Continuando a história do post anterior, fui para o hospital no dia seguinte puta da vida. Todas as pessoas da panela estavam contra mim. Todas!
Eu até pensei se não estaria errada, se não estaria apenas querendo fugir da desagradável experiência de apresentar a visita.
Mas, mais tarde, encontrei o preceptor. Ele pediu que nos encontrássemos à tarde para preparar a visita. Eu respondi que estava de plantão no centro cirúrgico à tarde. Ele espontaneamente falou:
- Ah. Não tem problema. Quem estava com o caso até ontem? Fala pra ele que ele vai ter que apresentar, então. Você não vai deixar de ficar no centro cirúrgico por causa disso.
Ao contrário de minha promessa, me afastando totalmente de Madre Tereza, não tive dúvidas e respondi:
- Era o C... E eu já falei com ele. Mas ele se recusou a apresentar.
Sinto muito. Eu estava puta. Não consegui evitar de queimar o filme do cara. Ele foi um FDP comigo, um egoísta de maior calibre, um covarde idiota e eu não tinha como não queimar o filme dele mesmo.
O preceptor fez uma cara tipo "como assim?", "como alguém se recusou a apresentar o caso para o professor titular?".
Aquilo na hora deixou claro para mim quem estava certo e quem estava errado. Se até o preceptor falou que era o outro lá que deveria apresentar, eu certamente não era o lado errado.
Acabei dizendo para o preceptor que eu resolveria o impasse e deixei quieto. Podia ter dito que o covarde não queria apresentar porque estava com medo, podia ter dito que o crianção estava usando o argumento de ter ficado 36h no hospital e estava cansadinho... podia ter queimado o filme dele muito mais.
Mas não fiz nada disso.
Dei um jeito de fazer as coisas, conciliando as atividades e fui apresentar a visita no dia seguinte.
Diga-se de passagem, foi uma boa apresentação. Não foi das melhores que eu já fiz porque não deu tempo de preparar direitinho como eu gosto, mas também não foi das piores.
E no final, quem passou vergonha foi o assistente. Um dos mais velhos, um dos chefes que mais fala durante a visita.
Durante a discussão, chegamos à conclusão de que foram cometidos alguns erros no pré-natal da paciente que apresentei. E eram erros meio graves mas que, felizmente, não tiveram séria repercussão.
No final da apresentação, o tal assistente veio mexer no prontuário. Ele, envergonhadíssimo, disse que foi ele quem fez o pré-natal. E não se conformava de ter cometido esses erros básicos.
"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
quinta-feira, 30 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Momento desabafo
Bizarro.
As pessoas não deveriam se sentir mal por terem feito o bem.
Isso não faz o menor sentido.
O bem é bem. Não deveria ser condicional, não deveria exigir nada em troca.
Mas estou me sentindo mal. E não é a primeira vez.
Me sinto idiota por fazer as coisas para as pessoas. Me sinto muito idiota por doar meu tempo, minha paciência e às vezes até me prejudicar para livrar as outras pessoas de sobrecargas e problemas.
Porque quando sou eu que preciso de ajuda, ninguém tá nem aí.
Legal mesmo!
Por exemplo: uma amiga minha estava com problemas desde o começo do ano. Tentei ajudá-la de todas as formas, várias vezes fiquei noites sem dormir conversando com ela (mesmo tendo plantão no PS no dia seguinte), fiz tudo que eu podia para tentar fazê-la se sentir melhor.
Aí, um dia, carregando toda carga dos problemas dela, além dos meus problemas, desabafei com ela. Disse que eu estava cansada, que eu estava cheia de problemas, passando por uma fase complicada e tal. Achei que ela fosse pelo menos perguntar o que estava acontecendo comigo... Naquele momento eu só queria alguém para conversar, desabafar. Sabe o que ela fez? Voltou a falar dos problemas dela e depois passou a me ignorar e me tratar como se estivesse brava por eu não estar totalmente focada nela e nos problemas dela. Pode???
Mas isso já faz algumas semanas. Já tá cicatrizando.
O que aconteceu hoje que me deixou p... da vida foi no hospital. Lógico!
Tenho me esforçado pra caramba para deixar as coisas igualitárias para todo mundo lá. Sei que tá todo mundo cansado e de saco cheio. Sei que ninguém tem condições de ficar sobrecarregado, nem mesmo por uma semana e sempre me proponho a ajudar quem quer que seja (até as pessoas de quem não gosto). Faço o possível para aliviar a barra das outras pessoas.
E elas?
Claro que não estão nem aí para mim, nem para mais ninguém. Só pensam nelas mesmas e ponto final. E quando eu preciso, todo mundo dá uma de "joão sem braço".
Sabe aquela história do post anterior de eu ter tido que passar um caso na visita em cima da hora, sem ter preparado nada? Pois bem. Para que eu apresentasse meu caso, um colega meu não precisou apresentar o dele. Ele, apesar de ter tido tempo de preparar tudo bonitinho (ao contrário de mim), se safou da pressão e estava todo felizinho no dia. Eu me ferrei apresentando meu caso, ainda levei rasteira da residente, queimei meu filme com o preceptor. Mas beleza.
Aí, hoje, eu em "burn out" resolvi não assistir as 4 aulas que teríamos o dia todo (à tarde, de qualquer forma, eu não poderia ir mesmo). Simplesmente fui pra enfermaria, evouluí meus pacientes e depois voltei para casa porque precisava descansar um pouco (fazia 3 dias que eu dormia menos de 4 horas por noite).
Fui acordada na hora do almoço por esse meu colega de panela (esse mesmo que se safou na semana passada). Ele me disse que eu teria que apresentar o caso na visita de quinta-feira para o professor titular e os assistentes. Justamente eu.
O caso era dele. Ele que vinha cuidando da paciente até hoje (nem sei quando ela internou). E eu, que nem conheço a mulher e que não estava lá para protestar fui obrigada a assumir o caso e ter que apresentá-lo.
No começo, esse meu colega até foi sensato, disse que eu não estava lá na hora que eles fizeram um acordo sobre qual grupo pegaria o leito, disse que não gostaria de ter que apresentar mas que se ficasse muito ruim para mim, ele apresentaria.
Como assim se ficasse muito ruim?
É claro que está muito ruim!
Eu não estava lá, não tinha como me defender, vou ter que apresentar um caso da paciente dele que eu nem conheço, sendo que amanhã estou de plantão no centro cirúrgico até às 19h (ou seja, vou ter que preparar o caso à noite, sem a ajuda do preceptor porque ele não vai estar lá à noite, para apresentá-lo sozinha na manhã seguinte).
Muito justo!
Concordei que ele apresentasse o caso. Ele está de plantão essa noite, poderia preparar o caso hoje mesmo, tirar as dúvidas amanhã com o preceptor, voltar cedo para casa dele para dormir bem e estaria de volta na quinta de manhã com tudo certo.
Primeiro, ele aceitou. Até fiquei impressionada com alguém além de mim não ser tão egocêntrico e se propor a ajudar um amigo (acho que tenho um grande problema chamando de amigo pessoas que não me consideram como tal - acabo sempre me decepcionando).
Umas 2 horas depois, para desabar minha boa impressão anterior e confirmar minha hipótese de umbigos e amigos, ele me ligou de novo. Disse que achava injusto, que o caso agora era meu, que eu teria que apresentar a visita. Eu nem conheço a paciente, mas o caso é meu. Eu não vou ter tempo útil para preparar o caso mas o caso é meu, né?! Beleza.
Ele deve ter pensado: "que folgada, ela estava dormindo quando eu liguei e quer que eu faça". Ah é, em algum momento ele me disse: "vou ficar aqui mais de 36 horas direto e você não". Ah... 36 horas direto! Coitado! Como se ele tivesse sido obrigado a ficar no hospital essas 36 horas. Ele podia muito bem ter ido para casa dele de manhã (como eu fiz porque precisava descansar) e voltado à noite para o plantão, quando, aproveitando sua estadia no hospital, ele conseguiria preparar o caso.
Ou ele podia, no mínimo, ter se lembrado que na semana passada, enquanto ele se safou, eu me ferrei. E me ferrei animal. Não foi uma visitinha de nada. Foi uma bela queimada de filme (não é à toa que o preceptor passou a pegar no meu pé depois disso).
Mas ok.
Vou tentar lidar com esse sentimento de "como sou idiota por ajudar as pessoas". Vou tentar evitar de me tornar uma pessoa igual a algumas dessas que me rodeiam.
Vou tentar evitar de ficar magoada, porque minha mágoa também não vai trazer nada de bom.
Como eu disse pra ele, é bom conhecer melhor as pessoas.
Toda história tem um lado bom e um aprendizado.
Vou tentar elevar meu espírito próximo à Madre Tereza e manter minha postura de continuar ajudando as pessoas, continuar fazendo o bem, aceitando o fato de que não posso esperar nada em troca, aceitando as decepções e as "pseudo-amizades" que se vão.
As pessoas não deveriam se sentir mal por terem feito o bem.
Isso não faz o menor sentido.
O bem é bem. Não deveria ser condicional, não deveria exigir nada em troca.
Mas estou me sentindo mal. E não é a primeira vez.
Me sinto idiota por fazer as coisas para as pessoas. Me sinto muito idiota por doar meu tempo, minha paciência e às vezes até me prejudicar para livrar as outras pessoas de sobrecargas e problemas.
Porque quando sou eu que preciso de ajuda, ninguém tá nem aí.
Legal mesmo!
Por exemplo: uma amiga minha estava com problemas desde o começo do ano. Tentei ajudá-la de todas as formas, várias vezes fiquei noites sem dormir conversando com ela (mesmo tendo plantão no PS no dia seguinte), fiz tudo que eu podia para tentar fazê-la se sentir melhor.
Aí, um dia, carregando toda carga dos problemas dela, além dos meus problemas, desabafei com ela. Disse que eu estava cansada, que eu estava cheia de problemas, passando por uma fase complicada e tal. Achei que ela fosse pelo menos perguntar o que estava acontecendo comigo... Naquele momento eu só queria alguém para conversar, desabafar. Sabe o que ela fez? Voltou a falar dos problemas dela e depois passou a me ignorar e me tratar como se estivesse brava por eu não estar totalmente focada nela e nos problemas dela. Pode???
Mas isso já faz algumas semanas. Já tá cicatrizando.
O que aconteceu hoje que me deixou p... da vida foi no hospital. Lógico!
Tenho me esforçado pra caramba para deixar as coisas igualitárias para todo mundo lá. Sei que tá todo mundo cansado e de saco cheio. Sei que ninguém tem condições de ficar sobrecarregado, nem mesmo por uma semana e sempre me proponho a ajudar quem quer que seja (até as pessoas de quem não gosto). Faço o possível para aliviar a barra das outras pessoas.
E elas?
Claro que não estão nem aí para mim, nem para mais ninguém. Só pensam nelas mesmas e ponto final. E quando eu preciso, todo mundo dá uma de "joão sem braço".
Sabe aquela história do post anterior de eu ter tido que passar um caso na visita em cima da hora, sem ter preparado nada? Pois bem. Para que eu apresentasse meu caso, um colega meu não precisou apresentar o dele. Ele, apesar de ter tido tempo de preparar tudo bonitinho (ao contrário de mim), se safou da pressão e estava todo felizinho no dia. Eu me ferrei apresentando meu caso, ainda levei rasteira da residente, queimei meu filme com o preceptor. Mas beleza.
Aí, hoje, eu em "burn out" resolvi não assistir as 4 aulas que teríamos o dia todo (à tarde, de qualquer forma, eu não poderia ir mesmo). Simplesmente fui pra enfermaria, evouluí meus pacientes e depois voltei para casa porque precisava descansar um pouco (fazia 3 dias que eu dormia menos de 4 horas por noite).
Fui acordada na hora do almoço por esse meu colega de panela (esse mesmo que se safou na semana passada). Ele me disse que eu teria que apresentar o caso na visita de quinta-feira para o professor titular e os assistentes. Justamente eu.
O caso era dele. Ele que vinha cuidando da paciente até hoje (nem sei quando ela internou). E eu, que nem conheço a mulher e que não estava lá para protestar fui obrigada a assumir o caso e ter que apresentá-lo.
No começo, esse meu colega até foi sensato, disse que eu não estava lá na hora que eles fizeram um acordo sobre qual grupo pegaria o leito, disse que não gostaria de ter que apresentar mas que se ficasse muito ruim para mim, ele apresentaria.
Como assim se ficasse muito ruim?
É claro que está muito ruim!
Eu não estava lá, não tinha como me defender, vou ter que apresentar um caso da paciente dele que eu nem conheço, sendo que amanhã estou de plantão no centro cirúrgico até às 19h (ou seja, vou ter que preparar o caso à noite, sem a ajuda do preceptor porque ele não vai estar lá à noite, para apresentá-lo sozinha na manhã seguinte).
Muito justo!
Concordei que ele apresentasse o caso. Ele está de plantão essa noite, poderia preparar o caso hoje mesmo, tirar as dúvidas amanhã com o preceptor, voltar cedo para casa dele para dormir bem e estaria de volta na quinta de manhã com tudo certo.
Primeiro, ele aceitou. Até fiquei impressionada com alguém além de mim não ser tão egocêntrico e se propor a ajudar um amigo (acho que tenho um grande problema chamando de amigo pessoas que não me consideram como tal - acabo sempre me decepcionando).
Umas 2 horas depois, para desabar minha boa impressão anterior e confirmar minha hipótese de umbigos e amigos, ele me ligou de novo. Disse que achava injusto, que o caso agora era meu, que eu teria que apresentar a visita. Eu nem conheço a paciente, mas o caso é meu. Eu não vou ter tempo útil para preparar o caso mas o caso é meu, né?! Beleza.
Ele deve ter pensado: "que folgada, ela estava dormindo quando eu liguei e quer que eu faça". Ah é, em algum momento ele me disse: "vou ficar aqui mais de 36 horas direto e você não". Ah... 36 horas direto! Coitado! Como se ele tivesse sido obrigado a ficar no hospital essas 36 horas. Ele podia muito bem ter ido para casa dele de manhã (como eu fiz porque precisava descansar) e voltado à noite para o plantão, quando, aproveitando sua estadia no hospital, ele conseguiria preparar o caso.
Ou ele podia, no mínimo, ter se lembrado que na semana passada, enquanto ele se safou, eu me ferrei. E me ferrei animal. Não foi uma visitinha de nada. Foi uma bela queimada de filme (não é à toa que o preceptor passou a pegar no meu pé depois disso).
Mas ok.
Vou tentar lidar com esse sentimento de "como sou idiota por ajudar as pessoas". Vou tentar evitar de me tornar uma pessoa igual a algumas dessas que me rodeiam.
Vou tentar evitar de ficar magoada, porque minha mágoa também não vai trazer nada de bom.
Como eu disse pra ele, é bom conhecer melhor as pessoas.
Toda história tem um lado bom e um aprendizado.
Vou tentar elevar meu espírito próximo à Madre Tereza e manter minha postura de continuar ajudando as pessoas, continuar fazendo o bem, aceitando o fato de que não posso esperar nada em troca, aceitando as decepções e as "pseudo-amizades" que se vão.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Que raiva!!!
Cheguei no hospital superanimada hoje. Até me ofereci pra pegar mais casos. Discuti um caso com o preceptor, tirei minhas dúvidas... foi bom.
Logo, fui avisada que teria visita à tarde. O preceptor passou quais seriam os leitos e os internos que deveriam apresentar os casos.
Eu não estava escalada, então, assim que acabei minhas obrigações, fui para casa almoçar (meus colegas que apresentariam os casos ficaram para preparar os detalhes de seus casos).
Quando voltei, às 14h, pronta pra visita, aparece o preceptor dizendo que ele tinha mudado de idéia, que ele não queria mais a paciente X. Agora, ele queria que apresentassem a paciente Y.
Como a lei de Murphy nunca me perdoa, a paciente Y era minha. Óbvio!
Fiquei desesperada. De manhã teve muita coisa pra fazer, não tinha tido tempo pra tirar uma história mais detalhada dessa paciente. Se ele tivesse me avisado antes, eu teria preparado o caso pra visita ao invés de ter ido almoçar, mas não.
Fui, cega, com a cara e a coragem (e a tremedeira, e a gagueira) e apresentei o caso mal e porcamente. Ok. Até aí o mico tinha sido médio.
De repente, me vira a residente, minha residente, aquela que deveria me ajudar, me apoiar, cobrir minhas costas quando eu estiver em apuros, e pergunta:
- Mas a paciente teve parto prematuro prévio?
Respondi:
- Teve, o primeiro parto dela foi prematuro. (Ela tinha me contado que foi, estava escrito no prontuário que foi, não tive tempo de tirar a história em detalhes para saber se foi mesmo, mas até aí eu não tinha a menor dúvida de que tinha sido)
E ela respondeu pomposa:
- Não, não foi. O primeiro parto dela foi cesárea por restrição de crescimento e DHEG. Ela não chegou a entrar em trabalho de parto.
Lindo! Se já não bastasse meu desespero e nervosismo, a FDP ainda me destruiu na frente do preceptor, das outras residentes e de todos os meus colegas.
Que raiva!
Por isso que não gostamos dos residentes de fora. Essas pessoas vêm de outras faculdades, ocupam nosso espaço e não perdem uma oportunidade para detonar a gente.
Eu juro que não tinha preconceito com pessoas de fora. Eu até achava que eles poderiam adicionar conhecimento, trazer outras experiências. Achei que poderia ser produtivo.
Mas agora, depois de ter conhecido vários, posso dizer que a maioria deles é ruim, eles se acham muito, vivem roubando nossos procedimentos e não perdem uma oportunidade de dar rasteiras na gente. (Claro que há exceções, mas são raras)
Que raiva!!!
O pior é saber que vou ter que conviver e depender dessa menina pelas próximas 2 semanas...
Tá vendo? Eu tento ficar numa boa, fazer as coisas de forma feliz e animada... mas minha positividade atrai situações negativas... Que fazer?
Logo, fui avisada que teria visita à tarde. O preceptor passou quais seriam os leitos e os internos que deveriam apresentar os casos.
Eu não estava escalada, então, assim que acabei minhas obrigações, fui para casa almoçar (meus colegas que apresentariam os casos ficaram para preparar os detalhes de seus casos).
Quando voltei, às 14h, pronta pra visita, aparece o preceptor dizendo que ele tinha mudado de idéia, que ele não queria mais a paciente X. Agora, ele queria que apresentassem a paciente Y.
Como a lei de Murphy nunca me perdoa, a paciente Y era minha. Óbvio!
Fiquei desesperada. De manhã teve muita coisa pra fazer, não tinha tido tempo pra tirar uma história mais detalhada dessa paciente. Se ele tivesse me avisado antes, eu teria preparado o caso pra visita ao invés de ter ido almoçar, mas não.
Fui, cega, com a cara e a coragem (e a tremedeira, e a gagueira) e apresentei o caso mal e porcamente. Ok. Até aí o mico tinha sido médio.
De repente, me vira a residente, minha residente, aquela que deveria me ajudar, me apoiar, cobrir minhas costas quando eu estiver em apuros, e pergunta:
- Mas a paciente teve parto prematuro prévio?
Respondi:
- Teve, o primeiro parto dela foi prematuro. (Ela tinha me contado que foi, estava escrito no prontuário que foi, não tive tempo de tirar a história em detalhes para saber se foi mesmo, mas até aí eu não tinha a menor dúvida de que tinha sido)
E ela respondeu pomposa:
- Não, não foi. O primeiro parto dela foi cesárea por restrição de crescimento e DHEG. Ela não chegou a entrar em trabalho de parto.
Lindo! Se já não bastasse meu desespero e nervosismo, a FDP ainda me destruiu na frente do preceptor, das outras residentes e de todos os meus colegas.
Que raiva!
Por isso que não gostamos dos residentes de fora. Essas pessoas vêm de outras faculdades, ocupam nosso espaço e não perdem uma oportunidade para detonar a gente.
Eu juro que não tinha preconceito com pessoas de fora. Eu até achava que eles poderiam adicionar conhecimento, trazer outras experiências. Achei que poderia ser produtivo.
Mas agora, depois de ter conhecido vários, posso dizer que a maioria deles é ruim, eles se acham muito, vivem roubando nossos procedimentos e não perdem uma oportunidade de dar rasteiras na gente. (Claro que há exceções, mas são raras)
Que raiva!!!
O pior é saber que vou ter que conviver e depender dessa menina pelas próximas 2 semanas...
Tá vendo? Eu tento ficar numa boa, fazer as coisas de forma feliz e animada... mas minha positividade atrai situações negativas... Que fazer?
terça-feira, 21 de abril de 2009
Novo de novo
Hoje acordei (às 11h45, confesso!) e tive uma grande surpresa: consegui me enxergar no espelho.
Fazia meses que eu não conseguia me enxergar e, hoje, assustadoramente, meu reflexo estava lá de volta, me acompanhando.
Não sou mais Malcom.
Precisava mesmo descansar. Precisava de uns dias longe daquele hospital, um pouco de tranquilidade, um pouco de estudo, alguns filmes, muuuuita comida.
E para melhorar meu feriado e, principalmente, minha vida: me apaixonei.
Me apaixonei perdidamente pelo Twitter.
Como pude ser tão resistente a essa nova tecnologia. Leio a Rosana falar desse negócio há meses, fiz cadastro há semanas, mas só consegui apreciar nesse fim de semana. E estou amando.
Simplesmente abro minha página e lá estão todas as informações sobre o mundo. Eu quase nunca sei nada sobre o mundo e agora estou muito melhor informada do que qualquer pessoa que conheço (porque ninguém ainda usa twitter).
Acompanho a BBC (News, Health e Science), Time, G1, Folha, Guia da Folha, Centro Cultura, Catraca Livre entre outros tantos...).
Tenho várias fofocas "mundiais" para contar... e sei todos os programas culturais mais interessantes da cidade (não que eu vá participar de muitos, mas é bom poder escolher).
Aliás, acabei sabendo que o Ballet de Cuba vai se apresentar aqui em Maio. E eu não vou poder ir por falta de grana... Já gastei um dinheiro que não tenho para ir assistir "A Noviça Rebelde"... não dá pra gastar mais R$50,00 no Ballet (sim, o ingresso mais barato custa R$100,00!!!).
E fiquei sabendo também que a pianista Ana Fridman vai tocar obra de Chiquinha Gonzaga essa semana, de graça. E eu também não vou poder ir porque o concerto vai ser na Praça da Sé, às 19h da noite e eu não tenho coragem de andar por lá, sozinha, à noite.
Enfim, pelo menos sei que essas coisas vão acontecer e ainda tenho uma chance de conseguir uma companhia para ver o concerto. Hehehehe
Fazia meses que eu não conseguia me enxergar e, hoje, assustadoramente, meu reflexo estava lá de volta, me acompanhando.
Não sou mais Malcom.
Precisava mesmo descansar. Precisava de uns dias longe daquele hospital, um pouco de tranquilidade, um pouco de estudo, alguns filmes, muuuuita comida.
E para melhorar meu feriado e, principalmente, minha vida: me apaixonei.
Me apaixonei perdidamente pelo Twitter.
Como pude ser tão resistente a essa nova tecnologia. Leio a Rosana falar desse negócio há meses, fiz cadastro há semanas, mas só consegui apreciar nesse fim de semana. E estou amando.
Simplesmente abro minha página e lá estão todas as informações sobre o mundo. Eu quase nunca sei nada sobre o mundo e agora estou muito melhor informada do que qualquer pessoa que conheço (porque ninguém ainda usa twitter).
Acompanho a BBC (News, Health e Science), Time, G1, Folha, Guia da Folha, Centro Cultura, Catraca Livre entre outros tantos...).
Tenho várias fofocas "mundiais" para contar... e sei todos os programas culturais mais interessantes da cidade (não que eu vá participar de muitos, mas é bom poder escolher).
Aliás, acabei sabendo que o Ballet de Cuba vai se apresentar aqui em Maio. E eu não vou poder ir por falta de grana... Já gastei um dinheiro que não tenho para ir assistir "A Noviça Rebelde"... não dá pra gastar mais R$50,00 no Ballet (sim, o ingresso mais barato custa R$100,00!!!).
E fiquei sabendo também que a pianista Ana Fridman vai tocar obra de Chiquinha Gonzaga essa semana, de graça. E eu também não vou poder ir porque o concerto vai ser na Praça da Sé, às 19h da noite e eu não tenho coragem de andar por lá, sozinha, à noite.
Enfim, pelo menos sei que essas coisas vão acontecer e ainda tenho uma chance de conseguir uma companhia para ver o concerto. Hehehehe
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Tempo
Acabei de fazer minha programação de estudos para esse ano (pensando seriamente em prestar a prova de Residência, ao contrário de todos os meus planos anteriores) e descobri, óbvio!, que não vai dar tempo.
São cerca de 20 temas médicos principais que tenho que estudar (quero dizer, 20 áreas médicas médias que incluem uns 15-20 assuntos cada). Mas só faltam 28 semanas para o fim da faculdade.
Daqui a 28 semanas eu colo grau.
Como estudar toda a cardiologia em uma semana? E a Neuro então? (Alguém viu a reportagem do Fantástico ontem sobre os transplantes? E o neuro do HC falando que os alunos de Medicina tem 1 aula de coma durante a faculdade toda... e que no meio de tantos assuntos de diagnóstico e tratamento, essa aula acabava sendo subestimada?)
Essas últimas semanas estava sofrendo tanto porque parecia tão longe, porque já queria (e devia) ter me formado. Parecia que faltava tanto tempo...
E agora... parece tão tão tão perto. Meu cronograma ficou extremamente apertado e ainda não consegui me livrar do frio na espinha só de pensar que daqui a pouco serei médica e não tenho tempo para aprender tudo de essencial que falta para eu poder exercer a profissão.
Mas estou me sentindo bem melhor com essa pressão. A sensação de que ainda faltava muito tempo estava me matando. Cada plantão estava sendo um sofrimento intenso para mim.
Agora pelo menos tenho o desespero mais concreto da responsabilidade sobre as minhas costas e assuntos muito mais importantes para me preocupar do que com o tempo que perdi nesses últimos anos.
À luta!
São cerca de 20 temas médicos principais que tenho que estudar (quero dizer, 20 áreas médicas médias que incluem uns 15-20 assuntos cada). Mas só faltam 28 semanas para o fim da faculdade.
Daqui a 28 semanas eu colo grau.
Como estudar toda a cardiologia em uma semana? E a Neuro então? (Alguém viu a reportagem do Fantástico ontem sobre os transplantes? E o neuro do HC falando que os alunos de Medicina tem 1 aula de coma durante a faculdade toda... e que no meio de tantos assuntos de diagnóstico e tratamento, essa aula acabava sendo subestimada?)
Essas últimas semanas estava sofrendo tanto porque parecia tão longe, porque já queria (e devia) ter me formado. Parecia que faltava tanto tempo...
E agora... parece tão tão tão perto. Meu cronograma ficou extremamente apertado e ainda não consegui me livrar do frio na espinha só de pensar que daqui a pouco serei médica e não tenho tempo para aprender tudo de essencial que falta para eu poder exercer a profissão.
Mas estou me sentindo bem melhor com essa pressão. A sensação de que ainda faltava muito tempo estava me matando. Cada plantão estava sendo um sofrimento intenso para mim.
Agora pelo menos tenho o desespero mais concreto da responsabilidade sobre as minhas costas e assuntos muito mais importantes para me preocupar do que com o tempo que perdi nesses últimos anos.
À luta!
Como já era de se esperar, me rendi ao twitter.
E isso acabou resolvendo meus problemas de desatualização das notícias do mundo.
Vivo num mundo fechado e raramente assisto tv o que quer dizer que acabo não sabendo o que está acontecendo no mundo.
E, não, quando estou on-line não tenho paciência para ficar lendo sites de notícias. Até já tentei mas acabei desistindo.
Agora com o twitter estou recebendo notícias dos principais jornais do mundo, nas áreas que mais tenho interesse e de uma forma extremamente resumida - rápida. Era tudo o que eu precisava.
Não vou divulgar meu endereço lá porque não pretendo escrever, apenas ler. Sorry.
E isso acabou resolvendo meus problemas de desatualização das notícias do mundo.
Vivo num mundo fechado e raramente assisto tv o que quer dizer que acabo não sabendo o que está acontecendo no mundo.
E, não, quando estou on-line não tenho paciência para ficar lendo sites de notícias. Até já tentei mas acabei desistindo.
Agora com o twitter estou recebendo notícias dos principais jornais do mundo, nas áreas que mais tenho interesse e de uma forma extremamente resumida - rápida. Era tudo o que eu precisava.
Não vou divulgar meu endereço lá porque não pretendo escrever, apenas ler. Sorry.
sábado, 18 de abril de 2009
Reflexões
Está passando "Gremlins" na tv hoje.
Estou me divertindo assistindo. Esse filme é realmente muito bom!
E não consigo evitar de fazer um paralelo entre ele e a vida dos estudantes de Medicina. Eles chegam fofinhos, com idéias de fazer o bem, carinhosos e pacientes. Aí eles são jogados na piscina, alimentados com "junk food" após a meia-noite, bebidas alcoólicas e cigarros e se transformam em pequenos monstrinhos, que vão crescendo aos poucos, aprimorando seu lado ruim até se formarem.
Claro que não é a alimentação, o álcool ou a piscina que nos tornam monstrinhos, mas o sistema, a competição, a pressão...
Fato é que nos tornamos algo muito pior do que éramos quando entramos.
Quando eu estava no primeiro ano, na primeira semana de aula, conheci um veterano do 6º ano e comecei a perguntar sobre a vida dele, seus planos... ele me contou dos sonhos que tinha quando entrou na faculdade, que queria ajudar as pessoas, fazer uma clínica que pudesse atender pessoas de baixa renda. Disse em seguida que seus sonhos tinha sido levados embora, que naquele momento, ele só pensava em se formar logo e ganhar dinheiro. Porque ele já estava com quase trinta anos, não tinha casa nem carro, queria construir uma família e isso só poderia ser feito se ele ganhasse dinheiro, se matando de dar plantões.
E é isso que acontece com todos nós.
Terminamos a faculdade cansados de sermos explorados, cansados de dormir mal, passar fome... queremos sim ganhar dinheiro, construir uma família, comprar nosso carro, viajar, realizar nossos sonhos mais imediatos.
A idéia de fazer o bem, de ser solidário, de atender de graça... acaba sendo suprimida pelas nossas necessidades.
Na época em que conversei com aquele cara, achei um absurdo ele dizer aquelas coisas, achei muito tristes ele ter desisitido de seus sonhos de fazer o bem.
E hoje, dói muito admitir que me tornei isso também. Sou exatamente igual ao que eu abominava naquela época.
Pensar nisso me faz filosofar sobre tantas coisas diferentes...
Por exemplo: eu deveria ter responsabilidade... ao invés de estar vendo um filme na tv e navegando na net, eu deveria estar estudando. Alías, deveria estar me matando de estudar para suprir minha falta de conhecimento em tantas áreas essenciais da medicia. Tenho ainda tantas coisas importantes para aprender e ao invés de estudar fico dormindo, vendo tv, jogando joguinhos no celular.
Mas quem aguenta trabalhar tanto? estudar tanto? sem ter uma vida social/pessoal?
Hoje é fim de semana de feriado prolongado. Eu tenho direito de descansar, não? Como qualquer outra pessoa normal tem direito de tempo de descanso.
Na verdade, não sei se tenho esse direito não.
Assim como não tenho direito a horário de almoço (porque enquanto estou almoçando tem gente morrendo esperando meu atendimento - já ouvi isso tantas vezes esse ano... já fui acusada tantas vezes de omissão de socorro só porque parei de atender por 5 minutos para comer ou ir ao banheiro).
Escolhi ser médica e isso tira de mim o direito de ter uma vida, de poder me alimentar, dormir, fazer xixi...
Tenho tido uma vontade louca de fumar ultimamente...
Sei que isso é um absurdo. Sempre odiei cigarro, odeio o cheiro e odeio as pessoas que fumam perto de mim...
Mas tantas coisas são absurdas na minha vida...
Meu pai vai morrer em breve por causa dessa merda chamada cigarro.
Mas mesmo assim, sinto vontade de fumar. Muita vontade.
Preciso de uma válvula de escape para sobreviver a esses meses que ainda me restam na faculdade.
Sei que o cigarro não é uma válvula de escape razoável e não acho que eu vá realmente fumar (mesmo porque cigarro custa dinheiro e ultimamente não tenho dinheiro nem pra comer, que dirá para comprar rolinho de papel contendo dentro um monte de lixo, toxinas e nicotina).
Daqui a pouco, assim que terminar o filme, vou estudar. Estudar comendo para evitar perder mais tempo.
Pensando bem, esse estudo em si já é uma perda de tempo porque considerando que eu não tenho o menor prazer em ficar lendo sobre as milhares de complicações que podem levar uma grávida à morte, não acho que eu vá conseguir aprender muita coisa.
Aliás, por que é que as pessoas engravidam? Ter um parasita crescendo dentro delas, alterando todo seu metabolismo, sistema hemodinâmico, sistema imunológico, deixando seus corpos a beira de um colapso que pode matá-las a qualquer momento... Idéia estúpida.
Estou arborizando demais hoje.
Acho que é pelo meu bom humor de ter um feriado inteiro longe do hospital (depois de um traumático plantão quando ajudei a colocar mais um Davi no mundo).
Cara, esse filme é realmente sensacional!
Nunca tinha reparado em tantas paródias que ele faz de outros ótimos filmes e livros. Hilário e inteligente!
terça-feira, 14 de abril de 2009
Uau!
Era exatamente de algo assim que eu estava precisando: http://www.youtube.com/watch?v=9lp0IWv8QZY&feature=related
Susan Boyle canta, surpreende e emociona
(Encontrado no Querido Leitor).
Susan Boyle canta, surpreende e emociona
(Encontrado no Querido Leitor).
A Roda da Vida
Hoje acordei de mau humor.
Nenhuma novidade porque tenho acordado assim quase todos os dias.
Mas hoje foi diferente porque meu mau humor foi logo quebrado.
Quebrado por uma decepção seguida de tristeza.
Achei que tinha feito uma boa ação ontem. Juro que fiz com a melhor das intenções. Mas minha ação foi interpretada como uma ofensa.
Minha "amiga" ficou extremamente ofendida e ontem mesmo ela tinha me mandado um e-mail me xingado.
Mas eu não tinha visto o e-mail.
Encontrei ela hoje cedo e fui logo perguntando, animadamente, se ela tinha gostado do que fiz.
Tomei uma enorme porrada no meio da cara.
Não literalmente, claro, mas doeu tanto quanto... ou até mais.
Nessas horas faz muita falta alguém que nos diga que não fizemos mal, que fomos apenas mal interpretados.
Sei que "de boas intenções o inferno tá cheio", mas realmente não prejudiquei ninguém, juro. Nem indiretamente.
Acho que o que mais estou precisando nesse momento, mesmo!, é de alguém que consiga me fazer lembrar que não sou uma pessoa ruim (nem de caráter, nem como profissional, nem como amiga). Pelo menos, não na minha essência.
Posso ter agido de forma ruim nos últimos tempos, mas não sou má. E gostaria que as pessoas soubessem disso e me dessem um feedback.
Mas, dada a atual solidão, que só aumenta, minhas esperanças de me reencontrar foram depositadas sobre um livro, claro!
Estou lendo "A Roda da Vida", a biografia de Elizabeth Kubler-Ross.
Me consola saber que ela passou por situações semelhantes, o quanto ela sofreu para conseguir cada consquista... e venceu; que ela já foi muitas vezes mal interpretada, massacrada... e sobreviveu... e conseguiu superar e fazer o bem pra muita gente.
Nenhuma novidade porque tenho acordado assim quase todos os dias.
Mas hoje foi diferente porque meu mau humor foi logo quebrado.
Quebrado por uma decepção seguida de tristeza.
Achei que tinha feito uma boa ação ontem. Juro que fiz com a melhor das intenções. Mas minha ação foi interpretada como uma ofensa.
Minha "amiga" ficou extremamente ofendida e ontem mesmo ela tinha me mandado um e-mail me xingado.
Mas eu não tinha visto o e-mail.
Encontrei ela hoje cedo e fui logo perguntando, animadamente, se ela tinha gostado do que fiz.
Tomei uma enorme porrada no meio da cara.
Não literalmente, claro, mas doeu tanto quanto... ou até mais.
Nessas horas faz muita falta alguém que nos diga que não fizemos mal, que fomos apenas mal interpretados.
Sei que "de boas intenções o inferno tá cheio", mas realmente não prejudiquei ninguém, juro. Nem indiretamente.
Acho que o que mais estou precisando nesse momento, mesmo!, é de alguém que consiga me fazer lembrar que não sou uma pessoa ruim (nem de caráter, nem como profissional, nem como amiga). Pelo menos, não na minha essência.
Posso ter agido de forma ruim nos últimos tempos, mas não sou má. E gostaria que as pessoas soubessem disso e me dessem um feedback.
Mas, dada a atual solidão, que só aumenta, minhas esperanças de me reencontrar foram depositadas sobre um livro, claro!
Estou lendo "A Roda da Vida", a biografia de Elizabeth Kubler-Ross.
Me consola saber que ela passou por situações semelhantes, o quanto ela sofreu para conseguir cada consquista... e venceu; que ela já foi muitas vezes mal interpretada, massacrada... e sobreviveu... e conseguiu superar e fazer o bem pra muita gente.
domingo, 12 de abril de 2009
Às vezes é difícil dar valor a esses pequenos gestos de carinho
Minha vó esse ano resolveu comprar ovos de páscoa para a família.
Ela comprou 5. Desses, 2 eram de chocolate ao leite puro e 3 de chocolate branco crocante.
Um de chocolate ao leite ela deu para a cuidadora dela, restando então 3 brancos crocantes e 1 ao leite.
Considerando que meu irmão não come chocolate branco, ele ficaria com o único ao leite. Só restaram os 3 brancos crocantes.
Pena.
Eu gosto muito mais dos pretos. Chocolate branco não é chocolate de verdade, é uma imitação barata que nem contém cacau.
Perguntei para ela: "mas, vó, por que você comprou tantos iguais? existem tantos sabores...".
Ela não respondeu. Disse apenas que eu poderia levar o preto se eu quisesse e depois ela se acertaria com meu irmão.
No fim, acabei dando uma de salomão. Abri os dois ovos, peguei metade do preto e pus no branco (considerando que meu irmão vai dar mais da metade do ovo dele para a esposa, ela que fique com a parte branca). Acabei ficando com um ovo meio preto e meio branco.
Mas por que minha vó comprou tantos ovos brancos crocantes???
Simples.
Porque ela queria o melhor para nós.
E, para ela, o branco crocante é o melhor chocolate que existe na face da terra. É seu preferido.
Ela comprou 5. Desses, 2 eram de chocolate ao leite puro e 3 de chocolate branco crocante.
Um de chocolate ao leite ela deu para a cuidadora dela, restando então 3 brancos crocantes e 1 ao leite.
Considerando que meu irmão não come chocolate branco, ele ficaria com o único ao leite. Só restaram os 3 brancos crocantes.
Pena.
Eu gosto muito mais dos pretos. Chocolate branco não é chocolate de verdade, é uma imitação barata que nem contém cacau.
Perguntei para ela: "mas, vó, por que você comprou tantos iguais? existem tantos sabores...".
Ela não respondeu. Disse apenas que eu poderia levar o preto se eu quisesse e depois ela se acertaria com meu irmão.
No fim, acabei dando uma de salomão. Abri os dois ovos, peguei metade do preto e pus no branco (considerando que meu irmão vai dar mais da metade do ovo dele para a esposa, ela que fique com a parte branca). Acabei ficando com um ovo meio preto e meio branco.
Mas por que minha vó comprou tantos ovos brancos crocantes???
Simples.
Porque ela queria o melhor para nós.
E, para ela, o branco crocante é o melhor chocolate que existe na face da terra. É seu preferido.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Médica? Com essa carinha de criança?
Ontem, eu atendendo uma paciente no pronto socorro, era uma senhorinha. Eu já tinha tirado toda história dela e estava me preparando para examiná-la. Ela perguntou:
- O que você está escrevendo aí?
(Eu estava preenchendo o prontuário com a história dela) Só olhei para ela, sem entender, e não respondi. Ela mesma falou:
- Ah... são suas anotações, né?! Tudo bem, não tem problema.
Balancei a cabeça em sinal afirmativo e continuei escrevendo. Após alguns segundos, ela:
- Hum... será que vai demorar para o médico vir me atender?
Desacreditei e respondi calmamente que eu era da equipe médica, que ela já estava sendo atendida.
Não tive a curiosidade de perguntar quem ela achou que eu fosse.
- O que você está escrevendo aí?
(Eu estava preenchendo o prontuário com a história dela) Só olhei para ela, sem entender, e não respondi. Ela mesma falou:
- Ah... são suas anotações, né?! Tudo bem, não tem problema.
Balancei a cabeça em sinal afirmativo e continuei escrevendo. Após alguns segundos, ela:
- Hum... será que vai demorar para o médico vir me atender?
Desacreditei e respondi calmamente que eu era da equipe médica, que ela já estava sendo atendida.
Não tive a curiosidade de perguntar quem ela achou que eu fosse.
Consequências
As tristes consequências de uma fase ruim:
- perdi minha coleção de broches - perdi não, joguei fora sem querer. Simplesmente joguei fora junto com uma mala velha é só percebi agora, 2 meses depois
- comprei um celular em janeiro e ele não está funcionando direito. Beleza, ainda está na garantia de 3 meses. Mas... não tenho a nota fiscal. Perdi a porcaria da nota fiscal e agora não tenho como mandar o celular para a assistência técnia, a não ser que eu esteja disposta a gastar uma grana para isso (não estou!). Idiota!!! Como pude perder a nota fiscal do celular????
- perdi minha coleção de broches - perdi não, joguei fora sem querer. Simplesmente joguei fora junto com uma mala velha é só percebi agora, 2 meses depois
- comprei um celular em janeiro e ele não está funcionando direito. Beleza, ainda está na garantia de 3 meses. Mas... não tenho a nota fiscal. Perdi a porcaria da nota fiscal e agora não tenho como mandar o celular para a assistência técnia, a não ser que eu esteja disposta a gastar uma grana para isso (não estou!). Idiota!!! Como pude perder a nota fiscal do celular????
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Transparente
Já faz algum tempo que o outono chegou. E eu nem percebi.
Essa é minha estação do ano favorita. Muito sol em dias bem frios. Combinação perfeita! Uma maravilha!
Faz alguns dias que duas amigas minhas fizeram aniversário. E eu esqueci! Mandei mensagem hoje me desculpando.
Estou bem fora do ar ultimamente.
Só soube do G-20 porque no meio do meu plantão ontem (sim, voltei a atender pacientes - por obrigação) entrei numa sala onde tinha uma tv ligada e me chamou atenção um monte de gente fazendo manifestações. Nem sei direito o que estava acontecendo... E olha que me interesso bastante por esses assuntos.
Não consigo me encontrar... Para onde fui?
Essa sensação é muito estranha.
Me sinto como Malcom (personagem do filme "O Sexto Sentido").
Exatamente como Malcom.
Essa é minha estação do ano favorita. Muito sol em dias bem frios. Combinação perfeita! Uma maravilha!
Faz alguns dias que duas amigas minhas fizeram aniversário. E eu esqueci! Mandei mensagem hoje me desculpando.
Estou bem fora do ar ultimamente.
Só soube do G-20 porque no meio do meu plantão ontem (sim, voltei a atender pacientes - por obrigação) entrei numa sala onde tinha uma tv ligada e me chamou atenção um monte de gente fazendo manifestações. Nem sei direito o que estava acontecendo... E olha que me interesso bastante por esses assuntos.
Não consigo me encontrar... Para onde fui?
Essa sensação é muito estranha.
Me sinto como Malcom (personagem do filme "O Sexto Sentido").
Exatamente como Malcom.
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