1) Somos todos pardoxo!
Sempre me achei muito indecisa, o tipo de pessoa que muda de ideia o tempo todo ou aquela que acredita numa coisa mas faz outra e fica se perguntando "como pude?".
Mas a verdade é que todos temos nossos paradoxos. Nós somos paradoxos e podemos conviver bem com isso.
Quando vc conhece uma pessoa, você quer formar uma imagem dela e tenta colocar numa caixinha todas as qualidades e defeitos que aquela pessoa tem. Todos fazemos isso, pra tentar dar sentido e "saber com quem estamos lidamos".
Mas aquela pessoa, sempre alegre e gentil, num dia ruim, pode gritar com vc, ser mal-educada. E vc vai dizer "nossa, fulana enlouqueceu!".
Quando as pessoas me conhecem (meu eu atual, não meu eu nos meus primeiros 30 anos) e tentam me colocar nessa caixinha, elas tem certa dificuldade. E o que mais escuto falarem é "nossa! vc é doida!".
Talvez eu realmente seja doida. Mas antes de ser doida, eu sou simplesmente incoerente.
Até pouco tempo atrás, eu lutava contra essa incoerência, eu mesma tentava me colocar numa caixinha mas não conseguia... Porque gosto de mudar de ideia. Gosto de achar o azul bonito hoje, mas adorar o preto amanhã. Adoro pizza mas não gosto mais. Adoro sexo e faço loucuras entre quatro paredes, mas sou puritana.
Sou incoerente. Sou um paradoxo. Adoro ser e me sinto bem assim.
Lamento aos que se sentem mal por não conseguir me colocar em suas caixinhas. E, só tenho uma coisa a dizer: se a gente olhar de perto, ninguém cabe de verdade nas caixinhas. Somos todos paradoxos. E temos direito de ser.
2) Sobre a felicidade e o se sentir bem...
Desde que compensei minha depressão de vez (cerca de 4 meses atrás), me sinto feliz. Me considero uma pessoa sortuda na vida e muito feliz.
Mas olhando de perto... isso que eu sinto não é felicidade genuína. O que eu sinto é bem-estar. Me sinto bem comigo mesma. Me sinto bem com o mundo e sigo vivendo.
Só que felicidade... Ah... felicidade é outra coisa.
Felicidade é algo que dá trabalho, que precisa ser construída e que precisa de manutenção.
Ser feliz dá trabalho, exige energia.
Ser infeliz é fácil. Vc se joga no sofá e diz "não consigo ser feliz". Porque dá preguiça construir e manter a felicidade.
É para poucos!
Eu ainda estou começando a tentar construir a minha....
3) Sobre a depressão
Quando penso nessa questão de felicidade e bem estar sinto um medo absurdo.
Estou tratada da minha distimia há menos de 6 meses. É muito pouco tempo pra me sentir segura, é muito pouco tempo pra achar que a vida é bela e os pássaros cantam.
Estava discutindo sobre isso hoje com meu terapeuta. Disse a ele que tenho medo de que esse meu bem-estar seja falso. Que ele seja "produzido" pela medicação. Que ele seja apenas uma ilusão.
Meu terapeuta (homem inteligente totalmente fora da caixinha!) acha que a distimia é de certa forma uma decisão. (Tirando toda parte da doença e considerando num contexto de bom tratamento).
Coisas ruins acontecem com todo mundo, todo dia. Mas a decisão de como vc vai olhar pra isso e sentir isso é só sua.
As coisas pra mim hoje, tratada, tem uma cor completamente diferente do que tinha antes, na minha vida acinzentada. Não sei dizer o que nem como mudou. Mas se um dia as coisas voltarem a ficar cinza de novo, a decisão de acreditar que aquela é a cor basal é minha!
Eu posso achar que aquele jeito cinza que eu via o mundo antes, é como ele é de verdade, e voltar a viver com esse parâmetro.
Ou eu posso admitir que estava doente antes e passar a acreditar que as cores que eu enxergo hoje são as verdadeiras, passar a viver com esse basal, olhando pra um horizonte diferente!
Bom, pelo menos é nisso que acredita meu terapeuta. Ainda estou processando essas informações.
4) Voltando à questão da vulnerabilidade
Hoje disse pra ele que não sei se entendia bem o que ele considera essa vulnerabilidade que conversamos antes.
E ele tentou me explicar que a vulnerabilidade é na verdade, derrubar as máscaras, os escudos, quebrar os muros. Como abrir a porta para o mundo.
E eu respondi que quando olho pra essa porta, tenho a impressão que de lá de dentro vai sair um monstro que vai me destroçar. Como aquela fumaça de Lost, sabe?
E ele me disse que quando o monstro sai é porque ele está indo pra outro lugar. Vc para de guardar aquela coisa ruim e deixa ela sair, ir embora. Você olha de frente o furacão e diz pra ele "pode vir". Se vc deixar, ele pode sim te destruir. Mas mesmo que ele te destrua... o que tem de tão ruim nisso? Você não vai morrer. Levanta, recolhe os cacos e se prepara pra um eventual segundo monstro que esteja escondido atrás da porta.
Doidera!!!!
"O que não enfrentamos em nós mesmos encontraremos como destino." Carl Gustav Jung
segunda-feira, 30 de junho de 2014
terça-feira, 24 de junho de 2014
Sumo mas sempre volto!!!
Estou transbordando de novas ideias e preciso dar vazão a elas, então vamos lá.
Mais uma vez, comecei a fazer terapia. Dessa vez com um homem (inédito).
E não é que o cara tá me impressionando!!!
Achei alguém que pensa mais fora da caixinha que eu. Ele é um gênio! Estou amando!!!
Algumas de suas ideias que tem me martelado a cabeça:
1) Ninguém precisa ser o melhor, viver acima da média. Você pode viver na média ou até abaixo dela e ser até mais feliz.
De fato, a gente passa boa parte da vida tentando ser melhor em algo, tentando provar nosso valor. Mas pra quê? Pra quem?
Se você é o melhor em algo, sorte sua! Seja feliz!
Mas se você não é tão bom e fica se esforçando pra ser melhor que os outros pela simples vaidade de ser, você provavelmente está perdendo seu tempo.
Eu nunca gostei de chamar muito a atenção. Por isso provavelmente nunca quis ser a melhor em muitas coisas.
Mas sempre me senti mal quando tirava uma nota média na prova ou quando não era a escolhida para um trabalho ou algo assim.
Estou começando a entender que isso não faz o menor sentido. Posso ser feliz fazendo as coisas do jeito que eu acho correta, tentando melhorar minha capacidade e não tentando melhorar em comparação aos outros.
Não preciso ser melhor do que os outros em nada, nem sequer acima da média.
Só preciso tentar ser cada dia melhor. Eu em comparação comigo mesma, nas coisas que me fazem bem.
Simples assim.
2) Pessoas deprimidas são, na verdade, mimadas.
Da primeira vez que ele me falou isso, achei um absurdo! Depressão é uma doença. Não dá pra reduzir tamanho sofrimento numa ideia simplista assim.
Mas, quer saber? Ele tem razão!
Tirando a parte dos desequilíbrios dos neurotransmissores, nós, pessoas deprimidas, somos na verdade bastante mimados. A gente queria que o mundo fosse como a gente sonhava, que as pessoas agissem de acordo com nossas expectativas, que nossos problemas se resolvessem sem tantas enrolações e dores.
Atualmente estou tratada (e bem tratada!), tomando medicação direitinho e bem compensada (pela primeira vez na vida!). Mas mesmo assim, às vezes me pego com "tristeza do mundo" pelas coisas não serem como eu gostaria. Puro mimo!!
3) A gente sempre sabe. Sabe mas faz errado porque temos mania de "seguir nosso coração".
Você não precisa dar vazão a todas as suas vontades. Às vezes usar um pouco a cabeça faz bem.
Sabe quando você, por exemplo, entra num relacionamento e começa a fazer um monte de besteiras com a justificativa de que está apaixonado e por isso ficou bobo?
Pois é... se você é um adulto, isso é ridículo!!
Por exemplo, eu estava há 7 meses num relacionamento com um cara que não queria assumir compromisso.
Além de eu saber que essa frase significa "não gosto de você tanto assim", nessa convivência de meses deu pra eu perceber que ele seria um péssimo companheiro, um pai ausente, um marido pouco carinhoso. Ele é egocêntrico. Ele se coloca em primeiro lugar sempre e faz tudo do jeito dele sempre.
Não adianta. Eu sabia desde o segundo mês que essa relação não teria futuro. Eu sabia! Simplesmente sabia.
Mas continuei insistindo porque estava apaixonada e achava que não deveria desperdiçar esse sentimento tão lindo e puro.
Ridículo!!!
Terminei com ele há um mês e estou muito bem, obrigada!
Claro que sinto falta, claro que já quase tive recaídas, claro que a solidão também não é legal.
Mas só o fato de eu ter me aberto a outras possibilidades, voltado a conhecer outras pessoas (aliás, tinder é demais!!! rsrsrs) e me libertado daquela prisão em forma de paixonite, já fez valer a pena!!!
4) Vulnerabilidade é bom. É estando no ápice da vulnerabilidade que floresce a criatividade, o amor, você mesmo.
Bom, essa é a maior doideira e a coisa mais genial que já ouvi!
Passei a minha vida inteira tentar mascarar minha vulnerabilidade, construir muros, me defender, me esconder...
E a pergunta essencial aqui é "pra quê?"
Por que não se deixar vulnerável? Por que não correr o risco?
Você se abre pra uma pessoa (existem milhares de jeitos dessa abertura ocorrer) e o que de pior ela pode fazer com você???
O que de pior pode acontecer?
Ainda estou digerindo isso, mas as conclusões que cheguei até agora foram em prol da ideia.
Deixa entrar e vê o que acontece. Mesmo com todos os cuidados que a gente toma nas mais diversas situações da vida, coisas ruins sempre acabam acontecendo com todo mundo, mas pelo menos você se permitiu a novidade, a experiência, a vida!
As inúmeras coisas que a gente perde tentando se preservar, se proteger de um risco imaginário potencial, é um preço muito alto a pagar.
Mais uma vez, comecei a fazer terapia. Dessa vez com um homem (inédito).
E não é que o cara tá me impressionando!!!
Achei alguém que pensa mais fora da caixinha que eu. Ele é um gênio! Estou amando!!!
Algumas de suas ideias que tem me martelado a cabeça:
1) Ninguém precisa ser o melhor, viver acima da média. Você pode viver na média ou até abaixo dela e ser até mais feliz.
De fato, a gente passa boa parte da vida tentando ser melhor em algo, tentando provar nosso valor. Mas pra quê? Pra quem?
Se você é o melhor em algo, sorte sua! Seja feliz!
Mas se você não é tão bom e fica se esforçando pra ser melhor que os outros pela simples vaidade de ser, você provavelmente está perdendo seu tempo.
Eu nunca gostei de chamar muito a atenção. Por isso provavelmente nunca quis ser a melhor em muitas coisas.
Mas sempre me senti mal quando tirava uma nota média na prova ou quando não era a escolhida para um trabalho ou algo assim.
Estou começando a entender que isso não faz o menor sentido. Posso ser feliz fazendo as coisas do jeito que eu acho correta, tentando melhorar minha capacidade e não tentando melhorar em comparação aos outros.
Não preciso ser melhor do que os outros em nada, nem sequer acima da média.
Só preciso tentar ser cada dia melhor. Eu em comparação comigo mesma, nas coisas que me fazem bem.
Simples assim.
2) Pessoas deprimidas são, na verdade, mimadas.
Da primeira vez que ele me falou isso, achei um absurdo! Depressão é uma doença. Não dá pra reduzir tamanho sofrimento numa ideia simplista assim.
Mas, quer saber? Ele tem razão!
Tirando a parte dos desequilíbrios dos neurotransmissores, nós, pessoas deprimidas, somos na verdade bastante mimados. A gente queria que o mundo fosse como a gente sonhava, que as pessoas agissem de acordo com nossas expectativas, que nossos problemas se resolvessem sem tantas enrolações e dores.
Atualmente estou tratada (e bem tratada!), tomando medicação direitinho e bem compensada (pela primeira vez na vida!). Mas mesmo assim, às vezes me pego com "tristeza do mundo" pelas coisas não serem como eu gostaria. Puro mimo!!
3) A gente sempre sabe. Sabe mas faz errado porque temos mania de "seguir nosso coração".
Você não precisa dar vazão a todas as suas vontades. Às vezes usar um pouco a cabeça faz bem.
Sabe quando você, por exemplo, entra num relacionamento e começa a fazer um monte de besteiras com a justificativa de que está apaixonado e por isso ficou bobo?
Pois é... se você é um adulto, isso é ridículo!!
Por exemplo, eu estava há 7 meses num relacionamento com um cara que não queria assumir compromisso.
Além de eu saber que essa frase significa "não gosto de você tanto assim", nessa convivência de meses deu pra eu perceber que ele seria um péssimo companheiro, um pai ausente, um marido pouco carinhoso. Ele é egocêntrico. Ele se coloca em primeiro lugar sempre e faz tudo do jeito dele sempre.
Não adianta. Eu sabia desde o segundo mês que essa relação não teria futuro. Eu sabia! Simplesmente sabia.
Mas continuei insistindo porque estava apaixonada e achava que não deveria desperdiçar esse sentimento tão lindo e puro.
Ridículo!!!
Terminei com ele há um mês e estou muito bem, obrigada!
Claro que sinto falta, claro que já quase tive recaídas, claro que a solidão também não é legal.
Mas só o fato de eu ter me aberto a outras possibilidades, voltado a conhecer outras pessoas (aliás, tinder é demais!!! rsrsrs) e me libertado daquela prisão em forma de paixonite, já fez valer a pena!!!
4) Vulnerabilidade é bom. É estando no ápice da vulnerabilidade que floresce a criatividade, o amor, você mesmo.
Bom, essa é a maior doideira e a coisa mais genial que já ouvi!
Passei a minha vida inteira tentar mascarar minha vulnerabilidade, construir muros, me defender, me esconder...
E a pergunta essencial aqui é "pra quê?"
Por que não se deixar vulnerável? Por que não correr o risco?
Você se abre pra uma pessoa (existem milhares de jeitos dessa abertura ocorrer) e o que de pior ela pode fazer com você???
O que de pior pode acontecer?
Ainda estou digerindo isso, mas as conclusões que cheguei até agora foram em prol da ideia.
Deixa entrar e vê o que acontece. Mesmo com todos os cuidados que a gente toma nas mais diversas situações da vida, coisas ruins sempre acabam acontecendo com todo mundo, mas pelo menos você se permitiu a novidade, a experiência, a vida!
As inúmeras coisas que a gente perde tentando se preservar, se proteger de um risco imaginário potencial, é um preço muito alto a pagar.
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