É sobre um experimento realizado e estudado inicialmente por Mary Ainsworth, criando a teoria do Apego.
Depois que assisti a esse e outros vídeos relacionados, comecei a pensar na minha família. Há um tipo de "mistério" que nos ronda, algo para o qual nunca encontrei uma explicação viável, até hoje.
Eu nasci 1 ano depois de meu irmão. Minha irmã nasceu 6 anos depois de mim.
Eu e meu irmão sempre fomos estranhos, um pouco arredios com as pessoas, introspectivos, tímidos e talvez com uma tendência à depressão.
Cada um do seu jeito, claro! Eu mais ligada a intelectualidade (estudava mais, gostava de artes), ele mais ao mundo virtual (sempre detestou estudar, vivia no computador). Mas a base era a mesma.
Já minha irmã sempre foi extrovertida, alegre, social. Ela se dá bem com todo mundo, é mais equilibrada, gosta de tudo um pouco e é mais... feliz.
Sempre tentei explicar as diferenças com a genética. Mas conhecendo minimamente dessa área, sabe-se que o genótipo por si só faz muito pouco. O meio interfere na sua manifestação. O fenótipo é extremamente importante!
Aí, pensava: mas somos da mesma família, com os mesmos pais, como podemos (eu e meu irmão) ter saído tão diferentes da minha irmã?
Assistindo aos vídeos, comecei a lembrar da minha infância e das diferenças.
Fomos criados pelos mesmos pais, mas em épocas totalmente diferentes. No primeiro ano do meu irmão, havia o estresse da gravidez. No meu, havia o estresse de 2 filhos pequenos ao mesmo tempo.
Meu pai estudava e trabalhava. Só ficava em casa das 23h30 às 5h30 - ou seja, só dormia. Minha mãe nunca gostou de ficar em casa. Meu pai não a deixava trabalhar então ela saia o dia inteiro pra academias, shoppings, casas de amigas. E nós ficávamos com uma babá/empregada. Sempre foi assim, durante toda nossa infância.
Mas há uma diferença crucial do meu nascimento para o da minha irmã: a babá/empregada. Eu e meu irmão tivemos várias. Não me lembro direito de nenhuma. Nunca tive uma ligação com nenhuma.
Minha irmã, porém, conhece apenas uma e a ama profundamente até hoje. Já faz mais de 10 anos que ela não trabalha mais lá em casa, mas viveu lá do nascimento da minha irmã até sua adolescência. E as duas se falam até hoje.
Apego.
Faz todo sentido pra mim.
Talvez foi essa relação com a babá que permitiu a minha irmã se desenvolver melhor afetiva e socialmente, talvez isso que a deu segurança.
Talvez...