sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Quarta-feira fui até o hospital, com algumas rosas na mão. Precisava muito agradecer algumas pessoas que foram extremamente importantes nesses últimos dias.
Primeiro, levei ao meu anjo da guarda, o Dr. Victor. Ele não sabia do que tinha acontecido. Perguntou: “e a dona Cecy, como vai?”. Quando eu contei que ela havia falecido, ele ficou muito sem graça, me levou até o consultório, ficamos conversando. Ele foi muito fofo, como sempre. Ele disse que eu e minha mãe tínhamos ensinado muito a ele também (não entendi muito bem).
Depois, subi ao quinto andar, agradeci a Alívio (auxiliar de enfermagem) e a Eliane (chefe de enfermagem), elas estavam muito tristes. A Eliane disse que havia passado na UTI pela manhã para visitar minha mãe, quando ela ficou sabendo do que tinha acontecido. Elas ficaram sem graça com a rosa, não sabiam o que fazer com ela. Foi estranho.
Fui para faculdade, procurei a Patricia (uma das mães postiças que arrumei). Dei a rosa para ela, ela ficou muito lisonjeada: “É bom saber que minha presença faz diferença para alguém nessa faculdade”. Eu contei o que tinha acontecido, ela me abraçou forte, disse coisas muito bonitas, me deu muita força. Ela disse que agora ia cuidar de mim e como uma primeira ordem era para eu ir comer porque “você está muito magrinha, menina!”. Aliás, essa foi a frase que mais ouvi esses dias.
Fui almoçar com minhas amigas (Nati e a Juju da Paulista).
À tarde, continuei a entrega das flores. Primeiro foi a Sandra, psicóloga da equipe. Nossa! Essa sim foi uma pessoa essencial na minha vida, nesse último mês. O que essa moça fez por mim foi tão grande, tão importante, tão especial. Foi ela que me ajudou a entender tudo que estava acontecendo, que eu não conseguia digerir, ela me fez entender os acessos de raiva da minha mãe, que tanto me machucavam. Ela foi realmente muito importante. Quando entreguei a flor, ela olhou, se assustou (ela nunca esperava essa reação de mim). Começamos a conversar, ela viu que eu estava bem, que estava aceitando, disse que ficou arrepiada com as coisas que falei, com minha postura.
Depois, entreguei à Lúcia (auxiliar de enfermagem). Ela é uma das pessoas mais fofas que já conheci. Ela era a pessoa que melhor cuidava da minha mãe, era de quem minha mãe mais gostava. Os olhinhos dela encheram de lágrimas, ela não sabia o que fazer.
Apareceu a Kelly (chefe de enfermagem da tarde), dei a rosa a ela. Ela olhou com uma cara de espanto, sem saber o que dizer. Nós não nos dávamos muito bem. Eu briguei com ela uma vez (ela não tinha culpa), ela agiu de maneira arrogante, mas depois disso ela continuou tratando minha mãe com muita atenção, apesar de achar que eu a odiava. Para ela eu não disse nada, não agradeci nem nada, apenas entreguei a rosa como demonstração de carinho que minha mãe tinha por ela.
Desci à sala do Dr. Alfredo. Ele que havia conseguido a vaga para minha mãe lá no hospital. Se não fosse por ele, ela não teria tido todo aporte que teve. Além disso, na época que descobri que ela estava sendo mal tratada, ele foi quem mais me deu força, conversou com o pessoal da equipe, me ajudou a resolver o problema. Ele foi muito legal.
E, por último, mas não menos importante, fiquei correndo atrás da Ioio (ou melhor, Dra. Iolanda), minha outra mãe postiça. Quando a encontrei, ela estava no ambulatório. Entreguei a flor, ela me abraçou muito forte. Sem me soltar, ela perguntou como estava minha mãe. Eu disse. Ela me abraçou mais forte ainda, chorou, me levou para o consultório. Ficamos conversando, ela me dando força, me abraçando muito. Ela tem um dos melhores abraços! A Iolanda é a pessoa que mais sabe da minha família naquela faculdade, apesar de ser a pessoa que conheço a menos tempo. Acho que só a conheci mês passado. Mas, desde o primeiro momento, ela quis saber tudo, quis ajudar em tudo, quis me levar para casa dela para jantar com sua família, chorou comigo na Segunda-feira quando eu estava muito mal, me fez entender melhor o que estava acontecendo, me deu muito apoio. Ela é o máximo. Agradeci por tudo, ela me fez prometer que iria jantar na casa dela algum dia. E ficou de resolver meu problema com o idiota do Giovanetti (um dos professores mais cruéis que já conheci).
Quando voltei para minha casa, eu estava bastante cansada, mas estava mais feliz. Me fez muito bem agradecer essas pessoas. Mesmo eu achando que algumas delas não gostaram muito. Recebi muito apoio de todos, ganhei papéis com números de telefones para “ligar quando precisar, quando estiver tristinha, quando estiver feliz, quando quiser”. Foi muito bom mesmo.

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