(Grammy Latino: Paula Toller e Sandy Lima - 13/11/08)
Há alguns meses atrás tive aula com um professor velhinho e muito respeitado na faculdade. Como qualquer pessoa de sua idade, ele tem suas filosofias de vida e muita experiência.
Uma das coisas que ele nos falou -durante mais de uma hora- foi o quanto as pessoas vivem como imortais. Com todo seu discurso, ele quis nos dizer que o mundo seria muito melhor se as pessoas vivessem cientes de sua finitude, cientes de que tudo poderia acabar amanhã.
Ele contou alguns casos de pacientes dele que, após receber notícia de doença grave, fatal, passaram a viver muito melhor, viajaram, aproveitaram a vida como nunca tinham feito.
No dia, senti certa estranheza, não consegui digerir bem aquelas informações. Simplesmente não conseguia concordar com ele, apesar de respeitá-lo. E não conseguia traduzir em palavras o que eu estava sentindo.
Até que ontem, assistindo ao Grammy ouvi essa música e simplesmente fez sentido:
"E o mundo não se acabou"
(Assis Valente - "licença poética" p/ Paula Toller e Sandy)
Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...
(R)
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...
Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...
(R)
Chamei um
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...
Agora eu soube
Que
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E, vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...
(R)
Pois é. Simples assim. O viver como imortais é uma proteção. Instinto de sobrevivência.
Se vivêssemos como mortais, não pouparíamos dinheiro, não trabalharíamos direito, faríamos besteiras mil, colocaríamos nossas vidas em risco com maior frequência...
Claro que isso teria seu lado bom: seríamos mais felizes (p/ felicidade imediata), perdoaríamos mais.
Mas, colocando na balança, não acho que valha a pena. Acho que isso traria mais mal p/ o mundo do que bem.
Sei que posso morrer amanhã, mas não considero isso uma realidade possível. Continuo pensando e programando meu futuro.
Se um dia tiver o diagnóstico de uma doença fatal, aí reconsidero.
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