Parece que parei no tempo. Como se tudo estivesse em câmera lenta, num vale entre montanhas bem altas.
Vivo pensando no pico da próxima montanha. Vivo programando o que vai acontecer ano que vem, vivo lá e não mas aqui.
Não consigo me conscientizar do presente. Tá tudo meio embaçado.
Estranho.
O pior é saber que pode aparecer um abismo a qualquer momento. Um abismo que pode me jogar mais pra baixo e me distanciar ainda mais do topo daquela montanha que tanto quero alcançar.
Tento estudar. Consigo pouco. Bem menos do que precisava.
Meu aniversário passou batido. Não fiz nada, não vi ninguém, não ganhei presentes. Nenhum.
Sabe o que é mais grave? Que não quero fazer diferente.
Sei que estou perdendo tempo, que minha vida está passando, que vou sentir falta dessa época, desse fim de faculdade que deveria ser mais aproveitado.
Mas não consigo mais, não quero mais viver essa vida. Cansei.
Quero acabar, arrumar um emprego, me empenhar nos meus projetos... Não quero mais ter que fazer só o que me mandam ou o que esperam de mim. Quero tomar as rédias da minha vida. E isso não dá pra fazer dentro de um hospital, dando tantos plantões, aulas, provas, cobranças, visitas, pessoas te passando a perna todo tempo.
Tenho muitos planos e não vejo a hora de poder colocá-los em prática.
No meio dessas elucubrações descubro que o avô de uma das minhas melhores amigas morreu. E ela não me contou. Era o alicerce da vida dela, o único que a apoiava, que seria seu padrinho de formatura. E ela não me contou porque era meu aniversário e eu fiquei distante. Nos vemos todos os dias, sempre, moramos juntas. Mas nesses dias eu estava muito auto-centrada, egocêntrica, fechada em mim mesma e ela não conseguiu se aproximar, não me encontrou. Sofreu muito. E eu não estava aqui para ajudá-la.
Porque eu simplesmente não estou conseguindo enxergar o meu redor. Só consigo ver o pico da montanha. Só consigo me ver, amanhã.
Me tornei igual àqueles que tanto critico.
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