Fiquei chocada com a história do sequestro da jovem de quinze anos. Ex-namorado, mais velho, extremamente ciumento. Como o cara pôde manter a menina em cárcere (e por tanto tempo)? Pra quê? Por quê?
Tinha certeza que acabaria em tragédia. Não tinha outra saída. O cara é um desequilibrado e estava totalmente sem opções. E a policia cada vez mais cansada e pressionada para dar fim na história (ou no sequestrador).
Mas não perdi uma noite de sono por isso. E me sinto até um pouco insensível... Mas não me abalei.
Li o texto do blog de uma amiga (não médica) dizendo o quanto estava abalada com a história, que seria difícil dormir essa noite, sabendo que a menina estava em estado tão grave (ela ainda não tinha morrido).
Mas, todos os dias têm gente em estado grave, morrendo no hospital. O público acompanhou a história da menina pela televisão, viu suas fotos, ouviu o relato da curta vida dela, acompanhou a saída e a volta da amiga, torceu, esperou... As pessoas se envolveram com sua história, se sensibilizaram.
Da mesma forma, quando chega um paciente grave vítima de acidente no PS, escrevo toda sua história, me preocupo com sua vida, o acompanho, torço pelo seu bem, espero, tento ajudá-lo. E todos os dias tem alguns casos tão graves e trágicos quanto esse. Sem contar os da enfermaria (que acompanhamos muito mais de perto, conhecemos a família, os amigos) e os do ambulatório. Se eu fosse ter dificuldade para dormir cada vez que acompanho uma história trágica, não dormiria nunca e ainda teria que pagar horas extra acordada.
Concordo que algo assim deve sensibilizar, talvez até interferir na vida de quem se identificou de alguma forma... Mas não consigo. Vejo algo assim e abstraio em seguida.
Triste. Mas necessário.
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