sábado, 27 de fevereiro de 2010

Impossível!

Descrever o que vivi essa noite seria impossível!
Sério!

Primeiro, eu nunca imaginei a existência de um lugar como aquele.
Me contaram que existia. Ok.
Recebi um convite pra conhecer... Hum...
Como sou muito curiosa e gosto de novas experiências (afinal, aproveitar a vida é o lema de 2010), aceitei e me animei.
Na hora de ir, deu um puta medo, um frio na barriga desgraçado. Mas fomos!

E foi foda!
Em muitos sentidos.
Infelizmente, não posso descrever as experiências em detalhes porque muitas pessoas que me conhecem pessoalmente lêem esse blog e, comentar sobre isso, invadiria a privacidade de outrem.
Mas, cara, foi bizarro!

Muita gente fazendo muita coisa que nunca imaginei que seria possível.

E, agora, passada a experiência vivida, o contraste paira sobre minha cabeça como uma névoa densa.
Trabalho com pessoas que seguem uma religião rígida, cheia de regras, convivo intensamente com essas regras apesar de não me envolver e não pertencer à religião alguma.
Assistir esses dois estilos de vida tão diferentes, tão opostos... cria em mim uma sensação de impossível.
Porque não dá pras duas coisas coexistirem.
Simplesmente impossíve!!!

Mas, agora, elas coexistem em mim.

É... talvez o povo esteja certo... nada é impossível!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sem preço

Fiz uma "ligação de almas" incrível com minha enfermeira hoje.
Cada dia tenho mais certeza que nada acontece por acaso.
Ter a oportunidade de conviver com uma pessoa como ela com certeza não foi por acaso!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sexta-feira

Sexta-feira é um dia muito atípico no meu PSF.
Primeiro porque tem reunião de manhã com todos os médicos e enfermeiros. Um momento de confissões, trocas, fofocas e comidinhas nada saudáveis.
Segundo porque reservo minha manhã (e às vezes à tarde) para atender gestantes. E isso faz com que diminua bastante o número total de pacientes (porque fico com a agenda fechada até quinta -dia anterior- e, se lembro, levo ela até a recepção pra completar as vagas com outros pacientes mas isso nem sempre acontece).

Hoje, foi uma sexta-feira ainda mais atípica.
Atendi umas barrigudinhas pela manhã, fui à reunião (que estava com uma comidinha muuuito boa, incluindo sorvete!), na hora do almoço fui tirar uma soneca no carro do meu colega e à tarde tinha apenas 3 pacientes pra atender.

Imagina: 3 pacientes em 3 horas?! Em geral atendo uns 10... E olha que eu tinha aberto a agenda na quarta-feira... nem esperei até quinta.
Mas, enfim, dos 3 pacientes, 2 faltaram.

A que foi valeu por uns 5... Faz umas semana diagnostiquei um câncer de pulmão nessa mulher. Imagina... eu vi o Rx, eu que dei a notícia... Difícil. Aí marquei pessoalmente esse retorno pra hoje pra ver como ela tinha ficado. Só isso já seria coisa demais... Mas... como nada na vida é simples... quando fui examinar a mulher, ela estava com o pulso arrítmico. Procurei no prontuário, tinha um ECG recente sinusal bradicárdico. Ok. E agora arrítmico???
Pedi um ECG de urgência e a mulher me volta com uma FA clara!
Pior, quando ela entrou no consultório, reclamou que tinha pegado uma gripe, que a tosse tinha piorado, tinha tido febre e cuspido sangue hoje.
Quanto de sangue?
"Ah, doutora, sujou toda minha pia! Mas não era muito não... acho que era só da garganta".
Quantidade suficiente pra sujar a pia não é da garganta com certeza.

O que eu tinha então?
Uma paciente com câncer, sangrando no pulmão, com uma FA aguda sintomática.
Fiz uma cartinha e pedi que ela procurasse o PS urgente.
Ela se recusou.
Disse que ainda não tinha almoçado, que não queria, que não ia sem o marido dela e ele só chegaria em casa às 4h da madrugada...
Enfim... expliquei os riscos, dei a carta... fiz minha parte.
Hora dela fazer a dela.

Depois de "resolver" essa bucha, mesmo assim, fiquei com umas 2 horas livres. Totalmente livres.

Sendo sexta-feira sempre um dia atípico, como não poderia deixar de ser, fui chamada por 2 enfermeiras de outras equipes para avaliar pacientes delas. Buchas também, claro! Se não elas não teriam me chamado.
Resolvi o que deu.
E voltei pra minha sala.

Entrou uma das minhas auxiliares de enfermagem. Começamos a conversar e ela acabou desabafando comigo que estava esses dias esperando chegar o resultado da autópsia da mãe dela que morreu no fim do ano passado. Acabei confessando pra ela que eu me arrependo até hoje de não ter pedido autópsia da minha mãe... 7 anos depois... Conversamos muito sobre essas coisas. Estranho mas bom.

Depois, recebo um telefonema da minha outra auxiliar, que está de férias esse mês. A coitada teve que internar sua mãe no hospital hoje e estava cheia de dúvidas quanto a cirurgia. Ela tem HepatiteC e teve uma agudização com icterícia, coledocolitíase sei lá...
Tentei ajudar como pude mas não sei se causei mais confusão na cabeça da coitada.
É tão estranho... Tenho uma tendência a tratar minha equipe como se elas entendesse mais de Medicina do que a população geral. Mas elas não entendem... Eu acharia natural se elas entendessem uns termos a mais, soubessem um pouco mais sobre algumas cirurgias e tento conversar de igual pra igual. Mas sempre chego a mesma conclusão: elas não sabem, não entendem. É difícil conciliar, explicar, tentar ajudar...

Mais tarde, num momento de mais tranquilidade, sentei pra estudar um pouco sobre Hanseníase, mas logo entrou minha enfermeira: "Será que você pode me dar uma receita carimbada? É pra mim mesma. Precisava pegar meu remédio na farmácia mas estou sem receita, prometo que vou procurar meu médico assim que possível, mas não queria ficar esses dias sem remédio".
Eu fiquei pensando, pensando... sabia que ela não queria falar sobre que remédio...
Mas tive que perguntar: "Vc quer receita de que medicação?"
Ela exitou, sentou e soltou: "Fluoxetina".
Na hora, tive uma reação muito espontânea de surpresa. Nunca imaginei que ela precisasse de Fluoxetina. Logo ela que é tão pra cima, tão forte. Tive que perguntar mais sobre o assunto.
E acho que ela se sentiu confortável.
Me disse que já teve depressão grave e que achava que agora está piorando. Que fim de semana passado ela ficou muito mal, chorou demais, queria morrer.
Fiquei chocada! Em choque!
Não sabia o que fazer, o que falar... Tão tão tão inesperado.
Não falei nada. Ela disse que irir marcar a consulta com o PQ em breve.
Liberei a receita, expliquei como era a melhor forma pra tomar (porque ela estava bem mal orientada sobre isso) e tentei me manter inteira, tentei oferecer apoio caso precise...

Sei lá... Bizarro demais esse dia.
Muitas angústias, muitas revelações ruins...
Foi difícil!

E depois pra terminar, voltei pra casa dirigindo. Comecei a dirigir faz uma semana e até agora estou sobrevivendo.
Mas nunca imaginei que seria tão difícil! Tô sofrendo demais!
O carro morre demais porque não sei mexer na maldita embreagem, já atropelei 2 cones (um em alta velocidade na Av. Paulista e outro numa curva - detalhe: o cone estava em cima da calçada!). Já quase atropelei um motoqueiro, dei um totó no carro da frente e quase arrebentei a porta de um Siena dentro do estacionamento do shopping... Péssimo!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cibernetica

De iPhone em mãos agora posso postar a qualquer hora, em qualquer lugar!
Divertido! Vamos ver se vai dar...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lista para 2010

--> Aprender definitivamente a dirigir (minha carteira tá vencendo e eu ainda não sei!)
- primeira aula amanhã

--> Viajar com os amigos
- em andamento (1ª viagem foi um sucesso)

--> Passear de helicóptero por São Paulo (sempre tive vontade)
- só uma idéia

--> Pular de paraquedas
- em planejamento - pretendo ir à Boituva mas aceito sugestões de outros lugares

--> conhecer NY (aproveitando meu visto que vencerá em breve)
- em planejamento avançado

--> Passar o Reveillon na Europa c/ amados amigos irmãos
- ainda só uma idéia coletiva

--> Jantar num rodízio de japa pelo menos uma vez por mês
- só faltam as companhias mensais (janeiro já foi cumprido - fevereiro, sem planejamento ainda)

--> Assistir Cirque du Soleil no Tapis Rouge
- idéia forte (nem que eu vá sozinha!)

--> Fazer academia, estudar inglês, juntar dinheiro, melhorar minha dieta
- o de sempre!

Quando a gente se envolve...

Eu estava feliz.
Feliz, radiante e saltitante.
Eu estava assim porque estava apaixonada.

Apaixonada pelo meu trabalho, pela minha equipe e principalmente pela minha enfermeira. Tenho um bom cargo, sou respeitada, ganho bem, gosto do que faço, os colegas estão gostando de mim... O que mais eu ia querer?

Num cenário como esse, obviamente eu me envolvi. As pessoas me receberam de braços abertos, de coração aberto, me mimaram desde o começo. Tinha uma gotinha de ressentimento pela saída da médica anterior (muito querida), mas nada que não fosse superado.

Eu estava feliz porque me envolvi, porque me apaixonei. Estou vivendo intensamente esses dias, me entreguei de cabeça, abri meu coração também (coisa que não faço com frequência). Estava em total lua-de-mel com o trabalho.

Só que... quando a gente se apaixonada, vem junto uma certa ilusão de mundo perfeito, de pessoa perfeita, de situação perfeita...
Paixão envolve riscos. Muitos riscos.
Risco de dano.
Eu sempre soube disso e é exatamente por isso que sempre me protejo, que não abro meu coração pra qualquer um ou qualquer coisa.

Enfim... eis que no auge da minha ilusão, no meio da minha total entrega, vem a primeira decepção.
Foi uma mísera decepção, um pequeniníssimo desentendimento com minha enfermeira. Mínimo mesmo!
Mas que me afetou de maneira infinita.
Aconteceu às 9h10. Até às 11h eu continuava atendendo pacientes sem conseguir me concentrar, sem me focar. Eu ficava pensando no ocorrido, eu tentava, na minha cabeça, consertar, revivia a história pra tentar entender todas as partes envolvidas.
Foi uma dor sem razão, sem sentido.
Como as dores da paixão.

Ao mesmo tempo que eu atendia, e pensava, eu me sentia culpada por estar pensando, por não conseguir me focar. Afinal, isso era inadmissível. Eu estava no meu ambiente de trabalho, atendendo pessoas que precisavam da minha total atenção e eu não conseguia dar nem 70% dela por uma besteirinha que havia acontecido horas atrás...
Complicadíssimo!!!

Vim pra casa, em meio ao dilúvio (como acontece todos os dias desse molhado mês), me culpando por ter me deixado envolver tão fortemente por aquelas pessoas, por ter aberto meu coração pra tantas mulheres (porque na minha equipe só tem mulher atualmente) que há pouco eu nem conhecia... que eu continuo mal conhecendo...

Mas será que tenho direito de me sentir culpada por amar? Por ter me entregado de corpo e alma ao trabalho?
Será que é tão errado se apaixonar?

Por que sinto que é?
Por que sempre sinto que é?
Por que sempre me arrependo quando me envolvo assim com algo ou alguém?
Por um lado, me faz tão feliz, me faz sentir tão viva (me sinto mais viva e feliz que nunca!). É a paixão que me faz sorrir sem perceber, que me faz gostar dos meus pacientes (mesmo as gordinhas hipertensas deprimidas) e querer o melhor pra eles. Foi a paixão que me fez levantar da cama às 5h10, feliz, todos os dias das últimas 3 semanas.
Mas também é a tal paixão que atrapalha minhas consultas, que inferniza minha cabeça, me faz sentir culpada, boba, infantil...

É a paixão...