segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Os reflexos do capitalismo:

(Preço de antiretrovirais -para tratamento da AIDS- (verde) e número de pessoas em tratamento (cinza))



Como pode alguém cria um remédio que pode salvar muitas vidas e cobrar US$12.000 com o único objetivo de obter lucro??? Atentem para o ano: 1997

Os otimistas podem olhar o gráfico e dizer: "Ainda bem que isso mudou?". Ah, é? Mudou?

Talvez tenha mudado para os antiretrovirais, mas novas drogas tanto para AIDS quanto para outras doenças continuam sendo lançadas no mercado com preços absurdos. É assim que tem que ser? Essa é a única forma?

domingo, 28 de janeiro de 2007

Um dia antes de começarem minhas aulas e eu já estou 'estressadésima', um caco, só o pó...
Alguma dúvida de que esse lugar não tem me feito muito bem???

Eu fico impressionada com o egoísmo das pessoas. Elas simplesmente colocam seus umbigos como as coisas mais importantes do mundo e não estão nem aí para nada nem para ninguém.
Terrível.
Péssimo.
Agora tô eu aqui, em plena véspera de início de aulas, sem ter onde morar, com minhas coisas encaixotas divididas em vários quartos diferentes... sozinha, sem poder fazer nada a não ser esperar.
O pior. Eu tava mal, estressada, chateada e tudo mais. Ao invés de sentar no jardim e me desesperar, resolvi ajudar as pessoas na limpeza dos quartos recém reformados.

Um:
- Você vai morar aí?
- Não, só to ajudando a limpar.
- Nossa! Deixa isso aí que os donos limpam...

Dois:
- Menina, não precisa fazer isso não. Pode deixar que depois alguém faz.
- Não. Quero ajudar.
- Você que sabe, mas se eu fosse você, ia descansar, fazer outra coisa.

Três:
- Ei, ei, ei. Deixa isso aí que eu limpo depois...
- Não, eu quero ajudar, não tenho nada para fazer.
- Acho que você devia ir esfriar a cabeça. Limpar o quarto dos outros não vai resolver seu problema.
- E você quer que eu faça o que? Sente na grama e chore?

Ninguém quer me ajudar. Até aí, beleza. Normal. Mas as pessoas me encherem o saco porque estou ajudando outros, é mais que o cúmulo do absurdo!

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Acabei de ver uma mulher passando mal. Seria uma cena comum se ela não estivesse em pé no meio do corredor, segurando um bebezinho recém-nascido no colo e com um outro filho(?) desesperado ao lado.
Nunca tinha me deparado com o perigo de uma mãe, com bebezinho no colo, passar mal. Por muito pouco ela não caiu sobre o pequeno ser indefeso. Foi uma cena, por alguns segundos, assustadora.
Sorte dela (e minha) que estávamos dentro do hospital e rapidamente vieram socorrê-la...
- Esse ônibus passa no céu?
- Passa.

Já ouvi esse diálogo muitas vezes, mas continuo demorando alguns segundos para "entendê-lo" ou aceitá-lo. O "céu" se trata do Centro Educacional Unificado da prefeitura de São Paulo, mas até eu lembrar que ele existe...
Não consigo evitar de abrir um sorriso (e ver os sorrisos de pessoas ao meu lado também).

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Estava procurando um poema nos arquivos do meu blog hoje e encontrei o seguinte post:

"Essa noite sonhei que tinha um filho.
Estava grávida, fiz o parto e depois ele já estava andando. Era um menino lindo, com cabelo cheio de cachinhos... Minha mãe estava me ajudando a cuidar dele.
Em certo momento ele sumiu, fiquei desesperada procurando. Minha mãe também tinha sumido.
Fui achá-los no quarto da minha mãe, no antigo apartamento que morávamos, eles estavam dormindo como anjinhos. Lindo!"


Eu o escrevi 4 dias antes da minha mãe morrer. Eu nunca tinha feito a "ligação".
Por essas e outras que gosto tanto do meu bloguinho!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Dia difícil...
Sabe aquele dia em que as coisas simplesmente não dão certo?
Pois é. Acontece.

Acordei às 6h, saí cedo para ir resolver os problemas da minha pesquisa e... TUDO , absolutamente tudo, deu errado. Estou à beira da desistência. Só não fiz isso ainda por causa da grana. Mas tá complicado... e cada dia complica mais... Simplesmente perdi meu dia por causa disso e fiquei "P.." da vida. Ainda não decidi se quero que meu dia seguinte seja assim também, se quero correr atrás disso de novo. Quarta-feira eu vou ter q ir lá de qq jeito... então... melhor ficar em casa, descansar, cuidar de outras coisas... ou sair p/ passear, arejar a cabeça...
Eu gostaria de ser um pouco menos responsável, às vezes. Simplesmente não consigo relaxar e esquecer que têm coisas a serem feitas e problemas a serem resolvidos.

O bom do dia foi receber uma ligação que me fez lembrar do passado ruim e me ajudou a voltar a cair na real e ver o quanto estou melhor agora. Sozinha.

Pelo menos o fim do dia valeu a pena. Consegui exclusividade no meu quarto e, junto com ele, a internet. Passei algumas horas conversando com pessoas legais pelo MSN. Encontrei com uma (agora) amiga no MSN também. Engraçado como me aproximei dela pela internet. Estudamos na mesma sala, quase não nos falamos no dia-a-dia, mas desde que entramos de férias, conversamos muito mais (pela net), nos tornamos confidentes uma da outra. Esse mundo virtual é louco mesmo.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Família?

Uma senhora viúva. 5 filhos. Quando seu marido morreu, seu filho mais novo tinha apenas 01 ano, o mais velho tinha cerca de 12. Ela se tornou alcoólatra.
Uma de suas filhas (eram duas) saiu de casa com 16 anos e nunca mais falou com ela. Nunca mais mesmo, porque ela já faleceu e nem mesmo em seu leito de morte quis ver ou falar c/ a mãe.
Um de seus filhos também se tornou alcoólatra. Desses que não ficam sóbrios nenhum minuto, não tomam banho, não vivem. Só bebem. Ele, seu filho já adulto, sua única irmã viva, também c/ um filho, e a viúva alcoólatra continuam "morando" num barraco, na favela que fica no morro de uma capital brasileira. Vidas precárias. "Sub-existência".
Os outros dois filhos se casaram com boas mulheres, têm casas boas, criam seus filhos com dignidade. Um deles está muito doente, quase morrendo... Este também saiu de casa jovem e nunca mais falou com a mãe. O outro, o caçula, é motorista de ônibus, vive hoje muito feliz com sua esposa e seus 04 filhos, na casinha que construiu com muito esforço num bairro próximo ao centro. É o que mais cuida da viúva alcoólatra, sua mãe.

É uma história muito confusa. Demorei 20 anos para juntar as peças de um quebra-cabeças que não fazia o menor sentido. Confesso que até hoje, muita coisa dessa história ainda não faz sentido para mim.
Esta é a família da minha mãe. Ela é a filha que saiu de casa com 16 anos. Uma história muito mal contada que já não importa mais... Mas que por muito tempo feriu muita gente, afeta gerações...

Mas por que correr atrás dessa história? Pra que saber essas coisas? Sei não...
Porque é minha família também, porque faz parte de mim, porque isso afeta minha vida, minha história. Não é fácil saber que tenho uma avó que nunca vi, alcoólatra, que mora num barraco na favela, tios, primos, pessoas que sofreram, sofrem e ainda vão sofrer muito mais do que qualquer um de nós possa imaginar... enquanto eu vivo essa vidinha hipócrita de classe média paulistana, restringindo meu mundo à faculdade, meus planos a juntar dinheiro p/ comprar (computador, carro, apartamento...), minha perspectiva de vida ao sucesso profissional e à construção de uma família mais alienada ainda...

A busca agora não é mais por informações.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007


Além da imaginação
Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
E não é o desalento que você imagina
entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina
entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina
entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação.


Ulisses Tavares.
Viva a Poesia Viva.
São Paulo, Saraiva, 1997.

O mundo gira.
Gira muito rápido.
As coisas mudam pra caramba, de um dia para o outro, assim de repente. E, quando a gente se dá conta, somos outra pessoa... Quem diria que aquela garotinha nerd de óculos e aparelho, baixinha invocada, se tornaria uma mulher atraente, bem menos insegura, apaixonada pela vida e pelas pessoas (estranhas, diferentes, parecidas, iguais). Quem diria que ela um dia se abriria para conhecer pessoas que apareceram do nada e, assim como chegaram, se foram sem deixar nem levar muita coisa. Quem diria que um dia, ela encararia a vida com alegria...