domingo, 14 de dezembro de 2003

Acabo de montar a árvore de Natal.
Quando minha mãe estava doente, internada no hospital, ninguém na minha casa queria saber de árvore, nem de decoração - muito menos eu. Mas, agora que ela não está mais, acho que ela gostaria que montássemos tudo e fizéssemos uma festa bonita, com muita comida japonesa e cerejas com cabinho...
A árvore, ficou por minha conta e dos meus irmãos. Mas no fim eles deixaram tudo nas minhas mãos e só quiseram saber dos piscas e fios.
A festa, vai ficar por conta da minha tia, que mora atrás da casa do meu pai. É o melhor lugar para se fazer esse Natal, pois eu e meus irmãos que nunca gostamos muito, podemos ficar em casa, no sossego e descer só perto da meia-noite.

Às vezes ficamos nos perguntando se ela está por aqui, se ela está vendo o que estamos fazendo... Hoje, pela primeira vez, sentamos todos juntos na mesa para almoçar. Meus irmãos queriam que eu sentasse no lugar da minha vó e ela sentasse no lugar da minha mãe. Eu disse que não, que achava que o lugar da minha mãe deveria ficar sem ninguém. É o lugar dela. Mas eles disseram que não deveria ficar um buraco na mesa, que se a mamãe estiver aqui, de nenhum jeito ela vai estar comendo. "Pode até ser que ela sente na mesa com a gente mas comer ela não vai, você pode ter certeza."
Então tá. Acho que eles estão certos. Não temos porque deixar vago o lugar dela. Sempre que faltava alguém na mesa (meu pai, eu ou meu irmão), o lugar era ocupado por outra pessoa, por que agora seria diferente?

É estranho ficar pensando nessas coisas de "onde a pessoa está depois que morreu?". Eu nunca dei muita atenção para essa história de espíritos, mas agora faz diferença. Eu acho que ela está por aqui às vezes.
Quando eu era menor e ela falava de seu pai (que morreu quando ela tinha 9 anos), ela dizia que sentia a presença dele, que sentia que ele estava ajudando-a em alguns momentos.
Eu ainda não senti isso - mesmo porque ainda está muito recente - mas acho que gostaria muito de sentir. Aliás, quando conversei com o Dr. Victor sobre o falecimento da minha mãe, ele disse que a partir desse momento eu ia passar a senti-la muito mais próxima, muito mais presente do que quando ela estava no hospital. Ele disse que eu ia passar a sentir a presença dela, o cuidado dela. Na hora, eu não entendi direito o que ele quis dizer com isso mas pensando melhor, acho que tem a ver com essas dúvidas que pairam na minha cabeça e dos meus irmãos.

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