De repente, senti um cansaço profundo, uma vontade de dormir pelos próximos 3 dias seguidos, como se minhas forças tivessem sido sugadas por um buraco negro muito próximo.
Olhei pro relógio, eram 8h30 da manhã.
Não, eu não tinha dado plantão na noite anterior. Eu tinha chegado ao plantão às 7h30... e às 8h30 eu já não aguentava mais.
Percebi (mais uma vez...) que o que me cansa são as pessoas ao meu redor. São elas que sugam a minha energia e me fazem querer parar tudo e descer.
É impressionante o egocentrismo, a falta de companheirismo, a indiferença, "te ferro pra não me ferrar" all the time ever.
São sucessivas situações em que as pessoas demonstram o quanto são mesquinhas. Pessoas de quem eu gostava, pessoas nas quais eu confiava... Tudo bem.
Na hora do almoço, depois de mais uma jogada de mestre da mesquinha mor do momento (que se livrou da pior cirurgia do dia com manipulação baixa), acabei ficando apenas com um colega no centro cirúrgico.
Apareceu uma apendicectomia para instrumentar, a equipe já estava toda montada, mas me interessei pelo caso porque era uma criancinha. Pedi para instrumentar no lugar do residente.
Coitado do meu colega... ele já tá tão traumatizado com as puxadas de tapete que na hora que eu disse que ia entrar ele respondeu: "Ah, muito espertinha você, né senhorita?! Vai entrar na apendicectomia que é tranquilo e quando a laparo do fecaloma chegar eu é que serei obrigado a entrar, né?!".
Tranquilizei o garoto, disse que a laparotomia não ia chegar tão cedo mas que se chegasse, era só ele me chamar que eu trocava de cirurgia.
É muito triste ter que viver nesse ambiente de selvagens. E cansa demais!
Quero fugir! Quero que acabe logo! Não quero nunca mais encontrar com essas pessoas depois que acabar. Elas que vivam a vida delas bem longe de mim e que sofram com as puxadas de tapete que ainda vão tomar (porque vão tomar muuuuitas para pagar todo sofrimento que elas estão causando hoje).
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