quinta-feira, 17 de abril de 2003

Valeu a pena!

Esses dias novamente tive certeza do quanto foi importante na minha vida ter feito esse 3 anos de cursinho. Apesar de todo sofrimento, de toda incertaza, amadureci muito e aprendi coisas que talvez não aprenderia em nenhum outro lugar, ou que levaria 10, 20 anos para aprender sozinha.
Lembro-me como se fosse hoje de um momento, no meu primeiro ano de Obejtivo: eu estava com a Milene, no corredorzinho voltando da sala de vídeo, conversávamos sobre livros de literatura. Ela me disse que gostava muito de Machado de Assis e se espantou quando eu disse que eu não gostava, que achava chato. Imaginem só... eu dizendo que Machado de Assis é chato... Na verdade, o problema é que eu não entendia. Eu nunca tinha tido uma aula de Literatura descente. Pelo contrário, nas aulas do colégio me fizeram pegar raiva dos romances.
No segundo ano, depois de ter tido o primeiro contato, estudado alguns livros, comecei a entender melhor e a gostar um pouco. Já me atraía principalmente por Drummond, Eça de Queirós e um pouco por Machado.
Surpreendentemente, no meio do terceiro ano, me vi sentada numa das mesas do Centro Cultural, com 4 livros abertos, estudando Guimarães Rosa e achando o máximo toda a filosofia que envolve seu "Primeiras Estórias" (detalhe: desde que comecei o cursinho, esse era o livro que eu mais abominava). Antes, eu achava extremamente complexo, "muita viagem", um verdadeiro horror. Mas, quando comecei a entender um pouco os mistérios que envolvem o livro, adorei (estudo-o ainda).
Hoje, posso dizer que consigo distinguir melhor o que gosto ou não gosto do que entendo ou não entendo. Aliás, adoro Machado de Assis e já li grande parte de sua obra.
Lembrei-me de tudo isso porque acabo de ler "Metamorfose" de Franz Kafka - literatura alemã, quem diria? - achei o máximo, extremamente profundo, e percebi que não entendi totalmente mas consegui pegar a idéia principal. Hoje, comecei a ler "Ensaio sobre cegueira" de José Saramago, na lotação, quando estava vindo para casa de minha mãe. Adivinhem o que aconteceu??? Me envolvi tanto com o livro que acabei passando do meu ponto, tive que andar cerca de 1,5km, carregando uma mala pesadíssima e um Stryer (livro de Bioquímica) nas mãos e, mesmo assim, cheguei em casa feliz pelo que aconteceu.
Isso sim que é uma grande conquista.

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