segunda-feira, 17 de novembro de 2003

Respondendo aos comentários do texto sobre os ratinhos (Adorei a produção intelectual que gerou, obrigada!)

Primeiramente percebo que algumas coisas podem não ter ficado claras no meu texto e eu gostaria de esclarecê-las:
- eu não sou totalmente contra a utilização de animais para a produção de conhecimento. Eu sou a favor da utilização, desde que ela seja feita com critério, desde que não vá causar sofrimento para eles. Nessa aula especificamente, fui totalmente contra porque não se produziu conhecimento útil nenhum (o que algumas pessoas disseram que aprenderam podia ser aprendido nos livros), fez-se muitos dos animais sofrer (muitos não foram anestesiados adequadamente e foram pregados e cortados mesmo assim) e porque quem estava realizando o experimento (os alunos) não estava apto a lidar com o material, nem tratar com ratos (a maioria nunca tinha visto um)
- eu sei que a professora ao entrar na sala disse que aqueles ratos não serviriam mais para experimentos e que "seriam descartados" como ela falou. Isso não nos dá o direito de "brincar" com a vida deles do jeito que quisermos. Além do que não podemos ter certeza do que ela contou

*Não é matando ratos desse jeito que aprenderemos como lidar com nosso psicológico para fazer cirurgia. Um dia faremos cirurgia em cachorros, que, inevitavelmente, morrerão depois, mas, espero, que tenhamos o mínimo de conhecimento para manipular os instrumentos (principalmente para dar anestesia) e para evitar seu sofrimento. Cirurgia em pessoas são "menos piores" porque você sabe que está fazendo aquilo para curar. Você sabe que não está fazendo aquilo para matar.

*Eu realmente espero que eu nunca me acostume com esse tipo de coisa porque, como eu falei no texto, quem se acostuma (palavra horrível) com isso, quem aceita numa boa, tem muito maior chance de aceitar atrocidades que médicos fazem no hospital simplesmente porque para eles é o jeito mais fácil, simplesmente porque aprenderam assim, se acostumaram e nunca pararam para pensar de que maneira estão afetando o paciente com isso

*Aprender a lidar com a morte e com sofrimento faz parte da vida realmente mas aprender a lidar com assassinato e tortura, não faz parte - pelo menos não da minha vida, nem do meu curso médico. Matar curiosidade matando rato (ou qualquer outro animal) é algo que eu nunca pretendo fazer. Curiosidade eu também tenho de monte. Tenho curiosidade de ver a motilidade em funcionamento, a circulação, sei lá, um monte de coisa, mas não é por isso que vou sair por aí pregando animais, abrindo suas barrigas, matando-os.

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