"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
terça-feira, 21 de janeiro de 2003
Finalmente posso escrever no meu bloguinho abandonado todas as besteiras que quiser. Tenho bastante tempo e várias minhocas (cultivadas o ano todo) para publicar.
MUDANÇA
Primeiramente gostaria de falar sobre o "rito de iniciação" da vida adulta pelo qual estou passando. Não sei se todo mundo passa por isso mas tenho a impressão de que sou a única maluca que vive um período (aparentemente ridículo) como esse.
É como um ensaio para um espetáculo de dança. O período (de transição) em que se avalia o que se aprendeu anteriormente, uni-se o que tem de melhor de forma harmoniosa para que se obtenha uma coreografia final para ser apresentada. No caso da minha vida, não será a coreografia apresentada mas a harmonia resultante utilizada para a próxima fase da minha vida, o início da tal vida adulta, que espero que seja na Faculdade de Medicina.
Eu sempre quis continuar criança. O meu lado infantil é muito forte e muito presente. Eu me relaciono muito melhor com as crianças do que com os adultos. Para se ter uma idéia, semana passada minha mãe me chamou para ir à praia (faz uns 4 anos que não vejo o mar) e eu recusei com as seguintes frases: "Vou fazer o que lá? Não vai ter nenhuma criança pra eu brincar!". Parece absurdo uma pessoa de 20 anos dizer algo assim mas é que eu realmente não suporto ficar em algum lugar que não seja minha casa, ouvindo papo de adultos sem cultura (meus parentes), vendo-os beber e fumar, sem que tenha uma criança por perto com quem eu possa correr, rolar pelo chão, fazer desenhos malucos e bastante bagunça. Por isso (e outras motivos que não vêm ao caso) tive dificuldades em assumir minha maioridade (Aliás, legalmente conquistada sábado, dia 11/01/03, com a entrada em vigor do novo Código Civil).
O que mudou (com todo desespero que passei por causa do vestibular) é que comecei a entender que esse meu lado infantil pode conviver perfeitamente com as responsabilidades de uma adulta. Eu não concordo realmente com a vida que a maioria dos adultos que me rodeiam levam. Tenho filosofias muito peculiares e que pouca gente entende mas quem disse que preciso ser compreendida por todos? Já não me importo mais quando me chamam de careta por eu não beber nem um gole de álcool, nem em dia de festa, ou de louca quando digo que não como açúcar refinado (o que inclui todos os tipos de doce, chocolate etc) por filosofia de vida, ou de mal educada quando impesso as pessoas de fumarem dentro da minha casa ou quando olho feio e faço comentários desagradáveis quando fumam perto de mim.
Finalmente consegui entender que posso continuar rolando no chão como criança ao mesmo tempo que assumo minhas responsabilidades de pessoa adulta e defendo minhas tão criticadas filosofias de vida.
Por tudo isso falo do rito de iniciação à maioridade. Esse período que estou vivendo que inclui o processo de destruição em massa e mudança radical (em que mudei tudo no meu quarto, destrui velharias inúteis do passado, que cultivava por simples apego), processo de abertura (falar para algumas pessoas coisas que sempre desejei mas nunca tive coragem), processo de cidadania (fazer trabalhos sociais em orfanatos e ongs, mesmo não sabendo sequer trocar uma fralda) e, o mais difícil, o processo de cuidado pessoal (que me reservo o direito de não comentar).
[É como o ensaio que começou trazendo, como sempre, uma inicial frustração, por encarar a descordenação dos passos, mas, ao mesmo tempo, uma satisfação por se perceber a evoulção desde o último espetáculo... Jogam-se fora as velhas sapatilhas rasgadas e substituem-nas por lindas e cheirosas sapatilhas novas, que ainda precisam ser quebradas e moldadas no seu pé antes de dançarem como se quer]
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