segunda-feira, 30 de junho de 2014

Reflexões pós-terapia

1) Somos todos pardoxo!
Sempre me achei muito indecisa, o tipo de pessoa que muda de ideia o tempo todo ou aquela que acredita numa coisa mas faz outra e fica se perguntando "como pude?".
Mas a verdade é que todos temos nossos paradoxos. Nós somos paradoxos e podemos conviver bem com isso.
Quando vc conhece uma pessoa, você quer formar uma imagem dela e tenta colocar numa caixinha todas as qualidades e defeitos que aquela pessoa tem. Todos fazemos isso, pra tentar dar sentido e "saber com quem estamos lidamos".
Mas aquela pessoa, sempre alegre e gentil, num dia ruim, pode gritar com vc, ser mal-educada. E vc vai dizer "nossa, fulana enlouqueceu!".
Quando as pessoas me conhecem (meu eu atual, não meu eu nos meus primeiros 30 anos) e tentam me colocar nessa caixinha, elas tem certa dificuldade. E o que mais escuto falarem é "nossa! vc é doida!".
Talvez eu realmente seja doida. Mas antes de ser doida, eu sou simplesmente incoerente.
Até pouco tempo atrás, eu lutava contra essa incoerência, eu mesma tentava me colocar numa caixinha mas não conseguia... Porque gosto de mudar de ideia. Gosto de achar o azul bonito hoje, mas adorar o preto amanhã. Adoro pizza mas não gosto mais. Adoro sexo e faço loucuras entre quatro paredes, mas sou puritana.
Sou incoerente. Sou um paradoxo. Adoro ser e me sinto bem assim.
Lamento aos que se sentem mal por não conseguir me colocar em suas caixinhas. E, só tenho uma coisa a dizer: se a gente olhar de perto, ninguém cabe de verdade nas caixinhas. Somos todos paradoxos. E temos direito de ser.

2) Sobre a felicidade e o se sentir bem...
 Desde que compensei minha depressão de vez (cerca de 4 meses atrás), me sinto feliz. Me considero uma pessoa sortuda na vida e muito feliz.
Mas olhando de perto... isso que eu sinto não é felicidade genuína. O que eu sinto é bem-estar. Me sinto bem comigo mesma. Me sinto bem com o mundo e sigo vivendo.
Só que felicidade... Ah... felicidade é outra coisa.
Felicidade é algo que dá trabalho, que precisa ser construída e que precisa de manutenção.
Ser feliz dá trabalho, exige energia.
Ser infeliz é fácil. Vc se joga no sofá e diz "não consigo ser feliz". Porque dá preguiça construir e manter a felicidade.
É para poucos!
Eu ainda estou começando a tentar construir a minha....

3) Sobre a depressão
Quando penso nessa questão de felicidade e bem estar sinto um medo absurdo.
Estou tratada da minha distimia há menos de 6 meses. É muito pouco tempo pra me sentir segura, é muito pouco tempo pra achar que a vida é bela e os pássaros cantam.
Estava discutindo sobre isso hoje com meu terapeuta. Disse a ele que tenho medo de que esse meu bem-estar seja falso. Que ele seja "produzido" pela medicação. Que ele seja apenas uma ilusão.
Meu terapeuta (homem inteligente totalmente fora da caixinha!) acha que a distimia é de certa forma uma decisão. (Tirando toda parte da doença e considerando num contexto de bom tratamento).
Coisas ruins acontecem com todo mundo, todo dia. Mas a decisão de como vc vai olhar pra isso e sentir isso é só sua.
As coisas pra mim hoje, tratada, tem uma cor completamente diferente do que tinha antes, na minha vida acinzentada. Não sei dizer o que nem como mudou. Mas se um dia as coisas voltarem a ficar cinza de novo, a decisão de acreditar que aquela é a cor basal é minha!
Eu posso achar que aquele jeito cinza que eu via o mundo antes, é como ele é de verdade, e voltar a viver com esse parâmetro.
Ou eu posso admitir que estava doente antes e passar a acreditar que as cores que eu enxergo hoje são as verdadeiras, passar a viver com esse basal, olhando pra um horizonte diferente!
Bom, pelo menos é nisso que acredita meu terapeuta. Ainda estou processando essas informações.

4) Voltando à questão da vulnerabilidade
 Hoje disse pra ele que não sei se entendia bem o que ele considera essa vulnerabilidade que conversamos antes.
E ele tentou me explicar que a vulnerabilidade é na verdade, derrubar as máscaras, os escudos, quebrar os muros. Como abrir a porta para o mundo.
E eu respondi que quando olho pra essa porta, tenho a impressão que de lá de dentro vai sair um monstro que vai me destroçar. Como aquela fumaça de Lost, sabe?

E ele me disse que quando o monstro sai é porque ele está indo pra outro lugar. Vc para de guardar aquela coisa ruim e deixa ela sair, ir embora. Você olha de frente o furacão e diz pra ele "pode vir". Se vc deixar, ele pode sim te destruir. Mas mesmo que ele te destrua... o que tem de tão ruim nisso? Você não vai morrer. Levanta, recolhe os cacos e se prepara pra um eventual segundo monstro que esteja escondido atrás da porta.

Doidera!!!!



Um comentário:

Anônimo disse...

QUE BOM QUE RETORNOU ,

ABÇ

FROM