domingo, 19 de agosto de 2007

Derrotas evitáveis?

Sexta-feira fiz prova de clínica. A tão temida.
Achei que tinha ido bem, que a prova tinha sido melhor escrita do que para a turma do ano passado...

Ledo engano... De 20 testes, acertei 7. Das escritas, não sei se fui muito bem. O tempo era curto.

Não estou preocupada de pegar recuperação (prova prática muito mais temida) ou de reprovar e ter que fazer o curso de novo. Acho que isso até seria muito bom para meu aprendizado. O curso é muito bom mesmo.
Mas o sentimento de derrota não me abandona. Saber que estou entre os piores alunos da minha sala. Saber que não sou capaz de estudar, de fazer uns testes idiotas... Não estudei tanto quanto podia mesmo. O início desse curso foi muito difícil para mim, me lembrei muuuito da minha mãe, não me conformava com o jeito que os professores tratavam os pacientes (aliás, essa é a pior herança que vou levar desse curso: me "acostumei" com o jeito dos professores). Foi muito complicado. Na primeira semana, chorava sem parar. Todos os dias. Na segunda semana, tinha pesadelos horríveis.

Isso sem falar da discrepância entre os outros alunos e eu (e uma outra menina). É visível a diferença de conhecimento que tem entre a gente. Não sei quase nada. E os meninos... os 10... respondem umas coisas das quais eu nunca nem ouvi falar.

Derrota. Incapacidade. Insegurança. Dor.
Sentimentos péssimos, inevitáveis na Medicina, mas evitáveis em determinadas situações e com muito esforço.

Eu acho, ou talvez eu tenha inventado isso para me sentir melhor, que se eu tivesse ido muito melhor nessa prova, eu seria uma médica pior. Eu seria uma "técnica" em diagnóstico. A prova exigia tecnicismo absurdo. Dava casos que não continham dados essenciais de anamnese e exame físico, exigia deduções de situações que a gente nunca viu, que a gente devia ter lido no livro.

Os livros. Os resumos. Os cadernos. Não sei que horário eles querem que a gente estude tanto. Aulas das 8h às 18h. Chego em casa um caco. Na semana anterior, semana da prova, tive aulas todos os dias até às 21h. Não tinha tempo nem para comer... Consegui fazer apenas uma refeição direito a semana inteira.

Não acho que eu tenha me esforçado a meu máximo. Não acho mesmo. Eu podia ter estudado mais no início, podia ter dormido menos, chorado menos, assistido menos tv...
Só não sei se eu teria aguentado.

Amanhã tenho outra prova de manhã (muuuito mais simples mas com certeza vou mal porque só comecei a estudar agora). À tarde meu professor vai fazer a correção completa da prova, todos vão saber da minha derrota e eu vou saber do sucesso dos meninos e da derrota de minha amiga...
Assim a vida segue.

Dura e difícil. Mas segue. E não vou morrer por causa disso, nem vou desistir. Se tenho necessidade de mais tempo para conseguir superar mais essa fase, mais tempo do que a maioria (como no vestibular que tive que fazer 3 anos de cursinho...), eu aguardo, vivendo, lutando e seguindo em frente.