quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Certo ou Errado?

Estou com a sensação de que tudo deu errado hoje. Isso não é verdade, mas mesmo sabendo, a sensação permanece.

Cheguei atrasada no hospital. Vi poucos paciente, depois tive aula com um velhinho muito engraçado - figura da faculdade. Ele se lembrava de que há alguns anos atrás ele tratou da minha acne... mas não se lembrava de que me deu R$50,00 na época em que eu passava fome e pesava 40kg (ele ficou sabendo que minha situação estava difícil e me deu dinheiro... eu não queria aceitar de jeito algum, mas não teve jeito...)
Saí da aula "fugida" às 11h15. Realmente precisava ir embora porque tinha zilhões de coisas para fazer. Mas poderia ter sido uma colega melhor dizendo "Precisamos ir embora, professor." ao invés de "Eu preciso ir, professor". Saí e deixei meus colegas lá, sedentos por liberdade (mas, também, se eles fossem um pouquinho mais espertos tinham saído 15 minutos antes, quando o professor se tocou que já tinha excedido seu horário).
Fui correndo para casa, onde encontrei minha nova empregada para lhe explicar o funcionamento das coisas, os possíveis problemas que ela pode ter lá. Saí, já atrasada, sem almoçar e fui correndo para faculdade.
Tinha uma palestra dos Médicos Sem Fronteiras. Não tinha certeza se era hoje mesmo e, ao entrar na faculdade, não vi nenhum cartaz, nenhuma informação. Achei que poderia estar enganada quanto à data e, como tudo na faculdade sempre atrasa, resolvi ir à sala da minha madrinha antes, para resolver um probleminha. Deveria ser rápida, mas...
Demorei 1h30min lá.
Óbvio que quando cheguei ao teatro, a palestra já tinha acabado. Fiquei tão tão tão chateada. Não conseguia aceitar que perdi essa palestra. Queria tanto ver...
E acho que, por essa perda inaceitável, fiquei com a sensação de que deu tudo errado hoje. A coisa que mais seria legal nesse meu dia, eu perdi e, portanto, o dia deu errado.

A parte ainda não contada é que demorei tanto na sala da minha madrinha porque ela não estava bem... Fui lá para resolver um problema meu e acabei ouvindo os problemas dela... e o choro... Várias coisas com ela não estão bem...
E eu me envolvo de uma maneira... A vida que ela leva é uma das possibilidades de vida que se apresentam para mim: solteira aos 40 e tantos anos, nunca casou, não teve filhos, mas tem uma carreira profissional brilhante. E é uma pessoa do bem.
E quando a vejo triste, pela solidão, por amores do passado que a maltrataram, por amores no presente que a tratam como uma velha sem valor... Fico mal.
A boa notícia é que ela está pensando em adotar uma criança. Desde que a conheci, sempre achei que ela deveria adotar um filho. Mas ela me dizia que não, que não aceitava ter um filho sem pai.
E hoje, ela está repensando esse assunto. Não acho que para formar uma família a gente necessite de uma pai. Não acho mesmo. (É só ver meu caso que, teoricamente, sempre tive pai, mas nunca tive um pai)

Enfim, perdi minha palestra por uma boa causa. Por amor. Gostaria de não ter perdido. Gostaria de ter podido conversar com a madrinha em outra hora, depois da palestra, quem sabe. Mas... nada acontece por acaso.

Às vezes penso que se eu ficar solteira vou participar de (ou quem sabe criar) um projeto como o do Médicos Sem Fronteiras... Nada acontece por acaso!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Depois de meses aguentando meu palm sem funcionar direito, "dando pau" toda hora por qualquer programinha besta que eu abrisse, sem abrir arquivos doc. nenhum... Hoje decidi levá-lo para consertar.
Quando estava saindo de casa, resolvi mexer em todos os programas de novo, ver exatamente o que não estava funcionando, quando é que ele travava, para poder explicar p/ o cara direito...

E não é que o bichinho voltou a funcionar sozinho. Assim, de repente, ele acordou e passou a rodar todos os programas. TODOS!
Ontem mesmo tinha tentado abrir um arquivo de word e ele travou, ficou horas para reiniciar, me fez perder horas com ele... e hoje ele volta a ficar perfeitinho, assim do nada.
Juro que não fiz nada de diferente. Não mexi em nada, não alterei nenhum arquivo.

Acho que, como a dona, ele tem medo de médico. Foi só falar que ia levar ele para consertar que ele pulou da cama e passou a trabalhar como se nada tivesse acontecido...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Felicidade

Liberdade!!! Sim!!! É isso que me faz feliz!

Ter liberdade para dormir até mais tarde, almoçar com meus amigos num restaurante japonês, passar no hospital à tarde, atender alguns pacientes, criar projetos e tentar colocá-los em prática, correr um pouco, estudar um pouco, ler um pouco, assistir um pouco de tv, voltar ao hospital, dormir a hora que quiser, usar internet quando quiser (sem minha colega de quarto como papagaio de pirata - tagarela e sempre no meu ombro vigiando)...

Realmente, Dermatologia que é vida, o resto é escravidão. Sou livre para fazer o que quiser, a hora que quiser, ninguém me enche o saco, ninguém me fiscaliza.
Sexta-feira fiquei na triagem simplesmente pelo prazer de ver lesões de pele. Não tinha nada pré-determinado para fazer das 10h às 12h30. Poderia ter ido para casa dormir, ficar na net, fazer meu trabalho de Med Leg, estudar... qualquer coisa. Mas não. Optei por ficar no hospital vendo pacientes, aprendendo.
A preceptora me explicou várias coisas legais, me mostrou diversas lesões e vários estágios... Sensacional!
Hoje, simplesmente estava com vontade de ficar em casa. Dormi até mais tarde e nem sequer pisei no hospital. Tudo bem também! Ninguém me encheu o saco por isso e boa parte do meu grupo que foi ao hospital acabou sendo dispensada.

Pena que não gosto de Dermato e pena maior ainda que é dificílimo passar na Residência dessa especialidade. Senão, poderia ser uma das minhas opções...
Mas simplesmente não me imagino num consultório fofinho e arrumadinho para o resto da minha vida prescrevendo corticóide e antibiótico. Não dá!

Amo a liberdade e vou aproveitá-la como um bem valiosíssimo como ela é. Mais só por um mês ou dois de felicidade. Depois, a vida corrida volta ao normal...

sábado, 25 de outubro de 2008

Justo hoje...

Quando se junta muita sujeira embaixo do tapete, um dia fede.

Hoje pela manhã, pouco depois que acordei, meu pai e minha irmã chegaram, vindos do mercado. Estavam felizes, conversando. Logo depois de guardar as compras, meu pai começou a fazer mudanças na casa. Trocou alguns lustres, colocou uns quadros na parede, arrumou o chuveiro, colocou uns enfeites no teto...

Me aproximei algumas vezes, perguntei o que eles estavam fazendo, tentei me interessar, mas não fui muito bem recebida. Eles mal olharam para minha cara.
Voltei para meu quarto, continuei estudando, fuçando na net, assistindo tv...

À tarde, eles entraram no meu quarto. Primeiro meu pai. Olhou pra parede, ficou parado alguns segundos e saiu. Depois vieram juntos:
- Ah, mas se eu for colocar a cama aqui, não vai dar para abrir o armário porque vai bater no quadro (detalhe: no "meu" quarto não há quadros)
- Não, pai, você pode colocar o armário ali, uma cama aqui e a outra ali (detalhe, meu quarto só tem uma cama)
- É... talvez dê certo.
E saíram.

Alguns minutos se passaram e os dois voltaram com uma régua.
- Xiii... acho que não vou fazer isso hoje não. Preciso estudar tudo isso direito porque acho que não vai dar muito certo.
- Tá bom. Depois a gente vê então.

Nenhum dos dois me dirigiu a palavra. Nem sequer para explicar o que estavam fazendo com esse cômodo que eu costumava chamar de "meu" quarto.
Minha irmã voltou mais tarde. Deitou na minha cama.
Perguntei o que eles estavam pensando em fazer, que mudança era essa que eles estavam programando.
Ela respondeu: "a gente ainda não decidiu". E saiu do quarto.

PQP!!!!
Fiquei puta da vida. Eles vão, certamente, transformar meu quarto num depósito de móveis, colocar um quadro horrível na parede (o gosto do meu pai para quadros é terrível) e ninguém se dignou a perguntar minha opinião. Nem sequer me informaram sobre a tal mudança. Provavelmente minha irmã vai roubar meu armário, que é maior que o dela, com o argumento de que eu não moro mais lá e portanto ela tem mais direito. Vai tirar minha mesa e deixar meu computador jogado em algum canto (há duas semanas atrás ela pegou minha televisão e levou a velharia dela para meu quarto).

Não emiti uma palavra a respeito. Fechei a porta do quarto e evitei encontrá-los o resto do dia.

Agora a pouco, assisti ao programa da SuperNanny. E chorei feito uma criança.
A família apresentada era composta por um casal convencional (pai trabalhando fora, mãe dona de casa) e 3 crianças. O filho mais novo de 2 anos era tratado como um bebê, com todos os cuidados e excessiva proteção. Os outros dois maiorzinhos eram tratados como monstros insuportáveis. Apanhavam o tempo todo, eram renegados, mal tratados, deixados de lado... nunca recebiam um abraço, nem um tequinho de atenção.

Vi toda minha infância ali, retratada naquela família. Eu nasci quando meu irmão tinha 1 ano. Minha irmã nasceu quando eu tinha 6. Ela sempre foi tratada como o bebezinho da casa, toda protegida... a felicidade da casa (minha mãe fazia questão de dizer que se ela não tivesse nascido sua vida seria muito triste). Eu e meu irmão vivíamos apanhando, éramos tratados como os que atrapalhavam. Meu irmão, para chamar atenção, aprontava, quebrava coisas, xingava minha mãe. Eu maltratava minha irmã, vivia trancada em casa, e chorava... quase o dia todo.

Com minha mãe, a situação só melhorou quando eu saí de casa. Com 17 anos, assim que tive coragem de arrumar um emprego, fui morar na casa da minha vó e viver minha vida longe do inferno que era minha casa. Com o tempo, minha mãe passou a ser minha melhor amiga, minha protetora. Sempre estava por perto, fazia tudo que eu pedia, saíamos juntas para dançar, conversávamos muito...

Com meu pai, a situação nunca mudou. Nunca conversamos. Quando eu era criança, idolatrava aquele cara. Achava ele o máximo e sentia muitas saudades (porque ele vivia trabalhando e nunca estava em casa). Um dia fiquei acordada até tarde esperando ele chegar. Fiquei sozinha sentada na mesa da sala só para vê-lo. Ele chegou muuuuito tarde. Quando me viu, corri para abraçá-lo. Ele me empurrou e me deu uma puta bronca, dizendo que era um absurdo eu estar acordada até aquela hora. Nunca mais tentei me aproximar.
Ele também nunca tentou estar mais próximo.
Eu morria de inveja da minha irmã... ela sempre sentava para jantar com ele, eles sempre conversavam e riam...

Depois que minha mãe morreu, ele se afastou ainda mais. Por algum tempo ele até tentou fazer o papel de pai viúvo. Um dia sentou com a gente (eu e meu irmão) e perguntou porque a gente não falava com ele. De uma maneira autoritária, disse que ele sentia que a gente só o via como uma caixa registradora, que nunca conversávamos, que nem sequer nos conhecíamos. Ficamos absolutamente mudos.
É impossível conversar com ele. Ele é sempre autoritário, arrogante. Nunca demonstra o menor carinho ou interesse pelo que a gente fala.
De tempos em tempos, até tento, pergunto a opinião dele, tento conversar... mas sempre me arrependo... como da primeira vez...

E hoje, mais uma vez, me sinto a pessoa mais rejeitada do mundo. Ele nem sequer me enxerga. Ele considera meu quarto um cômodo para visitas, um depósito de móveis e quadros horrorosos.

Espero que aquelas crianças, aquela família, tenham sido salvas. Porque, como a supernanny disse, as marcas de uma infância de rejeição ficam para sempre.

Correntes - Trabalho escravo no Brasil atual


Esse documentário é sensacional!
Por convite de um amigo, fui assisti-lo na estréia há algum tempo atrás. Infelizmente, não consegui divulgá-lo como merecia...

É inacreditável que ainda hoje exista trabalho escravo no Brasil. E a gente aqui, vivendo na alienação, reclamando da nossa vida burguesa...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Novas regras gramaticais

Dear God!

Como é que eu vou fazer para me acostumar com essas novas regras de português???
Eu, que sempre me gabei de conhecer bem a nossa gramática (nem sempre respeitá-la, por falta de atenção, mas sempre muito crítica quanto a isso), agora não sei mais escrever direito...

Como uma "idéia" pode não ter acento??? E meu "vôo"??? Simplesmente roubaram seu circunflexo...

Retirar o trema, incluir K, W e Y, até vai. Mas mudar todas as regras de hífens (que já não eram nada simples), retirar os acentos de palavras, incluir acento em verbos desnecessariamente... ah!

Até entendo que a unificação é interessante e tal e que algumas adaptações nas regras eram necessárias, mas mudanças radicais ruins (como tirar o acento de "pára", que o diferencia de "para"), não dá pra engulir assim liso.
Sinceramente, não entendo para que unificar a língua com outros países. Não sei que diferença faz na nossa vida escrever como um angolano ou um português ou um moçambicano. A cultura é diferente. Totalmente! E a escrita reflete isso e sempre refletirá. É só pegar um texto em português de Portugal que a gente percebe nas primeiras linhas que aquilo não foi escrito por um brasileiro (e não é pelos hífens, nem pelos acentos - é pela forma!).

Não entendo... mas aceito.

E agora preciso superar minha velhice... Fico imaginando meus filhos aprendendo a ler e dizendo pra mim: "credo, mãe, o que é esse "ü" com dois pingos em cima?", "credo, mãe, você escreve "platéia" com acento, tá errado!", "como você é velha, mãe! usa acento em palavras que há séculos não se usa mais".

Aiaiaiaiaia

Quem quiser saber mais sobre as regras (em .pdf): Guia de Reforma Ortográfica

domingo, 19 de outubro de 2008

Não resisti!


"Arrume Tudo e Pare Com Isso"
Esse desenho também é sensacional!!!
Não se fazem mais desenhos como esses de antigamente...

A Pedra dos Sonhos



Quando era criança eu era vidrada nesse desenho. Adorava!!!
Semana passada alguém me perguntou se eu me lembrava de um desenho que passava na TV Cultura, que tinha um personagem assim, que tinha um dinossauro gigante e uns narigudos com verrugas. Eu simplesmente não me lembrava.
Só consegui resgatar alguns pedaços na minha defeituosa memória depois que ouvi o nome "Zordrak" e "a terra dos pesadelo". Mal consegui associar que foi nesse desenho que aprendi o significado da palavra "devaneio".

Depois, procurando no Youtube, fui lembrando de muito mais coisas, da música de abertura, de alguns capítulos, do mestre, da pedra tão brilhante, do "cachorro-peixe" (Albert), do cara babão(Biruta), dos trolhas... Mas, mesmo assistindo a alguns trechos, não consigo me lembrar do Rufus. Ele simplesmente não faz sentido na minha memória/imaginação.
Justamente o "mocinho" da história... foi apagado da minha mente como qualquer outro "figurante".

Freud explica.

Fato é que da parte dos pesadelos consegui me lembrar de todos. Sensacional esse desenho!!!

(Se quiser saber mais: A Pedra dos Sonhos)

sábado, 18 de outubro de 2008

DOE SANGUE



As reservas de sangue do Hemocentro estão baixíssimas. Um dos motivos, sem dúvida, é consequência da campanha para vacinação contra a Rubéola (sem comentar a vacina contra gripe), ocorrida mês passado.
Após se vacinar, a pessoa não pode doar sangue durante algumas semanas. Considerando que a faixa etária de vacinação é a mesma da faixa etária da doação, f...

O Ministério da Saúde agiu de boa fé. Claro! Rubéola atualmente é um problema de saúde pública, gravíssimo para os RN. Mas a preguiça do Ministério causou uma série de problemas decorrentes. Já dizia minha vó: de boas intenções, o inferno está cheio.
É muito fácil supor que vacinando a maior parte das pessoas da população, fazendo uma extensa campanha de boa cobertura, ajuda-se a combater a doença. Qualquer leigo sugeriria isso.
Mas existem pessoas que estudam o assunto, existe ciência por trás da vacinação. Não é simplesmente distribuir vacina para o máximo de pessoas de idade tal a tal.
Não tenho profundos conhecimentos sobre o assunto, mas sei que vacinação em massa nunca foi e nunca será uma boa estratégia de saúde.

Custava conversar com especialistas sobre o assunto, propor uma estratégia bem pensada, com resultados previstos a longo prazo, avaliar riscos e benefícios? Claro que custava! Fazer algo bem feito sempre custa mais.

E por causa da preguiça, pessoas estão morrendo sem sangue, plasma e plaquetas.

PELAMORDEDEUS! Assim que puderem, vão ao Hemocentro e doem sangue!!! Please!!!

Dessensibilização

Fiquei chocada com a história do sequestro da jovem de quinze anos. Ex-namorado, mais velho, extremamente ciumento. Como o cara pôde manter a menina em cárcere (e por tanto tempo)? Pra quê? Por quê?

Tinha certeza que acabaria em tragédia. Não tinha outra saída. O cara é um desequilibrado e estava totalmente sem opções. E a policia cada vez mais cansada e pressionada para dar fim na história (ou no sequestrador).

Mas não perdi uma noite de sono por isso. E me sinto até um pouco insensível... Mas não me abalei.
Li o texto do blog de uma amiga (não médica) dizendo o quanto estava abalada com a história, que seria difícil dormir essa noite, sabendo que a menina estava em estado tão grave (ela ainda não tinha morrido).

Mas, todos os dias têm gente em estado grave, morrendo no hospital. O público acompanhou a história da menina pela televisão, viu suas fotos, ouviu o relato da curta vida dela, acompanhou a saída e a volta da amiga, torceu, esperou... As pessoas se envolveram com sua história, se sensibilizaram.
Da mesma forma, quando chega um paciente grave vítima de acidente no PS, escrevo toda sua história, me preocupo com sua vida, o acompanho, torço pelo seu bem, espero, tento ajudá-lo. E todos os dias tem alguns casos tão graves e trágicos quanto esse. Sem contar os da enfermaria (que acompanhamos muito mais de perto, conhecemos a família, os amigos) e os do ambulatório. Se eu fosse ter dificuldade para dormir cada vez que acompanho uma história trágica, não dormiria nunca e ainda teria que pagar horas extra acordada.

Concordo que algo assim deve sensibilizar, talvez até interferir na vida de quem se identificou de alguma forma... Mas não consigo. Vejo algo assim e abstraio em seguida.
Triste. Mas necessário.

Dia do Médico

Lindo dia!

Encontrei muita gente, comi muito, dormi pra caramba, assisti a meus seriados favoritos (e consegui baixar novos episódios), voltei a encontrar pessoas, dei muita risada, cantei samba com amigos e desconhecidos mais velhos... fui muito feliz hoje.

Fiquei olhando aqueles senhores, bebendo, cantando, zuando, falando palavrão... e eu ficava pensando "será que são médicos?". É claro que são! Lá só tinha médicos. Mas, por mais que me esforçasse, não conseguia imaginar aquelas pessoas atendendo num consultório, operando, tocando uma enfermaria ou uma UTI.

Ainda bem!

Quer dizer que ser médico não é parte de uma personalidade, é simplesmente uma profissão, como qualquer outra. Eles não precisam parecer pessoas impecáveis o tempo todo, não precisam parecer médicos respeitáveis 24h por dia, ao contrário do que a maioria pensa.

O que você diria se visse seu médico moderadamente bêbado, alegrinho, numa festa de família? Teria por ele o mesmo respeito que tem?

Não há motivos para a resposta ser não!
Mas com certeza, na prática, ela seria.

Dia do Médico

Para mim, um dia de encontros e reencontros:

Com colegas de turma, que não vejo mais com tanta frequência pela correria do dia-a-dia;

Com antigos colegas que se formaram ano passado, ano retrasado e que agora vem dar um oi, contar como está a residência ou a vida de médico batalhador plantonista;

Com residentes que nos acompanharam nos mais diferentes estágios, encheram nosso saco, sofreram com a gente, foram nossos cúmplices em "crimes" contra os assistentes.
Alguns legais, alguns chatos, alguns lindos de morrer...

Com o preceptor, de quem tanto enchi o saco para me ensinar ECG, e que depois de dias me aguentando, sentou comigo e me trouxe a luz;

Com aquela assistente que tanto me cobrou, que algumas vezes me humilhou por eu não saber as alterações eletroencefalográficas da intoxicação por Cefepime ou outros detalhes que a tal considera essencial para a formação de um médico geral... hahaha

Com o dr. sorridente, que até duas semanas atrás, fazia campanha para vereador. Votei nele. E não consigo dizer por que, mas seu sorriso me inspira confiança. Encontrá-lo assim, de bermuda, socialmente, conversar com ele, me faz sentir confiança maior ainda. Posso estar muito enganada, mas acredito!

Com o dr. (quase sempre) engomadinho. Tadinho... cada dia mais afetado... e mais velho. Mas gosto dele. Nunca vou esquecer as horas que perdi da minha vida tentando convencê-lo dos meus pontos de vista, do convite que ele me fez para jantar em sua casa, do acolhimento que ele me proporcionou em momentos difíceis. Engraçado como as aparências enganam...

Com o senhorzinho que tanto já fez parte da minha vida - um médico respeitável, um administrador competente, um dançarinho aplicado (fazíamos aula de dança juntos!), um pai invejável (seu filho é um rapaz impressionante... em todos os sentidos). Adoro ele e sua família com todo o coração;

Com minha orientadora querida de quem tanto fugi nos últimos meses. Ano passado, eu fiquei com a responsabilidade de escrever um artigo, resultado da nossa pesquisa. Claaaaro que ainda não escrevi e achei que ia levar uma baita bronca, afinal, quase um ano de atraso... Mas não, ela me abraçou com carinho, disse que estava com saudades, perguntou como estava o internato, me deu força e contou com ela sofreu na época dela. Felicidade maior que receber um abraço desse, não há!

Certamente esse foi o melhor pós-plantão da minha vida!!! (Merecido, aliás, porque meu plantão foi um horror! Pacientes graves, correria, pacientes surtando, querendo fugir, assistentes questionadores, residente estressada e perdida)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Estou doente e sem coragem para pedir ajuda.
Tenho somatizado muita coisa. Não sei como nem por que, mas com certeza minha insônia, cefaléias intensas (que já chegaram a me fazer acordar no meio da noite por dor), diarréia e náuseas, minha úlcera de córnea... não são simplesmente um vírus ou uma bacteriazinha.
Já peguei telefone de algumas pessoas que podem me ajudar, já pensei (milhares de vezes) que poderia fazer uma endoscopia e uma colono (a endoscopia porque já tive pólipo e alguns dos sintomas que sinto hoje, tinha igualzinho na época e a colono porque acho que posso ter uma DII, talvez um Chron, sei lá).

Mas, ao invés de ligar, procurar um gastro, fazer uma terapia... não. Fico aqui me lamentando, passando mal o dia inteiro, sofrendo, enchendo o saco dos meus colegas...

Tô me sentindo a pessoa mais insuportável do mundo nesse momento. Nem eu mesma me aguento mais...

E, além de tudo, ainda sou obrigada a ficar vendo a Marta e o Kassab trocando acusações idiotas na televisão...

sábado, 11 de outubro de 2008


Tudo que entra imediatamente sai, por cima e por baixo.
Tô realmente péssima hoje...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dei alta para uma paciente hoje. Uma paciente que tem uma doença grave (AIDS + Neurocripto) e que muito provavelmente não vai continuar tomando os remédios em casa.
Falei, falei, falei, expliquei, dei bronca... disse até que se ela não tomar a medicação, ela vai morrer (e realmente acho que é isso que vai acontecer - pela gravidade e fatores prognósticos ruins que ela teve).
A Residente queria manter ela internada mais 15 dias, "pelo menos até virem 3 culturas negativas". Mas, "thank goodness", existem assistentes sensatos que me permitiram dar alta (a paciente, que está ótima, tem uma filhinha de 20 dias e mais dois filhos maiores que estavam sendo cuidados pelo vô de 80 anos). Não podemos ser paternalistas e obrigarmos um paciente a ficar internado para tomar medicação que ele pode muito bem tomar em casa. Se ele não quiser tomar, problema dele, é uma escolha que ele tem o direito de fazer, desde que esteja totalmente consciente dos riscos.

Por outro lado, meu outro paciente que era para ter tido alta semana passada, eu fiz de tudo para manter no hospital.
A Residente: "Dá alta logo. Eu sou médica, não sou assistente social. Paciente está bem, sem medicação, dá alta".
Mas, novamente os assistentes concordaram comigo e o paciente ficou. Ele simplesmente não tinha condição social para ir para casa. Não dava. Tentei pensar numa solução com a esposa dele, mas não teve jeito. Encontramos a alternativa de "transferi-lo" para o hospital do convênio, mas antes a fisioterapeuta nos pediu uns dias para trabalhar deambulação. Ok. Se ele saísse do hospital andando, mais da metade dos problemas estariam resolvidos... doce ilusão. Mas tentar sempre vale a pena. Segunda-feira a gente manda ele para o convênio até resolver a situação em casa...

Talvez eu seja um pouco assistente social.
E, para dizer a verdade, me orgulho disso.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Já para provar a fase "blogueira" fiz alguma besteira no código HTML e agora não consigo consertar.
Desconfio que apaguei alguma tag e não consigo restaurá-la.
Tá meio tarde pra eu ficar procurando barrinhas e chaves numa sopa de letrinha, então, vou deixar assim, vou dormir e, quando der, procuro com mais calma.

Boa noite!

Medo constante

Estou aprimorando a arte de não perder tudo que tenho em assaltos.

No primeiro, mês passado (acredite se quiser, o primeiro assalto da minha vida - mesmo sendo paulistana!), levaram meu celular e meu velho mp3. Consegui salvar a mochila com meu palm, carteira, materiais da faculdade, muita coisa de valor sentimental.

Dessa segunda vez, ontem, consegui salvar tudo. Não me levaram nada.
Sei que é uma enorme burrice resistir a assaltos, não recomendo para ninguém, principalmente (mesmo!) se tiver arma envolvida. Mas, poxa, nesses que me aconteceram, simplesmente não dava para obedecer o ladrão.

O primeiro aconteceu numa avenida movimentada, em plena luz do dia. Dois moleques. Nenhuma arma. O maior (uns 14 anos) ameaçou me dar uma facada, mas não mostrou faca nenhuma. Eu, que nunca tinha sido assaltada, fiquei muito nervosa, claro. Mas só conseguia pensar "meu palm não! meu palm não!". E me recusei a dar minha mochila, continuei andando em direção a pessoas e joguei meu celular para eles (que era o objeto principal do assalto) para que me deixassem em paz. Ok. Me salvei, nenhum arranhão (a não ser o trauma - nunca mais passei por aquela rua).

Nesse segundo, era noite, num ponto de ônibus hiper movimentado. Tinha pelo menos 20 pessoas ao meu redor. Coladas em mim. E o cara de pau chegou do meu lado, disse que ia dar um tiro no meu pé se eu não lhe desse dinheiro. Na verdade, primeiro ele chegou pedindo dinheiro para pegar ônibus, eu disse que não tinha, ele pediu meu cartão do ônibus, eu disse que, se desse, não teria como chegar em casa, então ele pediu meu celular e veio com essa história de dar um tiro no meu pé. Eu, morrendo de medo, disse que não tinha nada (estava com a mesma mochila preciosa nas costas) e que não daria meu cartão de ônibus. Todo mundo em volta ficou assistindo e ninguém fez nada, claro! Mas o cara também acabou se afastando e nem sequer tentou encostar em mim.

Obviamente agora, vivo em estado de vigilia permanente. Horrível. Em qualquer lugar que eu esteja, em qualquer horário e situação, estou constantemente tensa, esperando o momento em que vão me assaltar com uma arma de verdade - e aí vou acabar entregando até minhas roupas de baixo...

blog blog blog

Estou numa fase "blogueira" de novo.
Discretas mudanças talvez virão por aí.
Provavelmente não muito significativas para quem lê (desculpe!), mas muito significativas para quem escreve...

sábado, 4 de outubro de 2008

O que faz minha vida mais feliz:

1) Encontrar minha (ex-)sogra na rua, ouvir ela dizer que estava com saudades, que ainda espera minha visita no seu trabalho. Depois, durante a conversa, ouvir:
- Esses jovens de hoje em dia estão cada vez mais crianças, é impressionante como ainda são tão irresponsáveis com 20 e tantos anos. Mas você não, você é diferente, fico impressionada como você é tão mais madura para sua idade.


3) Ouvir alguém dizer que sente saudades de mim, de estar perto, das nossas conversas... Gosto tanto dessa amiga... mas não sei se ainda há esperanças para nossa amizade.
Espero que sim...

4) Sentir saudades do trabalho.
Há pelo menos 3 meses eu estava absolutamente infeliz no hospital. Estava odiando tudo, mal-humorada, de saco cheio mesmo!
Mas agora, tendo mudado de estágio, de enfermaria, de residentes, de pacientes, de doenças, de assistentes, de enfermeiras... estou muito melhor. E hoje até senti falta de estar no hospital. Hoje! Um fim de semana de descanso e eu querendo trabalhar... fazia tempo que não sentia isso...

Eleições

Minha irresponsabilidade social só me permitiu entrar no Site da Folha hoje.
Irresponsabilidade mesmo!
Se tivesse entrado lá antes, poderia ter divulgado entre meus conhecidos (na maioria pseudo-intelectuais da classe média alta) e talvez ajudado a mudar alguma coisa nesse cenário políco vergonhoso atual. (Quando cada um faz sua parte, a soma pode dar um bom resultado)

O Site apresenta informações sobre todos os candidatos a prefeitos e vereadores (mandatos, processos penais, entrevista, manchetes). Interessante e útil!!!

Pra mim, depois de muita pesquisa e leitura, foi essencial para que eu escolhesse meu candidato a vereador (candidato a prefeito eu já tinha definido). Só não sei muito se ele (ou qualquer outra ferramenta) vai me ajudar no segundo turno, já que os candidatos cotados para estarem lá são péssimos. Como escolher entre o horrível e o terrível???