domingo, 30 de março de 2008

Esse fim de semana acabou servindo de momento de auto-reflexão, de propostas de mudanças, momento de reconhecer meus erros e tentar melhorar no que for possível. Apesar de saber que estou de TPM e, portanto, essa não é a melhor época para refletir, muito menos para propor mudanças, simplesmente aconteceu.

E me lembrei de um "causo" de alguns dias atrás...
Quando estava no PS da Obstetrícia, eu tinha o (péssimo?) hábito de atender à porta quando o segurança ou algum familiar batiam à procura da enfermeira. Eu não só ia lá para ver o que queriam, como muitas vezes resolvia suas dúvidas e lhes fazia favores (acho que adorava fazer isso porque era o único momento em que eu realmente me sentia útil naquele lugar). Em geral, eram familiares procurando informação sobre suas parentes ou querendo entrar para visitar. Então eu ia até o CO, colhia as informações necessárias, passava o caso para enfermeira e depois voltava lá com tudo resolvido.
Num desses dias, apareceu uma mulher perguntando pela Dra. Adriana. Eu perguntei se ela era paciente, se a Dra. sabia que ela viria naquele dia. Ela fez um gesto de cabeça que entendi como afirmativo e deu um passo para trás, esperando para ver se eu encontraria a tal doutora.
Até então, eu nunca tinha falado com essa médica. Eu sabia que ela existia, tinha ouvido falar (bem) dela algumas vezes mas só a tinha visto uma vez, naquele mesmo dia - pelo menos eu sabia que ela estava em algum lugar por ali por perto.
Procurei, procurei, procurei e nada da Dra. Adriana.
Até que apareceu outro médico, pediu que eu fosse atender uma gestante que já estava na sala. Fui lá, atendi ela, examinei, discuti o caso e acabei esquecendo que a tal "paciente" da Dra. Adriana estava esperando lá fora (quando lembrei, usei o raciocício de PS: se ela não tivesse achado a tal doutora, ela teria batido à porta novamente e pedido de novo para outra pessoa, ou teria feito um escândalo).
Algumas horas depois, a Dra. Adriana apareceu, assim, surgida do nada. Perguntei meio apreensiva (com medo de tomar mais uma bronca): "Dra., tinha uma paciente sua lá fora... você a encontrou?". E ela sorrindo, pegou no meu braço: "Que paciente que nada!!! Aquela lá é minha amiga. Eu tinha marcado de encontrar com ela, mas meu celular não pega aqui, sabe? Aí eu saí para tentar ligar para ela e nesse meio tempo ela chegou e o celular dela também não pega e a gente acabou se desencontrando... mas aí quando eu voltei... blá blá blá blá blá". E ficou uns 10 minutos tagarelando me contando sobre a tal amiga dela que achava que estava grávida...

Fiquei tão impressionada... Aquela mulher nunca tinha me visto na vida. Provavelmente ela sabia que eu era interna, mas ela nunca tinha me visto. E falou comigo como se eu fosse uma amiga íntima, pegando no meu braço, batendo no meu ombro, me contando da vida dela e da amiga sem o menor pudor. ADOREI!
É algo que simplesmente eu nunca faria. Mal consigo conversar com meus amigos tão abertamente daquele jeito... imagina com estranhos... Foi uma lição de vida pra mim. Porque simplesmente sempre acho que estou incomodando. Não faria isso com ninguém porque acharia invasivo, acharia que a pessoa não ia gostar, ia me achar uma louca. Mas aquela mulher fez isso comigo e eu adorei, achei o máximo. Achei que ela era louca sim (suposição confirmada com o passar dos dias), mas isso é o que mais admiro nela hoje.
Se um dia eu conseguir ter metade da loucura que ela tem... ah... meus dias serão muito mais divertidos!

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