domingo, 21 de setembro de 2008

Esqueci de comentar:
Mês passado tive uma paciente na enfermaria que tinha febre e um quadro pulmonar. Como ela tinha feito uma cirurgia no quadril recentemente e como seu Rx não mostrava condensação, ficamos na dúvida se ela tinha Pneumonia ou TEP. Para piorar a situação, ela era alérgica à contraste (e portanto não podia fazer angioTC - o melhor exame para diagnóstico de TEP).
Na dúvida, ela recebeu antibiótico e anticoagulante. Depois de vários exames inconclusivos, optamos tentar fazer a angioTC, tomando cuidados para evitar crise alérgica.
O exame veio negativo para TEP, ela teve apenas reações leves ao contraste, fechamos diagnóstico de pneumonia, ela terminou antibiótico, melhorou estado geral e teve alta.

Quando ela estava na UTI, antes de vir para a enfermaria, alguém pediu um Eco para ela. Ela tinha um sopro antigo e não sei por que resolveram fazer esse Eco. Ele ficou marcado para a semana seguinte da alta. Tudo ok.

Na semana seguinte, quando já nem mais pensávamos naquela paciente, ela voltou. O Eco mostrou uma enorme vegetação na valva mitral. Ela tinha uma Endocardite e nós comemos uma bola gigantesca.
A coitada foi reinternada para receber antibiótico.

Caraca! Fiquei pensando muito nesse caso. Se o cara da UTI não tivesse marcado esse Eco, ou se nós tivéssemos desmarcado (sim, pensamos em desmarcá-lo porque não achávamos necessário - nem sequer aventamos a possibilidade de EI), se ela tivesse perdido o exame... ela poderia ter tido um AVC, ficado com graves sequelas para o resto da vida ou, pior, podia ter morrido. Comida de bola imperdoável!!!

Mais um ensinamento para a vida toda: sempre pensar em EI! Principalmente paciente pós prótese, com sopro...

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