Continuando a história do post anterior, fui para o hospital no dia seguinte puta da vida. Todas as pessoas da panela estavam contra mim. Todas!
Eu até pensei se não estaria errada, se não estaria apenas querendo fugir da desagradável experiência de apresentar a visita.
Mas, mais tarde, encontrei o preceptor. Ele pediu que nos encontrássemos à tarde para preparar a visita. Eu respondi que estava de plantão no centro cirúrgico à tarde. Ele espontaneamente falou:
- Ah. Não tem problema. Quem estava com o caso até ontem? Fala pra ele que ele vai ter que apresentar, então. Você não vai deixar de ficar no centro cirúrgico por causa disso.
Ao contrário de minha promessa, me afastando totalmente de Madre Tereza, não tive dúvidas e respondi:
- Era o C... E eu já falei com ele. Mas ele se recusou a apresentar.
Sinto muito. Eu estava puta. Não consegui evitar de queimar o filme do cara. Ele foi um FDP comigo, um egoísta de maior calibre, um covarde idiota e eu não tinha como não queimar o filme dele mesmo.
O preceptor fez uma cara tipo "como assim?", "como alguém se recusou a apresentar o caso para o professor titular?".
Aquilo na hora deixou claro para mim quem estava certo e quem estava errado. Se até o preceptor falou que era o outro lá que deveria apresentar, eu certamente não era o lado errado.
Acabei dizendo para o preceptor que eu resolveria o impasse e deixei quieto. Podia ter dito que o covarde não queria apresentar porque estava com medo, podia ter dito que o crianção estava usando o argumento de ter ficado 36h no hospital e estava cansadinho... podia ter queimado o filme dele muito mais.
Mas não fiz nada disso.
Dei um jeito de fazer as coisas, conciliando as atividades e fui apresentar a visita no dia seguinte.
Diga-se de passagem, foi uma boa apresentação. Não foi das melhores que eu já fiz porque não deu tempo de preparar direitinho como eu gosto, mas também não foi das piores.
E no final, quem passou vergonha foi o assistente. Um dos mais velhos, um dos chefes que mais fala durante a visita.
Durante a discussão, chegamos à conclusão de que foram cometidos alguns erros no pré-natal da paciente que apresentei. E eram erros meio graves mas que, felizmente, não tiveram séria repercussão.
No final da apresentação, o tal assistente veio mexer no prontuário. Ele, envergonhadíssimo, disse que foi ele quem fez o pré-natal. E não se conformava de ter cometido esses erros básicos.
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