domingo, 2 de outubro de 2005

Estava no orkut.
Encontrei uma comunidade chamada "Morro de saudades da minha mãe".
Comecei a ler depoimentos de pessoas que perderam suas mães...
Incrível como as histórias são parecidas: a gente passa anos brigando com nossas mães (eu até saí de casa porque não conseguia conviver com ela) e quando ela se vai, percebemos o quanto fomos idiotas, o quanto ela era especial apesar de seus defeitos.
Passam-se anos e dor a continua. Grande.
Pessoas que perderam suas mães há 10, 15 anos e dizem que continuam tendo aqueles ataques de choro incontroláveis e tão doídos, que continuam lembrando dela todos os dias.
É incrível como lembramos dela todos os dias. Hoje mesmo eu estava no ônibus e fiquei pensando o quanto minha mãe adoraria conhecer meu namorado. Fiquei imaginando eles saindo juntos para dançar... Ela adorava dançar! Fiquei imaginando ela fazendo um daqueles almoços deliciosos para convidar os pais dele para se conhecerem e passarem o dia todo falando das besteiras que eu e ele fizemos quando éramos crianças.

Hoje é aniversário do meu pai.
Depois que ela se foi, nenhum aniversário foi comemorado aqui em casa mais. O máximo que fazemos é dar um abraço de parabéns para o aniversariante e pedir para a Liu fazer uma comida que ele goste. Não tem mais bolo, não tem mais presentes, não tem mais velas... Como eu odiava quando minha mãe colocava uma vela em cima de um bolo no dia do meu aniversário e mandava todo mundo cantar parabéns... Agora, tudo que eu mais queria no meu aniversário era ouvir a voz dela falando "tem que cantar parabéns e assoprar a vela, senão não come o bolo".

Às vezes, nos piores momentos, fico me lembrando dos últimos dias (que, na época relatei no blog http://minhaversao.blogspot.com/). Daquele domingo quando o telefone tocou chamando pelo responsável... daquela terrível segunda-feira de UTI e sofrimento... da manhã de terça, quando, às 6h30 da manhã eu estava saindo de casa para fazer prova final de Anato Digestório e o telefone tocou. Era meu irmão. Ele não teve coragem de dizer... apenas disse que era melhor eu não ir para faculdade. Eu fiquei um tempão perguntando desesperadamente o que tinha acontecido - eu precisava que ele me dissesse com todas as letras para eu acreditar. Ele, depois de um tempo de silêncio apenas disse "você já sabe... não sabe?". E eu caí em prantos.

Hoje olho para as estrelas e imagino que os olhos dela são uma daquelas mais brilhantes. E sinto que ela está por perto, me protegendo, me dando bronca, me incentivando...

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