Putz, ainda bem que estou fazendo o estágio de Clínica Médica agora e não no fim do ano.
Estou em profundo desespero.
Mais uma vez meu bloqueio em relação a essa especialidade se manifesta e eu tenho vontade de me matar. Detesto, não tem jeito.
Cada pergunta que o Assistente me faz, fico me segurando para não responder: "Não sei e não estou interessada".
Hoje no ambulatório, o chefe me perguntou se eu tinha testado os "trigger points" da paciente com suspeita de fibromialgia. A resposta foi, obviamente, "não".
Aí ele pediu para que a outra assistente, que é reumatologista, viesse me ensinar. Eu espremi meus lábios para não responder: "não precisa, não vou aprender mesmo, não tô interessada".
Na boa, eu sei que é importante. Eu sei que aprender Clínica Médica é essencial para qualquer médico. Mas eu não consigo. Eu simplesmente detesto atender adultos.
As pessoas me dizem que é perigoso dar plantão de Pediatria sem ter feito residência, que é muito mais seguro dar plantão de Clínica Médica. Mas tenho certeza que para mim é o contrário. Dando plantão de Clínica eu vou acabar colocando a vida das pessoas em risco porque simplesmente não consigo reter informações sobre essa especialidade.
Por exemplo, se eu atendesse uma paciente com hipertireoidismo, tomando metimazol e com gripe e febre há um dia, eu ia dizer que não é nada, que é a gripe e ia mandar pra casa com antitérmico com orientações de retorno se necessário.
Erro gravíssimo!!!
A mulher pode ter uma agranulocitose por causa da medicação e minha conduta de mandá-la pra casa sem colher hemograma pode colocar a vida dela em risco!
Nesse momento eu sei disso, porque atendi uma paciente assim hoje. O problema é que daqui há 6 meses, não vou lembrar dessa informação.
Não vou conseguir me lembrar de TODAS as coisas essenciais que preciso me lembrar sobre as principais doenças. Sei que não vou.
Com a Pediatria é diferente. As informações fazem sentido pra mim e acabo me lembrando das principais intercorrências. Os plantões são sempre mais pesados e a gente sempre corre o risco de atender uma criança grave. Mas consigo fazer meu cérebro funcionar, consigo no mínimo me lembrar que a doença tal tem alguma coisa de diferente em relação à conduta (posso não me lembrar exatamente o que e como, mas sei que preciso procurar - a luz vermelha acaba acendendo, entende?).
Enfim, não aguento mais me sentir uma "dumb" retardada. Não aguento mais ter que me segurar para não mandar meus chefes à merda. Tá difícil suportar esse estágio... Mas é a última semana.
Depois vem a cirurgia e eu vou poder fazer apendicectomias do começo ao fim e consertar hérnias. Não serei mais apenas uma instrumentadora inútil mas sim uma cirurgiã (de procedimentos simples, claro!)
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