quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Fobia social?

Ontem aconteceram duas coisas que me deixaram mal...

1) Minha cunhada me ligou e eu não atendi. Não atendi porque odeio telefone, porque não queria falar mesmo, porque me sinto meio acuada e envergonhada perto dela... Só fui falar com ela à noite, depois que meu marido chegou em casa e obriguei ele a ligar pra ela pra descobrir o que queria comigo. Ridículo!!! 

2) Fui levar meus cachorro na pracinha para passear e lá estava, com sua linda filhinha pequena, um ex-professor meu da faculdade. Quase amigo. Meu cachorro foi direto brincar com a menininha. Gritei pra ele voltar, o professor me viu, acenou, fez um gesto que ia se levantar pra falar comigo. Acenei de volta, gritei pro meu cachorro e saí andando rápido para o outro lado pra não precisar falar com ele.

O que há de errado comigo???

Pensando agora parecem duas atitudes bem sem sentido e até engraçadamente trágicas. Mas na hora fazia todo sentido...



Alguns anos depois...

Novamente a depressão.
Dessa vez intensa, descontroladamente desesperadora.

Recomecei a fazer terapia. Dessa vez com uma moça, indicação de uma senhora psicóloga muito confiável.
Ela é ótima! (como todos nos primeiros meses)
No começo, cerca de 2 meses atrás, eu estava aberta ao tratamento. Lidei com algumas questões iniciais, assumi que quero sim engravidar e ter um bebê, descobri que a origem das minhas grandes questões tem muito mais a ver com a minha mãe do que com meu pai (o que foi uma descoberta que mudou o rumo de tudo).

Conforme foram passando as semanas, comecei a dar demonstrações de que as coisas estavam intensas demais. E comecei a descompensar da depressão.
Desde meu último episódio, cerca de 4 anos atrás, estou tomando a mesma medicação e estava ótima! Namorei, casei, terminei minha especialização, comecei ótimos trabalhos e estava feliz com meu salário.
Do nada, comecei a deprimir. Comecei a ficar triste, dormir muito, comer feito um porco. E a tristeza só foi piorando. Cada vez mais intensamente.
Procurei psiquiatra, aumentei a dose da medicação. Diminuímos o ritmo da terapia (ao invés das conversas pesadas, passamos a pintar, desenhar, fazer mosaicos... terapia não verbal)...

Até que terça-feira passada surtei completamente. Completamente!
Acordei tensa, meio que sem conseguir prestar atenção no que estava fazendo.

Fui para o trabalho e no caminho... bati o carro. Estraçalhei meu retrovisor na traseira de um ônibus parado. Não desci para olhar, não falei com o motorista do ônibus... simplesmente fui embora.
Cheguei no estacionamento, vi o estrago, deixei o carro lá e fui trabalhar normal.

Conforme fui fazendo os exames, uma sensação estranha tomou conta de mim. Comecei a chorar sem parar... na frente de um paciente.
Decidi que não tinha condições de trabalhar... pedi pra remarcarem todos, avisei meu chefe, liguei para meu marido pedindo que me buscasse e fui pro banheiro chorar...
Chorei chorei chorei descontroladamente. Meu marido chegou e fomos para casa. Eu não sabia o que estava acontecendo. Simplesmente tive um surto. Um dos maiores que já tive. Surtei total.
Consegui um encaixe com a psiquiatra. Ele me levou.
Conversei com ela, chorei mais um monte.

Ela me falou sobre nosso juiz e sobre nosso lado espontêneo.
O juiz está ali na sua orelha o tempo todo, falando o quanto vc é ruim, o quanto vc comete erros, apontando cada coisinha errada que vc faz (mesmo que não seja um erro verdadeiro), o quanto vc é preguiçosa e não ajuda os outros.
Sua parte espontânea seria aquela que quer fazer o que vem na cabeça, considerando sua inteligência, seu lado bom. Só que com um juiz tão forte que eu tenho, meu lado espontâneo fica acuado, não consegue agir. E como ele é infantil e meio mimado ele diz: se não posso ser eu mesmo, se estou sendo tão acuado, vou começar a mandar nos outros.
Daí começo a tratar mal algumas pessoas (aquelas que me incomodam ou tentam ser autoritárias, ou as que se parecem muito comigo).