domingo, 25 de maio de 2003

Conclusão da conversa de 5 estudantes de Medicina à caminho do Bandejão (40 min de caminhada só para almoçar), numa semana conturbada:
Quem escolhe fazer Medicina, ainda mais nessa faculdade, só pode ser louco, ou deve ser muito burro. Não é possível que alguém, num estado normal de sanidade mental aceite uma vida como esta, na qual comer é luxo, dormir mais que 5 horas (seguidas ou não) é raridade, sair com antigos amigos é milagre... Tem que estudar no mínimo 6 anos para ganhar um diploma (todos os seus amigos normais já tem uma carreira e já conseguem escrever mais de 5 linhas num currículo e vc, nada), sendo que os 2 últimos anos são piores do que numa escravidão - pelo menos os escravos podiam dormir - sai da faculdade tendo que prestar uma prova (de Residência) bem pior do que vestibular para passar em média 4 anos trabalhando muito - continua sem poder dormir e come quando dá, se dá, mas pelo menos recebe algum dinheirinho -, acaba a Residência, depois de tanto estudar e trabalhar, e as pessoas te vêem como um jovenzinho sem experiência e você tem que lutar ainda mais para começarem a acreditar que você sabe, pelo menos um pouco, do que está falando. Quando consegue convencer alguns que você é um bom profissional, que entende um pouco de Medicina, bom, aí o pouco de sossego que ainda lhe restava acaba totalmente porque passam a te ligar, requisitar sua presença em vários lugares ao mesmo tempo, nos mais variados horários (a madrugada é o momento preferido para te telefonarem), você nunca mais sente cheiro de comida e cama... você já não sabe o que é - só conhece maca e olhe lá...
O pior (ou melhor) de tudo é saber que esses loucos, ou burros, adoram o que fazem (na maior parte do tempo) e não trocariam essa vida maluca por nada no mundo. Conseguem ser muito felizes assim.


Nenhum comentário: