sexta-feira, 22 de julho de 2011

Falando em expectativas

Quando eu fazia cursinho, estudava umas 6h por dia, além das aulas (+6h), incluindo sábados e domingos. Era razoavelmente disciplinada, tinha metas pra cumprir e deu tudo certo.

Quando estava na faculdade, simplesmente não conseguia estudar. Só estudava de véspera, tentando passar nas matérias, mas era muito sofrido pegar aqueles livros gigantes e passar horas tentando aprender fisiologia ou anatomia.

Saí da faculdade, sem estudar pra prova de residência, não prestei e assumi o risco de não conseguir mais passar.
Eu tinha aquele sentimento de dificuldade de estudar muito mais forte. Eu simplesmente não conseguia sentar a bunda na cadeira e ficar.

Enquanto tudo estava bem no posto, pensei em nunca mais prestar prova de residência. Só pra não ter que passar pelo sofrimento de ter que estudar tanto de novo.

Depois, quando tudo ficou ruim no PSF, pensei em prestar alguma coisa fácil que eu gostasse pelo menos um pouco. Ou prestar em outros hospitais.

Evoluindo meus pensamentos e inseguranças quanto minha vida futura, percebi que não adiantaria prestar uma coisa fácil se fosse pra eu continuar infeliz atendendo paciente.

Assim, decidi estudar firme e decidi prestar a área que eu gostava e que me daria uma vida confortável: Radio (uma das áreas mais difíceis). Complicado? Complicadíssimo.
Eu pensava: "como vou fazer pra estudar sozinha, sem exercícios, sem ninguém me cobrando?". Pensei em fazer cursinho mas todos que fizeram me disseram que não valia a pena. Ok.
Fiz um plano de estudo sozinha mesmo e fui.

Fui aos trancos e barrancos mas até que está dando certo. Tem dias que estudo bem, tem outros que não estudo nada. Tem dias que fico num extremo mal humor por ter que estudar mas acabo estudando do mesmo jeito.
E agora, quando penso no ano que vem, mal considero a probabilidade de não passar. Eu sei que existe essa chance, mas não acho que vai acontecer. Acho que vou passar sim, com uma nota razoável, sem muitas dificuldades.

Mas da mesma forma que antes colocava tantas expectativas difíceis pra isso (que agora nem mais é um sofrimento), existem outras: "Como vou me sustentar? Vou ter que voltar a dar plantão? Mas não tenho mais mão, não sei mais atender emergência. Como vai ser ano que vem? Vou fazer residência e ter que trabalhar ao mesmo tempo? Não vou ter mais tempo pra nada?"
No fundo, sei que nada disso vai ser tão difícil, mas a expectativa causa um certo sofrimento...

E pra que ter essas expectativas bestas?
Não sei.
Simplesmente não consigo evitar.

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