Desde que entrei na faculdade, venho enfrentando um conflito interno que não sei como resolver e que se agrava a cada dia.
Logo que cheguei e vi a estrutura de tudo, tive a certeza de que estava ali para estudar, para aprender sobre a Medicina e não para ficar perdendo aulas para participar de treinos esportivos ou de assuntos do centro acadêmico. Mas depois de poucas semanas, com todas as influências que sofri, acabei me envolvendo com algumas coisas e perdi aulas para resolvê-las. Aí, passei a usar a "desculpa" de que nesse primeiro ano, que é mais básico (apesar de não ser menos difícil), eu ia aproveitar para desenvolver minhas dificuldades pessoais relacionadas a meu medo excessivo de algumas situações e a minha timidez e iria "usar" as reuniões da graduação e as atividades que me eram solicitadas para me enfrentar. Além disso, passei a ver a importância de certas atividades da faculdade, tanto em âmbito social quanto pessoal.
Sempre, realizando as tarefas dos projetos com os quais me envolvi ou não, ficava pensando se estava mesmo fazendo a coisa certa, se era realmente isso que eu queria, se achava verdadeiramente importante ou se só estava sofrendo influências de veteranos.
Constantemente me questiono e sou questionada a respeito da importância social que tem, por exemplo, a discussão do novo currículo da faculdade. Será que a mudança estrutural é realmente necessária? Será que os resultados serão positivos? Será que ela vai mesmo acontecer ou não seria apenas mais uma utopia? São perguntas importantes que me incomodam sempre pois não têm resposta. Então, qual deveria ser o parâmetro para minha escolha de realizar ou não uma atividade como esta? O que eu deveria considerar na hora de tomar uma decisão? O que exatamente é o mais importante para mim? Não sei, não sei e não sei...
Hoje, me encontro num questionamento ainda maior. "O cerco está se fechando." Há alguns meses minha turma (e acho que toda a faculdade) vem discutindo sobre a abertura de novos cursos de Medicina aqui em São Paulo, em faculdades particulares que não tem a menor estrutura para ministrá-los. Houve uma grande polêmica sobre o que deveríamos fazer, se adiantava ou não protestar, como poderíamos chamar atenção para nossos argumentos... Hoje o pessoal do Centro Acadêmico veio me dizer que haverá uma manifestação no domingo contra a abertura desses cursos, especialmente contra a abertura do curso na UNINOVE, cujo vestibular é nesse fim de semana. Fico pensando: qual seria a importância da minha presença nesse tipo de protesto? que resultados positivos isso poderia trazer à sociedade? será que vai adiantar um bando de alunos falando que é contra? será que seríamos ouvidos?
Por um lado, eu acho que eu deveria participar, que seremos ouvidos se formos muitos e por isso a presença de cada um se torna ainda mais importante. Além disso, acho que a manifestação é sim importante (se não for única e isolada ? deve acontecer paralela a um projeto de discussões e atos), no mínimo, é melhor do que não fazer nada. Se vamos conseguir impedir que esse curso seja ministrado podremente? Provavelmente não, mas que fique marcada nossa voz em algum lugar e que tentemos evitar que outros cursos sejam aprovados, na base da pressão.
Por outro lado, acho que deveria ouvir minha mãe que me diz para não me envolver com essas coisas e ficar quietinha em casa. Acho que posso estar gastando muito da pouco energia que tenho para algo que não vai dar resultados substanciais. E que pode até me prejudicar, me trazer mais problemas.
Que sou contra a abertura de novos cursos de Medicina em São Paulo é óbvio, mas se posso ajudar a evitar que isso aconteça... já tenho grandes dúvidas.
O fato é que, como sempre, não sei o que fazer, não sei o que é melhor para mim e muito menos o que é melhor para os outros, para a sociedade. E, por causa disso, entrei nesse grande conflito de interesses e de custo-benefício. Realmente, não sei como seguir com minha vida, como administrar minha carreira, como viver a faculdade, como contribuir para um mundo melhor...
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