quarta-feira, 30 de abril de 2003


Em homenagem a minha grande amiga Amanda:

When you need somebody

There’s a cloud hanging over me
But I’m not gonna let it bring me down
To be true, true to you, I’ve had better days
But I’ll hold my head up high away

Whenever times are hard you’re there for me
And I’ve been there too many times
If there’s someone I can count on, yeah
That someone is you

When you need somebody to hold you
When you need somebody to care
I’m the one, I’ll always be
By your side eternally
When the world is folding around you

When you feel like no-one is there
Love is never wrong, forever on and on
And caries us along
When you need someone

Every second, every day gone by
If you feel you’re losing time
Take listen to your heart now, please don’t fall apart
Cause you’re never alone

When you need, need somebody
Need a hand, a hand to guide you
I’ll be there waiting for you
When the world folds around you
Turn around I’m right behind you
And together we’ll get by”

Apesar de todo estresse da prova de Anato, o dia foi bem legal. A aula de Bases Humanísticas, que eu não estava gostando porque estava muito fora do que considero realidade, foi ótima. Falamos sobre a vocação (não gosto dessa palavra mas foi a usada na aula) de ser médico, as decepções dos calouros ao entrar na facul, a decisão de fazer medicina e o “desencorajar” que os médicos em geral tentam fazer por estarem descontentes com seu trabalho.
Depois, eu e 4 amigos fomos ao HC fazer um “tour” básico. Na verdade, não era bem o que pretendíamos mas, como nossos planos iniciais foram frustados, resolvemos conhecer nosso complexo hospitalar. Aliás, encontramos o pessoal da Globo indo gravar um parto de gêmeos, imagino que aquela grávida que o Dr. Drauzio acompanha no Fantástico tenha dado a luz hoje.
(Texto escrito em 28/04 à 01:00h da madrugada - véspera da prova de Anato)
Poucas vezes me senti tão imbecil como tenho me sentido nesses últimos dias estudando anatomia. Perdi horas decorando nomes e localização de músculos, tubérculos, artérias, nervos etc. E pra quê? Tudo para fazer uma prova estúpida que não mede conhecimento nenhum e esquecer tudo no dia seguinte.
É realmente uma idiotice. Mesmo que nós precisássemos saber todas aquelas coisas seria impossível aprender verdadeiramente em tão pouco tempo. E, se não precisamos saber tudo, por que não dão poucas aulas de tudo, para termos uma noção, dão mais atenção às coisas importantes e prova só das essenciais?
E olha que eu achei que iria adorar anatomia porque tenho a maior curiosidade de conhecer o corpo humano... nunca imaginei que seria tão ruim.
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(Ontem, dia 29/04, depois de ter feito a maldita)
Depois de ter feito a prova estou me sentindo mais imbecil ainda. Justamente o que eu não tinha estudado caiu. A prova foi péssima.
A teórica perguntava coisas que tínhamos visto apenas na 1ª aula e nunca mais.
A prática... bom... nem sei o que dizer. Eu não fazia a menor idéia de quase nada. Dos 70 retângulos onde tínhamos que escrever nomes de estruturas ou responder perguntas, eu calculo que tenha acertado uns 5 ou 7, ou seja, devo ter tirado 1,00 numa prova que valia 10,00. Que absurdo!! Se eu não conseguir tirar pelo menos 5,00 na teórica, sequer terei direito a recuperação, ficarei de DP direto. Isso é muito trágico. Ficar de rec. já seria trágico porque eu teria que (imbecilmente ao quadrado) estudar tudo de novo para fazer outra prova estúpida. Agora, ficar de DP é o cúmulo da tragédia pois, além de eu ter que estudar tudo de novo, terei que agüentar outro semestre dessas chatices de aulas.
Que m... que m... Por que não tivemos direito aos tais trabalhinhos (que os veteranos comentam) durante o semestre que ajudaria na nota? Por que logo minha turma teve que pegar aquele professor carrasco?

Nem acredito... meus comentários lindinhos voltaram. Que maravilha!
Vou aproveitar para tentar mudar o template dele.

Aliás, estou pensando em colocar um tag board no blog. O que acham?
O problema é que eu ficaria muito triste se eu colocasse e ele ficasse vazio... vocês iriam escrever mais se tivesse um tag board?

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Em pleno Dia da Educação, a primeira notícia que ouvi: "Pesquisas mostram que 59% das crianças de 4ª série mal sabem ler e fazer operações matemáticas básicas". (Jornal do SBT)
Perguntaram às pessoas o que elas sugerem como solução para esse problema. Algumas das respostas foram: tornar o ensino integral, transformar as escolas públicas em internatos, de onde as crianças só sairiam nos fins de semana, acabar com a aprovação automática.
É... parece que os governantes estão conseguindo o que querem: matém as pessoas com o mínimo de conhecimento para poder manipulá-las à vontade.
O fato em si já é gravíssimo mas mais grave ainda é vir essas pessoas dizerem isso, querendo se livrar das crianças deixando-as na escola e culpando-as por não saberem. Será que é tão difícil enxergar que é o sistema que está falido? Precisávamos mudar a maneira de ensinar, capacitando professores, remunerando-os com salário razoável, motivando as crianças a aprender, deixando claro a importância do saber, do conhecer... tanta coisa poderia ser feita com um pouco de boa vontade...

Como podem notar, eu continuo aqui, sonhando com meu mundinho utópico, onde tudo funciona bem.

Sem eu ter feito absolutamente nada, meu dente parou de doer. Está normalzinho novamente, ainda bem.
Acabei descobrindo que todos os meus dentes que foram desgastados pela dentista têm um buraquinho em cima (igual àquele que doía) e eu nunca tinha notado.
Em pleno domingo, eu estava na minha casa, feliz por receber visita dos amigos mais legais dos meus pais e quem aparece??
A talzinha, que insistem em dizer que é minha prima (na verdade, ela é neta da prima do meu pai). Vinda dos confins de Maringá, com seu namoradinho tampinha, sem perder a oportunidade de falar mal de mim e criticar minha vida, entra na minha casa sem ser convidada, em pleno momento de paz (raro). De verdade, não sei o que acontece com aquela garota, ela deve ter muita inveja de mim porque eu sou o único assunto dela. Eu mal lembro que ela existe (a não ser quando ela aparece - sempre incovenientemente), por que ela tem que ficar lembrando que eu existo? Por que ela não me esquece de uma vez, vai viver a vida dela bem longe?

domingo, 27 de abril de 2003

A cada dia minha solidão está me incomodando mais. Eu sempre estive mais sozinha do que acompanhada e nunca me importei muito com isso, mas o tempo vai passando, meus velhos amigos estão se casando e eu... continuo "all by my self". Eu queria ter alguém para abraçar, para deitar no ombro e pegar na mão... (nossa! acho que é a primeira vez que digo -escrevo- isso). Eu achava que, quando entrasse na facul, iria conhecer caras interessantes, iria me apaixonar (sabiam que nunca me apaixonei?), mas é como eu digo: acho que não sou capaz de ter em um sentimento tão nobre...

"When I was young
I never needed anyone (...)
All by my self
I don't wanna be
All by my self
Anymore"

Continuo com esperanças mas sofrendo um pouquinho...

sábado, 26 de abril de 2003

Estou recomendando mais um blog, que adicionei à lista de "Vale a Pena Conferir". É o blog Efêmero, do Otávio. Ele conheceu meu blog primeiro, depois fui conhecer o dele e adorei. Inteligente, interessante e às vezes surpreendente. Então, recomendo.
A frase que mais pensei essa semana: "Ai, gostaria tanto de ser mais decidida".
Fico me perguntando por que sou tão indecisa, por por que não consigo enfrentar uma situação e resolver o que fazer sem ter que pensar 1000 vezes em fazer o contrário. Isso é horrível!! Só essa semana foram 7 vezes (que me lembro) que passei no mínimo uma hora (quando não fiquei dias) dizendo: "vou fazer isso, é tá decidido", logo, "mas e se... é acho melhor fazer aquilo... é melhor mesmo" e "ah, mas tem aquele detalhe...". Que droga, que coisa mais chata. Até poderia ficar em duvida, pensar um pouco, resolver com calma. Mas, não, "decido" e depois mudo "trocentas" vezes de idéia - conclusão: efetivamente não decido nada.
Por exemplo: fiquei a semana inteira tentando decidir se vou ou não à Calomed (competição esportiva de calouros de Medicina - esse ano em Ribeirão Preto no feriado do Dia do trabalho). Decidi que ia, agitei as meninas da sala, depois voltei atrás; ontem, já pensei em ir de novo; e hoje decidi que não vou mesmo (até eu mudar de idéia). Os pontos a favor são: todos dizem que é muito legal e é minha úica oportunidade (há outras competições mas não são bem diferentes), vou conhecer gente pra caramba, vou respirar outros ares, vou torcer pelos meus novos amiguinhos, consegui "abrigo" na casa de um amigo que mora lá (não precisarei ficar no alojamento -nada confiável- que arrumaram), vou passar um tempo longe de alguns problemas e talvez arranjar outros (o que pode ser divertido, dependendo de quais). Pontos contra: não vou poder ficar com minha mãe, vou ter que gastar uma graninha (que não tenho), preciso estudar para prova de Bio Mol (tenho prova daqui duas semanas e não faço idéia da matéria -a não ser o que aprendi no cursinho sobre DNA, mas acho que a "Professora Nariz Empinado" não vai gostar muito-, faltei na metade das aulas e não entendi uma palavra sequer da outra metade, ou seja, tô fu...).
Há mais pontos a favor do que contra, mas os contra tem maior peso...
Por que, por que, por que sou incapaz de tomar decisões???


sexta-feira, 25 de abril de 2003

Acabo de descobrir o problema. O Sistema de comentários do Falou & Disse (que eu utilizo) está com problemas e teremos que aguardar a resolução destes - algo que obviamente não está a meu alcance. Eu vou tentar trocar de sistema por uns dias até o outro voltar mas não sei se vai dar tempo porque ainda tenho que almoçar e depois terei aula de Bioquímica.
Apesar de (incrivelmente), minha aula ter acabado 9:45h, eu tive que ir ao HU para tentar conseguir um dentista que me atendesse (acreditam que minha dentista está querendo me cobrar R$ 120,00 por consulta??). Pois bem, me disseram que não há como fazer inscrição até junho e se eu quisesse poderia passar pela emergência. Fiquei lá aguardando cerca de 1 hora, além de não me darem nenhuma informação de quanto tempo demoraria, ainda passaram uma paciente na minha frente (não porque era mais grave mas porque a mãe dela era amiga da dentista que organiza o atendimento). Claro que eu perdi a paciência e acabei indo embora. Na verdade, só fui lá porque queria que me dissessem o que é o buraco que apareceu no meu dente (tudo indica que não é cárie). Tirei o aparelho na terça-feira e quando a dentista estava colocando a contenção senti uma dor no dente que ela estava mexendo e quando cheguei em casa tinha um buraco lá (que não estava antes). Não quero voltar na minha dentista porque ela vai querer me cobrar e eu já tenho uma dívida de R$ 200,00 com ela. Então, fico com a dor (que está melhorando mas ainda me preocupa).
Bom, o fato é que acabei perdendo todo meu tempo indo ao Hospital e agora está quase na hora de eu ir. Vou ver o que consigo resolver nessa migalha de minutos que me resta.
Não sei o que está acontecendo com meus comentários. Eles simplesmente desapareceram. Eu achei que era um problema passageiro mas não voltaram até agora. E eu juro que não mexi no Template nos últimos dias - a culpa não é minha.
Buá, buá, buá...

terça-feira, 22 de abril de 2003

“Cuidado com o que deseja”

Uma amiga sempre me falou que deveríamos tomar cuidado com o que desejamos porque poderia acontecer. Eu me lembrava de uma paródia de “Aladin” a que assisti uma vez, na qual o gênio cumpria os desejos do amo ao pé da letra e acabava saindo tudo errado. Nunca levei nada disso a sério. Pois é...

Ano passado, sempre quando eu passava em frente a um hospital, eu desejava estar lá dentro, ficava imaginando o que os médicos estariam fazendo, como seria a rotina deles, eu queria conhecer a “vida maluca” que todos dizem que eles têm.
Não tomei cuidado com o que desejei e olha aí no que deu: pleno sábado, no meio de um feriado prolongado e adivinhem onde eu estava... dentro do hospital, mais especificamente no PS. Passei o dia todo lá, vi um pouco da rotina dos médicos, a maneira como eles tratam os pacientes e, obviamente, pude ver o estado em que os pacientes chegam (detalhe, eu não estava na emergência - mesmo assim tinha cada um...).
Teria sido bom (não ótimo, apenas bom) se não fosse um sábado de feriado e, principalmente, se eu não tivesse ido lá para levar minha mãe que estava passando mal (nada grave, ainda bem).

Assim como desejei, tenho passado bastante tempo no hospital, não por vontade mas por necessidade. Se agora eu pudesse escolher, prefiria não conhecer tantos médicos nem tantas alas daquele hospital. Mas já que não tenho escolha, vou aproveitando esse lado bom do pesadelo e me familiarizando com essa “vida maluca”, que provavelmente também terei.

quinta-feira, 17 de abril de 2003

Valeu a pena! (2)

Depois de dois anos e meio de sofrimento (omitindo os outros 3 de quando eu era menor), centenas de reais gastos e muita "encheção de saco", finalmente meus dentinhos estão retinhos, lindinhos... uma graça, uma obra de arte. Que maravilhosa sensação não ter mais aquele monte de ferro dentro da minha boca...
Valeu a pena!

Esses dias novamente tive certeza do quanto foi importante na minha vida ter feito esse 3 anos de cursinho. Apesar de todo sofrimento, de toda incertaza, amadureci muito e aprendi coisas que talvez não aprenderia em nenhum outro lugar, ou que levaria 10, 20 anos para aprender sozinha.
Lembro-me como se fosse hoje de um momento, no meu primeiro ano de Obejtivo: eu estava com a Milene, no corredorzinho voltando da sala de vídeo, conversávamos sobre livros de literatura. Ela me disse que gostava muito de Machado de Assis e se espantou quando eu disse que eu não gostava, que achava chato. Imaginem só... eu dizendo que Machado de Assis é chato... Na verdade, o problema é que eu não entendia. Eu nunca tinha tido uma aula de Literatura descente. Pelo contrário, nas aulas do colégio me fizeram pegar raiva dos romances.
No segundo ano, depois de ter tido o primeiro contato, estudado alguns livros, comecei a entender melhor e a gostar um pouco. Já me atraía principalmente por Drummond, Eça de Queirós e um pouco por Machado.
Surpreendentemente, no meio do terceiro ano, me vi sentada numa das mesas do Centro Cultural, com 4 livros abertos, estudando Guimarães Rosa e achando o máximo toda a filosofia que envolve seu "Primeiras Estórias" (detalhe: desde que comecei o cursinho, esse era o livro que eu mais abominava). Antes, eu achava extremamente complexo, "muita viagem", um verdadeiro horror. Mas, quando comecei a entender um pouco os mistérios que envolvem o livro, adorei (estudo-o ainda).
Hoje, posso dizer que consigo distinguir melhor o que gosto ou não gosto do que entendo ou não entendo. Aliás, adoro Machado de Assis e já li grande parte de sua obra.
Lembrei-me de tudo isso porque acabo de ler "Metamorfose" de Franz Kafka - literatura alemã, quem diria? - achei o máximo, extremamente profundo, e percebi que não entendi totalmente mas consegui pegar a idéia principal. Hoje, comecei a ler "Ensaio sobre cegueira" de José Saramago, na lotação, quando estava vindo para casa de minha mãe. Adivinhem o que aconteceu??? Me envolvi tanto com o livro que acabei passando do meu ponto, tive que andar cerca de 1,5km, carregando uma mala pesadíssima e um Stryer (livro de Bioquímica) nas mãos e, mesmo assim, cheguei em casa feliz pelo que aconteceu.
Isso sim que é uma grande conquista.

domingo, 13 de abril de 2003

Finalmente um feriado!!!
Há mais de três anos não tenho um feriado de sossego. No cursinho não existe essa palavra. Às vezes, em datas especiais, eles até dão um diazinho sem aula mas os pobres dos alunihos se sentem quase na obrigação de usar esse dia para "colocar a matéria em dia" - o que nunca acontece, é claro.
Bom, mas voltando ao meu feriado... são 10 dias seguidos, sem ter que acordar cedo para viajar até o além-rio. Que maravilha!!! A ordem é apenas dormir, dormir, dormir e, se sobrar tempo e ânimo, estudar um pouquinho.
Falando em estudar, vão me chamar de louca mas eu estou adorando estudar Bioquímica. No começo era meio chato - tampão, proteínas, enzimas alostéricas e nem sei mais o que - mas agora que começou metabolismo, estou achando muito legal, apesar daquelas milhões de reações. Algo que parecia tão simples no cursinho, como glicose se transformando em piruvato, na facul passa a ser uma complexidade de 10, 12... nem sei quantas dezenas de reações. É muito curioso. A aula de ciclo de Krebs (que eu morria de medo de ter pois nunca entendi nem da maneira simplificada) foi muito interessante. Finalmente descobri de onde saem os tais NADH e FADH2 (que também não sabia exatamente o que eram)... Adorei. (Pena que só eu).

quarta-feira, 9 de abril de 2003

No processo de mudança...
Por várias coisas que aconteceram, ontem percebi que esse blog estava exercendo sobre mim e sobre minhas relações pessoais uma influência considerável e nem sempre agradável. Levando em conta a importância que esse pequeno espaço virtual tem para mim, decide trocar alguns posts que escrevi nos últimos dias por frases que encontrei por aí (das quais infelizmente não sei os autores).
Algum tipo de auto-censura? Talvez, mas não acho que há problema nisso.

Por fim (se a Milene me permite):
"There can be miracles
When you believe
Though hope is frail
It's hard to kill
Who knows what miracles
You can achieve
When you believe
Somehow you will
You will when you believe"
Quando saí de casa hoje, vi uma menininha “raspando” um pirulito azul em sua língua. Fiquei pensando: “Pra que ela quer ficar com a língua azul se ela não verá isso?”. Claro que é pela reação que ela vai causar nas pessoas.
Na maioria das vezes que agimos pensamos nas reações que nossas atitudes vão causar nas pessoas e continuamos a agir ou paramos dependendo da reação que efetivamente causamos. Isso é bem interessante e pode ser bem utilizado, tanto para mudarmos nossas atitudes na tentativa de sermos mais autênticos, quanto para “influenciar”pessoas.

Preciso desenvolver melhor esse raciocínio. Interessante!
O Retrato do caos

Dia 08/04/03, cidade de São Paulo, segundo dia de greve de ônibus, com 100% de adesão – contrariando, é claro, qualquer lei e decisões judiciais do dia anterior. Milhares de pessoas nas ruas, desesperadas, à procura de algum meio de transporte que as levasse a seu destino. Podia até ser carroça puxada por jegue, mas acabava sendo mesmo lotação com dezenas de pessoas entaladas, lutando por um lugarzinho onde pudessem segurar, braços, pernas e bundas para fora das janelas e portas.
E o metrô e o trem? Não muito diferentes, mas com uns agravantes: pessoas se perdendo dentro das estações por falta de costume de se utilizar desses meios e não ter hábito (ou não saber) ler as placas, sem falar das enormes filas nas bilheterias.
Trabalhadores com risco de perder seus empregos, madrugando para pegar um ônibus clandestino, duas lotações, um metrô e às vezes mais uma lotação – tudo por causa do fechamento dos terminais.
“Mas e aí? Por que essa maldita greve? Não aumentaram o valor da passagem a pouco tempo para contentar aqueles que exigiam isso? Não estão contentes?” – todo povo pergunta. Vem a D. Marta, na sua linda roupa vermelha – com direito a jóias e estrelinha do PT – na sua postura de “eu tenho um carro importado enquanto vocês vão ter que agüentar a greve” e diz: “Não é nada disso. O problema é que para melhorar o sistema todo de transporte da cidade temos que passar por toda essa turbulência. Quem manipula essa greve são os donos das 9 empresas que eu mandei descredenciar porque estavam proporcionando à população um serviço de péssima qualidade e nós não vamos aceitar isso. Já cuidei da substituição de todas essas empresas mas o sindicato, manipulado pelos empresários estão obrigando os motoristas a não trabalhar. Isso é um absurod e não vamos ceder.”. Pode até ser que isso seja verdade, pelas imagens que vi, de sindicais usando da violência para impedir a passagem de motoristas que queriam trabalhar. É óbvio que nenhum empresário aceitaria perder sua empresa sem lutar e usar de toda sua influência para pressionar a prefeitura. O problema é que a Dona prefeita conduziu extremamente mal a situação, fazendo com que a população pegasse raiva dela e não a ouvisse mais. Ela não poderia ter deixado essa greve estourar – era previsível que isso ia acontecer e, se fosse inevitável (o que eu duvido), ela deveria ter alertado à população e ter ido à imprensa para tornar transparente o que a prefeitura estava fazendo.
O fato é que 10.800 motoristas e cobradores foram demitidos com o fechamento das 9 empresas, 140 ônibus foram destruídos, a população está descontente e a imagem da D. Marta está mais do que desgastada. Não adianta ela vir dizer “vocês vão ter que aceitar isso se quiserem que o sistema mude” porque ninguém vai aceitar. “Queremos ônibus de qualidade e um prefeito decente” é a frase que ecoa.

segunda-feira, 7 de abril de 2003


"Deveríamos pensar mais em fazer o bem que em estar bem. Dessa forma, acabaríamos por estar melhor."


"As crises são fundamentais para você se reestruturar, para você se tornar um ser mais compassível, mais generoso, mais solidário."


"A vida está cheia de desafios que, se aproveitarmos de forma criativa, transformam-se em oportunidades."


domingo, 6 de abril de 2003

Já estava desconectando quando recebi um e-mail da Amanda falando de seu novo e lindo blig Sentimento do Mundo.
A Amanda é uma grande amiga (uma das melhores), minha bailarina preferida, pessoa de bom (e enorme) coração e grande amante das obras de Drummond. Já passamos horas de nossas vidinhas coladas no telefone filosofando e trocando experiências.
Ela é uma pessoa iluminada, como irão perceber se visitarem seu blig.

Acabo de conhecer um lindíssimo blog. Nunca me emocionei tanto lendo algo numa máquina tão fria quanto esse computador.
É o blog da Luiza, mãe da Anna, uma amada garotinha de 2 anos que tem paralisia cerebral. (The Greatest Love)

É incrível como as pessoas mudam sua forma de ver a vida quando passam por situações difíceis. Acho que é exatamente essa fase de transição que estou vivendo agora. Você acha que entende o sofrimento de uma pessoa só porque já ouviu falar de um caso parecido e acha que não age com preconceito com deficientes. Até que você muda de lado, se percebe irritado com algum preconceituoso que age exatamente da mesma forma que você agia sem perceber (achando que não tinha nada demais) e descobre que não tinha a menor noção do que aquele deficiente estava vivendo.
Isso foi algo que pensei logo no primeiro dia, quando vi o estado de minha mãe na UTI e depois quando tive que ligar para algumas lojas à procura de aluguel de cadeira de rodas. Minha visão sobre os deficientes e pessoas que passam por dificuldades sérias mudou completamente. Percebi que nem se fizesse muito esforço poderia entender o que essas pessoas estão passando sem ter vivido aquilo. Ninguém pode, apesar da maioria das pessoas (principalmente os médicos) ter certeza que é capaz desse grau de empatia.
Eu achava que era de uma forma e que se acontecesse na minha família eu iria me sentir de tal jeito... E, agora que está acontecendo, vejo o quanto eu estava errada. Os sentimentos são únicos e imprevisíveis.

"O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento quando tudo parece perdido."



"O importante não é o que nos faz o destino mas o que fazemos dele."

Essa semana, fiz minhas duas pirmeiras provas na Facul: Bioquímica e Bio Celular.
Todos os veteranos diziam que Bioquímica era foda que a prova era difícil e que Bio Cel era tranqüila e incluia questões que pareciam exame psicotécnico de tão ridículas... Pois é...
A prova de Bioquímica realmente não foi nada fácil mas acho que fiz o suficiente (se criatividade contar ponto, então, tirarei uma ótima nota). Já a prova de Bio Cel (que, aliás fiz hoje, sábado, de manhã - enquanto todos dormiam eu vagava pela Cidade Universitária na esperança de ver um circular, que obviamente não apareceu, e na torcida para chegar viva ao ICB) beirava o incompreensível para mim. Com certeza fui mal... tinha coisas que eu nem sabia que existia e outras que li num rodapé de página e, é claro, eu não lembrava.
Parece que minha função nas provas da faculdade será divertir os professores com minha criatividade maluca que me faz inventar uma bela resposta de 5 linhas só para não deixar em branco uma questão sobre algo que eu nunca ouvi falar. Só espero que toda essa manifestação de "arte quase lixerária" não me faça pegar DP.

quarta-feira, 2 de abril de 2003

Como posso fazer para convencer uma pessoa de que ler é bom??
Faz uns 10 anos que tento fazer minha mãe ler pelo menos um livrinho mas ela parece que tem trauma... Já tentei dar à ela tudo que é tipo de livro mas a maioria ela disse "Já ouvi falar e não gostei muito". Tem alguns que ela até pega e diz que vai ler mas acaba não passando do primeiro quarto da história.
O problema é que agora, com a paralisia, ela tem que ficar o dia todo parada sem fazer nada e fica entediada. Se pelo menos ela lesse... talvez a recuperação fosse menos traumática.
O que eu faço???