(Antes de começar esse, leia o post publicado antes)
O post anterior, eu escrevi na terça-feira, durante a tarde, no computador da minha casa (que não tem internet). Depois, comecei a arrumar umas fitas, catalogar umas gravações.
Numa dessas gravações, com a Sandy e o Junior (eu tenho milhares), havia alguns depoimentos da família e de amigos deles. Assisti a tudo e, no fim, identifiquei algo muito real.
Cada “personagem” de nossas vidas estava bem representado ali, com todas as suas características comuns: os avós saudosos e preocupados, contando histórias; os tios próximos ou distantes mas sempre se fazendo ouvir; os amigos carinhosos e companheiros; o pai ciumento, “cuidador”; e a mãe... como definir a mãe?
Depois de ouvir tudo aquilo (desconsiderando se é verdadeiro ou algo fabricado pela mídia, como acreditam alguns), me lembrei daquele post que eu tinha escrito poucos minutos antes. Imediatamente, percebi qual é o meu problema maior, qual é a minha necessidade máxima e porque ela é tão grande.
Meu problema é falta de pais, principalmente falta de mãe. Pelo lado bom, não tenho ninguém que controle meus passos que me permita ou me proíba de fazer algo, que chame minha atenção pelas besteiras ou que puxe minhas orelhas de vez em quando. Mas, pelo outro lado, não tenho ninguém que me dê colo, que me dê um beijo de boa noite, que me pergunte como está a faculdade, que me ajude a resolver os problemas e sair das enrascadas, ninguém que me ouça atenciosamente, como uma mãe faz... como minha mãe fazia quando estava bem.
Me diz se essa descrição, que escrevi no post anterior, não é a descrição de uma mãe:
“preciso que você sente comigo durante um tempão, me oferecendo atenção exclusiva, que falemos dos meus problemas e você me dê conselhos (nem precisam ser bons), que no final você me abrace muito forte e diga que a qualquer momento que eu precisar eu posso te procurar, posso te ligar que você vai estar disponível para mim”.
Não sei se é a descrição de todas as mãe, mas é muito próxima da descrição de como a minha mãe era. Principalmente a parte do falar dos meus problemas com atenção exclusiva e do estar disponível para mim a qualquer momento. Minha mãe nunca foi muito presente – ela passava o dia todo em shoppings ou na casa das amigas, mas, depois que me mudei para casa da minha vó, ela passou a se dedicar muito a mim. Sempre que eu telefonava, ela vinha correndo me acudir, me ajudar, no que quer que fosse. Ela sempre me ouvia e me dava broncas e eu sempre a ajudava a resolver seus problemas.
E agora, como é?
Agora, parece que eu é que sou mãe dela. Sou eu que sempre corro quando ela liga; eu que tenho que me fingir bem e me fingir forte para ela não se preocupar e saber que poderei ajudá-la; eu que a ouço e que dou broncas; eu que passo minha noites preocupada, na beira de sua cama (quando ela está no hospital), e passo meus feriados e fins de semana, lá, cuidando dela, levando-a para o médico.
Além de ter “perdido” minha mãe como MÃE, tive que me tornar uma mãe, de uma hora para outra.
São as coisas da vida e eu terei que aprender a conviver com elas, querendo ou não, sofrendo ou não.
Mas, para não perder o costume da exigência, ainda tenho esperanças que os meus amigos me ajudem a tampar esse enorme buraco e a segurar essa barra. Quem sabe um dia eu consiga deixar de ser triste (como dizem) e o final seja mais feliz...
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