sexta-feira, 14 de novembro de 2008

As pessoas mudam

Há poucas semanas estava conversando com minha irmã e ela estava dizendo que não acreditava que as pessoas pudessem mudar. Ela acredita que as pessoas usam máscaras diferentes em diferentes tempos, dependendo das necessidades, mas que elas não mudam na sua essência.
Não concordei, mas também não sabia argumentar com alguém com uma opinião tão dura.

Até que essa semana percebi duas mudanças significativas em mim.

1) Estava na aula de Bioética quando minha colega contou um episódio que ela considerou anti-ético e estava indignada. Ela contou que no ambulatório a médica assistente foi extremamente grossa com a filha de uma paciente e as duas discutiram. Minha colega achou um absurdo o que aconteceu, a atitude da assistente, a cena lamentável.
E eu na hora só conseguia pensar "a médica estava num dia ruim e acabou descarregando num momento em que foi pressionada".
Há poucos meses atrás eu achava simplesmente injustificável um médico ser grosso com um paciente. Quando eu presenciava qualquer cena parecida com a que minha colega contou, eu saía da sala, protestava, reclamava com o chefe...
E agora eu simplesmente aceito como algo normal. Perdoável.
Médico é gente como qualquer outra pessoa. Tem dias bons e ruins e ninguém é obrigado a levar desaforo para casa. Aquela médica exagerou, não devia ter falado daquele jeito com a moça. Sem dúvida. Mas entendo que foi uma dificuldade na comunicação. A médica que não estava num de seus melhores dias, interpretou um comentário que a moça fez como um desaforo e respondeu àquilo.
Acontece com todo mundo.

Não sei se essa minha mudança é boa ou ruim. Mas com certeza ela é muito significativa. De certa forma envolve moral, limite entre o que é ético e o que é anti-ético. Me tornei extremamente mais tolerante.
E um pouco mais corporativista...

2) A segunda mudança que notei foi agora pouco enquanto tomava banho (meu momento de reflexões e devaneios livres).
Estava lembrando da última festa da faculdade em que fui. Fiquei um bom tempo dançando com meus amigos e, entre eles, estava meu ex com a atual namorada.
Enquanto nos divertíamos, notei que a tal menina ficava me olhando com rabo de olho, reparando no meu jeito, nos meus movimentos... E hoje, lembrando disso, saiu a seguinte cadeia de pensamentos:
"Por que será que aquela menina estava olhanda pra mim daquele jeito? Ela não está namorando, feliz, se divertindo com MEUS amigos? Que que ela queria comigo?
Será que ela estava nos comparando? Será que ela estava insegura?
Ah... é claro que estava. Ela é feia e nariguda e eu bonita com narizinho perfeito. Ela é gorda e eu magra. Ela está no 1º ano e eu no 5º, quase acabando a faculdade. Ela é uma pirralha e eu uma mulher madura.
(O melhor!) Ela não sabe dançar, nem sequer "mexer as cadeiras" e eu fui bailarina clássica, aprendo a dançar só de olhar, sambo como ninguém e até que me viro bem numa balada... (detalhe que meu ex, atual dela, AMA dança, faz aulas há anos e é um dos melhores dançarinos da academia dele).
Meu Deus!!!
Quando caiu minha ficha do que tinha acabado de pensar, meu queixo caiu.
Há poucos anos eu era uma menininha sem nenhuma auto-estima, que me achava a pessoa mais feia, chata e derrotada do mundo. Procurava incessantemente uma característicazinha boa em mim que se destacasse minimamente e tinha dificuldade de encontrar.
E agora assim, do nada, me pego com a auto-estima na estratosfera. Me achando a última bolacha do pacote.

É... devo ter melhorado de verdade!

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