quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

Tenho tido problemas com meu computador ultimamente (pra variar) e por isso não tenho postado.
Hoje consegui entrar no blogger usando o computador do meu pai...

Pois bem, ao contrário dos meus planos, não vou poder trocar o template, nem terminar de catalogar os arquivos, nem fazer a faxina dos blogs, nem criar o template que prometi para o blog das minhas amigas... e o pior é que vou ter que ficar um tempão sem postar. Vou morrer de saudades...
Mas, aguardem, assim que eu voltar para facul, provavelmente dia 6, passo a publicar com mais frequencia e, se der, faço essa lista de coisas até fevereiro.


FELIZ ANO NOVO A TODOS OS AMIGOS!!!

E TORÇAM PELOS MEUS PROJETOS!!!
Sexta-feira tive um dia muuuuuiiittto bom, como há muuuuuuuiiiitttto tempo eu não tinha.
Acordei, me arrumei para ir para faculdade. Quando estava saindo, recebi um telefonema especial da minha irmãzinha de coração, a Amanda (ela tem me ligado todos os dias para cuidar de mim).
Cheguei na faculdade, depois de 2 horas de viagem, almocei correndo pois às 12h, eu tinha um compromisso importantíssimo.
Às 12:15, estava no meu compromisso: uma reunião com o super hiper poderoso da graduação. No dia anterior, eu tinha ficado sabendo que ele estava propondo aos alunos um projeto que é muito parecido com uma idéia que eu e um colega tivemos. Ele me contou que tinha apresentado esse projeto para um grupo de alunos mas eles não aceitaram, acharam que não era viável. Pois bem, eu e esse meu colega já tínhamos começado a estruturar o nosso projeto com o apoio da nossa turma, na tentativa de colocar nossa idéia em prática, só que acabou não indo muito pra frente por causa dos meus problemas durante o semestre. Nossa! Fiquei animadíssima com nossa conversa. Ele adorou a idéia, disse que vai dar todo suporte que precisarmos para a realização do projeto. Perfeito! Ficamos de montar juntos tudo melhor em janeiro, com a ajuda de mais gente da minha turma. O máximo! Adorei!
Saindo de lá, fui para sala pró-aluno, para dar um rápida checada nos meus e-mails (eu só tinha 15 minutos). Quando abri meu e-mail do blog, quase não acreditei no que li... Um amigo muito especial, um dos mais admiráveis, tinha me escrito um poema lindo. Ele fez um poema só para mim. Até chorei de emoção. Foi um dos presentes mais lindos que já recebi. Fiquei todos os 15 minutos, babando no computador e nem li os outros mails.
Às 13h eu estava em frente à biblioteca encontrando alguns veteranos. Tínhamos marcado para ir a uma fundação, para sabermos informações de uma comunidade carente com a qual pretendemos fazer um (ambicioso?) projeto de extensão (realmente de extensão). A visita foi muito legal! Relato mais detalhado no Blog Cidadania.
Voltei para casa, ainda correndo pois já era tarde e eu precisava me arrumar para um evento especial: uma viagem ao passado – a formatura da Amanda. Ela estudou no mesmo colégio que eu estudei da 5ª à 8ª série, o União Brasileira.
Antes de sairmos, minha irmã me deu a tão feliz notícia: a Amanda será a solista da Academia da Márcia no ano que vem. UAU! Ela merece muito! Ela é uma das melhores bailarinas que já vi dançar. Na academia da Márcia, da qual minha irmã também faz parte, as solistas são escolhidas de acordo com as notas: quem obtém a melhor nota do exame final, se torna solista no ano seguinte. Fiquei tão feliz por ela. Imagino que ela deve estar muito feliz, apesar de nervosa (ela sempre fica nervosa mas sempre faz tudo de maneira genial).
Bom, na formatura, encontrei meus professores queridos, a Márcia e o Geraldinho, várias pessoas da direção, da secretaria, a Terê... Foi tão bom, tão legal. O Geraldinho é uma das pessoas mais fofas que já conheci, outro dos meus 4 anjos da guarda. Foi ele que me deu muita força na época que eu quase pirei na 7ª série (com 13 anos eu já era bem maluquinha), ele que mais me cuidava e me exigia em todas as outras séries. Ele é lindo, é o máximo. Estávamos morrendo de saudade um do outro. Não nos víamos há mais de um ano. Aproveitei para abraçá-lo bastante e causar inveja em todas aquelas menininhas atuais alunas dele. Conversamos um pouco, ele já sabia de tudo que tinha acontecido com minha mãe (está sempre cuidando de mim, mesmo de longe), me deu muita força. Foi um momento mágico.
A formatura em geral foi muito legal. A minha irmãzinha de coração deu um show como oradora da turma. Meu orgulho!
Voltei para casa com os pés destruídos mas tão feliz... Foi um dia realmente muito especial. Como há muuuuiiitto eu não tinha.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

É incrível como me sinto mais em casa na faculdade do que na casa do meu pai ou na casa da minha vó. Quer dizer, sinto como se meu verdadeiro lar fosse a faculdade. Aqui me sinto totalmente plena, tenho minha família postiça (vários irmão, dois pai e duas mães). Tenho minha “cama”, minha sala, meu quarto de estudos, livros e computadores disponíveis, vizinhos chatos... É tudo tão especial.
Tem gente que não entende como eu consigo passar tanto tempo na facul. Acho que nem eu sei mas me sinto tão bem aqui que não faz a menor diferença se é uma faculdade ou uma casa. Para mim é o meu lar.
Vou passar as férias vindo aqui pois além de ter que estudar para as provas que não fiz (considerando que fiquei o semestre inteiro sem pegar em livros), estou fazendo alguns projetos com pessoas muito legais e tudo precisa estar pronto antes do recomeço das aulas. Mãos à obra.

Diálogo de ontem
- Mas, Paloma, é férias. Fica em casa, descansa, assisti TV... sei lá. Esquece a faculdade, faz qualquer outra coisa.
- É melhor ficar fazendo essas coisas do que ficar fazendo nada em casa. Assistir TV? Não tenho a menor paciência mais. Agora que me livrei desse vício, mal consigo passar perto de uma. Livros? Estou lendo Harry Potter. Achei que eu ia odiar, mas até que estou gostando. Já é uma diversão, viu? Além do mais, só estou fazendo coisas que eu gosto. Finalmente estou podendo fazer as coisas que eu gosto... Férias são para isso não são?
- Tá, mas eu ainda acho que você deveria ficar em casa dormindo porque quando a gente voltar para as aulas, você vai estar super cansada e não vai agüentar o tenebroso terceiro semestre.
- Um... projeções, planos... isso é futuro, é irreal. Depois a gente vê se vou estar cansada ou não, se vou agüentar ou não. Se eu estiver cansada e não agüentar, sempre têm alternativas. Dô um jeito.
- Beleza, então. Faz o que você achar melhor... você é quem sabe.
Cenas Inéditas:

Cena 1
Eu: -Pai, você vai sair?
- Vou.
Óbvio que ia. Ele estava se arrumando. Minha idéia era perguntar para onde, a que horas e quando ia voltar... igualzinho como eu fazia com minha mãe. Mas na hora me toquei do absurdo e não continuei.
Em vinte e um anos de convivência, eu nunca tive interesse em saber se meu pai ia sair, para onde, nem nada do tipo. Por que agora teria?

Cena 2
Meu pai andando de um lado para outro da casa:
- Onde estão meus óculos???
- Sei lá, pai. Nem vi.
- Que droga. Não sei onde deixei meus óculos.
- Xiiiii. Tá igualzinho a mamãe, perdendo os óculos pela casa...
- É mas eu só tenho um e sua mãe tinha um monte.
Pior ainda, né? Perdeu o único que tinha, ficou sem nenhum. Depois ele acabou achando não sei onde. Mas foi engraçado. A vida toda ele ficava zuando minha mãe porque dizia que não entendia como uma pessoa podia perder os óculos dentro de casa...

Cena 3
Eu arrumando o armário que era da minha mãe e ficou para mim e para minha irmã. Meu pai passou perto:
- Ah, arrumando, é?
- Finalmente, pode dizer.
- Finalmente...
Ele havia ficado indignado porque eu fico dormindo até uma 11h, não ajudo em nada na casa, não o ajudei com as coisas da mamãe, meu quarto está uma zona desde que cheguei há uma semana e não arrumei nada do que precisava, apesar de seus pedidos.
Engraçado é que sempre fui preguiçosa assim e ele nunca havia notado. Lógico, antes era minha mãe que ficava responsável por me cobrar as coisas ou por me pedir ajuda e ele achava que quando eu não fazia era porque ela não cobrava o suficiente, porque não tinha pulso firme... agora ele tá vendo.

Cena 4
Eu escrevendo no meu blog para falar do meu pai.
(haha Essa é a melhor!)

terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Professor com cara de bonzinho, inicia seu curso com uma gentileza admirável e uma incrível boa vontade. Aos poucos, vai mostrando suas garras, sua falta de ética, seu autoritarismo.
Dois alunos, querendo ajudar uma amiga, vão ao professor pedir um auxílio por ela. Ele, consciente de toda fraqueza de alunos desunidos, imaginando-os bobinhos e "politicamente vulneráveis", responde:
- Impossível! Não posso fazer isso. Eu sinto muito mas não poderei ajudá-la. Eu até entendo que o problema é grave e sinto muito mas não posso fazer nada. O que vocês estão pedindo é totalmente inviável.
OK, OK. Os aluninhos ingênuos, voltam com o rabinho entre as pernas dizendo "sentimos muito mas não teve jeito. Ele disse que não dá. Acho que você está ferrada."
A pequena garotinha, baixinha e magrinha, no auge de sua sensibilidade, mas já com plenos conhecimentos de politicagem, vai em busca de uma outra ajuda - digamos, mais poderosa.
Com um simples telefonema e falando-se em nome de deus, do "deus da graduação", consegue-se ouvir gentilmente daquele mesmo professor das garras:
- Ah, ela está precisando disso. Claro, claro. Podemos fazer quando ela quiser. Não se preocupe. Pode dizer para ela ficar tranqüila e vir me procurar, depois, que resolvemos tudo facilmente.

É o cúmulo! O cúmulo do absurdo! O cúmulo da politicagem barata! Como alguém com uma respeitável imagem de professor de uma das universidades mais conceituadas do país, se submete a tal coisa?

Mais um aprendizado: não importa o problema que você tenha na faculdade, é só falar com a pessoa certa, que tá tudo resolvido facilmente, sem o menor esforço. "Se era só esse seu problema, você não tem mais problemas. Está tudo resolvido, deixa por minha conta que vai dar tudo certo. E, se você tiver qualquer outro problema, pode vir me procurar que resolvemos rapidamente". Ser bem relacionado é o que há. Infelizmente.

domingo, 14 de dezembro de 2003

Acabo de montar a árvore de Natal.
Quando minha mãe estava doente, internada no hospital, ninguém na minha casa queria saber de árvore, nem de decoração - muito menos eu. Mas, agora que ela não está mais, acho que ela gostaria que montássemos tudo e fizéssemos uma festa bonita, com muita comida japonesa e cerejas com cabinho...
A árvore, ficou por minha conta e dos meus irmãos. Mas no fim eles deixaram tudo nas minhas mãos e só quiseram saber dos piscas e fios.
A festa, vai ficar por conta da minha tia, que mora atrás da casa do meu pai. É o melhor lugar para se fazer esse Natal, pois eu e meus irmãos que nunca gostamos muito, podemos ficar em casa, no sossego e descer só perto da meia-noite.

Às vezes ficamos nos perguntando se ela está por aqui, se ela está vendo o que estamos fazendo... Hoje, pela primeira vez, sentamos todos juntos na mesa para almoçar. Meus irmãos queriam que eu sentasse no lugar da minha vó e ela sentasse no lugar da minha mãe. Eu disse que não, que achava que o lugar da minha mãe deveria ficar sem ninguém. É o lugar dela. Mas eles disseram que não deveria ficar um buraco na mesa, que se a mamãe estiver aqui, de nenhum jeito ela vai estar comendo. "Pode até ser que ela sente na mesa com a gente mas comer ela não vai, você pode ter certeza."
Então tá. Acho que eles estão certos. Não temos porque deixar vago o lugar dela. Sempre que faltava alguém na mesa (meu pai, eu ou meu irmão), o lugar era ocupado por outra pessoa, por que agora seria diferente?

É estranho ficar pensando nessas coisas de "onde a pessoa está depois que morreu?". Eu nunca dei muita atenção para essa história de espíritos, mas agora faz diferença. Eu acho que ela está por aqui às vezes.
Quando eu era menor e ela falava de seu pai (que morreu quando ela tinha 9 anos), ela dizia que sentia a presença dele, que sentia que ele estava ajudando-a em alguns momentos.
Eu ainda não senti isso - mesmo porque ainda está muito recente - mas acho que gostaria muito de sentir. Aliás, quando conversei com o Dr. Victor sobre o falecimento da minha mãe, ele disse que a partir desse momento eu ia passar a senti-la muito mais próxima, muito mais presente do que quando ela estava no hospital. Ele disse que eu ia passar a sentir a presença dela, o cuidado dela. Na hora, eu não entendi direito o que ele quis dizer com isso mas pensando melhor, acho que tem a ver com essas dúvidas que pairam na minha cabeça e dos meus irmãos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Ontem, eu comecei a sentir uma profunda tristeza. Eu não estava suportando a dor. Comecei a chorar, chamei minha irmã para me dar um abraço. Ela veio, eu me acalmei, ela levantou e entrou no banheiro (ia tomar banho). Eu deitei. Passados 2 minutos, ela voltou chorando muito, soluçando, me abraçou e ficamos lá chorando um tempão. De repente, ela levantou e saiu do nosso quarto, entrou no quarto do meu irmão ainda chorando e soluçando. Ele ficou assustado, perguntou o que tinha acontecido, meu pai apareceu lá. Ela falou: “a Paloma tá lá no quarto chorando também”. Eu levantei, saí do quarto e dei de cara com meu pai. Ele me abraçou e me levou até meus irmãos. Ficamos os quatro sentados na cama do meu irmão, eu e a Jé chorando, meu pai e meu irmão tentando nos acalmar.
Meu pai falou que tinham dito pra ele que agora ele teria que ser mãe e pai mas ele acha que não vai conseguir “Mal consigo ser pai direito e agora vou ter que ser mãe? Não vou conseguir, mas eu quero que vocês saibam que sempre estou aqui pra vocês, sempre que vocês precisarem, quero que venham me procurar. Eu não tenho toda a sensibilidade da sua mãe, aquele jeitinho de falar, provavelmente vou falar da maneira rude como os homens falam, mas vou tentar ajudá-los, aconselhá-los.”
Foi um momento único, especial. Nunca tínhamos passado por nada parecido. Eu nunca tinha ouvido meu pai falar daquela forma, eu nunca tinha ouvido meu pai falar nada de nos ajudar. Nós nunca tínhamos nos apoiado tanto. Pelo menos uma coisa boa, toda essa desgraça trouxe: a união.
Quarta-feira fui até o hospital, com algumas rosas na mão. Precisava muito agradecer algumas pessoas que foram extremamente importantes nesses últimos dias.
Primeiro, levei ao meu anjo da guarda, o Dr. Victor. Ele não sabia do que tinha acontecido. Perguntou: “e a dona Cecy, como vai?”. Quando eu contei que ela havia falecido, ele ficou muito sem graça, me levou até o consultório, ficamos conversando. Ele foi muito fofo, como sempre. Ele disse que eu e minha mãe tínhamos ensinado muito a ele também (não entendi muito bem).
Depois, subi ao quinto andar, agradeci a Alívio (auxiliar de enfermagem) e a Eliane (chefe de enfermagem), elas estavam muito tristes. A Eliane disse que havia passado na UTI pela manhã para visitar minha mãe, quando ela ficou sabendo do que tinha acontecido. Elas ficaram sem graça com a rosa, não sabiam o que fazer com ela. Foi estranho.
Fui para faculdade, procurei a Patricia (uma das mães postiças que arrumei). Dei a rosa para ela, ela ficou muito lisonjeada: “É bom saber que minha presença faz diferença para alguém nessa faculdade”. Eu contei o que tinha acontecido, ela me abraçou forte, disse coisas muito bonitas, me deu muita força. Ela disse que agora ia cuidar de mim e como uma primeira ordem era para eu ir comer porque “você está muito magrinha, menina!”. Aliás, essa foi a frase que mais ouvi esses dias.
Fui almoçar com minhas amigas (Nati e a Juju da Paulista).
À tarde, continuei a entrega das flores. Primeiro foi a Sandra, psicóloga da equipe. Nossa! Essa sim foi uma pessoa essencial na minha vida, nesse último mês. O que essa moça fez por mim foi tão grande, tão importante, tão especial. Foi ela que me ajudou a entender tudo que estava acontecendo, que eu não conseguia digerir, ela me fez entender os acessos de raiva da minha mãe, que tanto me machucavam. Ela foi realmente muito importante. Quando entreguei a flor, ela olhou, se assustou (ela nunca esperava essa reação de mim). Começamos a conversar, ela viu que eu estava bem, que estava aceitando, disse que ficou arrepiada com as coisas que falei, com minha postura.
Depois, entreguei à Lúcia (auxiliar de enfermagem). Ela é uma das pessoas mais fofas que já conheci. Ela era a pessoa que melhor cuidava da minha mãe, era de quem minha mãe mais gostava. Os olhinhos dela encheram de lágrimas, ela não sabia o que fazer.
Apareceu a Kelly (chefe de enfermagem da tarde), dei a rosa a ela. Ela olhou com uma cara de espanto, sem saber o que dizer. Nós não nos dávamos muito bem. Eu briguei com ela uma vez (ela não tinha culpa), ela agiu de maneira arrogante, mas depois disso ela continuou tratando minha mãe com muita atenção, apesar de achar que eu a odiava. Para ela eu não disse nada, não agradeci nem nada, apenas entreguei a rosa como demonstração de carinho que minha mãe tinha por ela.
Desci à sala do Dr. Alfredo. Ele que havia conseguido a vaga para minha mãe lá no hospital. Se não fosse por ele, ela não teria tido todo aporte que teve. Além disso, na época que descobri que ela estava sendo mal tratada, ele foi quem mais me deu força, conversou com o pessoal da equipe, me ajudou a resolver o problema. Ele foi muito legal.
E, por último, mas não menos importante, fiquei correndo atrás da Ioio (ou melhor, Dra. Iolanda), minha outra mãe postiça. Quando a encontrei, ela estava no ambulatório. Entreguei a flor, ela me abraçou muito forte. Sem me soltar, ela perguntou como estava minha mãe. Eu disse. Ela me abraçou mais forte ainda, chorou, me levou para o consultório. Ficamos conversando, ela me dando força, me abraçando muito. Ela tem um dos melhores abraços! A Iolanda é a pessoa que mais sabe da minha família naquela faculdade, apesar de ser a pessoa que conheço a menos tempo. Acho que só a conheci mês passado. Mas, desde o primeiro momento, ela quis saber tudo, quis ajudar em tudo, quis me levar para casa dela para jantar com sua família, chorou comigo na Segunda-feira quando eu estava muito mal, me fez entender melhor o que estava acontecendo, me deu muito apoio. Ela é o máximo. Agradeci por tudo, ela me fez prometer que iria jantar na casa dela algum dia. E ficou de resolver meu problema com o idiota do Giovanetti (um dos professores mais cruéis que já conheci).
Quando voltei para minha casa, eu estava bastante cansada, mas estava mais feliz. Me fez muito bem agradecer essas pessoas. Mesmo eu achando que algumas delas não gostaram muito. Recebi muito apoio de todos, ganhei papéis com números de telefones para “ligar quando precisar, quando estiver tristinha, quando estiver feliz, quando quiser”. Foi muito bom mesmo.
Como traduzir essa dor tão grande que tomou conta de mim?
Impossível. Ela não é verbalizável...
Eu nunca imaginei que pudesse existir um sentimento tão intenso, uma dor tão profunda. A gente vê as pessoas chorando, sofrendo e a gente acha que é capaz de entender, que a gente é capaz de pelo menos ter uma noção do que aquela pessoa está passando. Mas não, agora eu sei que não somos capazes de imaginar o quanto dói.

Meu consolo é que sei que agora ela parou de sofrer. Se foi melhor para ela assim, então, que seja assim. Eu vou sentir muito ainda, vou chorar muito mas vou acabar aceitando.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

Essa noite sonhei que tinha um filho.
Estava grávida, fiz o parto e depois ele já estava andando. Era um menino lindo, com cabelo cheio de cachinhos... Minha mãe estava me ajudando a cuidar dele.
Em certo momento ele sumiu, fiquei desesperada procurando. Minha mãe também tinha sumido.
Fui achá-los no quarto da minha mãe, no antigo apartamento que morávamos, eles estavam dormindo como anjinhos. Lindo!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2003

Três dias de intensas atividades, muito estresse e várias dificuldades...
Como estou? Impressionantemente bem. Não perfeitamente bem pois corri esses dias todos e estou bastante cansada mas não estou deprimida, chateada, triste ou afins, como ficava antes.

Hoje: passei para ver minha mãe de manhã - tive que ouvir uma bronca da amiga dela "o que está acontecendo é um absurdo! Sua mãe tem família, milhares de amigas e fica aqui sozinha, abandonada, ela está precisando de mais cuidados, sabia? A assistente social conversou comigo e me explicou a situação. Por que seu pai não vem? Por que seus irmãos não vêm? Por que as amigas não ajudam? Vamos ter que fazer alguma coisa!!" Beleza! Como se eu não estivesse atolada de coisas pra fazer e problemas pra resolver...
Fui pra Liga de ICC e lá fiquei até uma 11h30. Voltei para ver minha mãe e tentar conversar com o residente, que disse "agora não vai dar porque tenho que passar visita com o Preceptor. Espere aí, tá?" Como se eu não tivesse mais nada pra fazer...
Esperei o máximo que deu mas tinha hora marcada no médico e não podia me atrasar. Saí correndo, passei na consulta, depois fui tentar fazer uma pesquisa de campo na facul para os textos do Centro Acadêmico, que me comprometi a escrever. Ouvi um "volta daqui a meia hora?". Fui almoçar correndo, voltei em 40 minutos. Entrei na sala, a mulher estava desesperada, com problemas... conversamos, fiz minhas perguntas tentando não reparar em seu estresse, resolvi o problema e saí o mais rápido que consegui.
Voltei ao hospital para tentar falar com o médico. Achei a assistente social que quis conversar comigo para dar uma pressionada. Depois veio a psicóloga. Mas o médico, nem aí.
Esperei pra ver se ele se tocava e vinha falar comigo mas nada. Até que ele sumiu de seu posto. OK, resolvemos de outra forma: fui até o laboratório procurar o chefe da equipe (vantagens de ser mais amiga dos assistentes que dos residentes). Me fez esperar, óbvio. Mas conversamos. Ele me falou que o cat da minha mãe estava melhor do que eles esperavam e que ela entra na fila de transplante. Eu disse que estava preocupada pois ela está piorando muito: hoje, nem sequer conseguia ficar acordada de tão fraco que seu coração está (hipótese). Ele disse que havia alternativas como aumentar a medicação ou transferi-la para UTI, em último caso. Great! Pelo menos tem alternativa... Nessas alturas já eram 17h. Eu tinha reunião às 17h30. Advinha se fui? Claro que não. Tive que ficar lá porque ela estava realmente muito mal. Consegui sair às 19h, a reunião já havia acabado.
Em total desespero, pedi auxílio para a Prika. Por quê? Porque eu tenho prova amanhã de manhã, não assisti nenhuma aula da matéria, e, com toda essa correria, nem toquei em livro, xerox de caderno, nada. Ela me aconselhou a decorar os hormônios da digestão e o que cada um faz (ela já fez a prova). Só isso? haha, até parece que vou conseguir... Pelo menos vou tentar decorar os principais. Foi uma ótima dica mas não tenho tempo hábil.
Por que estou escrevendo aqui ao invés de estar estudando? Porque não estou com um bom pressentimento e preciso voltar ao hospital para ver como minha mãe ficou. Mas, não adianta eu voltar lá 20min depois que saí, porque se ela for ficar pior, vai demorar um pouco. Então, vim aqui na bibli, desabafar um pouquinho e dar uma enrolada. Já tô voltando para lá.
Depois vou pra casa, vou ligar pro meu pai porque ele está fugindo e eu não vou aguentar a barra sozinha, vou dormir, acordar às 3h30 para decorar meus hormônios, sair às 6h30 e voltar para correria. Tenho a prova, preciso escrever o texto, tenho reunião na hora do almoço, não posso deixar de ver minha mãe e preciso estudar muito para a prova cumulativa de sexta. Já cansei só de pensar...

A pérola do dia: a psicóloga dizendo "será mesmo que existe essa super-mulher aí dentro de você, será que você vai aguentar segurar tudo isso sozinha? Não tá na hora de seus irmãos, que já são bem grandinhos, assumirem responsabilidade também?"
Isso tudo só porque eu disse que não estava sabendo de quem eu ficava mais do lado: se da minha mãe que está precisando de cuidados ou se do meu pai que não está conseguindo lidar com a situação. Eu quis dizer: não sei se pressiono meu pai para vir aqui porque minha mãe está precisando, mesmo sabendo que ele está mal. Acho melhor deixar isso pra lá, por enquanto. "Encaminha! Encaminha!"

Nossa! Acabo de lembrar que ainda não comi nada, desde o almoço... Quando vou comer? Provavelmente só amanhã depois que eu acordar. Desse jeito, definharei mais e mais na minha magreza!

terça-feira, 2 de dezembro de 2003

FOTOS!!! FOTOS!!!!
Ultimamente tenho pensado se seria muito ruim publicar algumas fotos aqui no blog. Talvez não seja das melhores coisas e eu nunca gostei desse tipo de exposição (ó a tímida falando!). Mas, como a Pri e a Robis disponibilizaram várias fotos nossas na faculdade e na casa da Pri, resolvi aproveitar algumas para colocar aqui no blog, para vocês me conhecerem um pouquinho mais.
Gostaria de dedicá-las especialmente ao Mauro e ao Martin (meu e-amigo do Uruguai), que me pediram fotos e eu não mandei ainda.
A qualidade não está muito boa mas acho que quebra um galho.

Bom, essa primeira, mais "light", somos a Felicia (de verde), a Pri (a outra japa), eu (com a almofada de flor e a cara de sono) e a Robis (com a linda manta colorida da Pri), na casa da Pri, numa linda tarde de divertimento, comida boa (feita pela Robis e pela Fê) e um filme lindinho. Ah, quem tirou a foto foi a Larissa.




Essa foto horrorosa, tiramos no laboratório do ICB, numa aula prática de Fisio Cardio. Sou eu (horrorosíssima), deitada na bancada. A Larissa estava tentando me matar e eu gritei! Brincadeirinha!! Na verdade, ela estava medindo minha pressão para um experimento, quando os meninos resolveram me zuar. A Pri veio tirar a foto, eu reclamei; o Tiago, sem que eu percebesse, veio do outro lado e apertou minha barriga. Eu levei um puta susto com ele e gritei. A Pri bateu a foto.
O pior dessa história é que eu dei um berro muito alto e a sala inteira (inclusive os professores) olharam para a palhaça, mas ninguém percebeu o que o Tiago tinha feito. Todo mundo, inclusive a Pri, acho que eu gritei por causa do flash da máquina. Que kingkong!!




Essa última, bonitinha, é da festa do Havaí, na Atlética da facul. Da esquerda para direita: o João (amigo da Pri), a Pri, a Fernanda com o namorado, eu, a Lu, a prima da Lu, o Gabriel e a Larissa. Dá pra perceber que está no começo da festa... todo mundo ainda limpinho e sóbrio. hehe





segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

Acabo de ir ao hospital visitar minha mãe.
No elevador, encontrei meu anjo da guarda, o Dr. V. Descemos no mesmo andar e ficamos conversando um pouco. Eu agradeci pela conversa da semana anterior, que tinha rendido bons frutos.
Encontramos a amiga da minha mãe que disse que ela tinha acabado de descer para o cateterismo. Eu teria que ficar lá esperando cerca de 1h30 até acabar o exame.
O Dr. me chamou para conhecer seu laboratório, sentou, ficamos conversando. Ele perguntou:
- Vai fazer o que agora, está ocupada?
- Não. Eu ia ficar um pouco com minha mãe mas já que ela não está...
- Ah... então vem cá comigo. Vamos ao terceiro andar para vê-la.
Ele foi muito fofo (mais uma vez). Me levou até a hemodinâmica, entrou na sala comigo, tranquilizou minha mãe, que estava um pouco assustada com todo aquele aparato, me explicou tudo sobre o exame e me convidou para assistir um outro ("quando for um outro paciente porque é estranho quando é parente nosso, né? Eu, pelo menos, não gosto de assistir nada invasivo que envolva minha família. Quando você quiser a gente vem, tá?").
Saimos conversando, ele disse que se eu quisesse poderia ficar lá esperando, me apresentou a tiazinha da porta, que antes havia tentado me barrar ("Quem é essa mocinha? Filha?? Olha, ela não pode ir lá, não. Não pode entrar.") mas que depois se mostrou gentil (provavelmente depois que viu meu crachá pendurado no moleton).
Prefiri não ficar lá esperando. Seria muito tempo, seria muita angústia. Vim para faculdade pois preciso estudar para prova de amanhã (Anato Dig.), só que está tendo reunião do Centro Acadêmico, da qual eu gostaria de participar. Na dúvida do que fazer, acabo aqui, no computador, não fazendo nenhuma das duas coisas.
Acho que vou é sair para comer...
Dois violinos, um órgão e três vozes harmoniosas foram o suficiente para fazer desaparecer meu medo de altura.
Eu estava no 4º andar do PAMB (Prédio dos ambulatórios) esperando para falar com uma médica e comecei a ouvir uma música linda. Fui até o espaço aberto e olhei para baixo. No 1º andar estavam tocando e cantando. Fiquei lá olhando para baixo, sem nem me importar com a altura. Estava tudo tão lindo...