sábado, 26 de dezembro de 2009

Natal

Essa época do ano, a gente costuma se encontrar com a família, trocar presentes e falar do passado.
Depois que minha mãe morreu, meus Natais passaram a ser tristes, cada um ficava no seu canto e os parentes (nota: do meu pai) não nos visitavam mais.

Mas esse ano, não sei exatamente por que, todo mundo resolveu nos visitar. Meu tio de Manaus está há duas semanas por aqui, meu tio de Araçatuba ficou uns dias. Os dois irmãos do meu pai juntos na minha casa é totalmente inédito!
Aí, já que o evento se tornou um acontecimento, as 4 primas deles resolveram vir também.
Casa cheia mais uma vez.
Meu pai até se animou e fez um churrascão.

Presentes?
Não não.
Todo mundo só dá presente pra minha irmã. Não sei por que também, mas é assim que acontece desde que éramos crianças.

Passado?
Sim! Muitas histórias!
Por acaso, em um momento eu estava no meu quarto, procurando uns modelos de celulares na internet (porque agora que sou 'rica' quero comprar o meu - aliás, alguém tem indicação de um smartphone bom pra eu comprar?hehehe), minha tia estava sentada num banco que fica em frente a minha janela, junto com as cunhadas falando de minha mãe.
Foram informações interessantes, mas um delas simplesmente me chocou.
Minha tia dizia sobre minha mãe: "Quando eles se conheceram, ela era empregada doméstica. Vocês não sabiam? Ela era cheia de problemas, a mãe dela era alcoólatra..."

Eu sabia, sempre soube que minha mãe teve diversos problemas, que a mãe dela era (ou é, sei lá) alcoólatra. Mas eu nunca soube que ela era empregada doméstica.
Conforme fui pensando nisso, tentando entender a história, minha ficha caiu. Minha mãe tem em casa várias fotos de uma família de japoneses. Quando eu perguntava quem eram, ela dizia: "eu morei na casa deles um tempo". Às vezes ela dizia que ajudava a cuidar do filho pequeno deles (tipo uma babá). Mas eu nunca tinha associado que na verdade ela era empregada deles.
Sei lá.
Fiquei meio chocada com essa informação.
É como se minha história de vida tivesse mudado.
De repente, sou, na verdade, médica filha de empregada doméstica. Soa meio chocante, não?!

Pra mim soa. Muito! Traz uma informação que eu não tinha tão clara: apesar de tudo que minha mãe sofreu, ela conseguiu vencer na vida, conseguiu dar estudo p/ seus filhos, conseguiu formar uma filha médica...

Eu não tinha essa impressão clara. Eu não tinha muita noção...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Reality

Por que sou viciada em Reality shows?

Mesmo sabendo que eles não são tão reality assim, acompanhando esses programas, a gente consegue entender muita coisa do ser humano. Muitas atitudes que as pessoas têm com a gente no dia-a-dia e que não fazem sentido porque a gente só sabe um lado da história, no reality é diferente.
A gente fica vendo e sabe alguns dos lados das histórias. A gente entende porque, como, o que aconteceu na cabeça, nos devaneios de fulano ou sicrano.

Ontem assitindo A Fazenda uma situação interessante aconteceu.
Quando o Xuxa foi eliminado do programa, ele desacreditou e ficava repetindo "eles entenderam tudo errado, fui mal compreendido pelo público".
Ele se referia ao fato de ele ter pedido p/ o indicarem p/ o voto popular. Ele foi mandado pra roça porque ele quis, ele pediu.
E, na saída, ele achou que o público tinha votado p/ ele sair porque interpretou que ele queria sair. Ele achou que foi eliminado só porque pediu.

Ledo engano.
O ego do cara deve pesar uma tonelada pra achar uma coisa dessas, né?!
Em nenhum momento ele considerou que as pessoas podem simplesmente não ter gostado dele. Ele se acha o gostosão, o inteligente, o bom, o maioral e tem certeza que as pessoas pensam o mesmo dele.
Devaneio total e absurdo.

O cara durante o jogo se mostrou um mau caráter da pior espécie. Ele articulava, mentia, manipulava, fingia o tempo todo. O público não é idiota, sr. Xuxa. O público vê, sente, se envolve. E, a partir do momento que ele começou a se contradizer, a partir da demonstração de seu desvio de caráter, seu excesso de competitividade... ele deixou de ser adorado por seu público como um ídolo da natação e passou a ser apenas mais uma decepção, mais uma quebra da ilusão de seu atleta deus, perfeito e vencedor.

Coitado.
O cara vive um delírio que não foi nem ele que criou mas que atualmente só ele e a família dele enxerga.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Moronic

Do filme: I could never be your woman
(Paródia da música Ironic de Alanis Morissette)


Young girl wants to be a big name
In movies they must all be the same
She won't need to sing or to act
Just loose all of her body fat
and isn't moronic
Don't you think?

It's insane
That they loose so much weight
It's young Nicole with no food on her plate
Her pal Lindsay barfing up a cake
They think they're so cute, stick figures

So hot must be 98
In December that's not so great
The north pole is turning to slush
On my TV there's President Bush
And isn't he moronic
Don't you think?
Incredibly moronic
And yes I really do think

He's a pain in the whole world ass
He'd sell his mum for a gallon of cash
How can it be that we voted him in?
I just don't see how it figures

A popstar went on TV
Tells the whole world kids 'sleep here with me'
A mother says to her son the Never land ranch would be lot's of fun

And isn't she moronic
Don't you think?
Incredibly moronic and yes i really do think

It's so lame what goes on in her head
Do you think its smart to lone him your kid
He won't like them when they're bigger!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vida médica

Com carimbo em mãos, saí pelo mundo p/ trabalhar.
Uma aventura, sem dúvida.
Perigosa, cheia de altos e baixos, mas divertida.

Dei meu primeiro plantão com uma amiga de turma. Morrendo de medo (quase infartando), entramos com a cara e a coragem no hospital.
Quando falamos p/ o segurança que éramos médicas e que estávamos de plantão naquela noite, ele olhou com uma profunda expressão de descrença mas nos deixou entrar, apontando a direção.
Ter carinha de criança é uma grande desvantagem quando se necessita de credibilidade.

Entramos no PS e fomos direto p/ sala de emergência. Claro! Checar os aparelhos, os materiais disponíveis.
A enfermeira, atrás do balcão, olhava pra gente e dava risada!
Mais tarde, fiquei sabendo que, em anos, aquela sala de emergência só foi usada uma única vez. Uma criança com engasgo que chegou parada e acabou por falecer porque não havia recursos.
Óbvio! Aquele desfibrilador parece ser da década de 20. O ventilador mecânico poderia estar num museu. Mas a equipe garantiu que tudo funcionava.

Passado os primeiros momentos de apreensão e adaptação, começamos a atender e carimbar, preencher e carimbar, carimbar, carimbar. Impressionante a quantidade de papéis que tive que preencher. Eu diria que uns 60% do tempo do médico vai em preenchimento de papéis.
Quando tive que internar um paciente então... tive quase que escrever um livro.
E, se não bastasse ter escrito tudo direitinho nos mínimos detalhes, ainda me acordaram de madrugada pra preencher um outro papel "porque após o adequado recebimento do paciente na enfermaria, o médico tem que fazer blábláblá blábláblá". Nem entendi pra que era aquele papel. Só tentei acordar e não escrever muitas besteiras.

Dormimos às 3h da manhã e, excetuando essa interrupção p/preenchimento de mais papéis, só fomos acordadas novamente às 6h45, quando a enfermeira entrou no quarto e disse que a chefe estava lá embaixo perguntando porque a gente ainda não tinha passado na recepção pra pegar o cheque.

Como assim? A idéia não era pegar o cheque após o término do plantão (que seria às 7h)?
Levantamos sem entender mas buscamos o cheque e fomos embora. Felizes pelo trabalho razoavelmente bem feito e pela graninha que entrou finalmente!!!

Mico eterno



Tenho recebido por e-mail e twitter vários vídeos no YouTube de crianças cantando ou dançando.
Fiquei lembrando dos vídeos caseiros de antigamente que nossos pais filmavam e depois ficavam mostrando p/ os parentes e vizinhos: "Olha que bonitinho o meu filhinho cantando".
Aí o filhinho crescia e a parentada toda ficava tirando sarro da cara dele nas festas de Natal por causa dos vídeos que papai fazia dos micos infantis.

Pois é.
Com a tecnologia e a internet, ao invés dos vizinhos e parentes verem, o mundo vê. E aquilo fica pra sempre, como se o tempo tivesse parado naquele ano.
A menininha aí do vídeo acima, agora já deve ter uns 8 ou 9 anos. Ela é uma fofa, nem acho que dá pra considerar o vídeo um mico.
Mas é exceção.
Quanto maior o mico, maior o sucesso do vídeo.

E as criancinhas, fora da tela, não serão p/ sempre "inhas"...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reviravolta

De repente, todos os planos e desejos mudaram.
De repente mesmo.
Recebi uma ótima proposta de trabalho para uma cidade pequenina (3.000 habitantes).
Na hora, tinha certeza que não aceitaria. É loucura simplesmente me mudar para um lugar distante diferente, sem muitos recursos, onde não conheço ninguém.
Mas, conversando com meus amigos, todos fora unânimes: a proposta era irrecusável. A cidade é muito boa, tem um hospital bem equipado, ambulância e possibilidade de transferência rápida quando necessário. Um colega meu trabalhou lá por um mês ano passado e gostou muito. As referências são muito positivas.
Enviei meu currículo no mesmo dia, acompanhado de diversas dúvidas sobre as condições de trabalhos.
Descobri que há 5 candidatos. Nenhum que eu conheça. E agora aguardo a resposta.

Conversei com minha irmã, no momento minha maior preocupação. Mas ela também concordou com a idéia e me incentivou com o argumento principal: posso voltar quando eu quiser. Não vou fechar um contrato estanque como seria se eu tivesse ido pro exército. Vou apenas com a promessa de ficar pelo menos um mês. Se não for bom (o que duvido muito), eu volto.

Isso fez com que todos os meus outros planos mudassem. Eu ia começar PSF agora em dezembro pra já ir juntando uma grana e ia dar uns plantões extras. Mas não vou aceitar enquanto eu não tiver resposta desse outro emprego. E os plantões, por hora, estão em aberto. Vou tentar dar alguns na semana que vem. Mas não quero dar sozinha e, a essa altura do campeonato, vai ser quase impossível conseguir 2 vagas p/ um mesmo dia. Enfim... não sei mais se vou trabalhar por enquanto.

Pelo menos no momento sei que posso contar com a ajuda do meu pai. Ele nunca foi de me dar força pra nada (nem sequer quando decidi fazer Medicina e passei numa faculdade pública), mas agora está mais manso.
Ele queria que eu fosse trabalhar no nordeste, disse que lá eu teria melhores condições de vida e tal e se propôs a me ajudar se eu precisar até eu conseguir me estabelecer.
Até o carro dele ele deixou eu usar se quisesse. Mudança total nas idéias dele de que sou uma vagal folgada irresponsável.

Vamos ver no que vai dar essa história.
Confesso que se eu não conseguir essa vaga, não vou ficar tão chateada. Porque a idéia de ter que enfrentar tantas mudanças de repente me assusta horrores.