quarta-feira, 30 de março de 2005

Estou muito animada!

Passei meses dizendo que queria mudar minha vida, que queria aproveitar melhor o tempo... e parece que agora, aos poucos, estou começando a colocar algumas coisas em prática.
Hoje fui a meu primeiro treino de Atletismo e foi maravilhoso. Sofri um bocado. Óbvio! Afinal, são anos de sedentarismo nas costas. Mas logo depois que me recuperei senti um bem estar enorme, uma dor pelo corpo ótima (sem ironia). Fantástico! Até senti vontade de me alimentar melhor, comer salada, diminuir as frituras.

Estou pensando em ir ao treino de natação à noite mas as pessoas dizem que eu não vou aguentar pois esses são justamente os esportes com treinos mais puxados na Atlética. Decidi que se minha perna parar de tremer até as 16h e eu conseguir estudar metade da matéria para a prova de amanhã (da Liga de Diabetes), vou ao treino. Senão, fico estudando.

Essa é outra coisa que quero muito fazer: mais uma Liga. Atualmente só estou fazendo Liga de Pediatria (atendendo bebês de até 2 anos) e eu sinto falta de atender adultos no ambulatório, sinto que ainda tenho muuuuito a aprender tentando antes de começarem a querer me "treinar" para ser médica. Eu queria encontrar meu jeito de lidar com o paciente antes de quererem me ensinar um monte de coisas e quererem enfiar na minha cabeça que "tem que perguntar isso isso e isso, depois você pede para o paciente sentar ali, faz o exame tal, deita ele faz assim assim e assim". Quem disse que esse é o melhor jeito para qualquer médico e qualquer paciente???

domingo, 27 de março de 2005

Incrível!
Posts diários novamente! Nada como o ócio para me fazer divagar sobre coisas da vida e tornar consciente sentimentos não muito bem aceitos.

Incrível!
Quando escrevo alguma coisa porque quero que alguém leia, não lê.
Quando escrevo sabendo que determinada pessoa não vai ler (pelo menos antes de eu conversar com ela), ela lê e... aiaiaiai

Incrível!
Como o tempo passa.
Como as coisas passam.
Como as pessoas mudam e nosso sentimento em relação a elas também.
Como a vida segue seu rumo apesar de todas as suas adversidades e como passamos a valorizar certas coisas que antes desprezávamos.

Às vezes me pego pensando como tudo que vivi com a doença e a morte da mamãe mudou a maneira como eu enxergo a vida, as pessoas, como valorizo a presença delas a meu lado.
Depois de tudo que aconteceu, pude reconhecer o que é ter um problema de verdade (coisa que muita gente acha que tem por desconhecer o que é). Às vezes, me sinto feliz por ter como "problema" o trabalho que tinha que fazer e deu errado, ou a briga que tive com minha irmã ou a chateação por ter falhado em algo importante ou o excesso de cobrança e de coisas a fazer.
Algumas vezes sou mal compreendida. As pessoas acham que eu exijo muita atenção porque eu sou carente e um pouco egoísta. Mas, na verdade, acho que inconscientemente pesa bastante para mim saber que o momento é fugaz, que posso estar ao lado de alguém hoje e não estar amanhã.
Com tudo que passei durante minha vida, fui aprendendo que algumas oportunidades são únicas e não devemos disperdisá-las quando se trata de pessoas.


Incrível!
Como é fácil quebrar as promessas que fazemos para nós mesmos...

quinta-feira, 17 de março de 2005

Finalmente resolvi fazer alguma outra disciplina com outro curso da Universidade (afinal, estou numa UNIVERSIDADE, com oportunidades homéricas de estudar o que eu quiser e fico, como a maioria, restrita às aulas, muitas vezes péssimas, da Medicina).
Estou fazendo Psicologia do Ajustamento com a Fonoaudiologia. Foi a melhor decisão que eu podia ter tomado na minha vida!
Impressionante como as pessoas são diferentes, interessantes, mais "humanas"... Cheguei lá super tímida, com aquele sentimento de "sou odiada por fazer medicina, e agora?".
As alunas, me trataram super bem, ficaram curiosas para saber quem eu era, de onde eu vinha e, aparentemente, felizes por ter alguém "nova" na turma (bem diferente dos estudantes de medicina que, quando surge alguém desconhecido na sala, simplesmente o ignoram no começo e depois começam a reclamar que o "estranho" está roubando lugares na sala, que está tumultuando a aula...).
A professora é esquisita. Bem despojada e desbocada, estava vestida como hippie, falava palavrão, falava de seu sentimento em relação ao curso, a psicologia, parava no meio da aula para conversar com colegas de trabalho que passavam na porta... doidinha. Bem diferente dos professores "robôs" da medicina, que são intocáveis, se vestem impecavelmente, falam de modo formal, não suam, não sentem, não tem defeitos nem fraquezas, não tem amigos (apenas rivais), não fazem nada que pareça minimamente humano...
Durante minhas simplistas comparações no decorrer da aula, conclui que a medicina é a ciência do fingimento, do parecer perfeito, do esconder dificuldades e frustrações, do manter a distância e o anonimato. Do não ser humano.

E isso se reflete na relação médico-paciente. A maioria dos médicos, na frente dos pacientes, faz de tudo para parecer perfeito, aquele que tudo sabe, que não tem defeitos, que faz questão de manter a distância, porque, afinal de contas, ele está num nível superior, ele é profissional, ele é médico, ele não é humano.
Para mim, está mais do que provado que a relação professor-aluno, o exemplo que os professores representam dentro e fora da sala de aula, se reflete posteriormente na relação médico-paciente desse aluno. Sendo os atuais cursos de medicina ministrados por "não-humanos", os médicos formados, em sua maioria, se tornam "não-humanos" também.

Mas, voltando ao curso. Logo de cara, me impressionei com o fato de eu não ter me questionado sobre o que era essa disciplina. Simplesmente vi que ela era na Psico, que meu horário batia e fui fazer. Eu dizia para as pessoas: ?Vou fazer Psicologia do Ajustamento?. E elas diziam: ?Ah... e o que que isso quer dizer? É curso de que exatamente?? e eu respondia qualquer coisa que me vinha na cabeça na hora e nem pensava direito a respeito.
A primeira coisa que a professora perguntou ao iniciar a aula foi justamente isso: significado de Psicologia, significado de Ajustamento e o que seria um curso de Psicologia do Ajustamento. Ela nos fez discutir e refletir a respeito.
Foi aí que percebi o quanto eu caí de pára-quedas na aula, sem fazer idéia do que era. Eu simplesmente queria fazer um curso diferente, parti do princípio de que tudo tem um lado bom e fui. Se as qualidades do que eu encontrasse pesassem mais do que o lado ruim, eu ficava (assim como se baseiam todas as decisões de nossa vida). Foi a melhor escolha que eu poderia ter feito nesse momento.
Estou numa fase de muitas mudanças e profundos questionamentos do que eu realmente quero, do que eu valorizo, uma busca pelos meus valores pré-medicina (pré tentativa de me convencerem que deixar de ser humano é o melhor se eu quiser ser médica).

Ajustamento. Percebi que por vezes (cada vez com mais freqüência) tenho me anulado para me "ajustar". Me sinto diferente da maioria das pessoas que me rodeiam na medicina. Me sinto um ET. E, por vezes, me surpreendo agindo de forma que eu não agiria se não tivesse sobre determinadas "pressões", simplesmente para me sentir incluída, para me sentir mais parecida.
Eu, por vezes, realmente me sinto pressionada (não só em sala de aula mas na convivência com meus colegas também) a deixar de ser humana para me tornar profissional, para me tornar uma "engenheira do corpo".

"Deixar de ser humano para ser médico...? Como assim???
Ué, você não vai ser médico? Então, você tem que se manter emocionalmente afastado do seu paciente. Você não pode sentir dor, nem frustração, nem alegria, nem prazer... nada. Você tem que estar sempre impecável, físico e moralmente (pelo menos na aparência). Você não pode suar, porque seu paciente vai achar que você não toma banho (afinal, ele é burro e não entende que você está trabalhando há horas naquela salinha quente, atendendo milhares de pessoas por minuto). Ou seja, você tira de você tudo que é humano, tudo que te aproxima do seu paciente, ?sobe? para um outro patamar quase divino e, assim, sua consulta será perfeita e você poderá cobrar centenas de reais por ela. Você não vai sofrer, vai tratar seu paciente sem interagir com ele (não criando vínculos) e ainda vai encher o bolso... Não é perfeito?"

Ajustamento. Isso é uma tentativa (que muitas vezes dá certo, infelizmente) de ajustar, moldar as pessoas sem considerar o que elas são, numa concepção pensada por alguém em algum momento da vida e que se tornou uma verdade absoluta, que se tornou ?a maneira adequada?.

É assim que eu acho que o curso de medicina está hoje...

segunda-feira, 7 de março de 2005

Engraçado como a vida tem altos e baixos...
Será que só minha vida é tão instável ou a de todo mundo é assim?
Um dia está tudo muito bem, tudo às mil maravilhas. No dia seguinte já está tudo um inferno...

Não que eu esteja reclamando da minha vida nesse momento (não estou num momento de inferno), mas estou me questionando com toda essa instabilidade.
Nesse momento, estou vivendo sim alguns problemas: um grave familiar; outro meia-boca no Centro Acadêmico (estou com um pé fora de lá - estou decepcionada com a gestão atual e totalmente desacreditada que pode dar certo); estou de TPM (mas com esperanças que em breve resolverei esse problema).
Meu namoro, depois de momentos conturbados e muitos questionamentos, está muito bem.
Estou, para variar, sobrecarregada com as responsabilidades que assumi na faculdade (estudo, reuniões, reforma curricular, graduação...), mas estou mudando minha postura e com boas perspectivas de começar a treinar esportes (talvez atletismo, soft e, quem sabe, rugby), fazer natação no SESC, ler livros diferentes, fazer dança...

Sei lá. Coisas boas e coisas ruins estão acontecendo e equilibrando meu momento atual. Mas sei que não por muito tempo.
Daqui a pouco estarei radiante com alguma coisa maravilhosa que acontecer. Logo depois estarei tristérrima com outra e assim a vida segue.