simplesmente nos fazem felizes.
Nos apaixonamos porque somos bem tratadas, porque nos sentimos valorizadas, porque somos felicitadas com presentes inesperados, com carinhos.
Sim, no fundo a gente sabe que seremos mais uma conquista sem importância. Mas sempre temos a esperança de que ele pode se apaixonar reciprocamente e que poderemos viver aquela fantasia de "rainhas" para sempre. A única coisa que queremos é ser felizes e eles nos fazem felizes enquanto estão nesse jogo.

E um certinho, o que faz?
Ele fica olhando de longe, tenta puxar uma conversa forçada, fica todo inseguro, fala que gosta de coisas que a gente sabe que ele nem conhece direito só para nos agradar. Ele não nos liga por ligar (porque tem medo de demonstrar seus sentimentos ou de estar sendo pegajoso), ele não nos dá presente por nada (por medo não sei de que), ele não sabe como nos agradar, não tem a percepção do que nos faria feliz porque está preso em sua insegurança.
Enquanto o cafajeste nos observa com atenção e usa cada sinal que damos para nos agradar, o "certinho" está preocupado se está usando a camisa certa para a ocasião, se não está falando merda, se não está sendo desagradável ou deixando evidenciar seus defeitos.
Ou seja, enquanto o cafajeste está pensando na gente durante a conversa, o certinho está pensando nele mesmo. O fim do cafa é agradar a ele mesmo, é atingir seu objetivo de mais uma conquista. O fim do "certinho" é agradar a gente, é nos fazer felizes para que eles fiquem felizes. Mas o meio (o momento ali, daquela conversa) é o que conta nessas horas.

Por que os certinhos não podem aprender com os cafas? Todos ganharíamos e seríamos muito felizes. E os cafas iam sobrar.
Só queremos ser bem tratadas, nos sentir amadas.
Vou encontrar meus amigos hoje.
No lugar onde menos desejaria.
Por que será que a gente tem que passar por isso?
Por que será que a gente tem que passar por isso tantas vezes?

É a quinta vez que nos encontramos lá. Quinta. Não acho que isso seja natural, normal. É sofrimento demais para um grupo já tão machucado...

Por quê?

Não consigo parar de chorar. Minha alma está despedaçada. De novo. Quinta vez;

Na primeira, foi a mãe de um amigo. Tive um ataque lá. Perdi o controle. Já sabia que a próxima vez seria a minha.

Na segunda, quase não chorei. Estava em frangalhos como nunca imaginei que poderia... Mas me mantive em pé. Estava certa antes: dessa vez era a minha mãe.

Na terceira, a Florzinha estava despedaçada. Tão meiga e sofrendo tanto. A mãe dela havia partido também.

Na quarta, foi um pai. Pai daquela menina aparentemente tão indefesa, mas que segurou a barra da família inteira.

Na quinta, hoje, outro pai. Com aviso prévio de 2 meses, quando a própria filha, uma das minhas melhores amigas, diagnosticou nele um câncer de pâncreas. Simplesmente o chão se abriu e fomos todos engolidos.
Me mantive distante. Não sabia o que fazer. Já não nos víamos há algum tempo e não a encontrei nesses dois meses. Fui visitar o pai uma vez na enfermaria. Mas ela não ficou sabendo.

Hoje, então, vamos nos encontrar de novo. Nós 5 e mais alguns, sortudos, que ainda não precisaram passar por isso. Entre eles, alguns não tão sortudos assim, que mantém-se em stand by, sabendo que o momento está muito próximo, tentando evitar como podem...

...

...

...