"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
sábado, 14 de abril de 2001
Assunto delicado
Muita gente talvez vai se ofender com o que vou escrever hoje, mas preciso desabafar.
No começo desse semana, no intervalo das aulas do cursinho, não sei por que raios eu e uma menina (de quem não sei nem o nome) começamos a conversar sobre religião. É um dos piores assuntos que se tem para conversar, mas eu, como uma curiosa nata, não podia deixar de ouvir a opinião dela. Ela foi batizada na Igreja Metodista, tem um namorado que quer casar na Igreja Católica mas ela não tem uma religião definida. A menina me contou que foi visitar um mosteiro, me falou sobre o que fazem lá e um pouco do dia-a-dia dos padres. Enquanto conversávamos surgiu na minha cabeça algumas questões que nunca ninguém conseguiu me responder e isso me fez voltar a pensar sobre minha religiosidade.
Eu acho muito importante que as pessoas tenham uma religião, melhor ainda acho que os pais devem ensinar os filhos a serem religiosos, mostrar um caminho e depois deixar que eles sigam seu próprio e escolham sua religião, qualquer que seja. Eu comecei a questionar sobre isso muito cedo mas o máximo que consegui até hoje foi chegar a algumas conclusões sem tanto fundamento e muitas, muitas perguntas sem respostas.
Conclusões: 1) a Bíblia é muito subjetiva e dá margens a muitas interpretações, é por isso que existem tantas religiões diferentes baseadas nela; 2) a maioria das religiões usa ou já usou seu poder para dominação, para ganhar dinheiro, ou seja, para o 'mal' e isso não é segredo para ninguém; 3) a religião Católica, apesar de ser uma das mais importantes do mundo(em número de adeptos), possui 'leis' frágeis, nem todos os padres pensam e pregam da mesma forma, isso causa contradições dentro da própria Igreja; 4) nós, seres humanos, não somos capazes de imaginar algo que nunca vimos, que não conhecemos e por isso não somos capazes de imaginar Deus. Temos uma vaga idéia de como Ele é mas não sabemos exatamente. Dando um exemplo grosseiro, se eu disser para você: 'imagine um grand jeté entournant (um passo de Ballet)', e você não conhecer bem os passos de Ballet, não conseguirá imaginar como ele é de verdade. Eu posso te dizer que esse é um salto que se faz girando, como se quisesse sair voando, posso dar todos os detalhes teóricos... Você não vai conseguir reproduzi-lo, nem saber como é exatamente. Somos muito limitados.
Perguntas: 1) como pode algumas religiões pregar que Deus é Bom, é o Bem sem admitir a existência do Diabo, do Mal, se vivemos numa sociedade tão caótica (Eu não estou dizendo que acredito na existência do Diabo); 2) algumas religiões acreditam em vida após a morte, não é? Acreditam que depois que a pessoa morre, sua alma, seu espírito ou como quiser chamar, se separa do corpo e vai para um outro lugar. Por que, então, essas mesmas pessoas vão ao cemitério, ficam conversando com o corpo do morto (ou com o que restou dele), choram sobre a terra como se a pessoa que morreu estivesse lá ouvindo? Por que essas pessoas acham um horror, às vezes um absurdo, estudar um cadáver e dizem que é como se a pessoa (o cadáver) fosse apenas um objeto de estudo? Quem sabe não era essa a missão da pessoa: se tornar um objeto de estudo depois de morta para que muitos estudantes aprendam e possam salvar outras vidas? Se a alma já se foi por que tratar o corpo de uma pessoa como uma relíquia que não pode ser tocada? Admito que deve ser um pouco nojento, principalmente pelo cheiro, mas não vejo problemas de ordem religiosa.
Acho que já chega desse assunto, não é?
:-*
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