sexta-feira, 29 de maio de 2009

Planos

Se tem uma coisa que aprendi na vida foi não fazer planos.
E, quando fizer, estar ciente de que eles podem ser mudados a qualquer momento, por qualquer pessoa ou nova realidade inesperada que se apresente.

Eu tinha decidido que ia embora ano que vem. Eu ia me alistar na Aeronáutica, para trabalhar em Boa Vista como médica militar. Já estava tudo certo, já estava totalmente preparada psicologicamente e estava começando a preparar minha família.

Foi quando descobri que a Aeronáutica não está mais mandando médicos daqui para Roraima porque eles estão conseguindo voluntários lá suficiente.

Meus planos foram ralo abaixo e após o momento de crise de "e agora?" decidi que vou ficar por aqui mesmo.
As pessoas me dizem que posso ir para outros lugares na Amazônia ou me alistar para ficar por perto, ou até ir para Boa Vista mesmo, mas pelo Exército.
Não quero. Sei lá. Não é a mesma coisa.

A pressão de ter que fazer a prova das Forças Armadas e, pior, prestar Residência já esse ano, estava me deixando louca.
Eu estava em desespero de pensar quanto ainda falta para eu estudar, para aprender sobre Medicina geral antes de me especializar em conhecimentos necessários para passar na prova de Residência (sim, existe uma enorme diferença).

Agora estou mais tranquila. Pelo menos um pouco. Tenho um monte de coisas para organizar, reorganizar meus estudos agora focando em Atenção Primária (que é no que pretendo trabalhar ano que vem), refazer meus planos, tranquilizar minha irmã (que eu não vou mais embora e ela não será mais a única pessoa sã para cuidar da minha vó e/ou do meu pai caso aconteça algo).

Duas semanas para parar, pensar, realinhar.
E depois, recomeçar.
Sabendo que meus planos podem ser mudados novamente a qualquer momento.

De qualquer forma, é um enorme alívio saber que estou me formando e que tenho emprego garantido, com bom salário, possibilidade de escolha e mudança a qualquer momento.
Mamãe ficaria orgulhosa!

domingo, 24 de maio de 2009

Carente de livro

Estou carente de livro.
Desde que terminei a biografia de Elizabeth Kubler-Ross, não consegui mais ler nada.
Talvez tenha sido o choque que aquele livro causou em mim, talvez a decepção, sei lá...

Talvez seja só pela pressão da formatura em breve e toda a responsabilidade que a acompanha.
Talvez seja a quantidade de estudo que ainda falta para eu ser uma médica suficiente.
Talvez seja a proximidade das férias.
Talvez seja pela quantidade de joguinhos que andei colocando no meu celular.

Fato é que já peguei diversos livros para tentar ler e não consegui passar das primeiras páginas de nenhum deles.
Hoje pensei em mais algumas possibilidades. Vamos ver se alguma delas me conquista.
Acho que vou tentar Kafka. Faz tempo desde a Metamorfose.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Oportunidade perdida

Putz... ontem perdi uma oportunidade incrível.
Atendi um paciente institucionalizado e conversei um pouco com a funcionária da Casa de Apoio sobre o funcionamento da instituição.
Fiquei encantada com o trabalho deles e com o amor que aquela pessoa demostrava em relação ao lugar e às crianças de quem ela cuidava.
Queria conhecer a instituição. Queria ser voluntária num lugar assim.
Mas não tive coragem de perguntar como chamava, onde era. Eu estava na posição de médica daquela criança, não queria me aproveitar da situação e tirar proveito propróprio.
Bobagem!
Tenho certeza que a mulher teria ficado felicíssima em me dar o endereço e ainda me convidaria para um chá.

Ped

Como eu decide fazer Pediatria como especialidade?
Quando percebi que ao chegar às 19h de qualquer plantão de qualquer especialidade, eu simplesmente queria sair correndo, me jogar de uma ponte... e ao chegar 19h do plantão no PS da Pediatria, eu queria continuar lá mais 12h. Eu fico curiosa para saber o que vai acontecer com os pacientes que atendi e que aguardam exame. Eu fico com vontade de conversar mais com as pessoas de lá, de ver mais pacientes, de aprender mais.

Tudo bem que depois de anos de ódio à Clínica Médica descubro que Pediatria é sim quase uma clínica em miniatura. Eu achei que não ia precisar aprender reumato, por exemplo. Mas não. A grande maioria das patologias dos adultos também atinge as crianças (já peguei nesse pronto socorro vários hipertensos, câncer, IRC dialítica, doença reumatológia a esclarecer, DM, Munchausen... entre outras tantas).
Assim, tem esse lado ruim de ter que abaixar minha guarda e estudar a fundo clínica. Mas sabe que dessa forma, em miniatura, eu até que estou gostando das elucubrações excessivas dos clínicos.

sábado, 16 de maio de 2009

Novelas

Definitivamente não posso mais assistir novelas.
Sim, isto é uma confissão meio que vergonhosa: adoro novelas.
Não todas elas, mas algumas em especial, prncipalmente quando têm alguns atores/atrizes que admiro.
Ultimamente tenho assistido "Caras e Bocas". Às 19h, paro tudo o que estiver fazendo e vou para a tv (quando não estou de plantão, claro).
Mas não vou mais poder fazer isso. Porque percebi que quando acompanho uma novela, fico extremamente sensível e muito romântica.
Ficar vendo aqueles casaizinhos se apaixonando na tv, me faz querer me apaixonar de novo, e aí... não dá certo.
"Poxa, se até a tia velha e chata consegue namorar o advogado velho, gordo e bobão, porque eu estou aqui sozinha?"
É meio triste.

E conforme vou pensando vou percebendo que não é por falta de gordos bobões na minha vida que estou sozinha. Estou sozinha, de certa forma, por uma escolha. Porque sou exigente, porque não aceito certas características numa pessoa (como caráter duvidoso ou quando a inteligência deixa a desejar), porque escolhi só me envolver com alguém que demostre que goste realmente de mim, desde que seja um bom partido. E esse alguém ainda não apareceu (é muito difícil alguém demonstrar que gosta assim).
E não tenho pressa pois ano que vem vou me mudar para longe e, se tiver um namorado, talvez a coisa fique um pouco complicada.

Mas eu fico vendo a novela e aquilo me afeta de uma forma...
Por isso que a partir de agora só vou me manter nos seriados. É bem melhor. Posso assistir a hora que quiser (porque baixo da internet) e é muito mais parecido com a vida real. Os casais se desencantam por nada, brigam com frequência, se separam por traições (a novela também tem um pouco dessas coisas mas a dose de romantismo e utopia é infinitamente maior).

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sentir

Depois de um fim de semana inteirinho de plantão...
- meu quarto está completamente revirado, com coisas espalhadas para todo lado
- no meu armário não se encontra nada do que se procura e se encontram várias coisas que não deveriam estar lá (encontrei meu cartão do banco lá no meio das roupas - já estava me programando de cancelar esse cartão porque não o encontrava em lugar nenhum)
- estou 900 gramas mais gorda. Sério! Quando cheguei no plantão sábado de manhã, me pesei. Ontem à noite quando estava saindo, me pesei de novo. E tinha ganhado 900g. Como??? Passei os dois dias correndo de um lado para outro, trabalhando, passando visita em pé durante 2h, fiz apenas as 3 refeições normais, não comi nada nos intervalos...

Seria um desastre de fim de semana se não tivesse sido na Pediatria.
Amei aquele PS. Todo mundo falava que eu não ia gostar, porque as crianças são muito graves e dá muita dó. Mas adorei!
As crianças são graves sim e é muito triste sim. Mas mesmo graves, a gente consegue tirar um sorriso, uma brincadeira, a gente consegue ajudar.
Quando cheguei no sábado, tinha um menininho lindo, carequinha pela quimio, uns 3-4 anos, com leucemia. Estava deitado no berço, prostrado. Dava muita dó.
No domingo à tarde, parecia outra criança. Ele estava correndo pelos corredores, aloprando as enfermeiras. Quase fiquei louca com medo de ele cair e rachar a cabeça. Ele caiu na minha frente 2 vezes (imagina as vezes em que eu não estava lá perto). Mas não rachou a cabeça. O pior é que ele levou para as brincadeiras perigosas dele uma menininha menor que ele, que tem um tumor e estava com neutropenia febril. Os dois quase se machucaram feio várias vezes.

Foi tão mágico vê-lo recuperado assim. A gente sabe que a doença dele é grave e que talvez ele não sobreviva muito tempo. Mas a gente está tentando ajudá-lo tanto a longo prazo, quanto a curto prazo. A gente fez com que ele se sentisse melhor, e ele teve alta no domingo mesmo.

Trabalhar com Pediatria é uma das experiências mais compensadoras da minha vida.
Não sei porque mas sinto que tenho dom para isso.
Olho pra criança, sinto que alguma coisa está errada e sei me direcionar para saber o que é. Mesmo ela não falando, ela não apresentando sintomas. (Por exemplo, ontem vi minha colega atendendo um garotinho e fui perto. Achei muito estranho o garotinho dormindo, achei que ele podia estar rebaixado. Não sei dizer porque mas tinha alguma coisa errada com o sono daquele menino. Falei com minha colega, falei com os residentes. Todos disseram que não era nada, que o menino tinha acabado de tomar um anticonvulsivante e por isso estava daquele jeito. Quando a chefe chegou, ela foi ver o garotinho e disse exatamente a mesma coisa que eu. Que o sono daquele menino estava estranho. Mandou ele para a sala de emergência, para ser monitorizado e tal. Me senti!)

Diferente com adultos. Por diversas vezes vi adultos piorarem na minha frente, ficarem em estado grave e eu simplesmente não consegui reconhecer, saber o que estava acontecendo. E nunca sei o que fazer direito. Não entendo a fisiologia de um adulto, não entendo a história dos adultos. Não consigo tirar história direito porque sempre acho que eles estão mentindo em alguma coisa (e na maioria das vezes eles estão mesmo).
Quando passei pelo PS da clínica, o chefe disse para mim que eu era a campeã em evasões. Ele disse que nunca tinha visto alguém (nem interno, nem residente) com tantos pacientes que abandonaram o PS no meio do atendimento. E eu era mesmo a campeã.
Não fico tentando segurar paciente adulto. Falo claramente que vai demorar no mínimo 4h para sair o resultado de exame e que não posso liberá-lo enquanto não sair, mas que se ele quiser "fugir" a porta está aberta. Paciente que está realmente mal, não vai embora. E muitos dos meus iam.

Enfim, acho que me encontrei mesmo.
Já decidi o que vou fazer esse ano e planejei mais ou menos minha carreira para os próximos 10 anos. Vamos ver se dá certo.
Sinceramente, sinto que fiz as escolhas certas!
Mas sempre posso mudar de idéia...

domingo, 3 de maio de 2009

Fase: Clássicos

Fim de semana prolongado muito bem aproveitado!

Assisti:
- Moulin Rouge (2001)
- Casablanca (1942)
- E o Vento Levou (1939)
- Chicago (2002)

Já estão nas minhas mãos:
- Tempos Modernos (1936)
- Forrest Gump (1994)
- A Noviça Rebelde (1965)
- Philadelphia (1993)
- 8 1/2 (Fellini - 1963)
- O Exorcista (1973)

Quero arrumar:
- O Mágico de Oz (1939)
e alguns outros musicais clássicos com Fred Astaire

(Não deveria ser permitido a alguém morrer sem antes assistir a esses clássicos...
Talvez por isso que existem outras vidas. Já imaginou, você chega no paraíso achando que alcançou a paz eterna, São Pedro vira pra você e diz: "Você ainda não assistiu 'Singing in the rain' nem 'Volver'; descerá novamente à terra e terá outra oportunidade para cumprir sua missão!".)

Essa semana estou me programando para assistir no cinema "Divã" e "Sinédoque, Nova Iorque".
Não vejo a hora de chegar ao brasil "Los Abrazos Rotos" (Almodóvar e Penelope juntos de novo). Não vejo a hora de terminarem de filmar "Nine" (um musical baseado no "8 1/2" de Fellini).
Acho que estou me tornando cinéfila
"Isn't that great?"