O difícil não é se tornar adulto.
O difícil é amadurecer sem perder a sensibilidade e a maneira de sonhar das crianças.
Não aprender a dizer frases idiotas do tipo:
"Calma! Isso vai passar!"
Ou
"Você está fazendo uma tempestade num copo d'água. Perto de outros, esse seu problema é tão pequeno, tão insignificante..."
E não tentar ser prático, quando se precisa ser sentimental.
"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
sábado, 31 de janeiro de 2004
sexta-feira, 30 de janeiro de 2004
Engraçado como esse blog virou um tipo de diário mesmo.
Eu odiava essa idéia de escrever sobre o meu dia ou sobre alguma coisa minha mas agora... Claro que posso continuar postando músicas, poesias, textos críticos... mas os meus preferidos nesse momento são os posts tipo esse próximo e a maioria dos últimos. Quem diria...?
Ontem fui conversar com a professora de ballet da minha irmã. Fui pedir ajuda para cuidar dela porque sei que se ela precisar, ela não vai vir me procurar. A Márcia (essa professora) é uma pessoa muito especial, atenciosa, carinhosa, companheira, uma das pessoas que minha irmã mais ama. Eu nunca tive muito contato com ela mas no dia do velório da minha mãe, começamos a conversar e ela se dispôs a ajudar no que nós precisássemos "sem me meter demais na vida de vocês".
A nossa conversa de ontem não foi muito boa. Eu esperava ter falado mais, ter ouvido mais, mas não consegui me abrir com ela, não consegui dizer o que eu queria... Acho que conseguimos estabelecer um vínculo mínimo mas nada parecido com o que eu esperava. Paciência.
Depois que saí de lá, fui andando até o ponto de ônibus e, no caminho, tinha uma igreja. Não sei o que aconteceu mas quando dei por mim, eu estava lá dentro da igreja, sentada em um dos bancos chorando um tanto.
Eu sempre fui meio contra religiões. Principalmente a católica que é a que conheço melhor. Até acho importante as pessoas terem uma religião, praticarem algum tipo de coisa assim mas sem o tal fanatismo ou a cegueira com que alguns ficam. Sem acreditar em tudo que é dito.
Eu nunca tinha entrado numa igreja assim, sem ser uma ocasião muito especial (tipo casamento ou missa de 7º dia). Nem sei porque entrei ontem, só sei que entrei e comecei a pensar na minha vida, na vida da minha irmã, na nossa relação um tanto quanto conturbada, na minha história (que ela não entende porque não conhece), na conversa com a Márcia, nos meus amigos, na minha mãe... e comecei a chorar. Por um lado foi tão ruim porque senti uma angústia tão grande, me senti na escuridão, me senti responsável por tanta coisa, novamente senti todo o peso que carreguei e que vou ter que carregar, senti o peso do amadurecimento.
Por outro lado, me senti aliviada, como se tivesse enxergado uma luz no meio da escuridão. Uma luz bem pequena mas uma luz. Como nunca havia feito, desejei que minha mãe ficasse em paz, que ela fosse se cuidar mesmo que fosse longe de mim, desejei contar a minha irmã toda essa minha história que ela não conhece. Percebi o quanto estou amparada pois para cada problema que pensei em resolver, visualizei um amigo para me ajudar. Até para aqueles momentos em que eu vou me sentir triste e sozinha, já sei para onde correr, para onde ligar dependendo do tipo de angústia que vier junto. Inédito. A igreja pareceu para mim um oásis no meio do deserto, um lugar de calma e tranqüilidade no meio de uma cidade barulhenta e cinza.
Fui para minha casa me sentindo estranha, estava deprimida, cansada. Liguei para a Amanda mas o telefone só chamou. Conversei um pouco com minha vó e fui dormir. Eu estava me sentindo podre, podre mesmo.
Acordei com meu celular tocando. Era um garoto da faculdade, com quem não converso muito.
- Alô.
- Paloma? Oi. Tô te ligando porque tava aqui em casa sozinho e queria conversar.
- Haha. - dei risada porque nunca imaginei ele falando nisso. Na hora nem levei a sério porque se ele estivesse se sentindo sozinho e só quisesse companhia mesmo, acho que eu seria uma das últimas da lista dele.
- Na verdade não é isso. Bem, eu estou sozinho mesmo mas tô ligando porque acabei de ler meus e-mails e queria te perguntar umas coisas... (eu tinha mandado vários e-mails para o e-groups da turma)
Conversamos um pouco, eu respondendo quase em monossílabos, morrendo de sono.
- Você tá bem? Tá com uma vozinha desanimada.
- É... não tô muito legal. Tive uns problemas hoje, fiquei meio mal.
- Você sabe que qualquer coisa que precisar pode me pedir, né? Pode me ligar a qualquer hora, pode pedir o que quiser...
- Sei, valeu.
É engraçado pensar nessa curta conversa que tivemos. Nós realmente não somos muito amigos, a gente se vê super pouco, fala menos, eu xingo muito ele porque às vezes ele é muito grosso com as pessoas, mas ele me passou uma confiança enorme. Me lembrei de um dia em que eu precisava do telefone de uma amiga nossa, liguei para ele e acho que a mãe (ou a namorada) atendeu, sei lá.
- Olha, ele tá dormindo, quem ta falando?
- É a Paloma.
- Paloma? - pausa - da faculdade?
- É... Eu precisava falar com ele mas tudo bem, eu ligo outra hora.
- Não, peraí, acho que ele vai falar.
Óbvio que ele não estava dormindo. Ele atendeu o telefone, perguntou como eu estava, me ajudou no que eu precisava... foi legal. Me senti um pouco lisonjeada por ele ter atendido, não querendo, só porque era eu.
Depois que desliguei o celular ontem fiquei pensando que poderíamos ter conversado mais. Talvez ele realmente estava precisando conversar, diminuir a solidão... Mas eu precisava dormir mais, eu precisava ficar quietinha no escuro.
Deitei, rolei, rolei e não dormi, só sonhei. Liguei a TV e fiquei queimando uns neurônios assistindo à novela das oito, a MTV, a burra da Rede TV e depois o idiota da bandeirantes. Eu estava tentando arrumar força das minhas entranhas para levantar. Consegui umas 3 horas depois. Mas levantei com ânimo, estava mais elétrica, melhor. Incrível a minha instabilidade...
"Não tente ir contra você. Quando estiver se sentindo feliz. Fique feliz, aproveite a felicidade, não se culpe. Mas, quando estiver se sentindo triste, fique triste, chore, chame alguém se quiser conversar, ou fique quieta no escuro se estiver precisando ficar sozinha. Você pode fazer o que quiser, se sentir como estiver e sempre vai ter aquelas pessoas que vão entender e aquelas que não vão. Da mesma forma que aconteceria se você fingisse. Viva. Viva de verdade, com o coração."
Eu odiava essa idéia de escrever sobre o meu dia ou sobre alguma coisa minha mas agora... Claro que posso continuar postando músicas, poesias, textos críticos... mas os meus preferidos nesse momento são os posts tipo esse próximo e a maioria dos últimos. Quem diria...?
Ontem fui conversar com a professora de ballet da minha irmã. Fui pedir ajuda para cuidar dela porque sei que se ela precisar, ela não vai vir me procurar. A Márcia (essa professora) é uma pessoa muito especial, atenciosa, carinhosa, companheira, uma das pessoas que minha irmã mais ama. Eu nunca tive muito contato com ela mas no dia do velório da minha mãe, começamos a conversar e ela se dispôs a ajudar no que nós precisássemos "sem me meter demais na vida de vocês".
A nossa conversa de ontem não foi muito boa. Eu esperava ter falado mais, ter ouvido mais, mas não consegui me abrir com ela, não consegui dizer o que eu queria... Acho que conseguimos estabelecer um vínculo mínimo mas nada parecido com o que eu esperava. Paciência.
Depois que saí de lá, fui andando até o ponto de ônibus e, no caminho, tinha uma igreja. Não sei o que aconteceu mas quando dei por mim, eu estava lá dentro da igreja, sentada em um dos bancos chorando um tanto.
Eu sempre fui meio contra religiões. Principalmente a católica que é a que conheço melhor. Até acho importante as pessoas terem uma religião, praticarem algum tipo de coisa assim mas sem o tal fanatismo ou a cegueira com que alguns ficam. Sem acreditar em tudo que é dito.
Eu nunca tinha entrado numa igreja assim, sem ser uma ocasião muito especial (tipo casamento ou missa de 7º dia). Nem sei porque entrei ontem, só sei que entrei e comecei a pensar na minha vida, na vida da minha irmã, na nossa relação um tanto quanto conturbada, na minha história (que ela não entende porque não conhece), na conversa com a Márcia, nos meus amigos, na minha mãe... e comecei a chorar. Por um lado foi tão ruim porque senti uma angústia tão grande, me senti na escuridão, me senti responsável por tanta coisa, novamente senti todo o peso que carreguei e que vou ter que carregar, senti o peso do amadurecimento.
Por outro lado, me senti aliviada, como se tivesse enxergado uma luz no meio da escuridão. Uma luz bem pequena mas uma luz. Como nunca havia feito, desejei que minha mãe ficasse em paz, que ela fosse se cuidar mesmo que fosse longe de mim, desejei contar a minha irmã toda essa minha história que ela não conhece. Percebi o quanto estou amparada pois para cada problema que pensei em resolver, visualizei um amigo para me ajudar. Até para aqueles momentos em que eu vou me sentir triste e sozinha, já sei para onde correr, para onde ligar dependendo do tipo de angústia que vier junto. Inédito. A igreja pareceu para mim um oásis no meio do deserto, um lugar de calma e tranqüilidade no meio de uma cidade barulhenta e cinza.
Fui para minha casa me sentindo estranha, estava deprimida, cansada. Liguei para a Amanda mas o telefone só chamou. Conversei um pouco com minha vó e fui dormir. Eu estava me sentindo podre, podre mesmo.
Acordei com meu celular tocando. Era um garoto da faculdade, com quem não converso muito.
- Alô.
- Paloma? Oi. Tô te ligando porque tava aqui em casa sozinho e queria conversar.
- Haha. - dei risada porque nunca imaginei ele falando nisso. Na hora nem levei a sério porque se ele estivesse se sentindo sozinho e só quisesse companhia mesmo, acho que eu seria uma das últimas da lista dele.
- Na verdade não é isso. Bem, eu estou sozinho mesmo mas tô ligando porque acabei de ler meus e-mails e queria te perguntar umas coisas... (eu tinha mandado vários e-mails para o e-groups da turma)
Conversamos um pouco, eu respondendo quase em monossílabos, morrendo de sono.
- Você tá bem? Tá com uma vozinha desanimada.
- É... não tô muito legal. Tive uns problemas hoje, fiquei meio mal.
- Você sabe que qualquer coisa que precisar pode me pedir, né? Pode me ligar a qualquer hora, pode pedir o que quiser...
- Sei, valeu.
É engraçado pensar nessa curta conversa que tivemos. Nós realmente não somos muito amigos, a gente se vê super pouco, fala menos, eu xingo muito ele porque às vezes ele é muito grosso com as pessoas, mas ele me passou uma confiança enorme. Me lembrei de um dia em que eu precisava do telefone de uma amiga nossa, liguei para ele e acho que a mãe (ou a namorada) atendeu, sei lá.
- Olha, ele tá dormindo, quem ta falando?
- É a Paloma.
- Paloma? - pausa - da faculdade?
- É... Eu precisava falar com ele mas tudo bem, eu ligo outra hora.
- Não, peraí, acho que ele vai falar.
Óbvio que ele não estava dormindo. Ele atendeu o telefone, perguntou como eu estava, me ajudou no que eu precisava... foi legal. Me senti um pouco lisonjeada por ele ter atendido, não querendo, só porque era eu.
Depois que desliguei o celular ontem fiquei pensando que poderíamos ter conversado mais. Talvez ele realmente estava precisando conversar, diminuir a solidão... Mas eu precisava dormir mais, eu precisava ficar quietinha no escuro.
Deitei, rolei, rolei e não dormi, só sonhei. Liguei a TV e fiquei queimando uns neurônios assistindo à novela das oito, a MTV, a burra da Rede TV e depois o idiota da bandeirantes. Eu estava tentando arrumar força das minhas entranhas para levantar. Consegui umas 3 horas depois. Mas levantei com ânimo, estava mais elétrica, melhor. Incrível a minha instabilidade...
"Não tente ir contra você. Quando estiver se sentindo feliz. Fique feliz, aproveite a felicidade, não se culpe. Mas, quando estiver se sentindo triste, fique triste, chore, chame alguém se quiser conversar, ou fique quieta no escuro se estiver precisando ficar sozinha. Você pode fazer o que quiser, se sentir como estiver e sempre vai ter aquelas pessoas que vão entender e aquelas que não vão. Da mesma forma que aconteceria se você fingisse. Viva. Viva de verdade, com o coração."
Uma loucura???
Tranquei matrícula de 6 matérias da faculdade. Vou fazer 4. Estudar segunda e sexta o dia todo e fazer outras coisas nos outros dias.
O que isso vai me custar? Um ano a mais na faculdade. Vou cair de turma, ter que fazer o 2º ano em 2, demorar mais para ganhar meu suado dinheiro da semi-escravidão (Residência). Não vou mais poder ser representante de turma, que, apesar dos problemas, eu adoro.
Recebi o aval de muitas pessoas importantes para mim e recebi muitos "Meu, isso é loucura! Pensa bem no que você tá fazendo, não faz isso não!", do pessoal da minha turma (Ainda bem que eles me querem com eles, né?).
As pessoas me perguntam por que fiz isso. Eu custei tantos anos pra entrar na faculdade, porque quero ser médica e agora atraso isso assim, do nada, por nada?
Não é bem assim. Estou num momento em que preciso de mais tranqüilidade. Não quero levar esse semestre como levei o passado, empurrando com a barriga, fazendo prova sem ter a menor noção da matéria... Quero viver, não quero me prender a trabalhos, matérias, me afundar em livros, sem conseguir respirar. Além do que amo muito a faculdade, com toda minha alma. Pra que ter pressa para sair? Pra que adiantar minha saída desse lugar maravilhoso, se posso atrasá-la? Esse ano quero realizar meus planos (feitos antes de entrar na faculdade para serem realizados no primeiro ano mas impossível por todos os motivos que todos já sabem), quero trabalhar, estudar Psico, aprender Libra, quero ler, quero praticar esporte, dançar (se conseguir grana), ir às baladas, caminhar, viver de verdade e não vegetar (como faz a maioria dos alunos de 3º semestre da minha faculdade).
Uma amiga me disse uma coisa muito legal, quando eu estava decidindo. Ela disse que assim eu poderia exercer mais minha liberdade, evitar com maior eficiência ser moldada pelo sistema, ficar bitolada como ficam os estudantes de medicina (por serem tão pressionados).
Fiquei bem mais tranqüila com minha decisão. Tudo bem que não é nada legal ouvir um "o que? Que que você quer fazer? Mas isso é raríssimo... os alunos querem pular um ano, fazer as matérias tudo de uma vez e você vai atrasar? Tem certeza? Você está ciente de que terá que fazer essas matérias anos que vem, né? Que vai cair de turma?" Como tive que ouvir da mulher da graduação quando fui acertar a papelada.
Tranquei matrícula de 6 matérias da faculdade. Vou fazer 4. Estudar segunda e sexta o dia todo e fazer outras coisas nos outros dias.
O que isso vai me custar? Um ano a mais na faculdade. Vou cair de turma, ter que fazer o 2º ano em 2, demorar mais para ganhar meu suado dinheiro da semi-escravidão (Residência). Não vou mais poder ser representante de turma, que, apesar dos problemas, eu adoro.
Recebi o aval de muitas pessoas importantes para mim e recebi muitos "Meu, isso é loucura! Pensa bem no que você tá fazendo, não faz isso não!", do pessoal da minha turma (Ainda bem que eles me querem com eles, né?).
As pessoas me perguntam por que fiz isso. Eu custei tantos anos pra entrar na faculdade, porque quero ser médica e agora atraso isso assim, do nada, por nada?
Não é bem assim. Estou num momento em que preciso de mais tranqüilidade. Não quero levar esse semestre como levei o passado, empurrando com a barriga, fazendo prova sem ter a menor noção da matéria... Quero viver, não quero me prender a trabalhos, matérias, me afundar em livros, sem conseguir respirar. Além do que amo muito a faculdade, com toda minha alma. Pra que ter pressa para sair? Pra que adiantar minha saída desse lugar maravilhoso, se posso atrasá-la? Esse ano quero realizar meus planos (feitos antes de entrar na faculdade para serem realizados no primeiro ano mas impossível por todos os motivos que todos já sabem), quero trabalhar, estudar Psico, aprender Libra, quero ler, quero praticar esporte, dançar (se conseguir grana), ir às baladas, caminhar, viver de verdade e não vegetar (como faz a maioria dos alunos de 3º semestre da minha faculdade).
Uma amiga me disse uma coisa muito legal, quando eu estava decidindo. Ela disse que assim eu poderia exercer mais minha liberdade, evitar com maior eficiência ser moldada pelo sistema, ficar bitolada como ficam os estudantes de medicina (por serem tão pressionados).
Fiquei bem mais tranqüila com minha decisão. Tudo bem que não é nada legal ouvir um "o que? Que que você quer fazer? Mas isso é raríssimo... os alunos querem pular um ano, fazer as matérias tudo de uma vez e você vai atrasar? Tem certeza? Você está ciente de que terá que fazer essas matérias anos que vem, né? Que vai cair de turma?" Como tive que ouvir da mulher da graduação quando fui acertar a papelada.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2004
Estou me sentindo bem, como há muuuuuito tempo eu não sentia.
Ontem consegui fechar um ótimo negócio com um fornecedor de camisetas para minha turma. Me senti tão útil... O desenho para a estampa ficou maravilhoso, com a ajuda da Prika e da Lê, consegui editá-lo quase perfeito (não ficou perfeito porque a Prika não deixou eu e a Leila arrumarmos os detalhezinhos. Ela disse que era besteira, que aquilo nem ia aparecer, que tava ótimo. Então, ta.).
Hoje cheguei cedo à faculdade, fiquei no computador até às 10h.
Nesse horário eu tinha marcado de encontrar a Psicóloga do hospital, que acompanhava minha mãe. Eu precisava muito falar com ela. E nem sei por que. Ela foi extremante gentil. A conversa foi perfeita. Melhor impossível.
Ela tirou alguns questionamentos que eu tinha desde que minha mãe morreu, me deu força, disse que ela tinha ficado impressionada com a minha mudança em tão pouco tempo. Ela falou que das primeiras vezes que conversamos, eu estava muito assustada, tentando negar, fugir, que eu estava como uma menina acuada. Mas, logo, eu assumi as rédeas da situação, passei a conversar com os médicos, cuidar bem da minha mãe, demonstrando um amadurecimento muito importante. Ela disse que viu nitidamente duas Palomas bem diferentes. Fiquei feliz por ouvir isso. Ela foi a pessoa que esteve mais perto de mim no hospital. Ela viu e ouviu muita coisa e sabe do que está dizendo.
Fiquei radiante com nossa conversa. Foi como um carinho na minha alma tão sofrida. Me senti acolhida, cuidada, esperançosa para continuar a vida.
Depois, quando fui à sala da Patrícia para resolvermos umas coisas, ela me contou que alguém (não vou contar quem mas foi alguém muito importante para mim), me elogiou dizendo “Ela é pequeninha mas tem muita liderança, né? Você precisava tê-la visto falando com tal pessoa”. Fiquei morrendo de vergonha, mas gostei de saber. Aliás, no dia anterior, a Patrícia me mandou um e-mail lindo, todo carinhoso, falando para ir vê-la sempre, que ela adorava minha companhia. Ela é tão fofa.
Às 12h tive consulta com um dos meus PQs. Eu não gosto muito de falar com ele porque ele não fala, fica calado (mais do que os psicólogos) olhando com aquela cara e eu acho meio estranho. Mas, foi ótimo ter falado com ele porque eu e uma amiga conseguimos resolver um probleminha que ela tinha com a medicação. Espero que ela fique bem.
Agora, estou aqui, fazendo hora, esperando pela reunião do CA.
Tranqüila e bem, finalmente.
Ontem consegui fechar um ótimo negócio com um fornecedor de camisetas para minha turma. Me senti tão útil... O desenho para a estampa ficou maravilhoso, com a ajuda da Prika e da Lê, consegui editá-lo quase perfeito (não ficou perfeito porque a Prika não deixou eu e a Leila arrumarmos os detalhezinhos. Ela disse que era besteira, que aquilo nem ia aparecer, que tava ótimo. Então, ta.).
Hoje cheguei cedo à faculdade, fiquei no computador até às 10h.
Nesse horário eu tinha marcado de encontrar a Psicóloga do hospital, que acompanhava minha mãe. Eu precisava muito falar com ela. E nem sei por que. Ela foi extremante gentil. A conversa foi perfeita. Melhor impossível.
Ela tirou alguns questionamentos que eu tinha desde que minha mãe morreu, me deu força, disse que ela tinha ficado impressionada com a minha mudança em tão pouco tempo. Ela falou que das primeiras vezes que conversamos, eu estava muito assustada, tentando negar, fugir, que eu estava como uma menina acuada. Mas, logo, eu assumi as rédeas da situação, passei a conversar com os médicos, cuidar bem da minha mãe, demonstrando um amadurecimento muito importante. Ela disse que viu nitidamente duas Palomas bem diferentes. Fiquei feliz por ouvir isso. Ela foi a pessoa que esteve mais perto de mim no hospital. Ela viu e ouviu muita coisa e sabe do que está dizendo.
Fiquei radiante com nossa conversa. Foi como um carinho na minha alma tão sofrida. Me senti acolhida, cuidada, esperançosa para continuar a vida.
Depois, quando fui à sala da Patrícia para resolvermos umas coisas, ela me contou que alguém (não vou contar quem mas foi alguém muito importante para mim), me elogiou dizendo “Ela é pequeninha mas tem muita liderança, né? Você precisava tê-la visto falando com tal pessoa”. Fiquei morrendo de vergonha, mas gostei de saber. Aliás, no dia anterior, a Patrícia me mandou um e-mail lindo, todo carinhoso, falando para ir vê-la sempre, que ela adorava minha companhia. Ela é tão fofa.
Às 12h tive consulta com um dos meus PQs. Eu não gosto muito de falar com ele porque ele não fala, fica calado (mais do que os psicólogos) olhando com aquela cara e eu acho meio estranho. Mas, foi ótimo ter falado com ele porque eu e uma amiga conseguimos resolver um probleminha que ela tinha com a medicação. Espero que ela fique bem.
Agora, estou aqui, fazendo hora, esperando pela reunião do CA.
Tranqüila e bem, finalmente.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2004
(Mais um post gigante)
"Nada como um dia após o outro!"
Essa frase nunca fez tanto sentido para mim quanto ontem...
Eu finalmente percebi porque eu não estava conseguindo postar, porque não estava conseguindo verbalizar o que eu sentia: eu simplesmente não estava admitindo para mim mesma meus sentimentos, estava tentando negá-los, ignorá-los, como se eles fossem desaparecer com isso. Mas, depois de uma tempestade, depois de muita água (muitas lágrimas) consegui acordar e assumir minhas dores.
Terça-feira foi um dia terrível. Começou mal, continuou ruim e acabou pior ainda. Ouvi muita coisa ruim (sem ter culpa), dei vários foras, várias mancadas, senti muuuuuita raiva.
Em certo momento, um amigo que estava comigo disse:
- Não vai chorar por causa disso, né?
- Chorar? Eu? Claro que não! Eu só estou é com muuuuita raiva!
- Sei... seus olhos estão cheios de lágrimas! Peraí... Fica calma.
De verdade, com a maior sinceridade do mundo, eu não menti para ele. Eu realmente não estava com vontade de chorar... Não estava conscientemente. Na verdade, eu estava mentindo para mim. Até ele percebeu minha chateação, minha mágoa com aquele história, com aquele cara idiota que aprendeu agora como pisar nas pessoas e está gostando da brincadeira... mas eu não percebi. Eu achei que estava com raiva simplesmente... Não consegui entrar em contato comigo naquele momento (que frase estranha, não?).
Enfim, muitas coisas aconteceram naquele dia, saí da faculdade eram quase 22h, entrei no ônibus e adivinhem...? Comecei a chorar. Admiti todos os sentimentos que venho negando: estou com muitas saudades da minha mãe; ainda estou sofrendo muito por tudo que aconteceu; ainda não estou preparada para voltar a estudar (muito menos nesse semestre tão abominável), sinto que não é isso que quero agora, meu coração clama por um pouco de liberdade; fiquei chateada com algumas amigas da faculdade por terem sumido, me senti abandonada por elas... e no momento que eu mais precisava (por mais que eu tente entender que elas não sabiam lidar com a minha dor, que elas não sabiam o que fazer comigo, que achavam que eu não queria falar com elas... eu não consigo, eu não entendo e fiquei chateada sim - é como se elas não se esforçassem para me ajudar, sabe? É difícil para elas? Sim! Mas concordam que é muito mais difícil para mim, principalmente se eu estiver sozinha - eu não estava mas poderia ter estado já que elas não estavam do meu lado). Foi um mar de lágrimas. Chorei no ônibus, cheguei em casa chorando, tomei banho chorando, fui (tentar) dormir chorando...
Na quarta-feira, acordei mal, obviamente. Eu não queria sair da cama, não queria ir a lugar algum. Mas tinha um monte de coisa para resolver na faculdade e acabei indo pra lá. Foi a melhor coisa que eu podia ter feito. "Nada como um dia após o outro!"
Quando eu estava no ônibus, a Amanda me ligou. De repente, ela acabou decidindo que iria me encontrar na faculdade, dali a algumas horas.
Cheguei na facul, entrei, já estava com minha cabeça lotada de idéias malucas e fiquei pensando "gostaria tanto de encontrar o Cacá e conversar com ele. Será que ele vai estar aqui hoje?" A primeira pessoa que encontrei foi ele. Eu disse que precisava de ajuda. Prontamente ele sentou e me ouviu. Foi ótimo. Ele tirou as dúvidas que eu tinha, me ajudou pra caramba mas eu ainda não estava certa da decisão que eu ia tomar. Resolvi subir para falar com a Patrícia. No meio do caminho encontrei a Camila, uma estudante de serviço social que trabalha na biblioteca. Conversamos bastante sobre nosso projeto de extensão e sobre algumas idéias que ela tinha para ajudar os meus calouros. Fiquei impressionada! A menina tem uma cabeça fantástica, pensa em coisas fora do comum e ainda sugere caminhos viáveis para realizá-las. Amei as idéias, amei a conversa. E, ali, naquele momento, comecei a ter certeza da minha decisão.
Fui falar com a Patrícia (um amor de pessoa):
- Patrícia... tá muito ocupada? (Eu entrei super tímida porque desde que ela voltou de férias eu estava indo lá todos os dias para resolver uns assuntos e no dia anterior eu havia ido umas 6 vezes pra apresentar outros alunos - imagino que ela está de saco cheio de mim)
- Oi, Paloma, entra. (Ela estava escrevendo algo muito importante no computador porque nem sequer virou para falar comigo)
- Queria conversar... não tô bem...
- Claro, puxa a cadeira e senta aqui. Eu estava... (ela me contou o que estava fazendo mas não posso publicar porque é confidencial), mas pode falar, por que você não está bem? - Pausa para uma careta dela mesma - Que pergunta, né? Bem, eu sei porque você não está bem mas...
- Meu dia ontem foi horrível. Aconteceram milhares de coisas ruins, chorei pra caramba... - contei para ela tudo que tinha acontecido...
Depois de conversarmos um pouco, ela disse:
- Pra você eu sei que posso dizer, concorda que tudo isso é muito pequeno se você comparar com outras coisas da vida?
- Claro! Concordo plenamente. Mas me afetou tanto. Acho que em outros tempos eu não teria ficado tão mal mas ontem juntou tudo e eu...
- É, eu sei! Não é momento para essas coisas agora, né? São coisas da vida, coisas que acontecem inevitavelmente no dia-a-dia, mas não é hora de você enfrentar isso. O momento é pra você ficar tranqüila, voltar aos poucos a suas atividades, conversar bastante com as pessoas, ficar com seus amigos, com as pessoas que gostam de você, falar da sua dor... Você tem pessoas para conversar?
- Tenho. Tenho bons amigos... mas tenho muita dificuldade de falar da minha mãe, da falta que ela me faz. Eu quero falar mas só consigo com algumas pessoas em poucos momentos. E é difícil conciliar essas duas coisas.
- Acho que você deve tentar falar mais, quando você sentir vontade. Não segure isso, não negue, fale. Eu também acho que algumas pessoas poderiam te polpar um pouco mais nesse momento. Elas não precisavam ficar entrando em confronto com você nem te colocar em situações difíceis, como aconteceu ontem. Tenta evitar esse tipo de coisa. Tenta conversar com esse menino de quem você está com raiva, para amenizar as coisas e vai tentando resolver os outros problemas aos poucos... Sobre suas amigas, acho que é bem difícil para elas saber o que fazer. Além do que, seus amigos não precisam ser todos para tudo. Tem coisas sobre as quais a gente conversa com um amigo e com outro você sabe que não dá. Tem filmes que você vai gostar de assistir com tal pessoa e com outra vai ser horrível. Tenta entender e tenta não exigir tanto delas...
- É... vou tentar. Acho que o fato de eu estar parecendo muito bem, faz com que as pessoas se sintam à vontade para me tratar normalmente. Tem gente que nunca passou por uma situação parecida e não tem noção do que é, né? Eu vou tentar não dar tanta atenção a essas coisas pequenas e vou tentar ser mais compreensiva com as pessoas.
Comecei a contar para ela sobre a tal decisão que eu tinha que tomar. Entrou a Raquel, nos interrompeu e começou a falar várias coisas. Meu celular tocou, saí para atender e quando levantei não sentei mais onde eu estava porque pretendia já ir embora, só queria saber o que ela achava da minha decisão... Mas acabei não contando porque uma coisa inacreditável aconteceu. Entrou na sala, o diretor da graduação, a pessoa que tem o poder e que sabe das coisas! É bem difícil encontrar esse homem, eu sabia que ele era a pessoa ideal para eu conversar mas nem pensei em falar porque sabia que não iria encontrá-lo e não queria incomodá-lo com meus problemas. Na hora, aproveitando a "sorte", pedi para falar um minuto com ele. Ele, muito gentilmente, sentou e se dispôs a me ouvir.
Foi maravilhoso. Ele falou que isso que eu estava pensando em fazer era algo que ele aconselhava para vários alunos mas eles não fazem. Por medo! Ele disse que o que eu tinha nas mãos não era um problema mas uma solução (ele sempre me fala isso quando vou falar alguma coisa com ele - dá até a impressão que sempre vou com a solução pronta, necessitando de aprovação, de segurança, sei lá...). Saí feliz e saltitante. Finalmente tinha tomado minha decisão e agora estava segura.
Não vou dizer que estou totalmente segura porque ainda quero consultar a Mi e a Iolanda. E, afinal, não preciso ter pressa, não é nada imediato.
Meu dia seguiu na companhia da Amanda. Foi ótimo, também, apesar de eu não ter podido dar toda atenção que eu gostaria a ela.
Agora, nesse momento, estou me sentindo bem melhor, bem mais tranqüila, com bem menos peso nas minhas costas. Não vou dizer que estou feliz... ainda não estou. Ainda sinto muita dor na minha alma. Mas dizem que o tempo e o amor são as melhores coisas para curar isso, né? Então, que venha muito trabalho e muito amor para que esse tempo passe rápido e seja bem aproveitado.
"Nada como um dia após o outro!"
Essa frase nunca fez tanto sentido para mim quanto ontem...
Eu finalmente percebi porque eu não estava conseguindo postar, porque não estava conseguindo verbalizar o que eu sentia: eu simplesmente não estava admitindo para mim mesma meus sentimentos, estava tentando negá-los, ignorá-los, como se eles fossem desaparecer com isso. Mas, depois de uma tempestade, depois de muita água (muitas lágrimas) consegui acordar e assumir minhas dores.
Terça-feira foi um dia terrível. Começou mal, continuou ruim e acabou pior ainda. Ouvi muita coisa ruim (sem ter culpa), dei vários foras, várias mancadas, senti muuuuuita raiva.
Em certo momento, um amigo que estava comigo disse:
- Não vai chorar por causa disso, né?
- Chorar? Eu? Claro que não! Eu só estou é com muuuuita raiva!
- Sei... seus olhos estão cheios de lágrimas! Peraí... Fica calma.
De verdade, com a maior sinceridade do mundo, eu não menti para ele. Eu realmente não estava com vontade de chorar... Não estava conscientemente. Na verdade, eu estava mentindo para mim. Até ele percebeu minha chateação, minha mágoa com aquele história, com aquele cara idiota que aprendeu agora como pisar nas pessoas e está gostando da brincadeira... mas eu não percebi. Eu achei que estava com raiva simplesmente... Não consegui entrar em contato comigo naquele momento (que frase estranha, não?).
Enfim, muitas coisas aconteceram naquele dia, saí da faculdade eram quase 22h, entrei no ônibus e adivinhem...? Comecei a chorar. Admiti todos os sentimentos que venho negando: estou com muitas saudades da minha mãe; ainda estou sofrendo muito por tudo que aconteceu; ainda não estou preparada para voltar a estudar (muito menos nesse semestre tão abominável), sinto que não é isso que quero agora, meu coração clama por um pouco de liberdade; fiquei chateada com algumas amigas da faculdade por terem sumido, me senti abandonada por elas... e no momento que eu mais precisava (por mais que eu tente entender que elas não sabiam lidar com a minha dor, que elas não sabiam o que fazer comigo, que achavam que eu não queria falar com elas... eu não consigo, eu não entendo e fiquei chateada sim - é como se elas não se esforçassem para me ajudar, sabe? É difícil para elas? Sim! Mas concordam que é muito mais difícil para mim, principalmente se eu estiver sozinha - eu não estava mas poderia ter estado já que elas não estavam do meu lado). Foi um mar de lágrimas. Chorei no ônibus, cheguei em casa chorando, tomei banho chorando, fui (tentar) dormir chorando...
Na quarta-feira, acordei mal, obviamente. Eu não queria sair da cama, não queria ir a lugar algum. Mas tinha um monte de coisa para resolver na faculdade e acabei indo pra lá. Foi a melhor coisa que eu podia ter feito. "Nada como um dia após o outro!"
Quando eu estava no ônibus, a Amanda me ligou. De repente, ela acabou decidindo que iria me encontrar na faculdade, dali a algumas horas.
Cheguei na facul, entrei, já estava com minha cabeça lotada de idéias malucas e fiquei pensando "gostaria tanto de encontrar o Cacá e conversar com ele. Será que ele vai estar aqui hoje?" A primeira pessoa que encontrei foi ele. Eu disse que precisava de ajuda. Prontamente ele sentou e me ouviu. Foi ótimo. Ele tirou as dúvidas que eu tinha, me ajudou pra caramba mas eu ainda não estava certa da decisão que eu ia tomar. Resolvi subir para falar com a Patrícia. No meio do caminho encontrei a Camila, uma estudante de serviço social que trabalha na biblioteca. Conversamos bastante sobre nosso projeto de extensão e sobre algumas idéias que ela tinha para ajudar os meus calouros. Fiquei impressionada! A menina tem uma cabeça fantástica, pensa em coisas fora do comum e ainda sugere caminhos viáveis para realizá-las. Amei as idéias, amei a conversa. E, ali, naquele momento, comecei a ter certeza da minha decisão.
Fui falar com a Patrícia (um amor de pessoa):
- Patrícia... tá muito ocupada? (Eu entrei super tímida porque desde que ela voltou de férias eu estava indo lá todos os dias para resolver uns assuntos e no dia anterior eu havia ido umas 6 vezes pra apresentar outros alunos - imagino que ela está de saco cheio de mim)
- Oi, Paloma, entra. (Ela estava escrevendo algo muito importante no computador porque nem sequer virou para falar comigo)
- Queria conversar... não tô bem...
- Claro, puxa a cadeira e senta aqui. Eu estava... (ela me contou o que estava fazendo mas não posso publicar porque é confidencial), mas pode falar, por que você não está bem? - Pausa para uma careta dela mesma - Que pergunta, né? Bem, eu sei porque você não está bem mas...
- Meu dia ontem foi horrível. Aconteceram milhares de coisas ruins, chorei pra caramba... - contei para ela tudo que tinha acontecido...
Depois de conversarmos um pouco, ela disse:
- Pra você eu sei que posso dizer, concorda que tudo isso é muito pequeno se você comparar com outras coisas da vida?
- Claro! Concordo plenamente. Mas me afetou tanto. Acho que em outros tempos eu não teria ficado tão mal mas ontem juntou tudo e eu...
- É, eu sei! Não é momento para essas coisas agora, né? São coisas da vida, coisas que acontecem inevitavelmente no dia-a-dia, mas não é hora de você enfrentar isso. O momento é pra você ficar tranqüila, voltar aos poucos a suas atividades, conversar bastante com as pessoas, ficar com seus amigos, com as pessoas que gostam de você, falar da sua dor... Você tem pessoas para conversar?
- Tenho. Tenho bons amigos... mas tenho muita dificuldade de falar da minha mãe, da falta que ela me faz. Eu quero falar mas só consigo com algumas pessoas em poucos momentos. E é difícil conciliar essas duas coisas.
- Acho que você deve tentar falar mais, quando você sentir vontade. Não segure isso, não negue, fale. Eu também acho que algumas pessoas poderiam te polpar um pouco mais nesse momento. Elas não precisavam ficar entrando em confronto com você nem te colocar em situações difíceis, como aconteceu ontem. Tenta evitar esse tipo de coisa. Tenta conversar com esse menino de quem você está com raiva, para amenizar as coisas e vai tentando resolver os outros problemas aos poucos... Sobre suas amigas, acho que é bem difícil para elas saber o que fazer. Além do que, seus amigos não precisam ser todos para tudo. Tem coisas sobre as quais a gente conversa com um amigo e com outro você sabe que não dá. Tem filmes que você vai gostar de assistir com tal pessoa e com outra vai ser horrível. Tenta entender e tenta não exigir tanto delas...
- É... vou tentar. Acho que o fato de eu estar parecendo muito bem, faz com que as pessoas se sintam à vontade para me tratar normalmente. Tem gente que nunca passou por uma situação parecida e não tem noção do que é, né? Eu vou tentar não dar tanta atenção a essas coisas pequenas e vou tentar ser mais compreensiva com as pessoas.
Comecei a contar para ela sobre a tal decisão que eu tinha que tomar. Entrou a Raquel, nos interrompeu e começou a falar várias coisas. Meu celular tocou, saí para atender e quando levantei não sentei mais onde eu estava porque pretendia já ir embora, só queria saber o que ela achava da minha decisão... Mas acabei não contando porque uma coisa inacreditável aconteceu. Entrou na sala, o diretor da graduação, a pessoa que tem o poder e que sabe das coisas! É bem difícil encontrar esse homem, eu sabia que ele era a pessoa ideal para eu conversar mas nem pensei em falar porque sabia que não iria encontrá-lo e não queria incomodá-lo com meus problemas. Na hora, aproveitando a "sorte", pedi para falar um minuto com ele. Ele, muito gentilmente, sentou e se dispôs a me ouvir.
Foi maravilhoso. Ele falou que isso que eu estava pensando em fazer era algo que ele aconselhava para vários alunos mas eles não fazem. Por medo! Ele disse que o que eu tinha nas mãos não era um problema mas uma solução (ele sempre me fala isso quando vou falar alguma coisa com ele - dá até a impressão que sempre vou com a solução pronta, necessitando de aprovação, de segurança, sei lá...). Saí feliz e saltitante. Finalmente tinha tomado minha decisão e agora estava segura.
Não vou dizer que estou totalmente segura porque ainda quero consultar a Mi e a Iolanda. E, afinal, não preciso ter pressa, não é nada imediato.
Meu dia seguiu na companhia da Amanda. Foi ótimo, também, apesar de eu não ter podido dar toda atenção que eu gostaria a ela.
Agora, nesse momento, estou me sentindo bem melhor, bem mais tranqüila, com bem menos peso nas minhas costas. Não vou dizer que estou feliz... ainda não estou. Ainda sinto muita dor na minha alma. Mas dizem que o tempo e o amor são as melhores coisas para curar isso, né? Então, que venha muito trabalho e muito amor para que esse tempo passe rápido e seja bem aproveitado.
terça-feira, 20 de janeiro de 2004
Livros que li nas férias (consegui!!!):
1) Harry Potter e o Cálice de Fogo - Muito empolgante, gostei bastante - linguagem simples, história com aventuras. É aproveitar uma viagem para outra realidade.
2) Senhora de José de Alencar - Simplesmente adorável. Estava enrolando para ler esse livro há 5 anos, quando a minha amiga Ierka comentou comigo sobre ele. Não sei porque não li antes (acho que por um pouco de preconceito com o autor por causa de O Guarani que não gostei). Adorei a trama, a maneira como ele tece a personalidade de cada personagem... até das longuíssimas descrições eu gostei.
3) Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva - Li agora pela segunda vez, com uma diferença incrível: agora eu conheço exatamente a realidade que ele descreve de UTI, hospitais, dificuldades envolvidas... Foi uma ótima releitura pois me permitiu fazer uma releitura da minha história também (algo que eu precisava muito). Chorei à beca, óbvio, mas ri bastante com ele também... me ajudou a digerir mais um pouco do que resta de tudo que vivi
4) O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry - Também uma releitura. Não sei porque peguei esse livro. Eu estava arrumando a estante do meu pai, achei essa pequena doçura e peguei para reler (nem lembrava mais da história). Foi simplesmente... mágico. Chorei à beca também... por mais bobo que pareça, a historinha ainda faz muito sentido para mim.
Como esse foi o último que li, é o que ainda está mais presente na minha mente e foi o que escolhi para postar um pedacinho:
"- Quem és tu? - perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vêm brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
(...)
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
(...)
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! - disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? - perguntou o principezinho
- É uma coisa também muito esquecida, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
(...)
1) Harry Potter e o Cálice de Fogo - Muito empolgante, gostei bastante - linguagem simples, história com aventuras. É aproveitar uma viagem para outra realidade.
2) Senhora de José de Alencar - Simplesmente adorável. Estava enrolando para ler esse livro há 5 anos, quando a minha amiga Ierka comentou comigo sobre ele. Não sei porque não li antes (acho que por um pouco de preconceito com o autor por causa de O Guarani que não gostei). Adorei a trama, a maneira como ele tece a personalidade de cada personagem... até das longuíssimas descrições eu gostei.
3) Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva - Li agora pela segunda vez, com uma diferença incrível: agora eu conheço exatamente a realidade que ele descreve de UTI, hospitais, dificuldades envolvidas... Foi uma ótima releitura pois me permitiu fazer uma releitura da minha história também (algo que eu precisava muito). Chorei à beca, óbvio, mas ri bastante com ele também... me ajudou a digerir mais um pouco do que resta de tudo que vivi
4) O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry - Também uma releitura. Não sei porque peguei esse livro. Eu estava arrumando a estante do meu pai, achei essa pequena doçura e peguei para reler (nem lembrava mais da história). Foi simplesmente... mágico. Chorei à beca também... por mais bobo que pareça, a historinha ainda faz muito sentido para mim.
Como esse foi o último que li, é o que ainda está mais presente na minha mente e foi o que escolhi para postar um pedacinho:
"- Quem és tu? - perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vêm brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
(...)
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
(...)
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! - disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? - perguntou o principezinho
- É uma coisa também muito esquecida, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
(...)
segunda-feira, 19 de janeiro de 2004
Por que não estou mais postando com tanta freqüência?
1) Por falta de tempo, já que estou correndo tanto com a preparação das coisas para os calouros, além de ter que estudar para minha 3 provas (e não estou conseguindo) e tenho sentido muuuuuito sono
2) Porque não tenho mais conseguido expressar em palavras meus sentimentos, minhas idéias. Escrevo um post, depois leio e acho que está uma porcaria, que não foi nada daquilo que eu quis dizer, aí eu apago e não publico nada
3) Porque tenho me sentido extremamente diferente. Já não sou mais a mesma e ainda não descobri quem sou agora (haha)
4) Porque o texto que eu gostaria de publicar, o principal assunto que gostaria de tratar nesse momento, magoaria muita gente que sei que lê esse blog. Eu não gostaria que as pessoas me interpretassem de maneira errada e se sentissem feridas por isso e como sei que isso vai acontecer, prefiro evitar, por enquanto (até eu poder ter um pouco mais de controle sobre meus atos)
5) Porque ainda não estou bem. Eu gostaria de estar, gostaria de publicar textos alegres ou críticos... gostaria de publicar qualquer coisa que não fosse triste. Mas ainda não dá.
As pessoas perguntam: "Como é que você está? Você está bem?"
Na maioria das vezes digo que sim. Que não estou totalmente recuperada mas que estou bem.
Quando é alguém que me conhece muito, depois de alguns minutos de conversa acaba por dizer: "Não. Você não está bem. Que que tá acontecendo? O que eu posso fazer por você?" ou "Você está muito diferente."
De verdade, não sei dizer o que é. Se estou na faculdade, fico bem na maior parte do tempo, faço as coisas, falo com as pessoas, dou risada, passo vergonha por ser envergonhada (sempre!)... mas, de repente, se fico sozinha, ou quando vou tentar estudar, começo a sentir muito sono, começo a pensar várias besteiras e lembrar de muita coisa, sinto dores no corpo, minhas pernas tremem e acabo tendo que parar tudo que estou fazendo e indo dormir.
Eu estou bem, mas tenho, às vezes, essas crises de sono e choro, que não sei o que são. É tão ruim...
Quinta-feira, cheguei ao cúmulo (para mim) de sentar dentro do Centro Acadêmico, com o som ligado e com toda aquela bagunça, para estudar. Eu realmente precisava estudar mas sabia que se eu fosse para a biblioteca, ia dormir em cima do livro e ia acabar voltando cedo para casa. Então fiquei em meio ao semi-caos (não foi caos total porque a maioria dos diretores está num congresso em Recife).Consegui "estudar" uma boa parte. Óbvio que não prestei toda atenção que deveria mas pelo menos consegui ter uma noção daquilo que lia. De quebra, fiquei por dentro dos assuntos principais do CA (eu sou, ou era, a diretora mais desinformada), conheci velhos diretores, revi alguns amigos, trabalhei um pouco, conversei com a Ju... foi legal.
1) Por falta de tempo, já que estou correndo tanto com a preparação das coisas para os calouros, além de ter que estudar para minha 3 provas (e não estou conseguindo) e tenho sentido muuuuuito sono
2) Porque não tenho mais conseguido expressar em palavras meus sentimentos, minhas idéias. Escrevo um post, depois leio e acho que está uma porcaria, que não foi nada daquilo que eu quis dizer, aí eu apago e não publico nada
3) Porque tenho me sentido extremamente diferente. Já não sou mais a mesma e ainda não descobri quem sou agora (haha)
4) Porque o texto que eu gostaria de publicar, o principal assunto que gostaria de tratar nesse momento, magoaria muita gente que sei que lê esse blog. Eu não gostaria que as pessoas me interpretassem de maneira errada e se sentissem feridas por isso e como sei que isso vai acontecer, prefiro evitar, por enquanto (até eu poder ter um pouco mais de controle sobre meus atos)
5) Porque ainda não estou bem. Eu gostaria de estar, gostaria de publicar textos alegres ou críticos... gostaria de publicar qualquer coisa que não fosse triste. Mas ainda não dá.
As pessoas perguntam: "Como é que você está? Você está bem?"
Na maioria das vezes digo que sim. Que não estou totalmente recuperada mas que estou bem.
Quando é alguém que me conhece muito, depois de alguns minutos de conversa acaba por dizer: "Não. Você não está bem. Que que tá acontecendo? O que eu posso fazer por você?" ou "Você está muito diferente."
De verdade, não sei dizer o que é. Se estou na faculdade, fico bem na maior parte do tempo, faço as coisas, falo com as pessoas, dou risada, passo vergonha por ser envergonhada (sempre!)... mas, de repente, se fico sozinha, ou quando vou tentar estudar, começo a sentir muito sono, começo a pensar várias besteiras e lembrar de muita coisa, sinto dores no corpo, minhas pernas tremem e acabo tendo que parar tudo que estou fazendo e indo dormir.
Eu estou bem, mas tenho, às vezes, essas crises de sono e choro, que não sei o que são. É tão ruim...
Quinta-feira, cheguei ao cúmulo (para mim) de sentar dentro do Centro Acadêmico, com o som ligado e com toda aquela bagunça, para estudar. Eu realmente precisava estudar mas sabia que se eu fosse para a biblioteca, ia dormir em cima do livro e ia acabar voltando cedo para casa. Então fiquei em meio ao semi-caos (não foi caos total porque a maioria dos diretores está num congresso em Recife).Consegui "estudar" uma boa parte. Óbvio que não prestei toda atenção que deveria mas pelo menos consegui ter uma noção daquilo que lia. De quebra, fiquei por dentro dos assuntos principais do CA (eu sou, ou era, a diretora mais desinformada), conheci velhos diretores, revi alguns amigos, trabalhei um pouco, conversei com a Ju... foi legal.
sábado, 10 de janeiro de 2004
RECADINHOS
"Menina": Obrigada por todas as suas palavras doces. É muito bom saber que o que eu escrevo faz diferença para alguém. Um grande beijo.
Fabricia: Obrigada por todos os recados que você escreveu. Que você tenha um ano maravilhoso e muito produtivo na faculdade.
Milene: Nunca vou esquecer a aquela carinha que você fez na última vez que nos vimos. Não precisa se preocupar tanto comigo. Eu vou ficar bem. Obrigada por todo apoio que você me deu, principalmente nas minhas "viajadas" de caloura. Te adoro muito.
Amanda: Minha irmãzinha do coração. Obrigada por tudo que você fez por mim sempre, mas, principalmente nesse último mês. Sem você me ligando todos os dias, me cuidando tão bem, controlando a minha alimentação, me mandando tomar leite (ergh!)... não sei o que teria sido de mim. Você é realmente muito especial, a melhor amiga que alguém poderia querer. Espero que você fique bem, que esse ano seja um dos melhores para você e que possamos continuar lado a lado, nos apoiando eternamente.
Daniel: Obrigada por cada palavras que você escreveu aqui no blog, obrigada por cada palavra e cada frase que você me disse durante esse ano, por toda força que me deu, pelos abraços, pelos ensinamentos... por tudo mesmo. Desculpe pelas coisas ruins, pelos momentos de "loucura". Prometo ser uma pupila melhor esse ano e nos próximos.
Julinha: Minha caloura predileta. Fiquei tão feliz por você ter ido tão bem nas provas. Acompanhei cada post seu durante esse tempo. Tentei te ligar várias vezes mas é quase impossível te encontrar. Desculpe por não ter estado mais perto de você nessas épocas difíceis e tão angustiantes... Mas certamente estaremos muito próximas ano que vem lá na facul. Vou te ajudar em tudo que você precisar e quero aprender muito com você também. (Pelo pouco que te conheço já deu pra notar que você vai ser uma das pessoas com quem terei aqueles enormes papos filosóficos sobre vida, amizades, decepções... Vamos nos divertir bastante)
"Menina": Obrigada por todas as suas palavras doces. É muito bom saber que o que eu escrevo faz diferença para alguém. Um grande beijo.
Fabricia: Obrigada por todos os recados que você escreveu. Que você tenha um ano maravilhoso e muito produtivo na faculdade.
Milene: Nunca vou esquecer a aquela carinha que você fez na última vez que nos vimos. Não precisa se preocupar tanto comigo. Eu vou ficar bem. Obrigada por todo apoio que você me deu, principalmente nas minhas "viajadas" de caloura. Te adoro muito.
Amanda: Minha irmãzinha do coração. Obrigada por tudo que você fez por mim sempre, mas, principalmente nesse último mês. Sem você me ligando todos os dias, me cuidando tão bem, controlando a minha alimentação, me mandando tomar leite (ergh!)... não sei o que teria sido de mim. Você é realmente muito especial, a melhor amiga que alguém poderia querer. Espero que você fique bem, que esse ano seja um dos melhores para você e que possamos continuar lado a lado, nos apoiando eternamente.
Daniel: Obrigada por cada palavras que você escreveu aqui no blog, obrigada por cada palavra e cada frase que você me disse durante esse ano, por toda força que me deu, pelos abraços, pelos ensinamentos... por tudo mesmo. Desculpe pelas coisas ruins, pelos momentos de "loucura". Prometo ser uma pupila melhor esse ano e nos próximos.
Julinha: Minha caloura predileta. Fiquei tão feliz por você ter ido tão bem nas provas. Acompanhei cada post seu durante esse tempo. Tentei te ligar várias vezes mas é quase impossível te encontrar. Desculpe por não ter estado mais perto de você nessas épocas difíceis e tão angustiantes... Mas certamente estaremos muito próximas ano que vem lá na facul. Vou te ajudar em tudo que você precisar e quero aprender muito com você também. (Pelo pouco que te conheço já deu pra notar que você vai ser uma das pessoas com quem terei aqueles enormes papos filosóficos sobre vida, amizades, decepções... Vamos nos divertir bastante)
sábado, 3 de janeiro de 2004
Aprisionada pelas próprias lembranças
(copiado do meu outro blog Minha versão)
Um Domingo antes de minha mãe falecer, meus tio-avós vieram de Belo Horizonte para visitá-la no hospital. Eles estavam animados pois não a viam há alguns anos e estavam com muitas saudades. Eles chegaram na casa do meu pai, às 7h da manhã e combinamos de sair às 11h (a visita era a partir das 12h).
Cerca de 10h, o telefone tocou, eu atendi:
- Por favor, quem está falando?
- Com quem você gostaria de falar (Eu raramente falo meu nome antes de saber com quem estou falando)
- Você é parente da dona Cecy?
- Sim, sou filha dela. Por quê? Aconteceu alguma coisa?
- Meu nome é D... sou aqui do hospital, estou ligando para informar que hoje, cerca de 9h da manhã, o quadro da Dona Cecy se agravou e os médicos pediram para que viesse algum parente dela aqui para eles conversarem...
- Hum - Pausa para eu me recuperar do choque - Já estamos indo
Fiquei desesperada. Corri atrás do meu pai, contei para ele, ele contou pros meus tios, nos arrumamos correndo...
Eu achei que tinha sido algo muito grave mesmo, que ela havia morrido, sei lá. Só conseguia me lembrar da moça falando "hoje, cerca de 9h da manhã, o quadro da dona Cecy se agravou". Por que ela deu o horário? Por que não falou o que tinha acontecido?
Eu pedi para que minha irmã fosse com a gente, queria que ela estivesse do meu lado, que ela me abraçasse quando eu precisasse - e eu disse isso a ela... Mas ela não quis. Ela falou que não gostava de ver minha mãe mal, que não queria vê-la daquele jeito. Nem se importou comigo, simplesmente bateu o pé e disse que não sairia de casa. OK.
Saímos eu, meu pai e meus tios. Ao chegar no hospital, não podíamos subir todos, apenas eu (que tenho crachá) e mais 2 acompanhantes - meu pai e meu tio (deixamos minhas 2 tias lá em baixo esperando).
Subimos, passamos em frente ao posto de enfermagem:
- Oi Eliane (a enfermeira chefe)
- Ah... oi, que bom que vocês chegaram... ela está lá no quarto. Estamos esperando a maca para levá-la para UTI. Já vou chamar o médico para vir conversar com vocês.
Entramos no quarto. Ela não estava tão mal quanto fizeram parecer. Estava tranqüila, falando normalmente, só estava com um pouco de mal estar. Ao ver meu tio, ela ficou muito emocionada, perguntou o que é que ele estava fazendo aqui em São Paulo...
Vendo que já iam levá-la, meu pai resolveu descer com meu tio para que minhas tias pudessem subir. Mas eu não queria ficar lá sozinha, eu não queria conversar com o médico sozinha porque eu sabia que não faria todas as perguntas que meu pai gostaria e não saberia passar as informações para todos depois. Pedi para meu pai ficar comigo, mas não tinha jeito. Ele pediu para que eu o chamasse assim que o médico chegasse e desceu.
Trouxeram a maca, os enfermeiros começaram a arrumá-la para levá-la. Pedi para que esperassem pois minhas tias já estavam subindo. O médico chegou. Não tinha como eu chamar meu pai, se eu descesse, eles levariam minha mãe e o médico sumiria novamente. Conversei com ele sozinha. Minhas tias chegaram, minha mãe chorou ao vê-las e eu não pude ficar perto, acalmá-la pois estava ainda conversando com o médico. Eu disse a ele que meu pai estava lá embaixo e que queria falar com ele. Ele pegou o telefone, ligou lá e autorizou meu pai subir para UTI. Agradeci e voltei para ver minha mãe. Eles já estavam levando-a. A Eliane, muito gentilmente, permitiu que nós 3 a acompanhássemos até a UTI. Fomos conversando, acalmando minha mãe...
Ao chegar lá, a enfermeira pediu para que eu voltasse à enfermaria para pegar as coisas dela. Eu disse que faria isso depois.
- Tá bom. Então, enquanto isso, eu subo lá e ajunto tudo para você trazer, OK?
- Ótimo, obrigada.
Meu pai chegou. Entrei na UTI, avisei o médico que meu pai já estava lá e fui procurar minha mãe. Ela já estava em seu cantinho, bem acomodada e tranqüila. Conversamos um pouco, ela pediu que eu conversasse com a enfermeira da UTI para saber o que eu poderia levar para ela (xampu, cremes, sabonete...). (O médico ainda não havia saído para falar com meu pai.)
Subi para pegar as coisas na enfermaria. Ao abrir o armário dela, senti um cheiro muito forte de xixi. Comecei a procurar de onde ele estava vindo... era de uma camisola dela que estava enrolada lá dentro, toda molhada. Fiquei assustada porque isso significava que ela realmente passara muito mal... Conversei com a paciente da cama ao lado. Ela me contou o que havia acontecido. A coisa foi realmente feia, foi grave. Quando chegamos ela já havia melhorado bem. Ouvi aquela história, bastante preocupada mas não podia pensar muito. Corri à UTI porque ainda queria ouvir a conversa do meu pai com o médico. Mas, quando cheguei lá, eles já estavam terminando.
Entrei, guardei as coisas da mamãe, conversei com ela, consegui uma autorização especial para que meus tios se despedissem dela. Uma das minhas tias não quis entrar. Ela estava chorando muito, estava desesperada.
- Eu sabia que ela estava mal mas nunca pensei que estava desse jeito. Por que não vim antes, meu Deus? Ela está precisando muito da gente e eu nem sabia disso. Queria tanto ajudá-la.
Pois é...
Desci com ela para que se acalmasse, deixei-a lá no saguão e fui até o balcão para tentar encontrar o Dr. Richard, meu professor, meu anjo da guarda número 4. Eu precisava muito falar com ele, eu estava muito angustiada, precisava de algumas respostas, precisava de um pouco de atenção. Demorou até a mocinha localizá-lo pelo telefone. Nisso, meu pai já havia descido com meus tios e foi ver o que eu estava fazendo lá.
- Algum problema aí?
- Não. Só estou tentando localizar meu professor porque preciso falar com ele e sei que ele está aqui de plantão hoje. Você está com pressa de ir embora?
- Não. Faz o que você precisar fazer e depois vamos. Não tem problema nenhum.
Subi à UTI Cirúrgica onde ele estava (mais um lugar para conhecer). Timidamente entrei naquele lugar estranho e o vi, falando com um paciente. Esperei. Ele se virou, me viu.
- Oi, Paloma. Eu preciso muito falar com você. Você tem tempo? É que estou com um paciente infartando aqui e não posso falar agora. Você espera um pouquinho?
- Claro. Sem problemas.
- Tá vendo aquele corredorzinho ali? Então, entra lá, vira a esquerda, anda até o fundo e fica me esperando lá que já falo com você. Tem uma mala em cima da cama, abre ela e pega uns brigadeiros que estão num potinho... estão deliciosos.
Segui no tal corredor. No fundo havia um dormitório pequenininho mas confortável. Não entrei lá. Fiquei andando, esperando... Mas ele estava demorando muito. Desci para avisar meu pai e voltei para o tal corredor.
O Dr. estava correndo de um lado para outro, assinando papéis, fazendo pedidos às enfermeiras, tomando decisões...
Sentei em frente a uma janela e fiquei observando o movimento da rua e ouvindo a correria da UTI por um longo tempo. Até que o doutor apareceu.
Ele me levou até o dormitório, sentamos.
- Merece um prêmio por ter esperado tanto. Vou pegar um brigadeiro aqui na minha mala para você.
- Não, Richard. Obrigada mas eu não como doce.
- Como não come doce? Não sabe o que está perdendo... (Pausa). Como é que você está, Paloma? Como é que estão as coisas?
- Estou meio atordoada com tudo que está acontecendo. Não sei explicar. É desesperador...
- É... eu sei como é, já passei por situação muito semelhante...
E continuamos a conversar por quase uma hora. Foi maravilhoso. Ele me explicou tudo que eu queria saber, me deu detalhes sobre o caso, disse quais eram as possibilidades a partir daquele momento, me preparou para que se algo desse errado... Fiquei muito mais tranqüila. Um exemplo para eu guardar para o resto da vida: um médico bastante ocupado, dando plantão em pleno domingo de sol, pára todo serviço dele para gastar uma hora com uma garotinha, filha de uma paciente que nem é dele, só para tranqüilizá-la.
Ele ficou satisfeito de me ver melhor. Pediu para que eu descansasse o resto do dia porque no dia seguinte ele estaria no Barracão para me ajudar a estudar para a prova de terça.
Agradeci a atenção e o apoio. Desci para encontrar meu pai e meus tios e fomos embora. No caminho de volta para casa, vim contando para eles tudo que o Richard me falou para ver se eles se tranqüilizavam um pouco também.
À noite, liguei para Tina, amiga da minha mãe que estava indo todos os dias no hospital para me ajudar a cuidar dela. Ela ficou muito chateada de saber que minha mãe havia piorado e que não poderia mais passar tanto tempo com ela (na UTI, a visita só é das 16h às 17h).
Na segunda-feira, acordei cedo e fui para o barracão estudar. Encontrei meus amigos, nos esforçamos para descobrir as coisas sozinhos, até que cansamos... o Richard ligou, disse que tinha tido um problema mas que já estava indo nos encontrar, pediu para que esperássemos por ele.
Estudamos juntos até cansar. Aprendi algumas coisas mas sabia que eu precisaria estudar a teoria se quisesse tirar o 5,0 de que necessito para passar.
À tarde, lá para as 15:30h fui ao hospital ver minha mãe. Conversamos um pouco até que chegou um bando de enfermeiros dizendo que necessitavam fazer um exame nela e me pedindo para esperar lá fora. Saí. Esperei um pouco. Encontrei a Sandra, a psicóloga que acompanhava minha mãe e com quem eu sempre conversava.
- Como é que você está, Paloma?
- Estou bem, na medida do possível.
- Assustada com tudo isso, né?
- Muito!
- É... eu sei. Mas fica tranqüila. Eu conversei com sua mãe hoje, ela me pareceu bem mais consciente do que está acontecendo, ela sabe porque veio para cá e até brincou... disse "Pelo menos estou num lugar mais bonito.". Ela disse que gosta mais de ficar aqui na UTI, que dão mais atenção a ela, que a atendem prontamente quando ela chama.
- É, aqui eles se esforçam para fazer todas as vontades dela. E ela pegou um leito bem em frente ao corredor. Aposto que fica o dia todo acompanhando o corre-corre desse povo... Ela gosta dessa agitação.
- Bom, agora eu tenho que ir. Você vai vir amanhã? Gostaria de te ver, para conversarmos com mais calma.
- Eu estarei aqui em torno das 15h30.
- Ótimo. Então a gente se encontra nesse horário, amanhã, lá no balcão de enfermagem do 5º andar.
Ela foi embora. Eu fiquei em frente a porta da UTI mas o segurança começou a encrencar comigo dizendo que eu não poderia ficar ali onde estava, que eu deveria aguardar numa sala de espera no final do corredor. Disse a ele que eu não queria ir à tal sala de espera e que já que eu não podia ficar ali, esperaria lá dentro da UTI. Ele deu de ombros.
Quando entrei novamente, os enfermeiros já haviam se afastado, havia apenas a enfermeira responsável pelo leito que estava conversando baixinho com minha mãe e passando a mão em sua cabeça. Perguntei o que tinha acontecido, se já tinham feito o exame. Ela saiu, pediu para que minha mãe se acalmasse... Minha mãe, um tanto brava, me contou que não era nela que eles tinham que fazer o exame. Eles erraram o leito. Começaram a mexer nela e prepará-la mas chegou o médico e disse que eles estavam fazendo com a pessoa errada.
Fiquei um tempo conversando com ela, ela parecia estar com um pouco de falta de ar mas estava bem. Em determinado momento, ela disse que queria mudar de posição, que estava sentindo muita dor nas costas. Eu chamei a enfermeira... ela veio e muito cuidadosamente colocou minha mãe de lado. Mas, assim que ela saiu, minha mãe disse que não estava se sentindo bem. Perguntei o que ela tinha, se queria voltar para a outra posição, ela disse que não mas que estava mal. Fui atrás da enfermeira:
- Olha, ela está passando mal.
Ela saiu correndo e foi ver minha mãe. Voltou ela para a posição de antes levantou um pouco a cama, de modo que ela ficasse sentada e disse para ela ficar calma e respirar tranqüila que iria melhorar. Ela saiu. Minha mãe começou a reclamar dizendo que estava com muita dor nas costas e que ainda estava passando muito mal, eu disse para ela ficar quietinha, para não se mexer muito.
A Tina chegou, tentou conversar com minha mãe, tentou animá-la mas ela ainda estava mal. Fui atrás da enfermeira:
- Ela ainda está mal. Parece que está piorando.
A enfermeira foi atrás do médico e depois voltou para ver minha mãe. Tentou conversar com ela, acalmá-la até o médico chegar. Ele apareceu, ela falou que estava se sentindo muito mal mas que não sabia o que era, além disso estava com muitas dores. Ele a examinou, tentou conversar mas ela só ficou mais agitada. Ele pediu para que eu e a Tina saíssemos e o aguardássemos na sala de espera.
Saímos. Nessas alturas do campeonato, eu já estava desesperada também. A Tina pegou um copo de água para mim, conversamos, choramos, até que resolvemos voltar para a porta da UTI. Na mesma hora, o médico estava saindo para nos procurar. Conversamos bastante. Ele disse que ela estava com sinais de uma infecção que eles não sabiam exatamente onde e que isso estava causando a descompensação. Ele tentou explicar o máximo de coisas que conseguiu. E eu perguntei:
- Ela corre risco de morrer?
- Olha, o estado dela é bastante grave. Ela corre riscos sim. Mas faremos de tudo para combater a infecção e melhorar o estado dela.
Fiquei mais assustada. Voltei para vê-la. Ela já estava um pouco melhor. Já havia passado das 17h e a Tina não poderia mais ficar lá dentro da UTI. Eu disse a minha mãe que voltaria à noite para vê-la e saí com a Tina.
Saímos da UTI, o segurança chato já não estava mais lá. Paramos na frente para conversar. Ela disse que nunca havia visto minha mãe tão mal.
- Por que é que seu pai e seus irmãos não vieram visitá-la hoje?
- E eu que sei? Meu pai está em casa. Não sei porque ele não veio. Minha irmã e meu irmão estão trabalhando.
- Trabalhando? Mas eles podiam tirar uma folga para vir vê-la. A situação é grave, será que eles não percebem isso?
- Não sei. Eles dizem que não gostam de ver a mamãe mal
- Ah... e por acaso você gosta? Por acaso você acha que eu gosto? Claro que não. Mas estamos aqui. Precisamos dar apoio a ela.
- É... eu vou ligar para meu pai hoje e pedir para que ele venha amanhã. - Não consegui mais segurar e comecei a chorar.
- E pede para ele trazer sua irmã. Independente de qualquer outra coisa. Pode ser a última vez que ela vai ver sua mãe.
- Tá.
Ela me abraçou, ficamos ali chorando, esperando o elevador.
Descemos e fomos conversando até a porta da faculdade, onde eu entrei.
Guardei algumas coisas no armário e saí andando sem rumo pelo porão. Até que encontrei minha amigas, a Priscila e a Felicia, que estavam indo para Liga da Sífilis. Fui andando em direção a elas, abracei a Fê e disse que minha mãe estava mal, que ela ia morrer. Recomecei a chorar. Elas tentaram conversar comigo, sentamos, fiquei chorando um tempão, elas do meu lado, tentando me acalmar. Desencanaram de ir para a Liga.
Quando me acalmei um pouco, decidi ir ao orelhão telefonar para meu pai.
-Alô. Pai?
- Oi filha. Foi ver a mamãe? Como é que ela está?
- Ela tá mal, pai. Acho bom você vir vê-la e trazer a Jéssica.
Expliquei para ele o que o médico disse e meu choro voltou descontroladamente.
- Você está chorando, filha?
- TÔ!
- Calma. Tudo bem. Amanhã eu passo aí com sua irmã, tá? Agora fica calma e vai pra casa descansar.
(Depois descobri que meu choro assustou muito meu pai. Ele disse aos meus irmãos que se eu estava chorando é porque a coisa era grave mesmo... "porque ela já está acostumada a ver sua mãe mal" - como se desse pra acostumar com uma coisa dessas.)
Eu não queria ir pra casa. Voltei para onde as meninas estavam, continuei chorando por um tempo, tentei convencê-las de ir para Liga porque sabia que aquele dia era realmente importante. Elas não quiseram me deixar sozinha daquele jeito. Então, resolvi ir com elas para o PAMB, para a Liga. Eu não queria continuar lá chorando mesmo e seria legal ver outras pessoas. Fomos.
Entrei num consultório onde eles costumam guardar as mochilas, encontrei um pessoal da minha turma, deitei na maca e fiquei lá jogada, ouvindo as conversas que eu não entendia. Todos saíram para atender e para resolver outros problemas, fiquei deitada sozinha por um tempo mas já não estava mais chorando.
Resolvi voltar sozinha para faculdade, estava com muita fome. Mas, no caminho, encontrei a Iolanda conversando com outra pessoa, falei oi, dei um beijo nela e continuei andando. Eu queria falar com ela, queria que ela me consolasse com aquele seu abraço tão bom. Sentei na escada em frente à faculdade e fiquei lá esperando para ver se ela passaria. Até que ela apareceu.
- E aí, mocinha? Tá esperando alguém ou tá fazendo nada?
- Tô fazendo nada.
- Então vem cá comigo - ela fez um gesto para que eu desse a mão para ela.
Fomos até a sala, sentei numa cadeira e fiquei com uma amiga dela conversando sobre seus filhinhos. Depois, elas ficaram fofocando, falando várias coisas interessantes e confidenciais (que nem eu poderia saber...). Rimos bastante e logo saímos. Fui com ela até o carro.
No caminho, contei como estava minha mãe, tudo que tinha acontecido. Paramos em baixo de uma árvore e continuamos a conversa. Ela começou a chorar e me contou de uma situação semelhante que ela viveu há poucos anos. Me disse que nada nessa vida acontecia por acaso e que em algum momento eu teria que pensar porque é que tudo isso está acontecendo comigo.
- A maturidade que você tem hoje como estudante de Medicina não é comparável com nenhum aluno da sua turma, nem do 2º, nem do 3º, nem do 4º ano. Talvez se compare com um aluno de 6º ano, mas acho que nem isso. Tudo que você viu e viveu no hospital te trouxe uma visão muito mais real do que é a Medicina e como podemos usá-la para melhorar a vida dos nossos pacientes e de seus familiares. Com certeza, por tudo isso, você será uma médica muito melhor.
Ela me convidou para jantar na casa dela, disse que eu iria adorar conhecer seus filhinhos... Eu não podia, precisava voltar ao hospital para ver minha mãe.
Ao chegar de volta à UTI, minha mãe estava mal. A enfermeira estava com ela tentando explicar por que ela não poderia mudar de posição. Ela ainda estava com dores e com o mal-estar. A enfermeira saiu, conversei com minha mãe e ela disse que estava piorando. Fui atrás da enfermeira novamente:
- Ela está piorando. Acho melhor já chamar o médico.
Ela foi procurá-lo. Depois, veio ver minha mãe e disse que uma outra médica viria vê-la porque o médico dela tinha saído por um tempo. A médica veio, examinou, deu a conduta... ela não melhorou, a médica saiu, minha mãe falou para eu chamá-la de volta. Fiz isso, ela voltou, apareceu outro residente, os dois a examinaram novamente, prescreveram mais alguma coisa, tentaram sair e minha mãe os chamou novamente. Aí a médica sentou-se ao lado da cama e tentou acalmá-la, tínhamos que esperar um pouco para ver se as drogas seriam suficientes. Não foram.
Minha mãe ficou muito agitada, disse que ela nunca tinha sentido nada parecido com aquilo (que ela ainda não conseguia explicar o que era):
- Eu sei que não vou passar dessa noite. Vou morrer.
- Calma, dona Cecy. A senhora vai ficar bem. Não fala isso. Fica calma. - disse o residente.
- Paloma, você dá minhas coisas para Liu e...
- Pára mãe, não fala isso. Você vai ficar bem.
- Tá bom, mas promete que se eu for você vai dar minhas coisas para ela?
- Prometo. Agora fica quietinha, descansa, não fica falando.
Eu não a deixei continuar. Eu achei que ela não ia morrer. Sabia que ela estava mal mas não achei que fosse morrer. Ela queria me pedir outras coisas e eu não a deixei falar. Se arrependimento matasse... eu teria ido com ela.
Fiquei mais uma hora lá. Ela não melhorava. Ouvi a médica dizendo que achava que precisaria entubá-la. Já era tarde. Eu não queria continuar ali vendo aquilo. Foi demais para mim. Eu precisava descansar. Saí de lá cerca de 21h30, com a esperanças de que ela melhoraria, de que no dia seguinte ela estaria lá ainda.
Às 22h, ligaram para meu pai. Disseram que ela tinha piorado e que precisavam de um familiar lá. (Só fiquei sabendo dessa parte da história no dia seguinte.) Ele foi com meu irmão. Quando chegaram, ela já estava inconsciente, entubada... Não sei o que os médicos falaram, não sei o que houve... Eles voltaram para casa, meu irmão ficou chorando muito. Às 2h30 da manhã, ligaram novamente, ela havia falecido. Meu pai retornou ao hospital, para cuidar de tudo.
Na manhã de terça-feira, dia 9/12, acordei mais tranqüila porque ninguém tinha me ligado, ninguém me avisou nada. Eu achava que se acontecesse alguma coisa, me avisariam imediatamente. Me arrumei para ir à faculdade fazer minha prova - para a qual eu não havia estudado. Quando estava saindo, meu celular tocou.
- Paloma, onde é que você está. - era meu irmão.
- Estou na casa da vó. Estava saindo para ir para faculdade.
- Então, eu acho melhor você não ir não.
- Por quê? O que aconteceu?
Silêncio.
- Me fala. O que houve?
- Você já sabe... não sabe?
- Ah, não... ela morreu...
- É.
Comecei a chorar, ele me disse para esperar ele ligar porque iria me buscar para irmos para o velório, mais tarde.
Joguei minhas coisas no chão da sala, sentei no sofá, peguei o telefone e liguei para a Pri e para o Richard.
Depois, avisei a minha vó e fui para meu quarto. Fiquei lá deitada, chorando no escuro, um tempão. Minha vó veio, pediu que eu levantasse, disse que eu tinha que me conformar que eu não podia ficar daquele jeito. Eu briguei com ela, pedi para que ela me deixasse sozinha.
Quando consegui me recuperar, peguei no telefone, liguei para meu pai, depois para meu irmão. Eu não queria ficar em casa, queria ficar com meu pai.
Pela primeira vez na minha vida, deixei meu orgulho e minha vergonha de lado e comecei a ligar para várias amigas da minha mãe para pedir que viessem me buscar.
Consegui ajuda, sem muitas dificuldades.
Um Domingo antes de minha mãe falecer, meus tio-avós vieram de Belo Horizonte para visitá-la no hospital. Eles estavam animados pois não a viam há alguns anos e estavam com muitas saudades. Eles chegaram na casa do meu pai, às 7h da manhã e combinamos de sair às 11h (a visita era a partir das 12h).
Cerca de 10h, o telefone tocou, eu atendi:
- Por favor, quem está falando?
- Com quem você gostaria de falar (Eu raramente falo meu nome antes de saber com quem estou falando)
- Você é parente da dona Cecy?
- Sim, sou filha dela. Por quê? Aconteceu alguma coisa?
- Meu nome é D... sou aqui do hospital, estou ligando para informar que hoje, cerca de 9h da manhã, o quadro da Dona Cecy se agravou e os médicos pediram para que viesse algum parente dela aqui para eles conversarem...
- Hum - Pausa para eu me recuperar do choque - Já estamos indo
Fiquei desesperada. Corri atrás do meu pai, contei para ele, ele contou pros meus tios, nos arrumamos correndo...
Eu achei que tinha sido algo muito grave mesmo, que ela havia morrido, sei lá. Só conseguia me lembrar da moça falando "hoje, cerca de 9h da manhã, o quadro da dona Cecy se agravou". Por que ela deu o horário? Por que não falou o que tinha acontecido?
Eu pedi para que minha irmã fosse com a gente, queria que ela estivesse do meu lado, que ela me abraçasse quando eu precisasse - e eu disse isso a ela... Mas ela não quis. Ela falou que não gostava de ver minha mãe mal, que não queria vê-la daquele jeito. Nem se importou comigo, simplesmente bateu o pé e disse que não sairia de casa. OK.
Saímos eu, meu pai e meus tios. Ao chegar no hospital, não podíamos subir todos, apenas eu (que tenho crachá) e mais 2 acompanhantes - meu pai e meu tio (deixamos minhas 2 tias lá em baixo esperando).
Subimos, passamos em frente ao posto de enfermagem:
- Oi Eliane (a enfermeira chefe)
- Ah... oi, que bom que vocês chegaram... ela está lá no quarto. Estamos esperando a maca para levá-la para UTI. Já vou chamar o médico para vir conversar com vocês.
Entramos no quarto. Ela não estava tão mal quanto fizeram parecer. Estava tranqüila, falando normalmente, só estava com um pouco de mal estar. Ao ver meu tio, ela ficou muito emocionada, perguntou o que é que ele estava fazendo aqui em São Paulo...
Vendo que já iam levá-la, meu pai resolveu descer com meu tio para que minhas tias pudessem subir. Mas eu não queria ficar lá sozinha, eu não queria conversar com o médico sozinha porque eu sabia que não faria todas as perguntas que meu pai gostaria e não saberia passar as informações para todos depois. Pedi para meu pai ficar comigo, mas não tinha jeito. Ele pediu para que eu o chamasse assim que o médico chegasse e desceu.
Trouxeram a maca, os enfermeiros começaram a arrumá-la para levá-la. Pedi para que esperassem pois minhas tias já estavam subindo. O médico chegou. Não tinha como eu chamar meu pai, se eu descesse, eles levariam minha mãe e o médico sumiria novamente. Conversei com ele sozinha. Minhas tias chegaram, minha mãe chorou ao vê-las e eu não pude ficar perto, acalmá-la pois estava ainda conversando com o médico. Eu disse a ele que meu pai estava lá embaixo e que queria falar com ele. Ele pegou o telefone, ligou lá e autorizou meu pai subir para UTI. Agradeci e voltei para ver minha mãe. Eles já estavam levando-a. A Eliane, muito gentilmente, permitiu que nós 3 a acompanhássemos até a UTI. Fomos conversando, acalmando minha mãe...
Ao chegar lá, a enfermeira pediu para que eu voltasse à enfermaria para pegar as coisas dela. Eu disse que faria isso depois.
- Tá bom. Então, enquanto isso, eu subo lá e ajunto tudo para você trazer, OK?
- Ótimo, obrigada.
Meu pai chegou. Entrei na UTI, avisei o médico que meu pai já estava lá e fui procurar minha mãe. Ela já estava em seu cantinho, bem acomodada e tranqüila. Conversamos um pouco, ela pediu que eu conversasse com a enfermeira da UTI para saber o que eu poderia levar para ela (xampu, cremes, sabonete...). (O médico ainda não havia saído para falar com meu pai.)
Subi para pegar as coisas na enfermaria. Ao abrir o armário dela, senti um cheiro muito forte de xixi. Comecei a procurar de onde ele estava vindo... era de uma camisola dela que estava enrolada lá dentro, toda molhada. Fiquei assustada porque isso significava que ela realmente passara muito mal... Conversei com a paciente da cama ao lado. Ela me contou o que havia acontecido. A coisa foi realmente feia, foi grave. Quando chegamos ela já havia melhorado bem. Ouvi aquela história, bastante preocupada mas não podia pensar muito. Corri à UTI porque ainda queria ouvir a conversa do meu pai com o médico. Mas, quando cheguei lá, eles já estavam terminando.
Entrei, guardei as coisas da mamãe, conversei com ela, consegui uma autorização especial para que meus tios se despedissem dela. Uma das minhas tias não quis entrar. Ela estava chorando muito, estava desesperada.
- Eu sabia que ela estava mal mas nunca pensei que estava desse jeito. Por que não vim antes, meu Deus? Ela está precisando muito da gente e eu nem sabia disso. Queria tanto ajudá-la.
Pois é...
Desci com ela para que se acalmasse, deixei-a lá no saguão e fui até o balcão para tentar encontrar o Dr. Richard, meu professor, meu anjo da guarda número 4. Eu precisava muito falar com ele, eu estava muito angustiada, precisava de algumas respostas, precisava de um pouco de atenção. Demorou até a mocinha localizá-lo pelo telefone. Nisso, meu pai já havia descido com meus tios e foi ver o que eu estava fazendo lá.
- Algum problema aí?
- Não. Só estou tentando localizar meu professor porque preciso falar com ele e sei que ele está aqui de plantão hoje. Você está com pressa de ir embora?
- Não. Faz o que você precisar fazer e depois vamos. Não tem problema nenhum.
Subi à UTI Cirúrgica onde ele estava (mais um lugar para conhecer). Timidamente entrei naquele lugar estranho e o vi, falando com um paciente. Esperei. Ele se virou, me viu.
- Oi, Paloma. Eu preciso muito falar com você. Você tem tempo? É que estou com um paciente infartando aqui e não posso falar agora. Você espera um pouquinho?
- Claro. Sem problemas.
- Tá vendo aquele corredorzinho ali? Então, entra lá, vira a esquerda, anda até o fundo e fica me esperando lá que já falo com você. Tem uma mala em cima da cama, abre ela e pega uns brigadeiros que estão num potinho... estão deliciosos.
Segui no tal corredor. No fundo havia um dormitório pequenininho mas confortável. Não entrei lá. Fiquei andando, esperando... Mas ele estava demorando muito. Desci para avisar meu pai e voltei para o tal corredor.
O Dr. estava correndo de um lado para outro, assinando papéis, fazendo pedidos às enfermeiras, tomando decisões...
Sentei em frente a uma janela e fiquei observando o movimento da rua e ouvindo a correria da UTI por um longo tempo. Até que o doutor apareceu.
Ele me levou até o dormitório, sentamos.
- Merece um prêmio por ter esperado tanto. Vou pegar um brigadeiro aqui na minha mala para você.
- Não, Richard. Obrigada mas eu não como doce.
- Como não come doce? Não sabe o que está perdendo... (Pausa). Como é que você está, Paloma? Como é que estão as coisas?
- Estou meio atordoada com tudo que está acontecendo. Não sei explicar. É desesperador...
- É... eu sei como é, já passei por situação muito semelhante...
E continuamos a conversar por quase uma hora. Foi maravilhoso. Ele me explicou tudo que eu queria saber, me deu detalhes sobre o caso, disse quais eram as possibilidades a partir daquele momento, me preparou para que se algo desse errado... Fiquei muito mais tranqüila. Um exemplo para eu guardar para o resto da vida: um médico bastante ocupado, dando plantão em pleno domingo de sol, pára todo serviço dele para gastar uma hora com uma garotinha, filha de uma paciente que nem é dele, só para tranqüilizá-la.
Ele ficou satisfeito de me ver melhor. Pediu para que eu descansasse o resto do dia porque no dia seguinte ele estaria no Barracão para me ajudar a estudar para a prova de terça.
Agradeci a atenção e o apoio. Desci para encontrar meu pai e meus tios e fomos embora. No caminho de volta para casa, vim contando para eles tudo que o Richard me falou para ver se eles se tranqüilizavam um pouco também.
À noite, liguei para Tina, amiga da minha mãe que estava indo todos os dias no hospital para me ajudar a cuidar dela. Ela ficou muito chateada de saber que minha mãe havia piorado e que não poderia mais passar tanto tempo com ela (na UTI, a visita só é das 16h às 17h).
Na segunda-feira, acordei cedo e fui para o barracão estudar. Encontrei meus amigos, nos esforçamos para descobrir as coisas sozinhos, até que cansamos... o Richard ligou, disse que tinha tido um problema mas que já estava indo nos encontrar, pediu para que esperássemos por ele.
Estudamos juntos até cansar. Aprendi algumas coisas mas sabia que eu precisaria estudar a teoria se quisesse tirar o 5,0 de que necessito para passar.
À tarde, lá para as 15:30h fui ao hospital ver minha mãe. Conversamos um pouco até que chegou um bando de enfermeiros dizendo que necessitavam fazer um exame nela e me pedindo para esperar lá fora. Saí. Esperei um pouco. Encontrei a Sandra, a psicóloga que acompanhava minha mãe e com quem eu sempre conversava.
- Como é que você está, Paloma?
- Estou bem, na medida do possível.
- Assustada com tudo isso, né?
- Muito!
- É... eu sei. Mas fica tranqüila. Eu conversei com sua mãe hoje, ela me pareceu bem mais consciente do que está acontecendo, ela sabe porque veio para cá e até brincou... disse "Pelo menos estou num lugar mais bonito.". Ela disse que gosta mais de ficar aqui na UTI, que dão mais atenção a ela, que a atendem prontamente quando ela chama.
- É, aqui eles se esforçam para fazer todas as vontades dela. E ela pegou um leito bem em frente ao corredor. Aposto que fica o dia todo acompanhando o corre-corre desse povo... Ela gosta dessa agitação.
- Bom, agora eu tenho que ir. Você vai vir amanhã? Gostaria de te ver, para conversarmos com mais calma.
- Eu estarei aqui em torno das 15h30.
- Ótimo. Então a gente se encontra nesse horário, amanhã, lá no balcão de enfermagem do 5º andar.
Ela foi embora. Eu fiquei em frente a porta da UTI mas o segurança começou a encrencar comigo dizendo que eu não poderia ficar ali onde estava, que eu deveria aguardar numa sala de espera no final do corredor. Disse a ele que eu não queria ir à tal sala de espera e que já que eu não podia ficar ali, esperaria lá dentro da UTI. Ele deu de ombros.
Quando entrei novamente, os enfermeiros já haviam se afastado, havia apenas a enfermeira responsável pelo leito que estava conversando baixinho com minha mãe e passando a mão em sua cabeça. Perguntei o que tinha acontecido, se já tinham feito o exame. Ela saiu, pediu para que minha mãe se acalmasse... Minha mãe, um tanto brava, me contou que não era nela que eles tinham que fazer o exame. Eles erraram o leito. Começaram a mexer nela e prepará-la mas chegou o médico e disse que eles estavam fazendo com a pessoa errada.
Fiquei um tempo conversando com ela, ela parecia estar com um pouco de falta de ar mas estava bem. Em determinado momento, ela disse que queria mudar de posição, que estava sentindo muita dor nas costas. Eu chamei a enfermeira... ela veio e muito cuidadosamente colocou minha mãe de lado. Mas, assim que ela saiu, minha mãe disse que não estava se sentindo bem. Perguntei o que ela tinha, se queria voltar para a outra posição, ela disse que não mas que estava mal. Fui atrás da enfermeira:
- Olha, ela está passando mal.
Ela saiu correndo e foi ver minha mãe. Voltou ela para a posição de antes levantou um pouco a cama, de modo que ela ficasse sentada e disse para ela ficar calma e respirar tranqüila que iria melhorar. Ela saiu. Minha mãe começou a reclamar dizendo que estava com muita dor nas costas e que ainda estava passando muito mal, eu disse para ela ficar quietinha, para não se mexer muito.
A Tina chegou, tentou conversar com minha mãe, tentou animá-la mas ela ainda estava mal. Fui atrás da enfermeira:
- Ela ainda está mal. Parece que está piorando.
A enfermeira foi atrás do médico e depois voltou para ver minha mãe. Tentou conversar com ela, acalmá-la até o médico chegar. Ele apareceu, ela falou que estava se sentindo muito mal mas que não sabia o que era, além disso estava com muitas dores. Ele a examinou, tentou conversar mas ela só ficou mais agitada. Ele pediu para que eu e a Tina saíssemos e o aguardássemos na sala de espera.
Saímos. Nessas alturas do campeonato, eu já estava desesperada também. A Tina pegou um copo de água para mim, conversamos, choramos, até que resolvemos voltar para a porta da UTI. Na mesma hora, o médico estava saindo para nos procurar. Conversamos bastante. Ele disse que ela estava com sinais de uma infecção que eles não sabiam exatamente onde e que isso estava causando a descompensação. Ele tentou explicar o máximo de coisas que conseguiu. E eu perguntei:
- Ela corre risco de morrer?
- Olha, o estado dela é bastante grave. Ela corre riscos sim. Mas faremos de tudo para combater a infecção e melhorar o estado dela.
Fiquei mais assustada. Voltei para vê-la. Ela já estava um pouco melhor. Já havia passado das 17h e a Tina não poderia mais ficar lá dentro da UTI. Eu disse a minha mãe que voltaria à noite para vê-la e saí com a Tina.
Saímos da UTI, o segurança chato já não estava mais lá. Paramos na frente para conversar. Ela disse que nunca havia visto minha mãe tão mal.
- Por que é que seu pai e seus irmãos não vieram visitá-la hoje?
- E eu que sei? Meu pai está em casa. Não sei porque ele não veio. Minha irmã e meu irmão estão trabalhando.
- Trabalhando? Mas eles podiam tirar uma folga para vir vê-la. A situação é grave, será que eles não percebem isso?
- Não sei. Eles dizem que não gostam de ver a mamãe mal
- Ah... e por acaso você gosta? Por acaso você acha que eu gosto? Claro que não. Mas estamos aqui. Precisamos dar apoio a ela.
- É... eu vou ligar para meu pai hoje e pedir para que ele venha amanhã. - Não consegui mais segurar e comecei a chorar.
- E pede para ele trazer sua irmã. Independente de qualquer outra coisa. Pode ser a última vez que ela vai ver sua mãe.
- Tá.
Ela me abraçou, ficamos ali chorando, esperando o elevador.
Descemos e fomos conversando até a porta da faculdade, onde eu entrei.
Guardei algumas coisas no armário e saí andando sem rumo pelo porão. Até que encontrei minha amigas, a Priscila e a Felicia, que estavam indo para Liga da Sífilis. Fui andando em direção a elas, abracei a Fê e disse que minha mãe estava mal, que ela ia morrer. Recomecei a chorar. Elas tentaram conversar comigo, sentamos, fiquei chorando um tempão, elas do meu lado, tentando me acalmar. Desencanaram de ir para a Liga.
Quando me acalmei um pouco, decidi ir ao orelhão telefonar para meu pai.
-Alô. Pai?
- Oi filha. Foi ver a mamãe? Como é que ela está?
- Ela tá mal, pai. Acho bom você vir vê-la e trazer a Jéssica.
Expliquei para ele o que o médico disse e meu choro voltou descontroladamente.
- Você está chorando, filha?
- TÔ!
- Calma. Tudo bem. Amanhã eu passo aí com sua irmã, tá? Agora fica calma e vai pra casa descansar.
(Depois descobri que meu choro assustou muito meu pai. Ele disse aos meus irmãos que se eu estava chorando é porque a coisa era grave mesmo... "porque ela já está acostumada a ver sua mãe mal" - como se desse pra acostumar com uma coisa dessas.)
Eu não queria ir pra casa. Voltei para onde as meninas estavam, continuei chorando por um tempo, tentei convencê-las de ir para Liga porque sabia que aquele dia era realmente importante. Elas não quiseram me deixar sozinha daquele jeito. Então, resolvi ir com elas para o PAMB, para a Liga. Eu não queria continuar lá chorando mesmo e seria legal ver outras pessoas. Fomos.
Entrei num consultório onde eles costumam guardar as mochilas, encontrei um pessoal da minha turma, deitei na maca e fiquei lá jogada, ouvindo as conversas que eu não entendia. Todos saíram para atender e para resolver outros problemas, fiquei deitada sozinha por um tempo mas já não estava mais chorando.
Resolvi voltar sozinha para faculdade, estava com muita fome. Mas, no caminho, encontrei a Iolanda conversando com outra pessoa, falei oi, dei um beijo nela e continuei andando. Eu queria falar com ela, queria que ela me consolasse com aquele seu abraço tão bom. Sentei na escada em frente à faculdade e fiquei lá esperando para ver se ela passaria. Até que ela apareceu.
- E aí, mocinha? Tá esperando alguém ou tá fazendo nada?
- Tô fazendo nada.
- Então vem cá comigo - ela fez um gesto para que eu desse a mão para ela.
Fomos até a sala, sentei numa cadeira e fiquei com uma amiga dela conversando sobre seus filhinhos. Depois, elas ficaram fofocando, falando várias coisas interessantes e confidenciais (que nem eu poderia saber...). Rimos bastante e logo saímos. Fui com ela até o carro.
No caminho, contei como estava minha mãe, tudo que tinha acontecido. Paramos em baixo de uma árvore e continuamos a conversa. Ela começou a chorar e me contou de uma situação semelhante que ela viveu há poucos anos. Me disse que nada nessa vida acontecia por acaso e que em algum momento eu teria que pensar porque é que tudo isso está acontecendo comigo.
- A maturidade que você tem hoje como estudante de Medicina não é comparável com nenhum aluno da sua turma, nem do 2º, nem do 3º, nem do 4º ano. Talvez se compare com um aluno de 6º ano, mas acho que nem isso. Tudo que você viu e viveu no hospital te trouxe uma visão muito mais real do que é a Medicina e como podemos usá-la para melhorar a vida dos nossos pacientes e de seus familiares. Com certeza, por tudo isso, você será uma médica muito melhor.
Ela me convidou para jantar na casa dela, disse que eu iria adorar conhecer seus filhinhos... Eu não podia, precisava voltar ao hospital para ver minha mãe.
Ao chegar de volta à UTI, minha mãe estava mal. A enfermeira estava com ela tentando explicar por que ela não poderia mudar de posição. Ela ainda estava com dores e com o mal-estar. A enfermeira saiu, conversei com minha mãe e ela disse que estava piorando. Fui atrás da enfermeira novamente:
- Ela está piorando. Acho melhor já chamar o médico.
Ela foi procurá-lo. Depois, veio ver minha mãe e disse que uma outra médica viria vê-la porque o médico dela tinha saído por um tempo. A médica veio, examinou, deu a conduta... ela não melhorou, a médica saiu, minha mãe falou para eu chamá-la de volta. Fiz isso, ela voltou, apareceu outro residente, os dois a examinaram novamente, prescreveram mais alguma coisa, tentaram sair e minha mãe os chamou novamente. Aí a médica sentou-se ao lado da cama e tentou acalmá-la, tínhamos que esperar um pouco para ver se as drogas seriam suficientes. Não foram.
Minha mãe ficou muito agitada, disse que ela nunca tinha sentido nada parecido com aquilo (que ela ainda não conseguia explicar o que era):
- Eu sei que não vou passar dessa noite. Vou morrer.
- Calma, dona Cecy. A senhora vai ficar bem. Não fala isso. Fica calma. - disse o residente.
- Paloma, você dá minhas coisas para Liu e...
- Pára mãe, não fala isso. Você vai ficar bem.
- Tá bom, mas promete que se eu for você vai dar minhas coisas para ela?
- Prometo. Agora fica quietinha, descansa, não fica falando.
Eu não a deixei continuar. Eu achei que ela não ia morrer. Sabia que ela estava mal mas não achei que fosse morrer. Ela queria me pedir outras coisas e eu não a deixei falar. Se arrependimento matasse... eu teria ido com ela.
Fiquei mais uma hora lá. Ela não melhorava. Ouvi a médica dizendo que achava que precisaria entubá-la. Já era tarde. Eu não queria continuar ali vendo aquilo. Foi demais para mim. Eu precisava descansar. Saí de lá cerca de 21h30, com a esperanças de que ela melhoraria, de que no dia seguinte ela estaria lá ainda.
Às 22h, ligaram para meu pai. Disseram que ela tinha piorado e que precisavam de um familiar lá. (Só fiquei sabendo dessa parte da história no dia seguinte.) Ele foi com meu irmão. Quando chegaram, ela já estava inconsciente, entubada... Não sei o que os médicos falaram, não sei o que houve... Eles voltaram para casa, meu irmão ficou chorando muito. Às 2h30 da manhã, ligaram novamente, ela havia falecido. Meu pai retornou ao hospital, para cuidar de tudo.
Na manhã de terça-feira, dia 9/12, acordei mais tranqüila porque ninguém tinha me ligado, ninguém me avisou nada. Eu achava que se acontecesse alguma coisa, me avisariam imediatamente. Me arrumei para ir à faculdade fazer minha prova - para a qual eu não havia estudado. Quando estava saindo, meu celular tocou.
- Paloma, onde é que você está. - era meu irmão.
- Estou na casa da vó. Estava saindo para ir para faculdade.
- Então, eu acho melhor você não ir não.
- Por quê? O que aconteceu?
Silêncio.
- Me fala. O que houve?
- Você já sabe... não sabe?
- Ah, não... ela morreu...
- É.
Comecei a chorar, ele me disse para esperar ele ligar porque iria me buscar para irmos para o velório, mais tarde.
Joguei minhas coisas no chão da sala, sentei no sofá, peguei o telefone e liguei para a Pri e para o Richard.
Depois, avisei a minha vó e fui para meu quarto. Fiquei lá deitada, chorando no escuro, um tempão. Minha vó veio, pediu que eu levantasse, disse que eu tinha que me conformar que eu não podia ficar daquele jeito. Eu briguei com ela, pedi para que ela me deixasse sozinha.
Quando consegui me recuperar, peguei no telefone, liguei para meu pai, depois para meu irmão. Eu não queria ficar em casa, queria ficar com meu pai.
Pela primeira vez na minha vida, deixei meu orgulho e minha vergonha de lado e comecei a ligar para várias amigas da minha mãe para pedir que viessem me buscar.
Consegui ajuda, sem muitas dificuldades.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2004
Minha irmã conseguiu arrumar o computador. Aeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!
Agora já dá pra eu voltar a escrever minhas besteiras. Vamos recomeçar:
Aprisionada pelas próprias lembranças
Preciso muito contar algumas coisas para alguém mas não pode ser qualquer pessoa (não me desfazendo dos meus amigos que não são qualquer pessoa, mas...), preciso de alguém que realmente me entenda, que conheça a situação, que já tenha passado por algo parecido. Sinto que carrego um peso muito grande e que se eu não contar isso para ninguém, vou acabar explodindo... Não é nada demais, nenhuma revelação surpreendente, são apenas algumas experiências que vivi no hospital, que são realmente muito fortes mas que não posso dividir com meus irmãos porque eles não entenderiam, eles não passaram por aquilo, eles não tem a menor noção, eles sofreriam se soubessem...
Então, escrevi no blog, pra ver se amenizo o peso e paro de lembrar tanto disso, de sofrer tanto por isso... e na esperança que alguém realmente me entenda e saiba o que me dizer para diminuir essa profunda angústia que essas lembranças me trazem.
Como o texto ficou muuuuuiiito grande decidi publicá-lo no Minha Versão. Quem quiser... senta que lá vem história...
Agora já dá pra eu voltar a escrever minhas besteiras. Vamos recomeçar:
Aprisionada pelas próprias lembranças
Preciso muito contar algumas coisas para alguém mas não pode ser qualquer pessoa (não me desfazendo dos meus amigos que não são qualquer pessoa, mas...), preciso de alguém que realmente me entenda, que conheça a situação, que já tenha passado por algo parecido. Sinto que carrego um peso muito grande e que se eu não contar isso para ninguém, vou acabar explodindo... Não é nada demais, nenhuma revelação surpreendente, são apenas algumas experiências que vivi no hospital, que são realmente muito fortes mas que não posso dividir com meus irmãos porque eles não entenderiam, eles não passaram por aquilo, eles não tem a menor noção, eles sofreriam se soubessem...
Então, escrevi no blog, pra ver se amenizo o peso e paro de lembrar tanto disso, de sofrer tanto por isso... e na esperança que alguém realmente me entenda e saiba o que me dizer para diminuir essa profunda angústia que essas lembranças me trazem.
Como o texto ficou muuuuuiiito grande decidi publicá-lo no Minha Versão. Quem quiser... senta que lá vem história...
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