Voltei a repensar se essa é mesmo a vida que quero... Cuidar de gente doente para o resto da minha vida, estar sempre tão perto da morte, tão perto do sofrimento humano mais intenso.
Voltei a pensar em parar a faculdade.
E pensando melhor, olhando para trás, vejo que é tudo culpa da Clínica Médica. Todas as vezes em que me senti "deslocalada", inútil, incapaz, sem talento, sem capacidade... eu estava na Clínica Médica. Com as outras especialidades, tive alguns baixos. Mas meus buracos, o fundo do poço mesmo, só aconteceu e acontece na Clínica Médica. Começou no segundo ano, depois no terceiro (nossa! nesse eu sofri), depois no quarto ano (eu queria me matar - se não fosse meu professor que era o mais maravilhoso de todos, eu teria largado) e agora no quinto. Odeio tudo naquele lugar, odeio o ambiente, odeio os residentes (infelizes, reclamões), odeio os assistentes (idiotas, exigentes, sem didática alguma, que nos tratam como imbecis), os pacientes (todos tão poliqueixosos, preguiçosos, deprimidos, mal cuidados, com doenças raras e/ou graves - isso quando têm diagnóstico)...
A primeira conclusão óbvio a que chego é: não nasci para ser clínica. Essa vida eu realmente não suportaria.
Tenho algum tipo de bloqueio com esse negócio. Tenho uma dificuldade absurda de aprender. É como se meu cérebro se recusasse a aceitar as informações vindas da clínica. Nem as coisas mais simples fazem sentido para mim lá. Confundo tudo, desaprendo tudo que leio, esqueço. Não sei por que, não sei como. Tempo perdido. Totalmente.
O que me ajuda a respirar é saber que só faltam duas semanas de trabalho, uma evolução de sábado e um plantão diurno, duas provas e alguns ambulatórios. Depois disso, passo para a enfermaria da MI. E aí vamos ver se essa sensação desesperadora muda, se passa ou se realmente vou acabar prestando vestibular de novo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário