domingo, 7 de novembro de 2004

Essa poesia é sobre mim, foi feita especialmente para mim por um amigo muito especial, num dos momentos mais difíceis que passei.
Foram pouquíssimas as pessoas que eu permiti que a lessem, nunca nem pensei em publicá-la num blog - por egoísmo mesmo.
Mas nesses últimos dias, senti vontade de "dividi-la" com outras pessoas e, como sei que ele não se importa, aí vai para vocês.

A Menina e as Rosas

Eu vi a menina das nuvens
chorando, choro engasgado, contido
o brilho do mundo em seus olhos
em um mundo sem motivo, desalegre

Eu vi a menina que sonha
pés no chão, cabeça nas nuvens
em tempos de tanta neblina
por uns dias quase sem sonho

dor
dor de perder
a dor de partir, a dor
do quase se for
partindo
seus sonhos seus sentimentos suas nuvens

Partiu um pedaço de si
pras nuvens

O choro contido, engasgado
na ânsia da libertação
com o grito contido, engasgado
saíram
trovejaram
nuvens de lágrimas agora,
e dor

dor
de perder
dor do partir
repartiu sua alma

E a moça que vive nas nuvens
num gesto de singelesa
grandioso deveras
fez de sua dor poesia

Transmutou-a em rosas rubras
e as distribuiu feito amor
colorindo de azul tantos dias nublados das vidas
de pessoas que de tanto ver cinza
não lembravam que ainda existia o tal
do amor

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