Dois médicos que trabalham na mesma equipe. Ele rouba e publica um trabalho dela sobre um caso que eles atenderam. Ela surta, briga com ele e com todo mundo (também médicos) que vê acontecer e ninguém faz nada (todo mundo acha que ela está "overreacting", que o que ele fez foi pensar nele e fazer por ele, para ele crescer na carreira e que isso é normal).
Eis o diálogo final:
(She) - If we don't this not to get in the way of our friendship, I think we both have to apologize and put it behind us.
(He) - I like you, really. We have a good time working together. But 10 years from now, we're not gonna be hanging out and having dinners. Maybe we'll exchange Christmas cards, say hi, give a hug if we're at the same conference. We're not friends. We're colleagues. And I don't have anything to apologize for.
Seria só mais uma cena de um seriado americano... se eu não vivesse isso na pele todos os dias e me indignasse. Talvez o que eu tenha que fazer seja entender e aceitar essa resposta dele... para conseguir sobreviver nesse meio com um pouco mais de serenidade.
Não consigo me imaginar fazendo nada parecido para crescer na carreira. Se depender disso para crescer, serei uma anã para sempre, "uma clinicazinha qualquer" como dizem minha irmã e meu pai.
Mas se eu conseguisse aceitar que as pessoas de lá não são minhas amigas, que elas me consideram apenas suas colegas e que não vão pensar duas vezes em me prejudicar e prejudicar pessoas que eu gosto para se dar bem... talvez eu viveria melhor, estudaria mais, me divertiria mais com os que ainda não me passaram a perna.
Afinal, se até uma das minhas melhores amigas, alguém em quem eu confiava de olhos fechados, foi capaz de prejudicar enormemente outra pessoa para se dar bem (para "defender" seu internato, como ela costuma dizer), porque qualquer outra pessoa não faria isso???
Aliás, como todo mundo colhe o que planta (pode demorar, mas todo mundo colhe), ela já se arrependeu do que fez e foi correndo atrás da pessoa que ela tinha prejudicado para pedir ajuda... Não é interessante?
"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
domingo, 30 de dezembro de 2007
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Incrível como é difícil abrir mão de uma sensação boa, de um passado rico em bons momentos...
Talvez grande parte do meu sofrimento atual seja decorrente disso, da minha dificuldade de abrir mão da oportunidade de sentir determinadas emoções em determinadas situações que já senti no passado.
Estava vendo uma entrevista de dois artistas na tv hoje e eles retrataram uma situação que iluminou meus sentimentos, traduziu uma sensação estranha, uma angústia que eu não conseguia explicar antes. Eles estão abrindo mão de algo, para poder abrir novas portas, para explorar a escuridão que aparece afrente, o desconhecido.
Momento de transição.
Que causa medo, insegurança... dá vontade de voltar atrás, escolher o caminho mais seguro e confortável e ficar ali, esperando sentir novamente e viver novamente situações do passado... que foram tão boas... mas são passado.
Simples assim.
A vida é feita de escolhas. E para escolher algo, a gente tem que abrir mão de muitas outras coisas, entre elas, tesouros, jóias que guardamos por muito tempo, venerando-as, mas que agora precisamos "nos livrar" delas para abrir espaço para novas oportunidades, para novos momentos bons, para novas sensações tão boas ou muito melhores que as anteriores.
Aquelas frases que postei dias atrás dizendo que as pessoas vão esquecer das nossas palavras, dos nossos atos mas nunca de como nós a fizemos se sentir, tem um significado para mim, nesse momento, muito muito muito maior do que teria em outros. Porque além de uma possibilidade de fazer as coisas de uma forma melhor, pensando em como as pessoas vão se sentir, essa frase me faz carregar todo um passado do qual preciso abrir mão e não consigo. Já esqueci as palavras que foram ditas, já esqueci os atos, mas não consigo esquecer (e não consigo admitir não ter mais) a sensação, o bem-estar, o prazer, a segurança, o acolhimento, o companheirismo e principalmente a sinceridade.
Preciso fazer isso. Preciso abrir mão e abrir espaço. Andar para frente, viver o presente e construir um futuro. O momento é de transição e está sendo doloroso. Mas a cada dia vejo meu progresso, a cada dia enxergo a situação de um novo ângulo, revivo situações e emoções, mudo minhas teorias loucas, construo novas possibilidades de futuro. Estou longe, muito longe de terminar meus 60 dias (não literalmente) mas a cada risco no calendário uma nova porta de possibilidades se apresenta. E no final, vou poder fazer minha escolha com a cabeça e o coração abertos.
Assim espero.
(Desculpe pelas "frases feitas" e pelos jargões, mas precisava deles hoje... ainda não consigo traduzir minhas emoções com palavras minhas, ainda não consigo me enxergar por inteiro... mas eu vou conseguir. Em breve!)
Talvez grande parte do meu sofrimento atual seja decorrente disso, da minha dificuldade de abrir mão da oportunidade de sentir determinadas emoções em determinadas situações que já senti no passado.
Estava vendo uma entrevista de dois artistas na tv hoje e eles retrataram uma situação que iluminou meus sentimentos, traduziu uma sensação estranha, uma angústia que eu não conseguia explicar antes. Eles estão abrindo mão de algo, para poder abrir novas portas, para explorar a escuridão que aparece afrente, o desconhecido.
Momento de transição.
Que causa medo, insegurança... dá vontade de voltar atrás, escolher o caminho mais seguro e confortável e ficar ali, esperando sentir novamente e viver novamente situações do passado... que foram tão boas... mas são passado.
Simples assim.
A vida é feita de escolhas. E para escolher algo, a gente tem que abrir mão de muitas outras coisas, entre elas, tesouros, jóias que guardamos por muito tempo, venerando-as, mas que agora precisamos "nos livrar" delas para abrir espaço para novas oportunidades, para novos momentos bons, para novas sensações tão boas ou muito melhores que as anteriores.
Aquelas frases que postei dias atrás dizendo que as pessoas vão esquecer das nossas palavras, dos nossos atos mas nunca de como nós a fizemos se sentir, tem um significado para mim, nesse momento, muito muito muito maior do que teria em outros. Porque além de uma possibilidade de fazer as coisas de uma forma melhor, pensando em como as pessoas vão se sentir, essa frase me faz carregar todo um passado do qual preciso abrir mão e não consigo. Já esqueci as palavras que foram ditas, já esqueci os atos, mas não consigo esquecer (e não consigo admitir não ter mais) a sensação, o bem-estar, o prazer, a segurança, o acolhimento, o companheirismo e principalmente a sinceridade.
Preciso fazer isso. Preciso abrir mão e abrir espaço. Andar para frente, viver o presente e construir um futuro. O momento é de transição e está sendo doloroso. Mas a cada dia vejo meu progresso, a cada dia enxergo a situação de um novo ângulo, revivo situações e emoções, mudo minhas teorias loucas, construo novas possibilidades de futuro. Estou longe, muito longe de terminar meus 60 dias (não literalmente) mas a cada risco no calendário uma nova porta de possibilidades se apresenta. E no final, vou poder fazer minha escolha com a cabeça e o coração abertos.
Assim espero.
(Desculpe pelas "frases feitas" e pelos jargões, mas precisava deles hoje... ainda não consigo traduzir minhas emoções com palavras minhas, ainda não consigo me enxergar por inteiro... mas eu vou conseguir. Em breve!)
domingo, 23 de dezembro de 2007
sábado, 22 de dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Nossa! Relendo o post anterior, percebi várias coisas erradas em mim: (ah, e o filme não deu certo... fiquei 3 horas esperando ele baixar e no fim ele não rodou... ok, pra eu aprender a alugar dvd ao invés de ficar baixando qualquer porcaria por aí)
1) Meu amigo vem falar comigo, se abrir, pedir ajuda e eu me coloco em primeiro lugar: EU não queria que os dois se separassem, EU não quis dizer a verdade que nem toda mulher é chiliquenta como a dele (me achando... como se EU pudesse contribuir com alguma coisa), EU não queria ter que segurar a onda dos dois quando acabar... Mas ELE não a ama, ELE está cansado, ELE já não mais a trata bem. Como fui egocêntrica...
2) Deu a impressão de que ele é um cara insensível, uma pedra de gelo (principalmente na parte que falo que ele não ama nem sente saudade dos pais). Mas ele não é assim. Talvez as palavras dele tenham me chocado tanto na hora que passei essa impressão. Mas ele é um cara muito bom, com um coração de ouro... só está num momento ruim.
3) É claro que ela desconfia que as coisas não vão bem... se eu sei que ele é um cavalheiro que nunca deixaria uma mulher carregar sacolas sozinha, imagina o que ela não sabe... é claro que ela sente que o fim está próximo
4) Quando disse ficar do lado dela, não quer dizer que escolhi um dos lados. É que ele é muito mais próximo de mim (mora comigo, estuda comigo) e com certeza vou estar por perto. Mas acho que é ela que vai precisar que eu me esforce para oferecer colo, um ombro. Não vou tomar partido de ninguém, mas também não posso abandoná-la só porque eles terminaram, mesmo ele sendo meu amigo a mais tempo e com maior "intensidade"...
Será que também estou carregando o vírus do egocentrismo, que afeta tantas pessoas nessa faculdade??? Preciso pensar mais a respeito e tomar mais cuidado!
1) Meu amigo vem falar comigo, se abrir, pedir ajuda e eu me coloco em primeiro lugar: EU não queria que os dois se separassem, EU não quis dizer a verdade que nem toda mulher é chiliquenta como a dele (me achando... como se EU pudesse contribuir com alguma coisa), EU não queria ter que segurar a onda dos dois quando acabar... Mas ELE não a ama, ELE está cansado, ELE já não mais a trata bem. Como fui egocêntrica...
2) Deu a impressão de que ele é um cara insensível, uma pedra de gelo (principalmente na parte que falo que ele não ama nem sente saudade dos pais). Mas ele não é assim. Talvez as palavras dele tenham me chocado tanto na hora que passei essa impressão. Mas ele é um cara muito bom, com um coração de ouro... só está num momento ruim.
3) É claro que ela desconfia que as coisas não vão bem... se eu sei que ele é um cavalheiro que nunca deixaria uma mulher carregar sacolas sozinha, imagina o que ela não sabe... é claro que ela sente que o fim está próximo
4) Quando disse ficar do lado dela, não quer dizer que escolhi um dos lados. É que ele é muito mais próximo de mim (mora comigo, estuda comigo) e com certeza vou estar por perto. Mas acho que é ela que vai precisar que eu me esforce para oferecer colo, um ombro. Não vou tomar partido de ninguém, mas também não posso abandoná-la só porque eles terminaram, mesmo ele sendo meu amigo a mais tempo e com maior "intensidade"...
Será que também estou carregando o vírus do egocentrismo, que afeta tantas pessoas nessa faculdade??? Preciso pensar mais a respeito e tomar mais cuidado!
Estou aqui esperando baixar um filme na net, então resolvi escrever mais um texto sobre algo que não consigo esquecer esses dias. (Ah, como adoro esse espaço onde posso escrever minhas maluquices!!! Gostaria de poder ter mais tempo pra isso sempre...)
Há mais ou menos 3 semanas, um amigo me procurou, disse que queria muito conversar comigo porque estava com problemas com sua namorada e queria uma opinião. Naquela ocasião não pudemos conversar e depois aconteceram váaarias coisas que impediram de nos encontrarmos com calma.
Mas, há 3 dias ele apareceu, veio a minha casa e conversamos. E a conversa me surpreendeu muito e me deixou preocupada.
Ele disse que está cansado da namorada (de 3 anos). Cansado. Disse que ela é muito estressada, vive dando chilique toda vez que eles saem pelos mais diversos motivos. Que ele não aguenta mais seu mau humor, suas reclamações sobre a vida "dura" que ela leva ("ela, que mora num apartamento chique, num bairro nobre da cidade reclamando que não tem dinheiro", ele disse) e ele, vindo de família pobre, trabalhando, ralando para se manter na faculdade, pagando as coisas para ela.
Perguntei se ele não a amava e ele me respondeu que não sabia o que era amar, nem o que era sentir saudade, disse que não sente isso nem pelos seus pais e que nunca sentiu por ninguém.
No decorrer da conversa ele me perguntou se eu achava que as mulheres são todas estressadas, se todas dão chilique como a dele. "Porque se todas são assim, se todas dão chilique, como amigos meus já falaram, eu vou continuar com ela porque ela tem muitas qualidades também" (palavras dele). Primeiro eu disse "claro que não". Depois me toquei que isso poderia ser uma "contribuição" para o término do namoro e voltei atrás. Disse que eu era muito chata no meu namoro anterior, que eu vivia dando chilique com meu namorado sim (e eu dava mesmo mas não com tanta frequencia quanto ela) mas que eu não sabia se todas as mulheres são assim.
Fiquei assustada com a racionalização que ele fez do namoro... até acreditei que ele não sabe mesmo o que é amor.
Triste.
Eu sei que a namorada dele é muito chata às vezes. Nós nos tornamos grandes amigas esse ano, amigas mesmo. Eu adoro ela, só que às vezes ela começa a surtar e ninguém aguenta ficar perto, só ele (aguentava). Mas é triste ver um namoro acabar assim. Gosto tanto dos dois... e gosto de ver eles juntos.
Disse para ele tentar conversar com ela, explicar o que ele tá sentindo, dizer que ele está cansado de algumas atitudes dela, para que ela possa ter oportunidade de mudar. Ele respondeu "você ficou louca? se eu disser algo parecido com isso para ela, ela vai ter um ataque e aí que a gente termina de vez mesmo... eu preciso decidir se quero continuar convivendo com ela assim ou não, não posso ter esperanças de que ela vai me ouvir e tentar mudar".
No final das contas, não conseguimos terminar a conversa porque chegaram mais 3 pessoas na minha casa e meu amigo resolveu ir embora.
No dia seguinte, encontrei os dois na rua. Ela cheia de sacolas tentando convencê-lo a levá-la até em casa (2 quarteirões abaixo). Ele dizendo que estava cansado, que não queria ir. Acabou que eu ajudei a levar as sacolas até metade do caminho (porque ia no mercado perto) e ele foi para casa dele. Fui conversando com ela, perguntando como estavam as coisas e ela dizendo como ia passar um Natal feliz do lado dele, os presentes que ela tinha comprado pra levar para sogra, os planos de Ano Novo... Meu coração partiu.
É óbvio que ele vai terminar com ela. Ele é do tipo cavalheiro que nunca deixaria uma mulher carregar sacolas sozinha (muito menos a própria namorada!!!). E ela nem sequer desconfia do que vai acontecer, fazendo planos, comprando presentes...
Triste, triste, triste... Só me resta agora esperar pelo desfecho e ficar do lado dela na hora que acontecer - porque essa vai doer muito muito muito!
E torcer para que ele se apaixone um dia e descubra o que é o amor...
Há mais ou menos 3 semanas, um amigo me procurou, disse que queria muito conversar comigo porque estava com problemas com sua namorada e queria uma opinião. Naquela ocasião não pudemos conversar e depois aconteceram váaarias coisas que impediram de nos encontrarmos com calma.
Mas, há 3 dias ele apareceu, veio a minha casa e conversamos. E a conversa me surpreendeu muito e me deixou preocupada.
Ele disse que está cansado da namorada (de 3 anos). Cansado. Disse que ela é muito estressada, vive dando chilique toda vez que eles saem pelos mais diversos motivos. Que ele não aguenta mais seu mau humor, suas reclamações sobre a vida "dura" que ela leva ("ela, que mora num apartamento chique, num bairro nobre da cidade reclamando que não tem dinheiro", ele disse) e ele, vindo de família pobre, trabalhando, ralando para se manter na faculdade, pagando as coisas para ela.
Perguntei se ele não a amava e ele me respondeu que não sabia o que era amar, nem o que era sentir saudade, disse que não sente isso nem pelos seus pais e que nunca sentiu por ninguém.
No decorrer da conversa ele me perguntou se eu achava que as mulheres são todas estressadas, se todas dão chilique como a dele. "Porque se todas são assim, se todas dão chilique, como amigos meus já falaram, eu vou continuar com ela porque ela tem muitas qualidades também" (palavras dele). Primeiro eu disse "claro que não". Depois me toquei que isso poderia ser uma "contribuição" para o término do namoro e voltei atrás. Disse que eu era muito chata no meu namoro anterior, que eu vivia dando chilique com meu namorado sim (e eu dava mesmo mas não com tanta frequencia quanto ela) mas que eu não sabia se todas as mulheres são assim.
Fiquei assustada com a racionalização que ele fez do namoro... até acreditei que ele não sabe mesmo o que é amor.
Triste.
Eu sei que a namorada dele é muito chata às vezes. Nós nos tornamos grandes amigas esse ano, amigas mesmo. Eu adoro ela, só que às vezes ela começa a surtar e ninguém aguenta ficar perto, só ele (aguentava). Mas é triste ver um namoro acabar assim. Gosto tanto dos dois... e gosto de ver eles juntos.
Disse para ele tentar conversar com ela, explicar o que ele tá sentindo, dizer que ele está cansado de algumas atitudes dela, para que ela possa ter oportunidade de mudar. Ele respondeu "você ficou louca? se eu disser algo parecido com isso para ela, ela vai ter um ataque e aí que a gente termina de vez mesmo... eu preciso decidir se quero continuar convivendo com ela assim ou não, não posso ter esperanças de que ela vai me ouvir e tentar mudar".
No final das contas, não conseguimos terminar a conversa porque chegaram mais 3 pessoas na minha casa e meu amigo resolveu ir embora.
No dia seguinte, encontrei os dois na rua. Ela cheia de sacolas tentando convencê-lo a levá-la até em casa (2 quarteirões abaixo). Ele dizendo que estava cansado, que não queria ir. Acabou que eu ajudei a levar as sacolas até metade do caminho (porque ia no mercado perto) e ele foi para casa dele. Fui conversando com ela, perguntando como estavam as coisas e ela dizendo como ia passar um Natal feliz do lado dele, os presentes que ela tinha comprado pra levar para sogra, os planos de Ano Novo... Meu coração partiu.
É óbvio que ele vai terminar com ela. Ele é do tipo cavalheiro que nunca deixaria uma mulher carregar sacolas sozinha (muito menos a própria namorada!!!). E ela nem sequer desconfia do que vai acontecer, fazendo planos, comprando presentes...
Triste, triste, triste... Só me resta agora esperar pelo desfecho e ficar do lado dela na hora que acontecer - porque essa vai doer muito muito muito!
E torcer para que ele se apaixone um dia e descubra o que é o amor...
Depois da minha crise existencial e solitária de ontem, tive um dia maravilhoso hoje.
Acordei tarde (isso foi ruim porque podia ter aproveitado muito mais) e fui à Paulista trocar uma roupa que tinha ganhado e não ficou boa.
Troquei um vestido feio de festa que eu nunca ia usar por 3 blusinhas brancas lindas para eu poder usar no hospital. Amei! (gostei principalmente da parte de não precisar pagar)
Depois fui à Liberdade, bati perna tentando encontrar um presente para minha orientadora. Aliás, ela foi a única escolhida esse ano para ganhar um presente meu. Não dei nem presente nem cartão para ninguém esse ano (algumas pessoas mereciam sim, e muito, mas não dei não sei por que), mas ela vai ganhar por toda a paciência e por tudo que ela representa!
Comprei, fiz um ótimo passeio e almocei num lugar muito bom.
Depois, chegando em casa, fiquei lendo o blog do Edu: http://oqueoshomenspensam.zip.net. E me deliciando com as histórias dele. Como aprendo com esse cara... queria ter conhecido ele antes, minha vida de adolescente teria sido muito mais simples e mais divertida sabendo certas coisas.
Agora, estou cumprindo minha promessa de final de ano (que tem que terminar antes de 31-12-07): digitar todas as matérias importantes que tive esse ano para revisar e deixar registrado e à mão quando eu precisar (e VOU precisar!).
Um dia simples e corriqueiro de férias. Sem plantões, sem telefonemas inconvenientes, sem tempo para terminar. Nada como ser livre e ter um pouquinho de dinheiro disponível!
Acordei tarde (isso foi ruim porque podia ter aproveitado muito mais) e fui à Paulista trocar uma roupa que tinha ganhado e não ficou boa.
Troquei um vestido feio de festa que eu nunca ia usar por 3 blusinhas brancas lindas para eu poder usar no hospital. Amei! (gostei principalmente da parte de não precisar pagar)
Depois fui à Liberdade, bati perna tentando encontrar um presente para minha orientadora. Aliás, ela foi a única escolhida esse ano para ganhar um presente meu. Não dei nem presente nem cartão para ninguém esse ano (algumas pessoas mereciam sim, e muito, mas não dei não sei por que), mas ela vai ganhar por toda a paciência e por tudo que ela representa!
Comprei, fiz um ótimo passeio e almocei num lugar muito bom.
Depois, chegando em casa, fiquei lendo o blog do Edu: http://oqueoshomenspensam.zip.net. E me deliciando com as histórias dele. Como aprendo com esse cara... queria ter conhecido ele antes, minha vida de adolescente teria sido muito mais simples e mais divertida sabendo certas coisas.
Agora, estou cumprindo minha promessa de final de ano (que tem que terminar antes de 31-12-07): digitar todas as matérias importantes que tive esse ano para revisar e deixar registrado e à mão quando eu precisar (e VOU precisar!).
Um dia simples e corriqueiro de férias. Sem plantões, sem telefonemas inconvenientes, sem tempo para terminar. Nada como ser livre e ter um pouquinho de dinheiro disponível!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Muitas pessoas morrem de medo da solidão, de não ter um companheiro(a) do lado, alguém que as entenda, apoie, dê carinho. Mas muitas vezes essas pessoas não percebem que os verdadeiros companheiros de nossas vidas estão e sempre estiveram do nosso lado: fazem parte da nossa família.
Descobri o que é solidão de verdade quando perdi minha mãe...
Sei que existem famílias e famílias e a minha tá muito longe, mas muito longe mesmo de ser uma família estruturada. Mesmo assim, sei que eles estão do meu lado, por perto caso algo saia muuuito errado (se for só errado não serve porque eu vou ter que consertar sozinha sem ajuda de ninguém, muito menos deles).
Minha mãe nunca foi uma pessoa presente. Ela era daquelas dondocas que deixam os filhos em casa com a empregada e somem, ou, melhor ainda, levam os filhos para academia (naquela época chamada de clube) de manhã, para escola à tarde e à noite contratam alguém para cuidar. Ela nunca se interessou pela minha lição de casa, não ia às reuniões de pais e mestres, não tinha interesse em conhecer minhas amiguinhas e nem se preocupava muito quando eu demorava para voltar para casa depois do colégio.
Saí de casa aos 17 anos porque não suportava mais minha família (minha mãe principalmente - nunca convivi com meu pai, apesar de sempre ter morado na mesma casa que ele, via-o de vez em quando, por alguns segundos e trocávamos monossílabos). Eu, adolescente rebelde, estava cansada de tudo (brigávamos muito) e resolvi arrumar um emprego e ir embora de casa. E nunca voltei a morar lá.
Mas depois que saí, minha relação com minha mãe mudou consideravelmente. Ela trazia tudo que faltava no meu apto, passava lá só pra ver se eu estava bem, vinha correndo quando eu ligava e dizia que precisava dela (reclamava, xingava, mas sempre vinha). Não tinha hora, não tinha impecilhos. Ela estava sempre lá. (Talvez minha ausência fez com que ela desce valor e vice-versa... dizem que a gente só dá valor àquilo que perdemos, não é?)
Nessa época, eu estava solteira, não tinha amigos, passava o tempo todo trabalhando ou estudando. Me sentia muito sozinha. Chorava, me descabelava me perguntando o que tinha de errado comigo, ficava imaginando meu futuro solteira, titia, velha e gorda.
Passaram-se mais de 4 anos (eu nesse "sofrimento" trancada em casa me lamentando... e minha mãe sempre por perto).
Até que entrei na faculdade e tudo mudou. Conheci muita gente, passei a frequentar festinhas, ficar com carinhas, me apaixonei algumas vezes. Minha mãe adoeceu. E faleceu.
E aí eu descobri o que era solidão de verdade. Eu tinha meus amigos, tinha umas paixõezinhas, mas nada preenchia o enorme vazio que eu sentia. Era um abismo que não dava para enxergar o fim...
O tempo foi passando, fui me "acostumando" a não ter mais ela por perto, aprendendo a me virar com as coisas que eu precisava.
Conheci pessoas maravilhosas, principalmente professores, que estiveram do meu lado, tentaram me ajudar com tudo que eu precisava, me deram todo o suporte.
Entre essas pessoas estava uma mulher. Uma pessoa muito especial que trabalha na faculdade e sempre me acolheu nos meus momentos mais difíceis. Passei a chamá-la de madrinha e ela me adotou como afilhada. Sentia que aquele meu abismo ia ficando cada vez menos fundo, sendo preenchido um pouquinho por cada pessoa especial que me estendia a mão.
Mas com o tempo percebi que tinha algo errado nessa relação com a minha "madrinha". Ela dizia que estaria sempre do meu lado, que eu poderia contar com ela pra tudo que eu precisasse, que eu podia procurá-la sempre. E eu não sentia essa disponibilidade. Eu não sentia que isso era verdadeiro. Ela dizia que eu não podia cobrar muito, que eu tinha que respeitar seus horários, mas que seu eu a procurasse num momento que ela estivesse disponível, ela ia me ajudar. E eu comecei a achar que era eu que cobrava demais, que era eu que estava tentando substituir a figura que minha mãe representava. Óbvio que era uma substituição impossível.
Com o tempo, acabei me afastando dela. Eu não sentia mais nenhum tipo de disponibilidade dela, apesar de ela dizer o contrário e nem sequer me sentia bem quando ela estava por perto. Eu não sabia por que, não conseguia entender. Eu sei que ela gosta muito de mim, muito mesmo. Ela se preocupa, tenta cuidar de mim, e eu gosto muito dela também, mas...
Essa relação se arrastou por uns 2 ou 3 anos. Meio cambaleante, com altos e baixos e eu sem saber o que acontecia que me fazia querer me afastar. Até que hoje eu descobri.
Fui à sala dela para pegar um presente que ela disse que ia me dar. Entrei, sentei, recebi o presente, conversamos. Ela largou tudo que estava fazendo e começou a me contar dos últimos projetos dela, de seu último sucesso profissional, da mãe dela (que me adora)... rimos, comemoramos. Depois, ela perguntou como eu estava, se eu estava indo muito a baladas. Eu disse que não, que estava evitando porque das últimas vezes que eu fui, acabei abusando da bebida e fazendo besteiras. Ela se mostrou preocupada, quis saber mais. Comecei a contar sobre mim e ela começou a mexer no computador (que até então estava lá, de canto). Começou a mexer nos e-mails dela, falava uns "ah" ou "ahã", fazia uma pergunta ou outra. Até que entrou uma colega dela de trabalho, elas começaram a comentar da reunião do dia anterior, ela novamente largou o computador e elas continuaram lá no maior papo, na maior animação. Eu me levantei, disse que precisava ir embora. Ela me abraçou disse o quanto gostava de mim, pediu para que eu não fizesse tanta besteira, me desejou feliz natal, pediu para eu ligar para ela no dia 24 e... me deixou ir embora. Continuou lá no papo animado de sua amiga.
De repente, tudo ficou tão claro. Eu não tenho dúvida de suas boas intenções, nem do quanto ela gosta de mim. Mas o problema da nossa relação não está nas minhas expectativas excessivas, nas minhas cobranças impossíveis. O problema está na dificuldade dela de cumprir o papel em que ela mesma se coloca, de madrinha preocupada. Ela não consegue perceber que ela não consegue ser minha cuidadora, que ela simplesmente não pode exercer esse papel. Ela se oferece, me dá esperanças e na hora do "vamo vê" ela recua, se volta para o computador, se fecha.
Das vezes em que fomos almoçar juntas, com a desculpa de que eu não conversava mais com ela sobre mim e que ela estava preocupada, ficamos 70% do tempo conversando sobre o trabalho dela, 20% falando sobre a namorada do chefe dela (que era amiga dela antes de virar namorada do chefe e agora ela se sente ameaçada) e 10% falando sobre mim. Óbvio que ela é uma mulher solteira e sem filhos, senão boa parte dessa porcentagem iria para esse assunto.
Um pouco antes dessa minha descoberta, tive um "insight" parecido com relação a meu ex-namorado (não sei se já escrevi isso aqui). Ele, tanto durante o namoro quanto depois, sempre disse estar do meu lado, disse que me ajudaria sempre que eu precisasse, que eu poderia contar com ele. Mas todas as vezes em que realmente precisei, ele nunca estava disponível, ele sempre tinha alguma coisa super importante para fazer. A última vez foi há uns 2 meses, minha vó estava internada no hospital, eu cuidando dela sozinha, cheia de problemas, cansada da joranada tripla de dormir no hospital, estudar e trabalhar... ele ia lá visitá-la quase todo dia e sempre oferecia ajuda para qualquer coisa que eu precisasse... Até que num sábado, entrei em desespero, desespero de verdade, não sabia pra onde correr ou quem procurar. Liguei pra ele, deixei recado, mandei mensagem e nada. Soube que ele estava num churrasco e relevei. Pensei: "ele provavelmente está no churrasco, bebendo, celular desligado; amanhã quando ele voltar, ele vai ver minha mensagem e me liga". Passou o domingo e nada. Encontrei com ele na faculdade segunda à tarde. Ele veio me cumprimentar como se nada estivesse acontecendo. Eu não cobrei nada, não falei nada só dei um "oi" seco, uma patada por um comentário idiota que ele tinha feito e fui embora.
Eu não sabia o que pensar dessa situação. Não sabia se ele não tinha recebido meu recado e mensagem, não sabia se falava com ele ou deixava passar. Deixei e resolvi que não ia mais pedir ajuda para ele.
Semanas depois, no meio de uma conversa meio séria, acabei tocando no assunto, que obviamente tinha me deixado magoada. Ele disse que tinha recebido o recado sim, mas que ele estava ocupado aquela hora. Ele disse que sempre me ofereceu ajuda, mas que eu tinha que entender quando ele não pudesse. Questionei por que ele não ligou depois então, se ele sabia que eu estava precisando. Achei que ele ia dar uma desculpa qualquer, mas... para minha surpresa... ele acabou dizendo que ele tinha medo. Que ele não sabia como me ajudar, que ele queria me ajudar de verdade mas não sabia o que fazer quando eu realmente precisava. Ele disse que fugia, que sempre fugiu quando as coisas ficavam difíceis para o meu lado.
Um tremento covarde!!! Eu, durante o namoro, me sentindo culpada porque cobrava dele o fato dele nunca poder estar do meu lado quando eu precisava e ele, fazendo "de propósito". Conscientemente ou não, fugindo. Ridículo!!!
Naquele dia, ele admitiu que não era capaz de estar do meu lado, que não era capaz de ser meu amigo assim, de me ajudar nas horas difíceis. Ele simplesmente não conseguia. Foi a gota d'água para o fim da nossa relação (de tentativa de amizade).
Enfim, escrevi tudo isso para:
1) admitir que ninguém nunca vai ser tão disponível para mim como minha mãe era; ninguém nunca vai fazer por mim 1/10 do que ela fazia (eu nunca quis substituí-la, sempre soube que isso não era possível, mas achava que um dia encontraria alguém, uma madrinha, uma amiga ou um namorado para onde pudesse correr a qualquer hora por qualquer coisa, eu achava que a soma dessas pessoas especiais ajudaria a forrar o abismo aqui dentro)
2) solidão é algo com que eu vou ter que aprender a conviver porque essa é minha realidade atual e não vai mudar tão cedo
3) minha relação com minha madrinha não existe, é fruto de uma ilusão que não quero mais alimentar há muito tempo... só precisava reconhecer isso (não estou dizendo que não vou mais falar com ela, claro que vamos continuar nos falando, mas não vou considerá-la uma pessoa com a qual eu possa contar, apesar de ela oferecer isso)
4) a melhor coisa que fiz foi cortar de uma vez a relação doentia que mantinha com meu ex; e a melhor coisa que ele fez por minha sanidade emocional foi reconhecer que não era eu que cobrava demais mas sim ele que oferecia mais do que o que ele mesmo podia dar conta, suportar
5) muitas outras coisas que vão ficar, e ser revividas cada vez que eu reler esse post
Desculpem por esse post meio fatalista, mas eu estava realmente precisando colocar isso para fora, reconhecer, admitir, tomar consciência e deixar passar.
Novos ventos estão soprando!
Descobri o que é solidão de verdade quando perdi minha mãe...
Sei que existem famílias e famílias e a minha tá muito longe, mas muito longe mesmo de ser uma família estruturada. Mesmo assim, sei que eles estão do meu lado, por perto caso algo saia muuuito errado (se for só errado não serve porque eu vou ter que consertar sozinha sem ajuda de ninguém, muito menos deles).
Minha mãe nunca foi uma pessoa presente. Ela era daquelas dondocas que deixam os filhos em casa com a empregada e somem, ou, melhor ainda, levam os filhos para academia (naquela época chamada de clube) de manhã, para escola à tarde e à noite contratam alguém para cuidar. Ela nunca se interessou pela minha lição de casa, não ia às reuniões de pais e mestres, não tinha interesse em conhecer minhas amiguinhas e nem se preocupava muito quando eu demorava para voltar para casa depois do colégio.
Saí de casa aos 17 anos porque não suportava mais minha família (minha mãe principalmente - nunca convivi com meu pai, apesar de sempre ter morado na mesma casa que ele, via-o de vez em quando, por alguns segundos e trocávamos monossílabos). Eu, adolescente rebelde, estava cansada de tudo (brigávamos muito) e resolvi arrumar um emprego e ir embora de casa. E nunca voltei a morar lá.
Mas depois que saí, minha relação com minha mãe mudou consideravelmente. Ela trazia tudo que faltava no meu apto, passava lá só pra ver se eu estava bem, vinha correndo quando eu ligava e dizia que precisava dela (reclamava, xingava, mas sempre vinha). Não tinha hora, não tinha impecilhos. Ela estava sempre lá. (Talvez minha ausência fez com que ela desce valor e vice-versa... dizem que a gente só dá valor àquilo que perdemos, não é?)
Nessa época, eu estava solteira, não tinha amigos, passava o tempo todo trabalhando ou estudando. Me sentia muito sozinha. Chorava, me descabelava me perguntando o que tinha de errado comigo, ficava imaginando meu futuro solteira, titia, velha e gorda.
Passaram-se mais de 4 anos (eu nesse "sofrimento" trancada em casa me lamentando... e minha mãe sempre por perto).
Até que entrei na faculdade e tudo mudou. Conheci muita gente, passei a frequentar festinhas, ficar com carinhas, me apaixonei algumas vezes. Minha mãe adoeceu. E faleceu.
E aí eu descobri o que era solidão de verdade. Eu tinha meus amigos, tinha umas paixõezinhas, mas nada preenchia o enorme vazio que eu sentia. Era um abismo que não dava para enxergar o fim...
O tempo foi passando, fui me "acostumando" a não ter mais ela por perto, aprendendo a me virar com as coisas que eu precisava.
Conheci pessoas maravilhosas, principalmente professores, que estiveram do meu lado, tentaram me ajudar com tudo que eu precisava, me deram todo o suporte.
Entre essas pessoas estava uma mulher. Uma pessoa muito especial que trabalha na faculdade e sempre me acolheu nos meus momentos mais difíceis. Passei a chamá-la de madrinha e ela me adotou como afilhada. Sentia que aquele meu abismo ia ficando cada vez menos fundo, sendo preenchido um pouquinho por cada pessoa especial que me estendia a mão.
Mas com o tempo percebi que tinha algo errado nessa relação com a minha "madrinha". Ela dizia que estaria sempre do meu lado, que eu poderia contar com ela pra tudo que eu precisasse, que eu podia procurá-la sempre. E eu não sentia essa disponibilidade. Eu não sentia que isso era verdadeiro. Ela dizia que eu não podia cobrar muito, que eu tinha que respeitar seus horários, mas que seu eu a procurasse num momento que ela estivesse disponível, ela ia me ajudar. E eu comecei a achar que era eu que cobrava demais, que era eu que estava tentando substituir a figura que minha mãe representava. Óbvio que era uma substituição impossível.
Com o tempo, acabei me afastando dela. Eu não sentia mais nenhum tipo de disponibilidade dela, apesar de ela dizer o contrário e nem sequer me sentia bem quando ela estava por perto. Eu não sabia por que, não conseguia entender. Eu sei que ela gosta muito de mim, muito mesmo. Ela se preocupa, tenta cuidar de mim, e eu gosto muito dela também, mas...
Essa relação se arrastou por uns 2 ou 3 anos. Meio cambaleante, com altos e baixos e eu sem saber o que acontecia que me fazia querer me afastar. Até que hoje eu descobri.
Fui à sala dela para pegar um presente que ela disse que ia me dar. Entrei, sentei, recebi o presente, conversamos. Ela largou tudo que estava fazendo e começou a me contar dos últimos projetos dela, de seu último sucesso profissional, da mãe dela (que me adora)... rimos, comemoramos. Depois, ela perguntou como eu estava, se eu estava indo muito a baladas. Eu disse que não, que estava evitando porque das últimas vezes que eu fui, acabei abusando da bebida e fazendo besteiras. Ela se mostrou preocupada, quis saber mais. Comecei a contar sobre mim e ela começou a mexer no computador (que até então estava lá, de canto). Começou a mexer nos e-mails dela, falava uns "ah" ou "ahã", fazia uma pergunta ou outra. Até que entrou uma colega dela de trabalho, elas começaram a comentar da reunião do dia anterior, ela novamente largou o computador e elas continuaram lá no maior papo, na maior animação. Eu me levantei, disse que precisava ir embora. Ela me abraçou disse o quanto gostava de mim, pediu para que eu não fizesse tanta besteira, me desejou feliz natal, pediu para eu ligar para ela no dia 24 e... me deixou ir embora. Continuou lá no papo animado de sua amiga.
De repente, tudo ficou tão claro. Eu não tenho dúvida de suas boas intenções, nem do quanto ela gosta de mim. Mas o problema da nossa relação não está nas minhas expectativas excessivas, nas minhas cobranças impossíveis. O problema está na dificuldade dela de cumprir o papel em que ela mesma se coloca, de madrinha preocupada. Ela não consegue perceber que ela não consegue ser minha cuidadora, que ela simplesmente não pode exercer esse papel. Ela se oferece, me dá esperanças e na hora do "vamo vê" ela recua, se volta para o computador, se fecha.
Das vezes em que fomos almoçar juntas, com a desculpa de que eu não conversava mais com ela sobre mim e que ela estava preocupada, ficamos 70% do tempo conversando sobre o trabalho dela, 20% falando sobre a namorada do chefe dela (que era amiga dela antes de virar namorada do chefe e agora ela se sente ameaçada) e 10% falando sobre mim. Óbvio que ela é uma mulher solteira e sem filhos, senão boa parte dessa porcentagem iria para esse assunto.
Um pouco antes dessa minha descoberta, tive um "insight" parecido com relação a meu ex-namorado (não sei se já escrevi isso aqui). Ele, tanto durante o namoro quanto depois, sempre disse estar do meu lado, disse que me ajudaria sempre que eu precisasse, que eu poderia contar com ele. Mas todas as vezes em que realmente precisei, ele nunca estava disponível, ele sempre tinha alguma coisa super importante para fazer. A última vez foi há uns 2 meses, minha vó estava internada no hospital, eu cuidando dela sozinha, cheia de problemas, cansada da joranada tripla de dormir no hospital, estudar e trabalhar... ele ia lá visitá-la quase todo dia e sempre oferecia ajuda para qualquer coisa que eu precisasse... Até que num sábado, entrei em desespero, desespero de verdade, não sabia pra onde correr ou quem procurar. Liguei pra ele, deixei recado, mandei mensagem e nada. Soube que ele estava num churrasco e relevei. Pensei: "ele provavelmente está no churrasco, bebendo, celular desligado; amanhã quando ele voltar, ele vai ver minha mensagem e me liga". Passou o domingo e nada. Encontrei com ele na faculdade segunda à tarde. Ele veio me cumprimentar como se nada estivesse acontecendo. Eu não cobrei nada, não falei nada só dei um "oi" seco, uma patada por um comentário idiota que ele tinha feito e fui embora.
Eu não sabia o que pensar dessa situação. Não sabia se ele não tinha recebido meu recado e mensagem, não sabia se falava com ele ou deixava passar. Deixei e resolvi que não ia mais pedir ajuda para ele.
Semanas depois, no meio de uma conversa meio séria, acabei tocando no assunto, que obviamente tinha me deixado magoada. Ele disse que tinha recebido o recado sim, mas que ele estava ocupado aquela hora. Ele disse que sempre me ofereceu ajuda, mas que eu tinha que entender quando ele não pudesse. Questionei por que ele não ligou depois então, se ele sabia que eu estava precisando. Achei que ele ia dar uma desculpa qualquer, mas... para minha surpresa... ele acabou dizendo que ele tinha medo. Que ele não sabia como me ajudar, que ele queria me ajudar de verdade mas não sabia o que fazer quando eu realmente precisava. Ele disse que fugia, que sempre fugiu quando as coisas ficavam difíceis para o meu lado.
Um tremento covarde!!! Eu, durante o namoro, me sentindo culpada porque cobrava dele o fato dele nunca poder estar do meu lado quando eu precisava e ele, fazendo "de propósito". Conscientemente ou não, fugindo. Ridículo!!!
Naquele dia, ele admitiu que não era capaz de estar do meu lado, que não era capaz de ser meu amigo assim, de me ajudar nas horas difíceis. Ele simplesmente não conseguia. Foi a gota d'água para o fim da nossa relação (de tentativa de amizade).
Enfim, escrevi tudo isso para:
1) admitir que ninguém nunca vai ser tão disponível para mim como minha mãe era; ninguém nunca vai fazer por mim 1/10 do que ela fazia (eu nunca quis substituí-la, sempre soube que isso não era possível, mas achava que um dia encontraria alguém, uma madrinha, uma amiga ou um namorado para onde pudesse correr a qualquer hora por qualquer coisa, eu achava que a soma dessas pessoas especiais ajudaria a forrar o abismo aqui dentro)
2) solidão é algo com que eu vou ter que aprender a conviver porque essa é minha realidade atual e não vai mudar tão cedo
3) minha relação com minha madrinha não existe, é fruto de uma ilusão que não quero mais alimentar há muito tempo... só precisava reconhecer isso (não estou dizendo que não vou mais falar com ela, claro que vamos continuar nos falando, mas não vou considerá-la uma pessoa com a qual eu possa contar, apesar de ela oferecer isso)
4) a melhor coisa que fiz foi cortar de uma vez a relação doentia que mantinha com meu ex; e a melhor coisa que ele fez por minha sanidade emocional foi reconhecer que não era eu que cobrava demais mas sim ele que oferecia mais do que o que ele mesmo podia dar conta, suportar
5) muitas outras coisas que vão ficar, e ser revividas cada vez que eu reler esse post
Desculpem por esse post meio fatalista, mas eu estava realmente precisando colocar isso para fora, reconhecer, admitir, tomar consciência e deixar passar.
Novos ventos estão soprando!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
O médico disse:
- Se você conseguir passar ilesa pelos primeiros 60 dias, tem 70% de chance de "estar curada".
É incrível como os pacientes se apegam a dados bestas de frases idiotas que os médicos soltam sem querer. Estatísticas que não servem pra nada e que claramente são vazias quando se trata de UM CASO específico.
Porém, nesse caso, eu era a paciente e me apeguei sim a essa estatística que sei que é idiota... e vou ficar os próximos 60 dias esperando para saber se "estou curada".
Ridícula!!!
Pelo menos, que isso sirva para eu tomar cuidado quando estiver do outro lado, tomar cuidado para não falar em estatísticas vazias para pacientes preocupados.
- Se você conseguir passar ilesa pelos primeiros 60 dias, tem 70% de chance de "estar curada".
É incrível como os pacientes se apegam a dados bestas de frases idiotas que os médicos soltam sem querer. Estatísticas que não servem pra nada e que claramente são vazias quando se trata de UM CASO específico.
Porém, nesse caso, eu era a paciente e me apeguei sim a essa estatística que sei que é idiota... e vou ficar os próximos 60 dias esperando para saber se "estou curada".
Ridícula!!!
Pelo menos, que isso sirva para eu tomar cuidado quando estiver do outro lado, tomar cuidado para não falar em estatísticas vazias para pacientes preocupados.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Ultimamente, os professores da faculdade têm discutido muito a respeito do abuso de álcool por nós estudantes de Medicina.
Há uma proposta, que provavelmente será aplicada ano que vem, para proibir o álcool na semana em que a gente recebe os calouros. Em geral, essa semana é cheia de festas, almoços, churrascos, esfihadas e cervejadas. Tudo regado a muuuuito álcool.
Sempre que participo dessas discussões, vejo os professores questionando por que os estudantes bebem tanto. Tudo bem que nessa idade as pessoas costumam abusar mais, que toda faculdade tem disso, que beber socialmente faz parte da vida de 80% da população. Mas eles questionam se na faculdade de med não é pior por tudo que a gente passa, por toda a pressão desde antes de entrar na faculdade, pela angústia do dia-a-dia de estar tão perto da morte e do sofrimento humano.
Não sei se isso ocorre de fato. Não sei se os abusos são decorrentes das "dores".
Eu tenho história de alcoolismo grave na minha família: um irmão da minha mãe mora na rua e tudo que faz da vida é beber; a mãe da minha mãe também é alcoolista, em tratamento. Cresci vendo meus pais beberem. Todos os dias eles tomavam alguma coisa (em geral cerveja ou vinho). Todos os dias. Os amigos deles iam lá em casa e sempre enchiam a cara. Até aí, normal.
Eu nunca gostei de beber. Desde que me entendo por gente, experimentei diversas bebidas, em diversas situações e nunca gostei. Entrei na faculdade, meus amigos todos bebiam e eu nada. Nunca me forçaram a beber, nunca me ridicularizaram, nunca fui deixada de lado por isso (alguns professores alegam que os estudantes começam a beber por pressão dos amigos, mas nunca sofri nenhum tipo de pressão).
Sempre frequentei festas, às vezes experimentava uma coisinha aqui e outra ali mas não passava de um gole.
Até que, esse ano, não sei explicar por que tomei um porre numa festa da faculdade em junho. Tomei absolutamente todo tipo de bebida que me ofereceram, fiquei louca, fiz besteira, vomitei... E adorei. Foi divertido, foi, de certa forma, um alívio no meio de tanta pressão que eu estava sentindo. Não sei explicar e não posso ligar os fatos com certeza absoluta. Mas a verdade é que eu estava no ano mais puxado da faculdade, quando a gente tem que se dedicar mais, é mais cobrado, quase não tem tempo para viver. Eu estava sofrendo por um falecido namoro, pela minha vó doente, pela minha irmã sozinha, angustiada e prestando vestibular e pelo meu pai que arrumou uma namorada dançarina de boate mais nova do que eu. Minha vida estava de ponta cabeça e, "coincidentemente", comecei a beber.
Desde então, já perdi a conta dos porres que tomei. Porres fortes mesmo. Apenas uma vez bebi socialmente (ou seja, fui a um bar tomar um ou duas bebidas com amigos, sem perder a noção). Todas as outras vezes, ou fui ao bar e bebi suco ou fui a festas e bebi até cair.
A última vez foi sexta passada. Festa da faculdade, último dia de aula, chopp de graça. Foi maravilhoso.
Cheguei a um ponto que não consigo imaginar a faculdade sem álcool. Não consigo conceber a idéia desses professores quererem proibir bebida na semana dos calouros ou em qualquer outra. Não imagino mais minha vida na faculdade sem tomar meus porres nas festas e perder a noção.
Se eu estivesse ouvindo esse depoimento de outra pessoa, ia pensar "toma cuidado, você está a beira de se tornar uma alcoólatra". Acho perigoso. Acho mesmo. E sobriamente acho que os professores estão certos em se preocupar e querer fazer algo para essas coisas não continuarem acontecendo (proibir não é o caminho, lógico). Não sei qual seria uma forma efetiva de se falar sobre o assunto. Faço uso abusivo de álcool, sei disso, sei das repercussões que isso tem na minha vida e das outras pessoas ao meu redor e não quero mudar. Quero apenas me formar logo, que acabe o sofrimento, que acabem as festas.
Muito complicado.
Resolvi escrever sobre esse assunto hoje porque agora pouco estava assistindo um seriado de tv que mostra a vida de "aprendizes" de médico no seu dia-a-dia da Residência em Cirurgia. São histórias fictícias, criadas por uma pessoa que não é médica. Mas é muito bem feito e em muitas situações, me reconheço ali. Ele retrata muitas das angústias de nós estudantes de medicina, de uma forma muito próxima do real. E, advinha o que o pessoal faz depois de um longo dia de trabalho: enche a cara. No episódio que vi hoje, foi um dia terrível, morreu um monte de gente no hospital, várias cirurgias pesadas... no fim, a personagem compra tequila, leva para casa e toma um belo porre com as duas amigas, também médicas. Esse é um fim recorrente nesse seriado.
Fiquei me perguntando se a pessoa que o escreve faz isso porque as pessoas em geral, de qualquer profissão, costumam afogar suas mágoas de dias difíceis em garrafas de álcool mesmo ou se ela escreve esses porres mais como parte da vida dos médicos, mais pela impressão de que a vida deles é mais angustiante por lidar muito próxima com a morte e por isso a bebedeira é mais frequente e mais intensa.
De qualquer forma, o seriado mostra algo que acontece mesmo e isso tudo, além da minha vivência, me faz pensar mais fortemente que meus professores, infelizmente, estão lutando por uma causa perdida.
Há uma proposta, que provavelmente será aplicada ano que vem, para proibir o álcool na semana em que a gente recebe os calouros. Em geral, essa semana é cheia de festas, almoços, churrascos, esfihadas e cervejadas. Tudo regado a muuuuito álcool.
Sempre que participo dessas discussões, vejo os professores questionando por que os estudantes bebem tanto. Tudo bem que nessa idade as pessoas costumam abusar mais, que toda faculdade tem disso, que beber socialmente faz parte da vida de 80% da população. Mas eles questionam se na faculdade de med não é pior por tudo que a gente passa, por toda a pressão desde antes de entrar na faculdade, pela angústia do dia-a-dia de estar tão perto da morte e do sofrimento humano.
Não sei se isso ocorre de fato. Não sei se os abusos são decorrentes das "dores".
Eu tenho história de alcoolismo grave na minha família: um irmão da minha mãe mora na rua e tudo que faz da vida é beber; a mãe da minha mãe também é alcoolista, em tratamento. Cresci vendo meus pais beberem. Todos os dias eles tomavam alguma coisa (em geral cerveja ou vinho). Todos os dias. Os amigos deles iam lá em casa e sempre enchiam a cara. Até aí, normal.
Eu nunca gostei de beber. Desde que me entendo por gente, experimentei diversas bebidas, em diversas situações e nunca gostei. Entrei na faculdade, meus amigos todos bebiam e eu nada. Nunca me forçaram a beber, nunca me ridicularizaram, nunca fui deixada de lado por isso (alguns professores alegam que os estudantes começam a beber por pressão dos amigos, mas nunca sofri nenhum tipo de pressão).
Sempre frequentei festas, às vezes experimentava uma coisinha aqui e outra ali mas não passava de um gole.
Até que, esse ano, não sei explicar por que tomei um porre numa festa da faculdade em junho. Tomei absolutamente todo tipo de bebida que me ofereceram, fiquei louca, fiz besteira, vomitei... E adorei. Foi divertido, foi, de certa forma, um alívio no meio de tanta pressão que eu estava sentindo. Não sei explicar e não posso ligar os fatos com certeza absoluta. Mas a verdade é que eu estava no ano mais puxado da faculdade, quando a gente tem que se dedicar mais, é mais cobrado, quase não tem tempo para viver. Eu estava sofrendo por um falecido namoro, pela minha vó doente, pela minha irmã sozinha, angustiada e prestando vestibular e pelo meu pai que arrumou uma namorada dançarina de boate mais nova do que eu. Minha vida estava de ponta cabeça e, "coincidentemente", comecei a beber.
Desde então, já perdi a conta dos porres que tomei. Porres fortes mesmo. Apenas uma vez bebi socialmente (ou seja, fui a um bar tomar um ou duas bebidas com amigos, sem perder a noção). Todas as outras vezes, ou fui ao bar e bebi suco ou fui a festas e bebi até cair.
A última vez foi sexta passada. Festa da faculdade, último dia de aula, chopp de graça. Foi maravilhoso.
Cheguei a um ponto que não consigo imaginar a faculdade sem álcool. Não consigo conceber a idéia desses professores quererem proibir bebida na semana dos calouros ou em qualquer outra. Não imagino mais minha vida na faculdade sem tomar meus porres nas festas e perder a noção.
Se eu estivesse ouvindo esse depoimento de outra pessoa, ia pensar "toma cuidado, você está a beira de se tornar uma alcoólatra". Acho perigoso. Acho mesmo. E sobriamente acho que os professores estão certos em se preocupar e querer fazer algo para essas coisas não continuarem acontecendo (proibir não é o caminho, lógico). Não sei qual seria uma forma efetiva de se falar sobre o assunto. Faço uso abusivo de álcool, sei disso, sei das repercussões que isso tem na minha vida e das outras pessoas ao meu redor e não quero mudar. Quero apenas me formar logo, que acabe o sofrimento, que acabem as festas.
Muito complicado.
Resolvi escrever sobre esse assunto hoje porque agora pouco estava assistindo um seriado de tv que mostra a vida de "aprendizes" de médico no seu dia-a-dia da Residência em Cirurgia. São histórias fictícias, criadas por uma pessoa que não é médica. Mas é muito bem feito e em muitas situações, me reconheço ali. Ele retrata muitas das angústias de nós estudantes de medicina, de uma forma muito próxima do real. E, advinha o que o pessoal faz depois de um longo dia de trabalho: enche a cara. No episódio que vi hoje, foi um dia terrível, morreu um monte de gente no hospital, várias cirurgias pesadas... no fim, a personagem compra tequila, leva para casa e toma um belo porre com as duas amigas, também médicas. Esse é um fim recorrente nesse seriado.
Fiquei me perguntando se a pessoa que o escreve faz isso porque as pessoas em geral, de qualquer profissão, costumam afogar suas mágoas de dias difíceis em garrafas de álcool mesmo ou se ela escreve esses porres mais como parte da vida dos médicos, mais pela impressão de que a vida deles é mais angustiante por lidar muito próxima com a morte e por isso a bebedeira é mais frequente e mais intensa.
De qualquer forma, o seriado mostra algo que acontece mesmo e isso tudo, além da minha vivência, me faz pensar mais fortemente que meus professores, infelizmente, estão lutando por uma causa perdida.
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